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8 de setembro de 2014

Números eloquentes

Os números são eloquentes, mas o governo PT, assim como muitos candidatos petistas, insistem em fingir de surdo. O governo sabe, mas finge não perceber o óbvio: que a maioria dos brasileiros é contrária ao aborto, contrária ao “casamento” homossexual e contrária à legalização da maconha. É o que constatou recente pesquisa realizada pelo Instituto Ibope e divulgada no dia 4 último. 

Só lamento que as cifras relativas às pessoas contrárias a práticas tão antinaturais — práticas tão opostas às Leis de Deus — não sejam ainda mais elevadas, mas, em qualquer caso, a maior parte é contra. Ufa! 

Eis um excerto da notícia publicada no “O Estado de S. Paulo” no dia 4 último: 

Ibope: Quase 80% são contra legalizar maconha e aborto 

Daniel Bramatti e José Roberto Toledo 
“A pesquisa Ibope/Estado/TV Globo revela que 79% dos eleitores brasileiros são contra a descriminalização da maconha, e apenas 17% a favor. Um placar semelhante envolve a questão do aborto: 79% são contrários à legalização e 16% favoráveis. A maioria — ainda que por margem não tão larga — também rejeita o casamento homossexual: 53% a 40%”.

4 de julho de 2014

Maconha — comprovados prejuízos



Há um certo tempo, publicamos neste espaço algumas matérias relativas ao agravamento do problema das drogas em nosso país. Aqueles que desejarem ler ou rever tais matérias, basta clicar nas epígrafes “Drogas”, “Maconha” e “Marcha da Maconha”, que se encontram no SUMÁRIO (abaixo, na coluna da direita, em azul).

A respeito, além do apoio de leitores, recebi também críticas de alguns deles afirmando que “maconha é droga leve”. Com base em alguns especialistas, mostrei que não se pode considerar a cannabis uma “droga leve” e que, ainda que fosse, ela abre portas para as “drogas pesadas”. Neste sentido, publiquei diversos testemunhos de usuários que começaram no “baseado” e depois passaram para as drogas mais nocivas, como a cocaína, heroína, crack e oxi.

Corroborando com nossas matérias sobre os graves malefícios da maconha, transcrevo a seguir um recente artigo, muito bem fundamentado num estudo de pesquisadores norte-americanos, que comprova os danos que causam o THC — atenção leitor, não é FHC... (o ex-presidente que sem conhecimento real dos graves prejuízos provocados pela maconha, tem defendido sua descriminalização em certos círculos que desejam parecer “moderninhos”). THC é a sigla de tetra-hidrocanabinol, substância que se encontra nas folhas da cannabis


Efeitos adversos da maconha



Drauzio Varella 
Folha de S. Paulo, sábado, 28 de junho de 2014


Maconheiro é louco para dizer que maconha não vicia nem faz mal. Vou resumir uma revisão da literatura sobre os efeitos adversos da maconha, publicada no "The New England Journal of Medicine", por pesquisadores americanos do "National Institute on Drug Abuse" [foto]:

1) Dependência — Os inquéritos mostram que 9% dos que experimentam se tornam dependentes. Esse número chega a 1 em cada 6 no caso daqueles que começam a usá-la na adolescência. Entre os que fazem uso diário, 25 a 50% exibem sintomas de dependência. Uma vez instalada a dependência surgem crises de abstinência: irritabilidade, insônia, instabilidade de humor e ansiedade. 

2) Alterações cerebrais — Da fase pré-natal aos 21 anos de idade o cérebro está em estado de desenvolvimento ativo, guiado pelas experiências. Nesse período fica mais vulnerável aos insultos ambientais e à exposição a drogas como o tetrahidrocanabinol (THC). 

Adultos que se tornaram usuários na adolescência apresentam menos conexões entre neurônios em áreas específicas do cérebro que controlam funções como aprendizado e memória (hipocampo), atenção e percepção consciente (precúneo), controle inibitório e tomada de decisões (lobo pré-frontal), hábitos e rotinas (redes subcorticais). Essas alterações podem explicar as dificuldades de aprendizado e o QI mais baixo dos adultos jovens que fumam desde a adolescência. 

3) Porta de entrada — Qualquer droga psicoativa pode moldar o cérebro para respostas exacerbadas a outras drogas. Nesse sentido, o THC não é mais nocivo do que o álcool e a nicotina.

4) Transtornos mentais — O uso regular aumenta o risco de crises de ansiedade, depressão e psicoses, em pessoas com vulnerabilidade genética. Uso frequente, em doses elevadas, durante mais tempo, modificam o curso da esquizofrenia, e reduzem de 2 a 6 anos o tempo para a ocorrência do primeiro surto. 

5) Performance escolar — Na fase de intoxicação aguda o THC interfere com funções cognitivas críticas, efeito que se mantém por alguns dias. O fato de a ação no sistema nervoso central persistir mesmo depois da eliminação do THC, faz supor que o uso continuado, em doses elevadas, provoque deficiências cognitivas duradouras, que afetam a memória e a atenção, funções essenciais para o aprendizado. 

6) Acidentes — A exposição ao THC compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre as concentrações de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes no trânsito. 

7) Câncer e doenças pulmonares — Embora a relação entre maconha e câncer de pulmão não possa ser afastada, o risco é menor do que aquele associado ao fumo. Por outro lado, fumar maconha com regularidade, durante anos, provoca inflamação das vias aéreas, aumenta a resistência à passagem do ar pelos brônquios e diminui a elasticidade do tecido pulmonar, alterações associadas ao enfisema pulmonar. Não há demonstração de que o uso ocasional cause esses malefícios. O uso frequente agride a parede interna das artérias e predispõe ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e isquemias transitórias. 

9 de agosto de 2011

Liberdade ou libertinagem?


Paulo Roberto Campos

Com referência ao que aqui publicamos sobre a questão das drogas, quando procuramos desmistificar a utopia de que maconha é “apenas” uma droga “leve” (utopia pregada por certa mídia e até por certos figurões da política nacional), além de congratulações — que agradeço de coração — recebi três e-mails objetando nossa posição. Eis as afirmações principais de cada um dos signatários:


1) “Você é que está metendo o nariz num assunto que não conhece. O baseado (maconha) não pode ser comparado às drogas pesadas, como a cocaína, heroína, crack e oxi”.


2) “Você, que parece ser católico retrógrado, sabe muito bem que não existe nenhum mandamento de Deus ordenando ‘Não se drogar’”.


3) “A liberdade é um bem, cada um tem a liberdade de se manifestar como quiser e de fazer o que der na telha. O que não se pode é restringir a liberdade de alguém, nem mesmo de uma criança. Os pais devem deixar os filhos crescer livremente sem coibir-lhes em nada”.


Aqui inicio a réplica, concedendo aos três prezados contestadores direito à tréplica.


1) Nosso primeiro contestador certamente conhece o provérbio popular: “Por um simples cravo se perde uma ferradura; por uma ferradura se perde um cavalo; por um cavalo se perde um cavaleiro; por um cavaleiro se perde um exército inteiro”. Por uma simples “tragada” pode-se perder um cavaleiro... Por uma simples fumaça, a desgraça...


Normalmente não se chega ao fundo do poço da desgraça pulando de cabeça diretamente; vai-se escorregando aos poucos, começando pela “droga leve”. Está é a porta de entrada para as “drogas pesadas”.


Em posts anteriores, publicamos diversos depoimentos testemunhando como é comum encontrar drogados inveterados que começaram “apenas” fumando a cannabis — que assim poderíamos definir: maconha é uma erva que aumenta a vontade de fumar... maconha.


Sim, não sou especialista no assunto drogas, mas posso opinar fundamentado naqueles que o são. Foi o que fiz, além de transcrever depoimentos de especialistas. Aliás, aproveito para aqui publicar mais um:
“Nos últimos vinte anos, tenho atuado na repressão a entorpecentes e sou testemunha do flagelo que assola as famílias cujos entes e amigos que se envolveram já não possuem mais futuro. É uma geração devastada pelo caminho sem volta daqueles que decidiram desafiar um inimigo perigoso — o crack. Desafiaram por livre vontade. Para as famílias que têm entes envolvidos com drogas duvido que as palavras ‘liberar’ e ‘descriminalizar’ soem bem. É errado o olhar romântico e vesgo que se dá a usuários de maconha. Ninguém começa com crack. A porta de entrada é a maconha”.
Renato Cabral Maciel
Agente de Polícia Federal
Vila Velha – ES

Amy Winehouse - período normal e período viciada em drogas 
2) Sim, não existe um 11º mandamento de Deus preceituando “Não se drogar”. Mas, assim como não posso atentar contra a vida de outrem — 5º Mandamento, “Não Matar” —, não posso atentar contra a minha própria vida, que não é propriedade minha, mas do Criador de todas as coisas. Ora, se a droga destrói o homem, podendo inclusive levá-lo à morte, quem se droga atenta contra o mandamento divino. Memento cantora inglesa Amy Winehouse, morta, com apenas 27 anos, por overdose. Na foto à direita, ela antes de ter experimentado qualquer tipo de droga. 


Além de infringir o 5º mandamento, transgride-se o 1º dos mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. Quem não ama a Deus, ama os prazeres da vida sobre todas as coisas e acabará por odiar a Deus. Os homens não somos livres para afrontar as Leis de Deus, mas, pelo contrário, devemos nos submeter a elas, até mesmo para alcançar a verdadeira felicidade. Disso podemos concluir que uma lei humana — como uma eventual legalização da droga — não pode contrariar a Lei divina. E, se porventura for aprovada tal lei, não se é obrigado a respeitá-la, ela é nula, pois, acima de tudo, devemos obediência a Deus.
A cantora inglesa, várias vezes flagrada sob efeito de drogas
   
3) Reafirmo que não nego que a liberdade é um bem e que respeito a “liberdade de expressão” dos contestadores, desde que esta não atente contra a ordem natural e contra as Leis divinas. Não posso forçá-los a aceitar nossa posição, nem impedi-los de meter o nariz onde quiserem, nem mesmo para cheirar as drogas que condenamos. O que não se pode aceitar são a perversão e o abuso da liberdade — por exemplo, como ocorre com a “Marcha pela legalização da maconha”.


Parece que esse terceiro contestador está confundindo “liberdade” com “libertinagem”, pois não se tem a liberdade de fazer o que “dá na telha” — por exemplo, a liberdade de cometer um estupro porque “deu na telha”; ou meter a mão da carteira de alguém porque “deu na telha”. Pensando como refutar esse falso conceito de liberdade, lembrei-me de um artigo que redigi para a revista "Catolicismo" (edição de outubro/1999), que parece responder à questão. (Segue sua transcrição).


É preciso saber dar e negar
Falso conceito de liberdade leva à escravidão aos vícios.
Liberdade: direito de se fazer tudo que a lei de Deus permite.

Paulo Roberto Campos

A matéria publicada na edição de agosto, ressaltava como certa pedagogia dita moderna se equivocou ao querer inculcar nos pais de família uma atitude excessivamente indulgente: nunca proibir, jamais dizer não aos impulsos dos filhos. Ou seja, a aplicação apenas da primeira parte do axioma em epígrafe, É preciso saber dar..., — dar aos filhos tudo quanto exijam, ceder sempre, conceder-lhes uma liberdade sem fronteiras. Em contraposição, apresentamos então o que ensina a pedagogia tradicional, norteada nos princípios da Santa Igreja: é preciso saber dar, mas também, quando necessário, saber negar, proibindo aos filhos aquilo que os levariam a adquirir maus hábitos.
*      *      *
Em continuidade, mostraremos agora que tal pedagogia liberal é caolha ao ver apenas um lado da questão. Pois, baseando-se num falso conceito de liberdade, ensina que as crianças, para serem felizes, devem viver inteiramente livres, fazendo o que “der na veneta” e que não se deve coibir-lhes em nada suas espontaneidades.
Isso devido a uma falsa intelecção de liberdade. Permitindo fazer tudo o que pede a imaginação, as más tendências levam o homem a ceder a seus próprios caprichos e às más paixões, e logo ao pecado. Daí a expressão “escravo do pecado”.

Liberdade e “liberdade”
Iniciamos a exposição do tema por uma explicitação feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira [ao lado, desenho à mão livre] a respeito do exato sentido de liberdade:
“A doutrina católica sobre a liberdade humana ensina que esta consiste, não no direito ou na faculdade de fazer tudo quanto aprouver aos sentidos e à imaginação, mas em seguir os ditames da razão, por sua vez ilustrada e amparada pela fé. O que constitui precisamente o contrário da doutrina de Freud e da maior parte das escolas psicológicas e psiquiátricas que surgiram depois dele.
“Ora, nestas condições, a sujeição a uma disciplina voltada a impedir que o homem se ponha em ocasiões de ser arrastado pelo bramido irracional e turbulento dos instintos, constitui, não um vínculo ou uma algema para a liberdade, mas uma preciosa proteção para ela.
“Assim, proibir a um jovem que freqüente ambientes onde se fume maconha não é limitar a liberdade dele, mas garantir essa liberdade contra a tirania do vício, para o qual uma tentação sutil ou torrencial pode atraí-lo de um momento para outro”(1).

Liberdade? Sim, para o bem; não, para o mal
Na conhecida Encíclica de Leão XIII, Libertas Praestantissimum, de 20 de junho de l888, (ver quadro abaixo, em azul) o Pontífice denuncia como distorção e abuso da liberdade permitir-se fazer tudo o que passa pela cabeça, inclusive o mal; liberdade não consiste na espontaneidade instintiva, mas em seguir a reta consciência, pois, a verdadeira noção de liberdade está na prática da virtude e não na faculdade de pecar, que seria escravidão.
Assim, uma criança obedecendo aos pais, não é tolhida em sua liberdade, mas dá provas de ser livre aceitando ser por eles orientada naquilo que é bom e evitando o mal.
O santo pedagogo Pe. Champagnat soube, na educação dos meninos nos colégios maristas por ele fundados, harmonizar extraordinariamente o saber dar e o saber negar. Segundo ele, para conciliar disciplina e liberdade é necessário gravar os princípios religiosos na alma da criança e formar-lhe a vontade, mas desde os primeiros anos. Se já crescidas, seria como querer endireitar um grande arbusto – ao dobrá-lo, ele se quebra. Ao passo que, sendo ele pequenino, facilmente é endireitado.
Quando ainda criança, os bons princípios imprimem-se com facilidade no espírito e no coração da criança, ela adquire o gosto na prática da virtude, convencida de que esta é o bem que a torna verdadeiramente feliz, mesmo neste mundo, e que o pecado é o pior dos males.
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Leão XIII: Adesão a um bem falso = defeito da liberdade

"A liberdade, portanto, é, como temos dito, herança daqueles que receberam a razão ou a inteligência em partilha; e esta liberdade, examinando-se a sua natureza, outra coisa não é senão a faculdade de escolher entre os meios que conduzem a um fim determinado. É neste sentido que aquele que tem a faculdade de escolher uma coisa entre algumas outras, é senhor de seus atos. ....
"Assim como o poder enganar-se, e enganar-se realmente, é uma falta que acusa a ausência da perfeição integral na inteligência, assim também aderir a um bem falso e enganador, ainda que seja um indício do livre arbítrio, constitui contudo um defeito da liberdade, como a doença o é da vida. 
Igualmente a vontade, só pelo fato de que depende da razão, desde que deseja um objeto que se afaste da reta razão, cai num vício radical que não é senão a corrupção e o abuso da liberdade. Eis por que Deus, a perfeição infinita, que, sendo soberanamente inteligente e a bondade por essência, é também soberanamente livre, não pode de nenhuma forma querer o mal moral. E o mesmo sucede com os bem-aventurados do Céu, graças à intuição que têm do soberano bem. ....
"O Doutor Angélico ocupou-se frequente e longamente desta questão; e da sua doutrina resulta que a faculdade de pecar não é uma liberdade, mas uma escravidão”. 
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(Leão XIII, Encíclica Libertas Praestantissimum, Documentos Pontifícios, Nº. 9, Vozes, Petrópolis, 1961, 4a. ed., pp. 6 a 8).
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Para a boa formação, aliar firmeza com bondade

São Marcelino Champagnat [pintura ao lado] ensina que, para a formação da vontade das crianças, é preciso impor disciplina, mas sem exigências desnecessárias; advertir, mas com doçura; castigar, mas sem aterrorizar.
A seguir, alguns de seus conselhos nesse sentido:
“Realizar trabalho de educação é formar a vontade da criança, ensinando-a a obedecer. A grande chaga deste nosso século é a independência. Cada um quer fazer a sua vontade e se crê mais capaz de mandar do que obedecer.
“A criança recusa submissão aos pais; os subordinados revoltam-se contra seus chefes; a maior parte dos cristãos desprezam as leis de Deus e da Igreja. Numa palavra, por toda parte reina a insubordinação. Portanto, presta-se bom serviço à Religião, à Igreja, à sociedade, à família e, sobretudo, à própria criança, orientando-lhe a vontade, ensinando-a a obedecer. Ora, para formar a criança à obediência, é preciso:
1o.) Jamais mandar o que não seja justo e razoável. Nada exigir dela que repugne à razão ou revele injustiça, tirania ou capricho: ordens deste tipo só perturbam o espírito da criança, inspiram-lhe profundo desprezo;
2o.) Evitar mandar ou proibir muitas coisas de uma só vez. A multiplicidade de ordens ou proibições gera a confusão, leva ao desânimo e faz a criança esquecer ou desprezar boa parte das ordens ou proibições. Aliás, qualquer pressão desnecessária tem como resultado fazer desanimar ou semear o mau espírito;
3o.) Jamais ordenar coisas muito difíceis ou impossíveis, porque exigências exorbitantes irritam as crianças, tornando-as teimosas ou rebeldes em vez de torná-las dóceis;
4o.) Exigir a execução total do que se ordenou dentro do justo e razoável; pois dar ordens ou impor deveres, castigos e não exigir o cumprimento é favorecer a desobediência às ordens e proibições que se deu;
5o.) Estabelecer boa disciplina e exigir que se cumpra o regulamento. Essa disciplina é de molde a fortalecer a vontade da criança e dar-lhe energia, habituá-la à obediência e a uma certa violência que é preciso impor-se para lutar contra as paixões e praticar a virtude. Essa disciplina exercita a vontade por meio das renúncias freqüentes que ela enseja; obriga a criança a refrear sua dissipação, ficar em silêncio, conservar-se no recolhimento, prestar atenção às lições do professor, manter a compostura, reprimir suas impaciências, chegar em tempo, estudar as lições, cumprir as tarefas, mostrar-se respeitosa com os professores, leal e obsequiosa com os colegas e ajustar seu caráter a uma porção de coisas que a contrariam. Pois esta série de atos de obediência e uma seqüência de pequenas vitórias sobre si mesma e seus defeitos constituem o meio privilegiado de lhe formar a vontade, torná-la forte e dócil a um tempo e dar-lhe a constância no bem”(2).
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Notas:
1) Plinio Corrêa de Oliveira, Guerreiros da Virgem, Editora Vera Cruz Ltda., São Paulo, 1985, pp. 122 a 124
2) Ensinamentos do Bem-Aventurado Champagnat (Excertos de “Avis, leçons, sentences et instructions”), por Ir. João Batista Furet, FMS. Ed. Educa, Curitiba, 1987, pp. 228-229.

6 de julho de 2011

Maconha não pode ser considerada como “droga leve”

A propósito do post (Aos maconheiros de plantão: O “argumento-fumaça”, dos defensores da maconha, é uma droga! recebi uma objeção indignada (abaixo), assinada por Morpheus. Ignoro se nome ou pseudônimo. Em todo caso, é o nome do deus do sono e dos sonhos... Apesar desse nosso amigo sonhar com a maconha liberada e apresentar um argumento "viciado",  segui seu conselho: “pesquise um pouco mais”. Comecei, mas logo de início interrompi, pois me deparei com uma pesquisa já feita. Assim, além de ganhar tempo, posso transcrever um texto, não desse modesto rabiscador-blogueiro, mas de especialistas no assunto drogas. Eles deixam claro que a maconha é considerada uma droga leve só em tese, pois, na prática, ela abre portas para o pior do submundo. (segue mais abaixo, matéria publicada na revista “VEJA”). 

Morpheus deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Aos maconheiros de plantão: O “argumento-fumaça”,...":
“A passeata em si vai contra o tráfico! Pois regularizando o consumo, não haveria o por que de alguém querer comprar uma erva toda modificada quimicamente de um traficante!
Imagine o dinheiro que os policiais corruptos iriam deixar de ganhar dos traficantes? Por que a policia não fecha as bocas que vendem drogas?
É pura burrice pensar que o "sonho de qualquer traficante é a maconha liberada"......
Pesquise um pouco mais.. Pois é ignorância ser contra algo que nem mesmo conhece. O alcool é uma droga muito mais forte e viciante e mesmo assim é vista como algo comum.. isso é certo? Só porque está dentro da "lei"?
Cigarro é muito mais viciante que a erva.. Falo isso por experiência própria. E está dentro da "lei"..
Antigamente era BONITO fumar, concorda? Mas, hoje em dia.. a MIDIA impoem o contrario.. Agora não é mais bonito fumar.. pois é PROVADO que mata.. e mesmo assim está na lei.. é permitido!
Morpheus

Antes de transcrever trechos da matéria publicada na revista “VEJA” (06/06/2011), intitulada “A utopia de desfazer o nó”, de Otávio Cabral, transcrevo algumas cartas que a revista recebeu ("VEJA" 15/06/2011), comentando tal matéria:

"Nunca prendemos tanta gente. A razão é simples: o número de criminosos está aumentando porque a demanda por droga também cresceu. É a lei da oferta e da procura".
Delegado Reinaldo Corrêa
Departamento de narcóticos da polícia paulista.

“Muito interessante a forma como foi feita a reportagem, abrindo espaço para reflexões. É visível que o problema não se resolve com o trabalho de combate. A solução real é a educação de qualidade para as nossas crianças e adolescentes como instrumento de prevenção. Trabalho há quase trinta anos com usuários de drogas e dependentes químicos e posso confirmar os sérios riscos que a pessoa corre ao fumar maconha. Entre outros perigos, quando o indivíduo é geneticamente predisposto para a psicose (o que é previamente desconhecido por ele), o uso pode desencadear um surto e até um quadro psicótico permanente”.
Roberto Lúcio Viera de Souza
Médico psiquiatra
Belo Horizonte, MG

“Fernando Henrique Cardoso sai “explicando” o THC (maconha) e diz que errou quando agiu antes. Quem garante que ele está certo agora?”
José Francisco Veloso
Doutor em dependência química
Vila Velha, ES

“O Brasil de hoje insiste em privilegiar as minorias, com métodos subliminares, ineficientes e ofensivos à maioria. A regulamentação do uso da maconha atende somente aos apelos da hipocrisia e da indolência. O cidadão de bem não está interessado nesse debate, não obstante seja vitimado caos social provocado pela sua demanda. A liberação não reduzirá a violência nem o poder do narcotráfico, muito menos o consumo. A violência persistiria, porque existem outras drogas mais baratas e devastadoras. O poder do narcotráfico restaria intocável, mediante o fomento do mercado paralelo. E o adepto do baseado prosseguiria puxando o seu, sem ser importunado. Antes das experiências alienígenas o Brasil precisa provar um daqueles planos de segurança sucessivamente engavetados pelos governantes, precisa da verticalização dos bons exemplos e da atenção aos seus filhos decentes e trabalhadores. A perdição da humanidade jaz nessa relatividade dos conceitos, responsável pela insegurança jurídica, pela descrença nas instituições, pelo desmantelamento dos lares, pelos desvarios da sociedade”.
Lucia Castralli
Delegada de Polícia Federal
Salvador, BA

“É ilusão acreditar que a descriminalização de drogas vai acabar com o tráfico. O tráfico é igual ao contrabandista, sempre oferecerá um preço mais baixo porque não paga impostos”.
Ronaldo Pianowski de Moraes
Curitiba, PR
A utopia de desfazer o nó
Veja - 06/06/2011 [trechos]
Otávio Cabral

O Brasil é o único país que faz fronteira com os três maiores produtores de coca do mundo: Peru, Colômbia e Bolívia. Dos três, apenas a Colômbia tem uma política agressiva de combate às drogas. A Bolívia é governada por um ex-cocalero, e o Peru será apontado na próxima semana pela ONU como o maior produtor mundial da droga. O plantio da coca, antes concentrado nos vales andinos, já chegou à Amazônia peruana, ao lado do Brasil. No total, as fronteiras brasileiras somam mais de 24000 quilômetros. Mesmo que o país contasse com o mais eficiente sistema de segurança do mundo, seria impossível barrar a entrada de drogas por tal vastidão – que dirá, então, com os míseros 27 postos da Polícia Federal instalados para vigiá-la. Sofremos, ainda, com corrupção generalizada e verticalizada, que atinge todos os escalões de todas as instituições. A alta taxa de informalidade da economia é outra grande amiga dos criminosos: permite ao tráfico fincar estacas em rodas as regiões do país, cooptando jovens sem instrução, de famílias pobres e desestruturadas. Da geografia às mazelas crônicas do país, portanto, tudo conspira para que no Brasil o tráfico floresça e produza sua horda de viciados. Que, nem adianta enganar-se, não ganhariam nenhum amparo real de um sistema de saúde tão falido que, em certas regiões, não consegue atender a queixas básicas.

Países que já solucionaram essas questões provavelmente teriam a ganhar em ao menos examinar argumentos como os expostos em Quebrando o Tabu antes de descartá-las. Mas, mesmo nesses, a descriminalização deixaria a descoberto uma questão essencial. Veja-se o caso da Holanda, onde a venda varejista de maconha e haxixe em coffee shops é aceita e regulada e a venda no atacado, por assim dizer, é crime. Como a droga segue abastecendo o comércio, é óbvio que há uma medida de conivência do estado com o tráfico. Que, sim, é um problema do qual os holandeses têm de se defender ferozmente. Por isso países como a Suécia reverteram suas políticas liberalizantes. No início da década de 60, os suecos estiveram entre os primeiros a aceitar o uso de entorpecentes. Mas o afrouxamento fez explodir o número de usuários e congestionou o sistema de saúde. Na década seguinte, então, o país endureceu a legislação e voltou a proibir ouso e a impor penas tanto a traficantes como a usuários. Hoje, a Suécia tem um terço da média europeia de usuários de drogas. Na Suíça, na década de 80, foram criados os "parques da seringa", onde se podia consumir qualquer tipo de droga sem ser incomodado. A ex-presidente Ruth Dreifuss (1999) admite o fracasso: "Perdemos o controle dos parques: os criminosos os aproveitavam para trazer drogas para os viciados". Por dez anos seguidos, nos Estados Unidos, a política da tolerância zero fez cair o consumo de maconha entre os estudantes. Há três anos, ele voltou a subir: segundo especialistas, efeito direto da liberação da maconha para fins medicinais na Califórnia e em outra dezena de estados – a qual favoreceu o surgimento de uma rede de "médicos-traficantes" que prescrevem a erva a qualquer um que pague entre 100 e 500 dólares por uma receita.

No Brasil, qualquer discussão que vise a mitigar o problema das drogas tem de reconhecer a tragédia pandêmica e assassina do crack. Essa forma de consumir cocaína, antes restrita às grandes cidades, hoje está espalhada pelo país. Mais destrutivo ainda, o óxi chegou aos centros urbanos a 2 reais a pedra. "Não há dúvida de que a maconha é uma porta de entrada. Ninguém começa direto no crack. Primeiro é o cigarro, depois uma cervejinha, um baseado...", diz o psiquiatra André Malbergier, da Universidade de São Paulo. Segundo essa visão, qualquer tolerância ao uso da maconha provocaria, de imediato, um aumento do consumo, alargando a porta de entrada a que se refere o psiquiatra Malbergier.
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O tráfico tem a maconha como seu produto mais vendido, embora menos lucrativo que a cocaína e o crack. Tráfico que sitia partes de cidades, arregimenta jovens para o crime, decreta toque de recolher, substitui o estado e abre portas para outros tipos de delito, como tráfico de armas, sequestro, homicídio e roubo de carros. Em suma, quem fuma maconha está ajudando a movimentar a roda do crime. Ela é também um problema de saúde pública. Pelo menos 6% dos usuários se tornam viciados. É menos que o álcool (15%) e a cocaína (40%), mas o índice não pode ser desprezado. No período de uso intenso, há alteração da memória e da capacidade de concentração. Se for muito utilizada na adolescência, pode antecipar transtornos psíquicos. "Em meu consultório, atendo garotos que perderam o controle. Como acham que a maconha não traz problemas, eles usam de manhã, de tarde e à noite. Saem do eixo, deixam a escola", alerta Arthur Guerra.
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