Um verdadeiro cedro do Líbano
✅ Plinio Corrêa de Oliveira
Charbel Makhlouf, falecido em 1898, santo contemplativo de uma ordem religiosa do rito melquita, no Líbano, entrou muito jovem no convento, tendo vivido em isolamento e meditação completos.
Tem-se a impressão, observando-se seus olhos, de que eles são duas janelas abertas para o Céu. Olhos de um escuro profundo –– ou talvez castanho, mas muito escuro –– que refletem profundidade; e no fundo dessa profundidade há algo de sublime e celestial. Vê-se que ele olha para o Céu, o qual reflete-se em seu olhar, e que peregrinando dentro do olhar dele encontra-se o Céu. É uma verdadeira maravilha.
Seu nariz é caracteristicamente o de um árabe. A barba é de um branco venerável, nívea. Dir-se-ia que são flocos de neve que lhe pendem do rosto. Ela abre-se e deixa passar um tanto o que está em seu interior, uma certa forma de graça e de leveza, que não sei como descrever. Parece algo como um jogo de estalactites e estalagmites dentro de uma gruta.
Suas sobrancelhas lembram as asas de um condor. Mas, convém acentuar, o olhar é o mais importante do conjunto da fisionomia. Ele absorve o resto. Quando se examina esses olhos, não se pensa em outra coisa. São de uma estabilidade, uma resolução, uma seriedade, uma elevação enorme! São de um homem que, se o mundo todo cair sobre ele, não se move. E, caso seja seu dever mover-se contra o mundo inteiro, atuará com serenidade. Um homem deste tipo move o mundo! É das fisionomias que mais aprecio contemplar.
Compõe a fisionomia esse gorro preto, que considero extraordinariamente significativo. É um gorro vagamente em forma de cone, e parece feito de pele. Talvez seja confeccionado com lã, porque a batina, que é preta, parece ser do mesmo tecido. E o preto do gorro está em consonância com o escuro do fundo do olhar. Dir-se-ia que algo do olhar espalha-se por todo o gorro. Este é luminosamente escuro, e sua forma deixa entrever a altura de seu pensamento, até atingir o próprio Deus.
São Charbel Makhlouf é como um verdadeiro cedro do Líbano!
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Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 21 de maio de 1973. Sem revisão do autor.
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