3 de fevereiro de 2018

DEUS NÃO MORRE!


Plinio Maria Solimeo

Há vários tipos de ateus. O dicionário Houaiss os define como pessoas que não creem em Deus ou nos deuses; ateístas. E, no sentido pejorativo, os que ou aqueles que não revelam respeito ou deferência para com as crenças religiosas alheias; ímpios, hereges. Poder-se-ia acrescentar “os meramente indiferentes em matéria de religião”, que representam a maioria.

Nesse sentido, poder-se-ia afirmar que o emblemático Juliano, o Apóstata [busto ao lado], tido como ateu afamado que tentou exterminar o cristianismo ainda dando os seus primeiros passos do Império Romano, embora se dissesse ateu, no fundo acreditava em Deus, e O odiava. Consta que, ao morrer vítima de uma flechada durante batalha, exclamou: “Venceste, Galileu!”

Poderíamos dizer o mesmo do regime comunista que procurou exterminar do seu “império” toda ideia de Deus e, por conseguinte de religião, como prejudiciais à sua ideologia e métodos de doutrinação. Interessante artigo publicado no site católico espanhol, Religión en Libertad, traz o sugestivo título: “Há 100 anos, o Estado Soviético fuzilava Deus: hoje, 7 entre 10 pessoas declaram sua crença n’Ele”.

Escreve o articulista que há 100 anos, no dia 16 de janeiro de 1918, houve um “Juízo do Estado Soviético contra Deus”, que acabou de modo sumário no dia seguinte: Deus foi condenado à morte, tendo sido disparados cinco rajadas de metralhadora rumo ao céu. À época “os bolcheviques se encontravam apenas há três meses no poder, e controlavam Moscou, São Petersburgo e a zona central da Rússia. Não obteriam o controle total do país senão em outubro de 1922, com a conquista da distante Vladivostok e o fim da guerra civil. Em janeiro de 1918 não havia ainda começado a matança de clérigos. ‘Fuzilar Deus’ era um gesto simbólico e humilhante para ir mostrando [à população] a nova situação”

O responsável por essa pantomina foi Anatóli Lunatcharski [foto ao lado], um intelectual que gostava de encenação. Assim, no dia marcado, diante de numeroso público moscovita, ocorreu a primeira seção do juízo contra Deus. Durante mais de cinco horas, foram lidas as acusações do “povo russo, em representação da espécie humana”, contra “o réu”. A mais protuberante delas: Deus é acusado de “genocídio”. 

Como era impossível personificar o réu, foi colocado num banquinho um exemplar da Bíblia para representá-Lo. Os acusadores “apresentaram” então grande quantidade de provas, baseadas em testemunhos históricos, contra o “réu”. Para demonstrar imparcialidade no julgamento, foram nomeados defensores para o réu, escolhidos pelo Estado Soviético.

Aqueles ímpios “defensores” pediam a absolvição do “réu”, pois ele padecia de “grave demência e transtornos psíquicos”, não sendo, portanto, responsável pelos seus atos. Não podia ir mais longe o burlesco daquela encenação. O resultado não poderia ter sido diferente: Deus foi declarado culpado de todos os delitos, sobretudo, de genocídio e crimes contra a humanidade.

Lunatcharski — com pompa teatral — proclamou a sentença: “Deus morrerá fuzilado amanhã dia 17 de janeiro, sem possibilidade de interpor qualquer tipo de recurso, nem ocorrer o mínimo atraso”. Assim se passou. No dia seguinte houve a “execução” de Deus com o disparo de cinco rajadas de metralhadoras contra o céu... 

*       *       * 
Ora, diz o articulista: “Uma vez que se mata Deus, matar homens não custa nada”. Daí os milhões de vítimas dos regimes comunistas. Essa política ferozmente antirreligiosa, entretanto, se mostrou contraproducente. De modo que, por ocasião da morte de Lenin em 1924, O.Y. Liovin, especialista em História da Igreja Russa, pôde dizer: 

“Ferir os sentimentos religiosos dos crentes, profanar o sagrado, fechar os templos, reprimir o clero [...] tudo isso, de fato, serviu para unir os crentes e provocar um renascimento religioso. De modo que, depois de uma política de carga de cavalaria, o regime recomendou adotar a política de assédio a longo prazo”

Os comunistas viram a necessidade urgente de mudar a tática, seguindo meio mais eficaz de “descristianizar” o povo. Uma circular do Partido, de 5-9-1924, ordenava:

“A propaganda antirreligiosa deve ser levada em forma de explicações das ciências naturais e políticas, que minem a fé em deus, e desmascarem, com fatos concretos, a fraude e a avareza dos milagreiros, curadores. É preciso evitar a agitação antirreligiosa massiva [...] que insulte e fira os sentimentos da parte crente da população”

Por isso, dizemos, o melhor método que encontraram no Ocidente foi o da infiltração comunista nos meios católicos, e inclusive eclesiásticos. Os sem-Deus chegaram à conclusão diabólica de que, a longo prazo, para descristianizar a população, o melhor era começar pelas crianças, nas escolas.

Assim, em março de 1929, antes da retomada das matanças, Lunatcharski, que era então Ministro da Educação, escrevia no jornal “Izvestia”: 

“Na tarefa da educação [...] entra a dissipação de superstições de toda classe, e uma luta sem quartel contra todo obscurantismo, herança do passado, estorvo para a criação do futuro. Em concreto, a escola [...] não pode ser alheia à luta contra a religião, em suas formas velhas ou novas”.

Ora, para os comunistas conseguirem sucesso nessa empreitada, necessitavam de professores ateus. Assim Lunatcharski continua: 

“O Comissariado Popular da Educação [...] declara firmemente que, ter mestres crentes na escola soviética, é uma grave contradição, e que os departamentos de educação devem utilizar qualquer expediente para substituí-los por outros de veio antirreligioso. [...] A escola terá que aplicar seu esforço para dissuadir às crianças de visitar a igreja e as variadas cerimônias religiosas e [...] oferecer-lhes, ao mesmo tempo, um equivalente na escola, algo organizado, algo antirreligioso e ao mesmo tempo atraente”

Infelizmente é o que ocorre em nossas escolas onde, mestres ateus tentam impingir nos seus incautos alunos teorias como a absurda Ideologia de Gênero, de “família” homoafetiva e outros absurdos. 

Apesar de todo esforço de ateização, o sentimento religioso é tão enraizado nas pessoas que, no censo russo de 1937, depois de 20 anos de comunismo e repressão antirreligiosa, de 30 milhões de cidadãos analfabetos maiores de 16 anos, 84% (mais de 25 milhões), ainda se declaravam crentes.

E de 68,5 milhões de alfabetizados, 45% (mais de 30 milhões), ainda criam em Deus. É curioso notar que, entre os analfabetos, a proporção dos crentes foi mais expressiva do que a dos alfabetizados. Bons tempos em que os canais de televisão — muito pouco crédulos — não invadiam a privacidade do lar, até nas mais remotas regiões, para modificar mentalidades com os obscenos conteúdos de novelas. 

Isso deixou os bolcheviques furiosos, e recomeçaram então as matanças. Entre os anos 1937 e 1938, houve 100 mil execuções e 200 mil deportações. De 1939 a 1942, como já havia pouca gente para matar, houve “só” 4 mil execuções. Nesse último ano, como Stalin precisava gente para a guerra, parou a perseguição sangrenta. 

O artigo não apresenta dados mais recentes, mas cita uma pesquisa da agência WinGallup, de 2017, na qual consta: de cada 10 pessoas no mundo, 7 creem em Deus. Isso praticamente se inverte na China, onde prevalece a ditadura comunista que persegue a religião: de cada 10 chineses, 7 se declaram ateus. 

Por fim, assinalo que essa farsa sacrílega de “matar Deus” foi imitada pelos comunistas espanhóis durante a guerra civil espanhola de 1936. Um grupo deles foi até o Cerro de los Ángeles [foto ao lado], nos arredores de Madrid, onde se encontrava uma grande imagem do Sagrado Coração de Jesus, e “a fuzilaram”, como se se tratasse de pessoa viva, mostrando bem que aprenderam a lição com seus mestres do Kremlin.

31 de janeiro de 2018

SÃO JOÃO BOSCO

São João Bosco em 1887 – última fotografia do santo.


Falecido em 31 de janeiro de 1888, celebra-se, neste dia 31 de janeiro de 2018, 130 anos do passamento à vida eterna do grande São João Bosco. Em memória desse veneradíssimo Apóstolo da juventude, reproduzimos a seguir um artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado no “Legionário” de 30 de janeiro de 1938. 


Plinio Corrêa de Oliveira 

Quando o mundo se afasta da Igreja, cai inevitavelmente nos erros mais grosseiros da inteligência, levado pela dissolução dos seus costumes. De fato, os maiores erros da humanidade provieram não da verdadeira ciência, mas dos pecados dos cientistas, que, deturpando suas inteligências, os conduziram ao erro, quer insensivelmente, quer propositalmente, como meio de desculpar as suas faltas. 

É por isso que costuma aparecer livros e teorias pretendendo constituir a moral independente de Deus, muitas vezes mascarando-a com o endeusamento da vontade. Ora, a vontade é verdadeiramente maravilhosa, e reforma verdadeiramente o homem quando coopera com a graça divina, porém é absolutamente impotente quando a despreza. 

O homem verdadeiramente honesto é o católico verdadeiro, pois são tantas as paixões que procuram desviá-lo do cumprimento do dever, que é impossível observar todas as suas obrigações, sem a recepção frequente dos sacramentos.

E só o católico verdadeiro, que recebe frequentemente os Sacramentos e corresponde fielmente à graça de Deus com inquebrantável força de vontade, consegue cumprir escrupulosamente os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. 


São João Bosco nos revela o quanto pode a graça, quando de nossa parte correspondemos fielmente a ela. Dotado de grande força de vontade, desde pequeno alimentava o desejo de ser padre, embora a extrema miséria de sua família e a oposição do irmão levantassem uma barreira que pareceria intransponível a quem confiasse apenas em suas próprias forças. 

São João Bosco, no entanto, tinha toda confiança em Nosso Senhor Jesus Cristo, e tudo suportou para corresponder à vocação que possuía pelo sacerdócio. 

Depois de ordenado, São João Bosco resolveu dedicar-se inteiramente às crianças abandonadas, reunindo-as determinados dias em “oratórios” como ele designava essas reuniões infantis, para rezarem, divertirem-se em brinquedos honestos e aprenderem o catecismo. 

Por suas crianças, São João Bosco de tudo era capaz. Tanto afrontava os poderosos da época, em geral inimigos da Igreja, como esforçava-se em aprender os malabarismos de um artista de circo que com sua arte desviava os meninos do seu “oratório”. 

Dentro em pouco, tão numerosas eram as crianças que corriam aos “oratórios”, que São João Bosco concebeu a ideia da fundação de uma nova Sociedade religiosa que se dedicasse exclusivamente à educação da juventude. Animado pelo Bem-aventurado (hoje Santo, n.d.c.) José Cafasso e pelo Papa Pio IX fundou a “Pia Sociedade de São Francisco de Salles” e o “Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora”. 


Num sonho, São João Bosco 
teve a revelação de que sua 
imagem estaria acima da estátua 
de bronze de São Pedro e do 
medalhão/mosaico do Papa Pio IX. 
Constrangido com tal glória, 
ele acordou e o sonho de desfez. 
Mas hoje, na nave central da Basílica 
de São Pedro em Roma, 
essa revelação encontra-se imortalizada 
em mármore, como se vê nesta foto. 
A Estátua mede 4.80 m e foi realizada 
pelo famoso escultor Pietro Canonica 
(1869 - 1959) [Foto PRC].
Mais tarde, numa antevisão da “ação católica” instituiu a obra dos cooperadores salesianos, composto quase que exclusivamente de leigos e que tinham por obrigação dedicarem-se às obras de caridade e prestar todo auxílio possível aos vigários, Bispos e ao Santo Padre. 

Apesar de inteiramente dedicado aos meninos, São João Bosco quis que de sua casa partissem religiosos para as missões em busca de novas almas para Cristo. Os primeiros salesianos que partiram para as missões eram chefiados por João Cagliero e se dirigiram à América Meridional. Hoje, eles se acham espalhados por todas as missões do mundo. 

São João Bosco tinha por lema na vida “Dai-me almas e ficai com o resto”, e durante toda sua existência preocupou-se exclusivamente em ganhar almas para o Céu, não poupando sacrifícios e doçura de trato para conseguir a amizade de seus meninos. 

Quando aos 31 de janeiro de 1888, morreu o Santo das crianças, foi extraordinário o número de meninos e ex-alunos de São João Bosco que acorreram ao seu enterro. Desde logo a fama de sua santidade espalhou-se por toda parte. Instaurado o processo para sua beatificação em 1907, Pio XI em 1934 incluía-o entre os Santos da Igreja Católica. 

São João Bosco nada tinha de seu, no começo de sua vida, mas confiado exclusivamente na Providência divina, e cooperando fielmente com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, construiu igrejas, colégios, fundou duas congregações religiosas, ganhou inúmeras almas para o Céu e, o que vale mais que tudo isto, santificou-se. Que Ele, continuando no Céu seu intenso apostolado, conquiste os brasileiros para a Igreja, a fim de que o Brasil se faça uma nação verdadeiramente católica, merecedora das bênçãos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

20 de janeiro de 2018

WASHINGTON — Marcha contra o aborto


Abaixo segue um vídeo da recente “March for Life”. A célebre Marcha contra o aborto transcorreu com grande sucesso em Washington, no dia 19 de janeiro, com a participação de centenas de milhares de pessoas. Crescem nos Estados Unidos, sobretudo entre a juventude, fortes reações que exigem a completa revogação da abominável lei -- a infame decisão "Roe v. Wade" (1973) -- que permite o aborto naquela poderosa nação. 

Outro fator que nos faz confiar em tal revogação é que a parte do público favorável ao aborto está envelhecida: são políticos de esquerda, celebridades de Hollywood e feministas radicais.

Oxalá a matança de inocentes ainda no ventre materno seja completamente proibida o quanto antes.



17 de janeiro de 2018

Por que não se recorre mais a referendos?


Plinio Maria Solimeo

Por incrível que pareça, é “politicamente correto” ser a favor do chamado “casamento” homossexual ou de qualquer união estável, considerando-os tão válidos quanto o casamento entre homem e mulher. E políticos e juristas, agindo sempre na contramão da opinião pública, aprovam leis que violam os direitos da sacrossanta instituição da família tradicional. 

É mesmo verdade que a maioria da população é a favor dessas uniões ilegítimas, sobretudo do “casamento” homossexual? Por que não se faz um plebiscito a respeito para conhecer a verdadeira opinião da população? Simplesmente porque os governantes e juristas têm medo de que a população se manifeste contrariamente, salvaguardando o verdadeiro casamento, que é o entre homem e mulher. 

Por isso é que, onde foi redefinido o matrimônio, como na França, Portugal, Espanha, Inglaterra e outros países europeus, isso foi feito pelas elites políticas, sem consultar a população. Em nenhum desses países se realizou um referendo para alterar o matrimônio, incorporando nele as uniões entre pessoas do mesmo sexo. 

Pois toda vez que se dá à população a oportunidade de se manifestar, ela o faz em favor do matrimônio tradicional. 

Triunfo do apoio ao matrimônio tradicional 

Uma das mais recentes provas disso nós a temos em um país que foi subjugado durante décadas pelo tacão comunista e que ainda é governando por um governo socialista: a Croácia. Com efeito, fazendo parte da União Européia desde julho deste ano, foi-lhe dada excepcionalmente pela UE a liberdade de se manifestar a respeito do assunto. E o resultado não se fez esperar: 65,9% dos eleitores se manifestaram em favor de que “o matrimônio seja a união entre homem e mulher, e não outras combinações”. 

Como é que, sendo o primeiro-ministro socialista Zoran Milanovic favorável ao “casamento” homossexual, promoveu um plebiscito visando ratificá-lo e incluí-lo na Constituição croata? 

O problema é que a consulta plebiscitária foi realizada à sua revelia, tendo ele sido obrigado a aceitá-la. A iniciativa partiu da coalizão pró-família “Em nome da família” (U Ime Obitelji), que num país de 4.3 milhões de habitantes recolheu 740 mil assinaturas pedindo o referendo, como previsto constitucionalmente.

Para a reforma da Constituição sobre a definição do matrimônio era necessária uma maioria simples de votos. Entretanto, dois em cada três votantes, apoiaram o matrimônio tradicional, enquanto somente 33,5% votaram contra, havendo apenas 0,6% de votos nulos. Quer dizer, foi uma vitória incontestável.

Para que se possa fazer uma ideia de quanto esse resultado suscitou simpatia em todo o mundo, em menos de 24 horas depois do encerramento dos colégios eleitorais, o Facebook da organização já havia recebido mais de 6.500 mensagens de felicitações de toda a Europa, em inglês, francês, italiano, polonês e espanhol.

É preciso dizer que o cardeal de Zagred, Dom Josip Bozanic, havia apoiado a campanha das entidades pró-vida, lembrando que o matrimônio é uma união especial, que favorece a procriação e a educação equilibrada das crianças. Portanto, não pode ser uma união entre pessoas do mesmo sexo, que é estéril em si mesma. 

É claro que o ministro socialista tentou a todo custo evitar a consulta popular. Mas acabou dizendo à “Agência Efe” que “lamentavelmente não se pôde evitar o referendo sobre o matrimônio, por mais triste que isso soe”. Essa mesma Agência informa que o governo socialista chegou a qualificar de “homofóbica a realização dessa consulta”, esquecendo-se de que o povo decidiu livremente que o matrimônio seja o que sempre foi, e que não seja mudado por governantes e juristas a seu bel-prazer, para se mostrarem politicamente corretos.

Também a Eslovênia rejeita o “casamento” homossexual


Mas a Croácia não foi o único país da ex-Cortina de Ferro a se manifestar contra emendas que visavam redefinir o matrimônio. Também na Eslovênia, país de dois milhões de habitantes, a coalizão cívica “Pelas crianças” (Za Otroke Gre), estruturada em torno do Instituto pela Cultura da Vida, mobilizou-se, e em apenas quatro dias recolheu 48 mil assinaturas reivindicando a consulta dos cidadãos sobre a rejeição de emendas que atingiam diretamente a família. 

O Parlamento, formado por políticos sempre deslocados da realidade, rechaçou as assinaturas, argumentando que era inconstitucional votar sobre a definição de família imposta por eles, por ser homofóbico e discriminatório. Mas o Tribunal Constitucional rejeitou a decisão parlamentar e apoiou a iniciativa dos cidadãos eslovenos. 

Ocorre que em 2015 o mesmo Parlamento havia aprovado a redefinição da família, para aceitar o chamado “casamento” homossexual. Mas, para que a lei entrasse em vigor, era preciso a assinatura do presidente. Este, apesar de favorável à emenda, não se sabe bem por que, ainda não a tinha assinado, razão pela qual nenhum “casamento” homossexual havia se registrado na Eslovênia. 

A pergunta à qual os eslovenos deveriam responder era: “Você é a favor da entrada em vigor da lei sobre emendas e complementos da lei do matrimônio e família que o Parlamento aprovou em 3 de março de 2015?”

Pela lei eslovena, bastava que 20% dos votantes se opusessem à lei para bloqueá-la. Mas seus opositores foram mais de 380 mil (63.5%), que se declararam contra as emendas. Somente 36,5% se manifestaram favoráveis ao “casamento” homossexual. 

Que nossos políticos no Brasil abram os olhos, e vejam que não foram eleitos para contrariarem a vontade da população, tantas vezes manifesta. E apesar de não eleitos, não se creiam divinos alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, um dos quais chegou a declarar que certas conquistas do Iluminismo não devem ser objeto de consulta, mas simplesmente aplicadas...

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Fontes consultadas: 
https://www.religionenlibertad.com/eslovenia-es-el-primer-pais-en-el-mundo-en-revocar-el-46670.htm 
https://www.religionenlibertad.com/croacia-unico-pueblo-de-la-ue-al-que-han-dejado-votar-32562.htm

26 de dezembro de 2017

A multiforme inspiração do Espírito Santo nos panetones e bolos de Natal


Santiago Fernandez (*) 

Nos países católicos há uma imensa variedade de pratos e bolos que se preparam somente para o Natal. Nesse ponto os italianos acabaram passando na frente de todos os outros ao criarem o universalmente conhecido e cobiçado “panettone”. 

De onde ele vem? 


Discute-se fortemente na Itália sobre a sua origem. Todos concordam que nasceu na região de Milão. 

Segundo uma versão, o panettone apareceu pelo fim do século XV num banquete oferecido pelo tempestuoso duque Ludovico Sforza, dito “o Mouro”. O ajudante de cozinha, de nome Toni, encarregado de vigiar o forno durante a preparação da sobremesa, teria dormido. E quando acordou ela estava queimada! 

Para se salvar da ira do colérico duque, ele apanhou então tudo o que sobrara na cozinha e misturou, para produzir um pão “enriquecido” que fez as delícias de todos. Essa obra-prima passou para a posteridade como o “pão de Toni”, que acabou dando em “panettone”. 


Mas há outra versão: o jovem nobre Ughetto degli Atellani, que desejava casar-se com Algisa, filha do padeiro Toni, teria conseguido ser contratado pela padaria, onde concebeu o famoso pão de Natal para conquistar a moça. 

Outra versão ainda é aquela segundo a qual Sóror Ughetta — cujo nome significa passa — teria comprado com suas últimas moedas algumas passas e frutas cristalizadas para acrescentar a seu pão de Natal, levando assim um sorriso às irmãs de seu convento. 

O fato histórico incontestável é que, entre outras coisas, na Idade Média nasceu o costume de comemorar o Natal com um pão que fosse melhor do que o quotidiano. Até 1395 os fornos de Milão só podiam assar esse pão no período natalino, e ele era marcado com frequência com uma cruz. 
"Pandoro" de Verona
Mas há o “panettone” glacê e com amêndoas de Turim. E também o “pandoro”, de Verona, que é muito alto, pesa cerca de um quilo, tem sabor de baunilha, uma miga muito leve e é servido num pacote feito com açúcar cristalizado que também se come. 


"Panforte" de Siena
Em Veneza, o “panettone” vem acompanhado de um creme de frutas cristalizadas. Há ainda o “pandolce” de Gênova, um pouco mais compacto, bem como o “panforte” de Siena, feito com especiarias e sem farinha, com a massa consolidada com mel, pimenta e canela. 

O sul da Itália aplicou sua inspiração ao “panettone”, que vinha do Norte, acrescentando-lhe delícias que são inéditas nas regiões frias: laranja, limão, pistache, bergamota e o licor limoncello. 

O “panettone” de Nápoles é feito com laranjas cristalizadas de Amalfi e limoncello. Em Siracusa, ele vem com chocolate, pistaches, laranjas cristalizadas da Sicília e passas de Pantelleria. Todos eles em geral têm preços acessíveis. 


"Christmas pudding" inglês
Deixando agora a Itália e passando a outros países, os britânicos preparam o tradicional “pudding”, oriundo da Idade Média. Segundo instrução da Igreja Católica, ele “deve ser feito no domingo após a festa da Santíssima Trindade, que neste ano de 2017 foi celebrado em 18 de junho. É preparado com 13 ingredientes para representar Cristo e os 12 Apóstolos, e todos os membros da família devem dar uma mexida em sua massa durante a preparação, um de cada vez, de leste a oeste, a fim de homenagear os Reis Magos e sua suposta jornada nessa direção”. 

Por sua vez, os belgas degustam os chamados “cougnoles” ou “cougnous”, pães do tipo brioche cujo tamanho varia entre 15 e 80 cm, com a forma de um presépio que acolhe uma imagenzinha do Menino Jesus. 


"Christstollen" alemão
Os alemães preparam o “Christstollen”, bolo muito denso perfumado com especiarias e recheado com frutos cristalizados e passas, assado numa forma especial. 

Os espanhóis no Natal preferem o “turrón”, uma massa feita com amêndoas e mel. Ele tem muitas variantes: com chocolate, nozes, frutas secas etc. 

Os franceses comemoram com a “bûche”, literalmente pedaço de lenha, que suscita todo ano um verdadeiro concurso para ver quem é o “pâtissier” que concebe a variante mais criativa. 


"Büche de Noël"
Durante séculos, as famílias francesas acendiam na noite de Natal um pedaço de lenha de árvores frutíferas como cerejeira, ameixeira, macieira ou oliveira, ou de madeiras nobres ou comuns. Ficou conhecida como a “bûche de Noël”. 


A família aquecida por esse fogo se reunia para a Ceia de Natal entoando canções. Com o tempo entraram novos sistemas de aquecimento e as velhas lareiras foram se apagando. 

Mas eis que a “bûche de Noël” se transformou em uma obra-prima da pâtisserie francesa, a sobremesa indispensável nos lares da França nos dias abençoados do Natal. É difícil conhecer o autor do prodígio, embora talvez tenham sido muitos, guiados em diversas partes pelo instinto católico, pela tradição e pelo bom gosto. 

Fala-se que um aprendiz de Paris, que trabalhava numa chocolataria do aristocrático bairro de Saint Germain des Prés, teria sido o autor da ideia. Os palacetes do bairro eram habitados por nobres ligados a seus castelos, erigidos muitas vezes em bosques e em contínuo contato com a agricultura e as tradições locais. 


Como esses nobres não encontravam suas rústicas, mas abençoadas “bûches de Noël” na refinada Paris, então o aprendiz concebeu um doce em forma de lenha para lhes aplacar a saudade inspirada pela fé. 

Segundo outros, o famoso bolo foi inventado em Lyon por volta de 1860. Há os que defendem que Pierre Lacam, pasteleiro e sorveteiro do príncipe Carlos III de Mônaco, teria concebido a primeira requintada “bûche” em 1898. 

Quem quer que seja o seu inventor, nas proximidades do Natal a “bûche de Noël” aparece nas pâtisseries da França em forma de sorvete ou bolo, sendo avidamente procurada pelos espíritos amantes da família, da tradição e da Cristandade. 

Na Córsega ela é forçosamente feita à base de castanhas, embora as fórmulas e apresentações sejam inumeráveis, de acordo com a preferência das famílias, dos padeiros, dos confeiteiros de cada região, cidade, rua ou loja. 


"Galettes des rois" da França
Já no início de janeiro as vitrines das pâtisseries de Paris se enchem de “galettes des rois”, conta “Le Petit Journal”. O nome — como o de tantos produtos culinários franceses — não tem tradução, mas alguns tentaram “bolo dos reis”. Ele é vendido com uma coroa especial. Em 2014, entre 85% e 97% dos franceses diziam comê-lo na festa da Epifania, ou Reis. As receitas, acompanhamentos e formas são incontáveis, em geral redondas. Quando o “bolo dos reis” contém o apreciado marzipã, é chamado de “parisiense”; com frutas abrilhantadas é o bordalês. 


"Bolo rei" de Portugal
Em Portugal, ele é feito de um modo especial e recebe o nome de “Bolo Rei”, designação que sublevou sem sucesso muitos revolucionários igualitários e republicanos. Existem receitas semelhantes na cidade norte-americana de Nova Orleans, na Bélgica, no México (“rosca”), na Grécia (“vassilopita”) e na Bulgária (“pitka”), para só citar algumas.


Voltando à França, o mais típico é que a criança mais nova sentada à mesa se encarregue de cortar a “galette des rois” e distribua um pedaço para cada um. Em alguma parte do bolo há uma fava, também chamada “rei”, que faz a alegria da mesa. 

A fava respeita a forma de sua humilde semente original, mas depois passa a ser substituída por pequenos objetos simbólicos imaginosos, como lâmpadas douradas e outros. O fato é que quem recebe o pedaço com a “fava” é chamado de “rei”, ganha a coroa que veio com o bolo e deve beber em uma taça especial, enquanto os demais cantam “o rei bebe, o rei bebe”, em meio ao gáudio geral. 

Aliás, nos bons tempos partia-se a “galette” de acordo com o número dos presentes mais um. Esse pedaço excedente era chamado “a parte do Bom Deus”, ou “a parte da Virgem”, ou “a parte do pobre”, e era destinado ao primeiro pobre que fosse bater à porta do lar. 

O costume comemora a festa da Adoração do Menino Jesus pelos Reis Magos, ou Epifania, celebrada em 6 de janeiro. A Epifania comemora precisamente a chegada de Melchior, Gaspar e Balthazar, conduzidos pela milagrosa estrela. 

Na Espanha, os Reis Magos são muito mais importantes para as crianças do que Papai Noel. São eles que trazem os presentes na noite de 5 para 6 do janeiro, depositando-os sobre os sapatinhos infantis deixados na sacada ou na lareira. 


"Roscón de Reyes" da Espanha
É normal que o fato seja comemorado com um bolo. É o denominado “Roscón de Reyes” em forma de coroa, o qual introduz uma variedade grande em relação à “galette des rois” francesa. 

Foi só no mundo católico que a ação multiforme da graça do Espírito Santo inspirou uma tão larga variedade de pães simples, mas deliciosos, próprios a elevar os espíritos e a fortalecer o corpo nos gaudiosos dias do nascimento do Redentor. 

Procure-se entre os protestantes ou nos decaídos países pagãos e veja se eles criaram uma variedade análoga de uma iguaria saborosa e inocente, tão de acordo com o espírito sobrenatural do Natal católico.

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Fonte: Revista Catolicismo, Nº 804, Dezembro/2017.

23 de dezembro de 2017

A noite entre todas sagrada

Nas pompas festivas da Missa do Galo, as famílias, os povos, as nações se sentiam ungidos pelo júbilo sacral descido do mais alto dos céus 


Plinio Corrêa de Oliveira (*)

O Advento, período que no ano litúrgico compreende as quatro semanas antecedentes ao Natal, constituía para a Cristandade uma parte do ano especialmente voltada para o recolhimento, para uma discreta compunção e para a esperança palpitante do grande júbilo que o nascimento do Messias trará. Todos se preparavam assim para acolher o Menino-Deus que, no virginal sacrário materno, se acercava, dia a dia mais, do momento bendito em que iniciaria sua convivência salvífica com os homens.  

Nessa atmosfera densa e vividamente religiosa, a tônica se ia gradualmente deslocando. À medida que se aproximava a noite entre todas sagrada, a compunção ia cedendo lugar à alegria. Até o momento em que, nas pompas festivas da Missa do Galo, as famílias, os povos, as nações se sentiam ungidos pelo júbilo sacral descido do mais alto dos céus; e em cada cidade, em cada lar, no interior de cada alma se difundia, como um bálsamo de celeste odor, a impressão de que o Príncipe da Paz, o Deus Forte, o Leão de Judá, o Emanuel, mais uma vez acabava de nascer. Stille Nacht, Heilige Nacht... a canção célebre que se transpôs para nosso vernáculo, de modo menos expressivo, como Noite Feliz.  
De toda essa preparação, o que restou? Do Advento, quem hoje cogita senão uma minoria ínfima? E dentro dessa minoria ínfima, quantos o fazem sob a influência da verdadeira teologia católica e tradicional, e não das teologias ambíguas e desvairadas que sacodem hoje em dia o mundo cristão, como se fossem convulsões de febre?

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Excertos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, “No crepúsculo do sol de justiça”, publicado na “Folha de S. Paulo” em 1º-1-1979.

18 de dezembro de 2017

“Minha mulher não trabalha”

Plinio Maria Solimeo 

Quanto trabalha uma dona de casa hoje em dia? É preciso considerar que as atuais leis trabalhistas transformaram a maioria das empregadas domésticas em reivindicadoras sindicalizadas que só pensam em seus direitos e muito pouco em seus deveres. Contratá-las atualmente é expor-se ao risco de muitos problemas trabalhistas. Já foi o tempo em que uma boa empregada doméstica acabava sendo quase que uma extensão da família, em que o trato entre patroa e empregada era pautado pelo entendimento, pela cordialidade e, em muitos casos, também pelo afeto mútuo. 

Mas, voltando ao caso, para muitos o trabalho de uma dona de casa é leve, cheio de remansos, dando-lhe tempo livre para leituras, repouso etc. Mas a coisa não é assim. 

Uma matéria colocada por um habitante da Flórida no seu perfil de Facebook em março de 2016 chamou tanto a atenção por sua realidade, que foi compartilhada mais de 400 mil vezes, gerando mais de 700 mil reações e cerca de 500 comentários. Ela imagina a conversa de um executivo com seu psicólogo, e diz assim: 

Conversa entre um executivo (H) com seu psicólogo (P).

P. – O que o senhor faz para ganhar a vida, Sr. Rogers?

H. – Trabalho como contador em um banco. 

P. – E sua esposa? 

H. – Não trabalha. Ela é dona de casa. 

P. – Quem prepara o café da manhã para sua família? 

H. – Minha mulher, porque ela não trabalha. 

P. – A que horas se levanta sua mulher?

H. – Ela se levanta cedo para organizar tudo. Prepara o lanche para as crianças, assegura-se de que estão todos bem vestidos e penteados, que tomem o café da manhã, que escovem os dentes, e que levem todas as coisas para a escola. Desperta o bebê, troca-lhe as fraldas e a roupa, e também o amamenta. 

P. – Como seus filhos vão à escola? 

H. – Minha mulher os leva, porque ela não trabalha. 

P. – Depois de levar seus filhos à escola, o que ela faz? 

H. – Normalmente, para não ter que tirar e pôr a cadeirinha do bebê no carro muitas vezes, pensa em algo que possa fazer para aproveitar que está fora, como pagar contas ou fazer compra. Às vezes, se se esquece de algo, tem que fazer a viagem outra vez com o bebê nas costas. Quando volta para casa, tem que alimentar o bebê de novo, trocar-lhe as fraldas, e prepará-lo para sua sesta. Ordena a cozinha, e logo se encarrega da limpeza da casa, pois ela não trabalha.

P. – À noite, depois de voltar do escritório, o que o senhor faz? 

H. – Descanso, é claro, pois estou cansado depois de trabalhar o dia todo no banco. 

P. – O que faz sua esposa à noite? 

H. – Prepara o jantar e o serve a mim e às crianças, lava os pratos, ordena mais uma vez a casa, assegura-se de que nosso cachorro está em casa, e guarda os restos do jantar. Depois de ajudar as crianças com os deveres de escola, veste-lhes o pijama, dá-lhes um copo de leite, assegura-se de que escovem os dentes, e muda as fraldas do bebê. Uma vez na cama, ela se desperta várias vezes para dar de mamar ao bebê, e mudar-lhe as fraldas se é necessário, enquanto descansamos. Porque ela não tem que levantar-se cedo para ir trabalhar...

Embora esse relato esteja escrito de um modo um tanto jocoso, essa é a pura realidade. E eu, sendo de família numerosa, posso afirmar que ainda está um pouco longe da realidade. Pois não fala de outras coisas, como ter de remendar, lavar e passar a roupa, encerar o assoalho, atender a um filho que está doente e precisa de cuidados etc. 

Acontece então uma coisa curiosa: uma dona de casa assim ocupada não tinha tempo para devaneios, para romantismos, para sonhos de olhos abertos. Por isso, aceitava a vida como ela era, e não se fazia ilusões. O que tinha como conseqüência que o convívio familiar era muito mais intenso e muito mais caloroso, e praticamente não havia divórcios.

Ainda hoje, não são em geral as donas de casa que se divorciam por “me dá cá aquela palha”, mas aquelas que têm emprego fora e vivem de um modo tal que a vida de família pesa muito pouco em suas decisões.

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Fonte: https://www.actuall.com/familia/la-factura-en-la-sombra-del-ama-de-casa-en-espana-supera-los-2-500-euros-mensuales/

16 de dezembro de 2017

1967 – 2017: meio século de uma graça extraordinária


Leo Daniele 

“Será que meus amigos não percebem que estou muito doente?” 

Foi o que pensou em 1967 o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, sentindo-se debilitado e vendo sua figura, muito abatida, num filme documentário. 

De fato não percebiam, porque ele, sempre muito apostólico e desejoso de animar seus discípulos, disfarçava e não reclamava dos sofrimentos que a Providência lhe pedia. 


Dias depois revelou-se a enfermidade: uma terrível crise de diabete, com ameaça de gangrena, que o fez internar num hospital às pressas. O prognóstico mais provável era ter de submeter-se a algumas cirurgias, que seriam cada vez mais radicais e de eficácia duvidosa. Uma primeira intervenção, com amputação de alguns artelhos do pé, foi executada. 

No dia 16 de dezembro de 1967, há exatamente 50 anos, um de seus amigos, visitando-o, trouxe uma reprodução italiana, em grande formato [acima e ao lado, que se encontra no quarto de Plinio Corrêa de Oliveira], de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano.

O Prof. Plinio olhou para a estampa longamente. Depois seu estado de ânimo mudou, mostrando-se mais bem disposto. Algo de sublime se passou naquele momento, pelo qual ele se ligou estreitamente a Nossa Senhora de Genazzano até o fim de sua vida. A partir daí ele começa a recuperar-se, até retomar suas atividades habituais, sem necessidade de novas intervenções cirúrgicas.

10 de dezembro de 2017

Uma solução para Jerusalém: a internacionalização da Cidade Santa


Paulo Roberto Campos

A respeito do post de ontem, intitulado A QUEM PERTENCE JERUSALÉM?, recebi hoje de um colega — tarimbado, brilhante e arguto analista político — este e-mail: 
“Li seu substancioso artigo. Talvez valesse a pena um adendo. ‘Rebus sic stantibus’, creio seria ainda hoje a posição de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira”. 
Em vista do recente reconhecimento, por parte dos Estados Unidos, de Jerusalém como capital oficial de Israel, vem muito a propósito o referido adendo, que é uma matéria da TFP publicada na revista Catolicismo (Nº 200 - Agosto de 1967). Ei-la: 


CHANCELER INFORMA À TFP: BRASIL APÓIA A INTERNACIONALIZAÇÃO DE JERUSALÉM



Com data de 11 de junho (de 1967), a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade enviou telegrama ao Presidente Costa e Silva e ao Chanceler Magalhães Pinto, pedindo que o Brasil propusesse urgentemente, a todos os países latino-americanos, dar apoio conjunto à internacionalização de Jerusalém, segundo o desejo de Sua Santidade o Papa Paulo VI. É o seguinte o texto do despacho: 


"Peço a Vossa Excelência que o Brasil proponha urgentemente a todas as nações da América Latina darem apoio conjunto à internacionalização de Jerusalém, desejada pelo Santo Padre Paulo VI. 

Essa medida, já múltiplas vezes pedida em solenes Documentos do inolvidável Pio XII, constitui merecida homenagem à Cidade Sagrada, que ficará assim resguardada de futuros riscos.  
Corresponde às tradições cristãs brasileiras, bem como a nossos foros de mais populosa das nações católicas, assumir essa simpática iniciativa, a qual será entusiasticamente aplaudida por todos os brasileiros. 

Na antecipada certeza da favorável acolhida de Vossa Excelência, apresento cordiais e respeitosos cumprimentos.  
Plinio Corrêa de Oliveira 

Presidente do Conselho Nacional da 

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade". 


Em resposta, o Ministro do Exterior telegrafou nestes termos, em data de 7 de julho (de 1967), ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
"O Senhor Presidente da República encaminhou-me o telegrama pelo qual Vossa Senhoria solicita o apoio do Brasil à internacionalização de Jerusalém. Apraz-me informar a Vossa Senhoria que o Governo brasileiro tem defendido a tese de que Jerusalém deve ser colocada sob regime internacional permanente que propicie garantias especiais aos Lugares Santos, e nesse sentido expressei-me no discurso que pronunciei perante a Assembleia Geral de emergência das Nações Unidas. 
Por outro lado, a Delegação brasileira patrocinou, juntamente com outros países latino-americanos, um projeto de resolução que, entre outros pontos, propõe a internacionalização da Cidade Santa, apoiando a posição da Santa Sé. Atenciosos cumprimentos.  
José de Magalhães Pinto". 

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