26 de fevereiro de 2023

75 % das crianças nascidas hoje na Hungria vêm de pais devidamente casados

  Plinio Maria Solimeo 

A instituição familiar está agonizando em quase todo o mundo. O número de divórcios e de uniões efêmeras ou sem vínculo matrimonial cresce assustadoramente em todo o mundo. Mas há algumas salutares exceções: a Hungria, a Estônia e a Letônia, onde as taxas de casamento ainda se mantêm. 

Segundo a Marriage Foundation do Reino Unido, “a Hungria agora tem as taxas de casamento mais altas da Europa, resultado de uma década de políticas favoráveis à família, destinadas principalmente a incentivar o aumento da fertilidade”. Explica essa fundação que entre as medidas para isso, “certos empréstimos subsidiados do governo podem ser concedidos ou totalmente dispensados para quem tem até três filhos, mas somente se os pais forem casados”

A consequência disso é que, enquanto no resto da Europa as taxas de casamento caíram em quase todos os países, na Hungria, como dissemos, o país passou do vigésimo oitavo lugar no número de casamentos em 2010 para o primeiro. É lamentável dizer que as maiores quedas ocorreram exatamente em países de população católica como Irlanda, Itália e Portugal, onde essas taxas caíram mais da metade, inclusive durante o confinamento decorrente da Covid 19. 

Numa pesquisa feita na Hungria com mil pessoas, 97% delas afirmaram sua convicção de que o casamento é algo com o qual se trabalha “todos os dias”, e 83% consideram a importância de, para o bom funcionamento do casamento, os esposos compartilharem uma cosmovisão similar.

Ainda nesse país, seis em cada dez húngaros creem que os filhos completam o matrimônio e aumentam a felicidade dos cônjuges. Além do mais, 73% estão convencidos de que o casamento oferece também uma segurança emocional tanto para o homem quanto para a mulher. 

Estatísticas sobre a evolução do casamento
e do divórcio na Hungria e na Inglaterra
(Fonte: Marriage Foundation)
.
Em outras palavras, isso está também expresso em uma investigação recolhida por Hungary Today: “Os húngaros creem que a base de um matrimônio que funcione bem deve ser a aceitação e respeito [mútuo], a boa comunicação, o tempo de qualidade que [os esposos] passam juntos, o afeto, a vontade de compromisso, o amor, o sentido de humor, a divisão do trabalho e um conjunto de valores compartido”


A consequência da estabilidade no matrimônio reflete-se no fato de que atualmente quase 75% das crianças nascidas na Hungria vêm de pais casados. Há dez anos essa cifra era em torno de 50%. Outra consequência das medidas conservadoras do governo em relação à família está na queda do número de divórcios, chegando à cifra de sessenta anos atrás. Para se ter uma ideia do que isso significa, em Portugal, de cada cem uniões, setenta acabam em divórcio, o que se dá também, um pouco mais um pouco menos, em outros países da Europa, como a Dinamarca (68,5%), o Luxemburgo (67,5%), a República Checa (64%), a Espanha (61,8%), segundo cifras de 2018. 

Isso fez com que, segundo a ministra de famílias da Hungria, Katalin Novak [foto], desde 2014 houve um acréscimo de matrimônios em quase 72%, com os divórcios caindo drasticamente, algo análogo se dando com o número de abortos, que caiu para um terço. 

Segundo Novak, isso se deve sobretudo às bonificações e incentivos introduzidos desde 2015, como o empréstimo sem juros de até 30 mil euros para cada casal em que a mulher tenha entre 18 e 40 anos. A garantia desse empréstimo para os novos casamentos é de 100%, e se um casal tiver três filhos ou mais, o pagamento do empréstimo pode ser adiado ou cancelado.

O “Plano de Ação para a Proteção da Família”, implantado em 2019, dispõe que as mulheres com quatro filhos ou mais ficam isentas de pagar o imposto IRPF, tendo novas facilidades para o acesso à moradia, ajuda para a compra de carro para famílias numerosas, além de o governo incentivar os avós a auxiliarem na criação dos netos. Isso tudo se os pais forem casados, como dissemos. 

É preciso também dizer que nesse país conservador os políticos em geral apoiam ativamente o casamento, e que a última reforma constitucional blindou o matrimônio tradicional impedindo a adoção de crianças por pares homossexuais e declarando ser ele uma instituição “entre um homem e uma mulher”

Esse exemplo, que deveria ser imitado por outros países pelo menos para conter o decréscimo assustador da população, infelizmente não é seguido. Pois o todo-poderoso governo da União Europeia faz o contrário: isto é, ameaça com restrições os países que trabalham nesse sentido, como a Hungria e a Polônia. 

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Fontes: 

-https://www.religionenlibertad.com/vida_familia/760076775/gran-renacimiento-matrimonial-hungria-ninos-disfrutan-padres-unidos.html 

-https://www.religionenlibertad.com/vida_familia/9351820/motivos-se-disparan-matrimonios-hungria-tasa-aumenta.html 

-https://marriagefoundation.org.uk/research/marriage-we-need-to-talk-about-hungary/

20 de fevereiro de 2023

JACINTA E FRANCISCO, DUAS ESTRELAS DE PRIMEIRA GRANDEZA NO CÉU


 

✅  Paulo Roberto Campos

Hoje celebramos os santos videntes de Fátima, Jacinta e Francisco — os mais jovens santos não mártires já canonizados pela Santa Igreja. 

A pequena (grande aos olhos de Deus) Jacina faleceu em odor de santidade aos 10 anos e Francisco não tinha ainda completado 11 anos quando entregou sua bela alma a Deus. 

A Irmã Lúcia ao mencionar esses seus dois primos, como consta no excelente livro “Nossa Senhora da Fátima, Aparições, Culto, Milagres”, do Pe. Luiz Gonzaga Ayres da Fonseca, S.J., escreveu sobre a “mais íntima amiga da sua infância”, afirmando 
“Tenho esperança de que o Senhor, para glória da Santíssima Virgem, lhe concederá [à Jacinta, mas vale também para o Francisco] a auréola da santidade. Ela era criança só nos anos. No demais sabia já praticar a virtude e mostrar a Deus e à Santíssima Virgem o seu amor, pela prática do sacrifício... É admirável como ela compreendeu o espírito de oração e sacrifício, que a Santíssima Virgem nos recomendou... Por estes e outros [fatos] sem conta, conservo dela grande estima de santidade”.
Victor Hugo, numa frase lapidar disse que “só há uma fama verdadeiramente imortal: é a dos santos da Santa Igreja Católica”. Podemos dizer que Santa Jacinta e São Francisco de Fátima são as crianças com a maior fama em Portugal, talvez no mundo. Imortais no Céu, evidentemente, mas também na Terra!

Encerramos esse post com um comentário feito pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, no dia 13 de outubro de 1971: 

Francisco e Jacinta são os intercessores naturais para se obter de Nossa Senhora que venha logo o Reino de Maria. Que os meninos de Fátima comecem a nos transformar, dando-nos os dons que eles receberam, que eles velem especialmente sobre aqueles que têm a missão de pregar a Mensagem de Fátima”.

13 de fevereiro de 2023

MARCHA CONTRA O ABORTO — 2023


Celebração e resolução rumo a uma nova Cruzada Pró-Vida
Manifestação contra aborto em Washington: 50 anos da March for Life


  Kevin Roman 

M
ilhares de pessoas se reuniram no dia 20 de janeiro de 2023 em Washington, D.C., para a marcha anual contra o aborto, marcando os 50 anos da infame decisão Roe vs. Wade que legalizou o aborto nos EUA. Trata-se de um ano muito especial, por celebrarmos a revogação desse pesadelo pela Suprema Corte americana. 

Agora, mais do que nunca, devemos avançar nesta luta pacífica e ideológica, sem concessões ou complacências. O caminho para novas vitórias requer uma nova fase na luta pró-vida que rejeite completamente todos os efeitos devastadores da revolução sexual. 

Desfile da vitória prepara a próxima cruzada 


Motivada pela recente derrubada de Roe vs. Wade, a multidão esmagadoramente jovem marchou pela causa pró-vida, demostrando um entusiasmo cada vez maior. A atmosfera estava repleta de um sentimento de celebração e determinação. 

Membros da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), com sua banda “Coros dos Santos Anjos”, tocavam gaita-de-foles, instrumentos de sopro, flautas e tambores [fotos abaixo], junto aos manifestantes. A música, alegre e firme, encorajava-os a se fortalecerem na determinação de derrotar definitivamente o aborto. 

Os membros da TFP levavam uma faixa dizendo “A pureza é a solução! A TFP americana pede à América pós-Roe que rejeite veementemente a Revolução Sexual”



Um verdadeiro mar de faixas e cartazes de grupos de vários estados cobria o National Mall na cerimônia de abertura. Em seguida, uma multidão imensa encheu as ruas, desfilando em direção ao Capitólio. O número de jovens e famílias foram uma prova de que o movimento tem muito futuro. Em lugar algum foram vistos contra-protestos pró-aborto. 

Avançando para a próxima fase na Cruzada Pró-Vida 


Os voluntários da TFP distribuíram às multidões que desfilavam exemplares de seu manifesto “Moving Forward to the Next Phase in the Pro-Life Crusade” [Avançando para a próxima fase na Cruzada pela Vida]. A declaração, embora reconhecendo a derrota de Roe vs. Wade, listou os valores e princípios que é preciso defender e promover para derrotar a causa-raiz do aborto — a revolução sexual. 

O folheto da TFP afirma: “América ‘pós-Roe’ deve rejeitar a revolução sexual por inteiro — da contracepção e divórcio livre até a atual agenda LGBTQ+ em todo seu horror moral [...] uma América ‘pós-Roe’ não deve descansar enquanto não tiver sido revertida toda a destruição moral causada pela revolução sexual”. 

E conclui: “Neste desfile, agradeçamos a Deus pela vitoriosa revogação da Roe vs. Wade”. Que ela nos dê um novo impulso para a próxima fase da cruzada pró-vida”. 


Pureza e moralidade 


“Há quem alegue que a revogação de Roe vs. Wade tornou a Marcha desnecessária”, declarou John Ritchie, líder da Ação Estudantil da TFP. — “Estão completamente enganados. Só deixaremos de marchar quando o aborto provocado for eliminado nos Estados Unidos!” 

Com essa marcha, o país agradece a Deus pela derrocada de Roe vs. Wade e Lhe implora graças para continuar a luta até nos tornarmos uma sociedade pura que rejeite todo o horror da imoralidade. 

Com a ajuda de Deus e a intercessão de Sua Mãe Santíssima, tudo é possível. 

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 • Fonte: Catolicismo, Nº 865, Janeiro/2023










11 de fevereiro de 2023

SANTA BERNADETTE — Uma verdadeira contra-revolucionária



✅  Plinio Corrêa de Oliveira

Vendo fotografias autênticas de Santa Bernadette Soubirous (não as imagens deformadas que existem em algumas igrejas), percebemos um rosto ligeiramente dado ao quadrado, traços regulares e bem feitos, olhos pretos, grandes e com uma certa fixidez hispânica. 

O feitio de espírito dela era taxativo, de dizer as coisas sem rodeios. Educada com muita simplicidade, entretanto tinha muita elevação de alma. Não recebeu certa educação que consiste em dissimular o que se pensa. 

O todo dela era de um desprendimento completo, como quem, no fundo, não pretende ser nada; humilde diante de todo mundo. Mas, no serviço de Nossa Senhora, era exímia. Por exemplo: ela ia para a gruta, por ocasião das aparições, e poderia se envaidecer falando com a Virgem Imaculada diante de uma multidão. Lourdes inteira assistindo. Mas ela não se envaidecia, não dava importância alguma.

Chamada para ser interrogada sobre as revelações, portava-se em relação à polícia com um desassombro e naturalidade extraordinários. Entretanto, em relação aos pais e às pessoas respeitáveis com quem tratava, bem como em relação a seu vigário e à sua superiora religiosa, era um modelo de respeito e obediência. 

Nela vemos bem o espírito da verdadeira contra-revolucionária, católica e santa, que não se importa com as pompas deste mundo; que não dá importância a ser tida em grande ou pequena conta; e que, por causa disso, despreza as honras e louvores mundanos. Para se ter sobranceria, é preciso não ligar para o mundo. 

A vida inteira de Santa Bernadette foi motivo de edificação para todos. Quando começava a visão de Nossa Senhora, ela se transfigurava, tornava-se de uma majestade que impressionava todo mundo. Uma senhora da sociedade francesa, que a observou durante uma das visões, disse que nunca viu uma moça da aristocracia que tivesse o porte e a figura de Santa Bernadette. Ou seja, como estava tratando com a Rainha do Céu e da Terra, ela adquiria algo de régio da Rainha. Viam nela um espelho de Nossa Senhora. 
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 15 de abril de 1966. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

10 de fevereiro de 2023

LOURDES — Milagre físico para fazer bem espiritual à alma


N
esse dia 11 de fevereiro celebramos as aparições da Imaculada Conceição a Santa Bernadete Soubirous em 1858, em Lourdes (França), onde os comprovadíssimos milagres não cessam, apesar da descrença dos homens em nossos dias. 

Entre muitos comentários de Plinio Corrêa de Oliveira sobre Lourdes*, destacamos um no qual ele chama a atenção para um aspecto fundamental: que os milagres físicos são operados por Nossa Senhora visando fazer um bem ainda maior, que é o espiritual, o bem às almas. 

Foto: Michael Gorre

"As piores doenças, os maiores males, os sofrimentos mais horrorosos, Nossa Senhora pode curar. Em Lourdes Ela tem eliminado as leis mais inflexíveis da natureza e vence tudo. Opera milagres, por exemplo, de fazer uma pessoa enxergar sem ter o nervo ótico, tal é seu domínio sobre a natureza. 

Tudo isso mostra que todas as graças vêm por meio d'Ela, que é a Rainha do Céu e da Terra. Certas pessoas, sobretudo de outras religiões, dadas a pedir favores materiais, desdenham as graças e os favores espirituais, e se impressionam muito com as graças de Lourdes. 

Elas não compreendem que os favores materiais que Deus dá são para salvar as almas, a fim de que elas desejem os favores espirituais, as graças para a alma. É por aí que verdadeiramente Deus atrai as almas para Ele. 

Não se pense que a cura de Lourdes é só porque Nossa Senhora tem pena do homem que é capenga, que é coxo. Ela tem pena dos aleijados, é claro, e quer curá-los. Entretanto, muito mais do que isto, Ela quer fazer bem às suas almas. 

Serve-se de um milagre físico para fazer bem espiritual à alma, não apenas deles, mas também de outros que tomem conhecimento do prodígio. Um desses bens é uma grande fé na verdade de que Ela é medianeira de todas as graças. 

Por exemplo, uma pessoa reza, pedindo proteção contra a dor de garganta. Nossa Senhora pode livrá-la da dor, sobretudo nos casos em que a dor poderia não a conduzir à salvação. Às vezes, uma dor de garganta, e males piores, podem fazer bem espiritual para muita gente. Se não houvesse doença na Terra, o inferno estaria muitíssimo mais cheio. Portanto, não é qualquer doença que Nossa Senhora cura". 

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*Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 4 de fevereiro de 1965. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

7 de fevereiro de 2023

O Brasil sem muralhas defensivas?


Uma lição de granito para os brasileiros de nossos dias 

✅  Plinio Corrêa de Oliveira 

O mosteiro fortificado de São Pedro de Roda [foto], magnífico exemplar da arquitetura gótica de fins do século X, encontra-se no extremo da Espanha, a dois passos da fronteira francesa e do litoral do Mediterrâneo. 

Os mosteiros fortificados da Idade Média são, para os homens contemporâneos, um símbolo do que deles reclama a época presente. 

Construídos exclusivamente para o culto divino e a contemplação tranquila das verdades eternas, três Mosteiros se circundavam de fortíssimas muralhas, para se porem ao abrigo dos inimigos da Cristandade, prevendo a guerra para manter a paz, e defendendo com o braço dos cavalheiros cristãos a sua liberdade contra os inimigos do nome de Cristo.

Ai do Mosteiro medieval no qual o zelo pelo culto fizesse desleixar a defesa contra o adversário mouro ou pagão: em pouco tempo seria assediado e reduzido a ruínas. Ai também do Mosteiro em que o zelo pela luta sufocasse o espírito de oração: desviado de seu verdadeiro espírito, provocaria a ira de Deus e atrairia sobre si os terríveis efeitos de sua cólera. 

“Oração e luta”: oração para glorificar a Deus e vencer na luta; luta para conservar o direito de prestar culto a Deus e viver em oração! Era esse o lema dos mosteiros fortificados da Idade Média. 

E hoje, quantos países há que julgam poder conservar sua Fé sem travar em qualquer terreno a luta que a preservação da Fé exige! 

Rezemos para que o Brasil não venha a ser colhido de surpresa como um templo sem muralhas defensivas... (“Legionário”, Nº 289, 27 de março de 1938).

3 de fevereiro de 2023

“Ingênuos” favorecendo um crime que diziam rejeitar — crime do aborto


  Paulo Roberto Campos

Quase não acreditei, mas conversando com conhecidos às vésperas das últimas eleições, alguns me disseram que Lula da Silva havia mudado sua posição abortista e garantido que não permitiria a ampliação da lei do aborto no Brasil. 

Apenas respondi que há gente gosta de ser enganada. É o velho refrão “me engana que eu gosto”... Disse-lhes também que tal “mudança” (de máscara) não passava de uma artimanha de campanha eleitoral e que para Lula o aborto não é um assassinato, mas “um direito da mulher” e “questão de saúde pública”. 

Entretanto, muitos bocós fingiram que acreditaram nessa “mudança” e votaram no candidato petista nas últimas eleições. 

Engano grosseiro. Agora que, obtendo os votos deles, Lula foi empossado como presidente do Brasil pode tirar a máscara e mostrar sua cara abortista.

Já nos primeiros dias do governo lulo-petista — contrariando frontalmente as promessas do então candidato às vésperas das eleições — passos rápidos foram dados em direção à ampliação do crime do aborto. O novo governo desvinculou-se do “Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e Fortalecimento da Família” — uma frente internacional contrária ao aborto. E o novo Ministério da Saúde revogou seis portarias do governo anterior que representavam obstáculos à matança de inocentes no ventre materno. Entre elas, uma muito relevante: a obrigação do médico em comunicar o aborto à autoridade policial. 

Pelo menos, graças a Deus, muitos dos referidos incautos estão agora arrependidos dos votos emitidos a favor do comuno-petismo-abortista. Ainda bem, pois persistir no erro é burrice (e diabólico). 

O renomado jornalista Carlos Alberto Di Franco, em artigo publicado no “Estado de S. Paulo” (23-01-23) aponta para a máscara vestida por Lula a fim de enganar parte do público anti-aborto — a maioria dos brasileiros. 

Aqui transcrevo o excelente artigo. Nele, apenas assinalei em negrito algumas frases. 



Aborto 

Lula assume a verdadeira face 

Lula nunca teve compromisso com a verdade e com a coerência. Político astuto, calculista e com notável capacidade de se posicionar na linha dos ventos favoráveis, ao sentir a rejeição dos brasileiros ao aborto, deu um cavalo de pau num tema sensível: o aborto. De defensor do aborto, posição consolidada no PT, passou a empunhar a bandeira da defesa da vida. 

Agora, instalado no Palácio do Planalto, sem enrubescer ou contrair um músculo do rosto, empunhou a caneta para uma promoção sem precedentes da eliminação da vida inocente. Lula assume a sua verdadeira face. 

Em menos de um mês de governo, em clima de notável radicalização, decidiu, entre outras coisas, a desvinculação do Brasil com a Convenção de Genebra e a revogação da portaria que determina a comunicação do aborto por estupro às autoridades policiais. O estuprador está livre para repetir o crime. 

Agora, instalado no Palácio do Planalto, sem enrubescer ou contrair um músculo do rosto, empunhou a caneta para uma promoção sem precedentes da eliminação da vida inocente 

Com o apoio explícito do Executivo, grupos favoráveis ao aborto e muito pouco democráticos já começam a ensaiar um roteiro bem conhecido: contornar o Congresso e, caso necessário, levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

A rejeição ao aborto no Brasil é fantástica. As pesquisas estão aí. E são inequívocas. A legalização do aborto é uma agressão à sociedade. Mas a ideologia não está nem aí com o sentimento da maioria. Democracia só vale se estiver alinhada com o pensamento único de uma militância autoritária. 

A legalização do aborto sempre foi uma prioridade do PT. Contra a vontade expressa da sociedade, e em nome da “democracia” e dos direitos reprodutivos, defende a eliminação do primeiro direito humano fundamental: o direito à vida. 

No aborto há duas vítimas: o bebê não nascido e o coração desgarrado da mãe. 

No tocante ao inegável sofrimento vivido pela gestante, reproduzo, mais uma vez, um depoimento emblemático. Trata-se da carta de uma mãe que, não obstante a dor provocada pela morte do feto anencéfalo, justificou a sua decisão de levar a gravidez até o fim. Sua carta, publicada no jornal O Globo, foi um contundente recado aos governantes. 

“Fui mãe de uma criança com anencefalia e posso afirmar que durante nove meses de gestação convivi com um ser vivo, que se mexia, que reagia aos estímulos externos como qualquer criança no útero. Afirmo também que não existe dano à integridade moral e psicológica da mãe. O problema é que estamos vivendo numa sociedade hedonista e queremos extirpar tudo o que nos cause o mínimo incômodo.” (..) “Se estamos autorizando a morte dos que não conseguirão fazer história de vida, cedo ou tarde autorizaremos a antecipação do fim da vida dos que não conseguem se lembrar da sua história, como os portadores do mal de Alzheimer”, escreveu Ana Lúcia dos Santos Alonso Guimarães. 

Trata-se de uma carta impressionante e premonitória. A autora se opunha ao aborto anencefálico. A legalização do aborto, estou certo, é o primeiro elo da imensa cadeia da cultura da morte. Após a implantação do aborto descendente (a eliminação do feto), virão inúmeras manifestações do aborto ascendente (supressão da vida do doente) — a eutanásia já está incorporada ao sistema legal de alguns países —, do idoso e, quem sabe, de todos os que constituem as classes passivas e indesejadas da sociedade. 

Aprovar a autorização legal para abortar, como bem comentam os filósofos Robert P. George e Christopher Tollefsen, em seu livro Embryo: A defense of Human Life, é dar licença para matar uma certa classe de seres humanos como meio de beneficiar outros. Defender os direitos de um feto é a mesma coisa que defender uma pessoa contra uma injusta discriminação, a discriminação dos que pensam que existem alguns seres humanos que devem ser sacrificados por um bem maior. Aí está exatamente o cerne da questão, que nada tem a ver com princípios religiosos nem com a eventual crença na existência da alma. 

Hoje o que está sendo questionado não é tanto a realidade biológica, inegável, mas uma coisa muito mais séria: o próprio conceito de “humano” ou de “pessoa”. Trata-se, portanto, de uma pergunta de caráter filosófico e jurídico: quando se pode afirmar de um embrião ou de um feto que é propriamente humano e, portanto, detentor de direitos, a começar pelo direito à vida? 

Fala-se, arbitrariamente, de tantos dias, de tantos meses de gravidez... E se chega até a afirmar, como já foi feito entre nós, que só somos seres humanos quando temos autoconsciência. Antes disso, só material descartável ou útil para laboratório. Mas, será que um bebê de dois meses ou de dois anos tem “autoconsciência”. 

Não se compreende de que modo obteremos uma sociedade mais justa, democrática e digna para seres humanos (os adultos) com a morte de outros (as crianças não nascidas).

Qualquer atentado à vida é também uma violência ao Estado Democrático de Direito. Espero que o presidente da República reveja sua posição. Mas cabe ao novo Congresso Nacional, com firmeza e em sintonia com o sentimento da maioria esmagadora da população brasileira, impedir o sombrio genocídio dos inocentes.

1 de fevereiro de 2023

Apresentação do Menino Jesus no Templo — Festa litúrgica: 2 de fevereiro


Atmosfera de santidade e pureza
 

  Plinio Corrêa de Oliveira

O afresco mostra a Apresentação do Menino Jesus no Templo, e foi executado pelo célebre Giotto na Capela Scrovegni em Pádua (Itália). 

Nele aparecem Nossa Senhora e São José de um lado; e de outro, o Profeta Simeão. Atrás, pode-se observar a Profetisa Ana. 

A parte central da cena é apresentada em estilo medieval, numa dependência do Templo de Jesuralém. 

O aspecto da pintura que interessa sobretudo é a atitude de São José e de Nossa Senhora. Quem apresentou o Divino Infante ao Profeta foi Nossa Senhora. Ela está com as mãos numa atitude de quem acaba de entregar o Menino, ou pronta para recebê-lo. 

São José, recolhido modestamente em segundo plano, acompanha a cena.

Nota-se que uma atmosfera — é uma coisa misteriosa — de santidade e de pureza domina toda a cena. De maneira que o próprio templozinho, que se vê no afresco, faz transparecer qualquer coisa de esguio e de virginal. 

Tudo que o artista coloca como fundo, meio azulado e com ramagens que parecem ser folhas de uma vegetação, se delineia sobre um céu também com predominância do azul. Mas todo o colorido é um pouco escuro, colocando muito em relevo a parte central do tema: o Menino Jesus — é o foco de luz —, o Profeta Simeão e Nossa Senhora. Já envoltos numa atmosfera com um pouco menos de luz encontram-se São José e a Profetisa Ana. 
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Nota da redação — O afresco foi pintado por Giotto di Bondone (1267-1337) na Capela degli Scrovegni ou Capela da Arena — cuja restauração completa foi concluída recentemente —, assim chamada por se encontrar no interior de um anfiteatro romano, em Pádua. Os documentos do tempo nos informam que um rico senhor de poderosa família de Pádua — os Scrovegni — comprou em 1300 todo o terreno das arenas romanas, para ali construir sua moradia. Nos dias de hoje, inteiramente destruída a residência, restou apenas a Capela, onde se encontram os famosos afrescos de Giotto. As pinturas dessa Capela foram executadas de 1302 a 1306.

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 618, Junho/2002 https://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/257/mes/junho2002 
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 30 de novembro de 1988. Sem revisão do autor.