31 de outubro de 2023

“Quem tem a Deus, nada lhe falta”


✅  Plinio Maria Solimeo 

A grande Doutora da Igreja, Santa Teresa d’Ávila, com o voo de águia que lhe é caraterístico, recomenda aos que se atribulam com os afazeres deste mundo: 

“Nada te perturbe, 
Nada te espante, 
Tudo passa, 
Só Deus não muda. 
A paciência Tudo alcança, 
Quem tem Deus, 
Nada lhe falta. 
Só Deus basta.” 

O imortal poeta Luís de Camões diz a mesma coisa com outras palavras:

“Tu que descanso buscas com cuidado, 
neste mar de vida tempestuoso, 
não esperes encontrar nenhum repouso 
senão em Cristo Jesus crucificado” 

Estes belíssimos conselhos mostram o único remédio para todos os males do mundo. Pois é por causa do seu crescente afastamento de Deus que ele se debate hoje em crises e problemas sem fim, buscando soluções onde não as pode encontrar. 

A jornalista americana Teresa Mull [foto] dedicou um livro e um artigo, publicado no site Church.pop, demonstrando essa verdade tão esquecida. É nele sobretudo que nos baseamos .

Teresa Mull começa o artigo com uma informação aterradora: “A crise de saúde mental dos Estados Unidos está se agravando, especialmente entre os jovens de nosso país. A NBC informou que um grande hospital infantil em San Diego viu um ‘aumento de 30% de crianças passando por crises de saúde mental’ e ‘algumas crianças de até seis anos chegaram ao pronto-socorro com pensamentos suicidas’”. 

Isso que ocorre nos Estados Unidos é um problema que abala o mundo inteiro, incluindo o Brasil. 

Em nossa pátria, “o suicídio infantil é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, e tem crescido também entre crianças de 5 a 14 anos, tanto no Brasil quanto no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) [...] Se contados os casos [No Brasil] de suicídio infantil registrados nos últimos 25 anos pelo Ministério da Saúde, o número chega a 3,2 mil”

Referindo-se aos suicídios em geral em nosso País, Bruno de Feitas Moura escreveu no site do UOL em 30 de julho deste ano: “O número de suicídios no Brasil cresceu 11,8% em 2022 na comparação com 2021 [...]. Em 2021, foram 14.475 suicídios. Em termos proporcionais, o Brasil teve 8 suicídios por 100 mil habitantes em 2022, contra 7,2 em 2021”

Pergunta Teresa Mull: “O que está por trás de nossas taxas crescentes de transtornos de saúde mental [que isso representa]? Como nossa cultura chegou a esse ponto e por que, apesar das hospitalizações, medicamentos e terapias, nossa saúde mental coletiva continua em declínio?” 

O psicólogo Antônio Augusto Pinto Junior afirma a respeito desses “transtornos mentais”: “Os principais transtornos apresentados [pelos suicidas] são ansiedade e depressão, com queixa de desamparo atrelado à perda de referências simbólicas, o que produz uma forma de angústia que, muitas vezes, figura como um excesso emocional que acompanha uma interrupção do sentido de vida”.

É de se notar que ele apresenta a “perda de referências simbólicas... que produz uma forma de angústia”. Ou seja, a falta de algo que dê sentido à vida e torne mais suportáveis as vicissitudes que encontramos cada dia neste Vale de Lágrimas. 

Pois, explica a Sra. Mull: “Como nosso mundo prioriza a conveniência, o prazer e a gratificação instantânea acima de tudo, o éthos contemporâneo é que a ‘felicidade’, manifestada no prazer físico e emocional, é tudo o que importa e é um fim em si mesmo”. Ora, dizemos nós, quando não se atinge esse fim, a vida torna-se sem sentido. O que dá em frustração, angústia e depressão, que pode levar ao suicídio. 

Explica a jornalista: “O mundo moderno e ‘woke’ tenta enganar Deus — contornando as leis da natureza através de pílulas para emagrecer, pílulas de felicidade, cirurgias estéticas — tudo menos praticar a introspecção e a disciplina que provaram desde tempos imemoriais satisfazer o anseio do homem tanto quanto é possível neste mundo. O que os woke rejeitam é que Deus seja a ‘única solução!’” 

Pois, segundo ela, “um problema fundamental na vida moderna é que poucas pessoas dedicam tempo para refletir sobre sua existência e propósito, e se seus hábitos diários as levam no rumo longe de um produto final com o qual ficarão satisfeitas quando, em seu leito de morte, refletirem sobre ele”. 

“Não é coincidência que, à medida que a crença dos Estados Unidos em Deus e na fé cristã atingem baixos níveis recordes, também nossos níveis de felicidade sofrem com isso. Apesar de todos os nossos espantosos avanços tecnológicos e riqueza material generalizada, nós, como nação, temos maior depressão, menos amigos e maior alienação do que nossos pais ou avós, porque estamos abandonando o cristianismo — o pilar que mantém a civilização ocidental unida desde seu início e a única e verdadeira fonte da paz terrena”. 

Mais uma vez: é o que se dá em todo o mundo em maior ou menor medida.

16 de outubro de 2023

Maria Antonieta, Rainha de França

Em rememoração dos 230 anos de sua morte, vítima do implacável ódio revolucionário em 16 de outubro de 1793, reproduzimos um comentário feito por Plinio Corrêa de Oliveira em sua conferência de 12 de abril de 1989 


Uma das rainhas mais encantadoras da História (1755 – 1793) viveu seus últimos dias no cárcere da Conciergerie. Ela já estava condenada à pena capital, tendo sido ali colocada para aguardar a execução. Foi de tal prisão que saiu para ser guilhotinada. 

Quando estive visitando esse local — o famoso cachot — tive a impressão de sentir a dureza implacável de sua condenação à morte. Arrastar até esse cachot aquela rainha — uma flor de civilização, de graça, e em alguma medida de tradição católica — e dali conduzi-la à morte, só era possível pela implacabilidade do ódio revolucionário.

No cachot não havia nada que significasse o desejo de tornar um pouco mais leve para ela essas últimas horas. Por exemplo, consentir que houvesse no local um crucifixo, uma imagem sorridente de Nossa Senhora, ou um móvel que ao menos permitisse a seu corpo exausto descansar um pouco de suas dores e de suas apreensões. “Umbræ mortis circundederunt me” (as sombras da morte me rodearam), diz a Sagrada Escritura. Era muito compreensível que naquelas condições, sob o peso da sombra da morte, ela encontrasse pelo menos uma poltrona confortável onde sentar-se. Não. Dispunha apenas de um catre para dormir. 

Não me lembro em que historiador li a seguinte descrição. De manhã, a janelinha do cachot não tendo vidro nem veneziana, com os primeiros albores do dia ela acordou. Um dia feio, com nuvens pesadas. Alguém a viu deitada de lado, com a cabeça apoiada numa das mãos, enquanto ouvia ao longe os sons de tambores que chegavam das mais variadas distâncias. Provinham das diversas seções de uma espécie de guarda republicana que existia em todos os bairros de Paris. O ruído dos tambores visava despertar o povo e convocá-lo para dirigir-se à praça — hoje denominada abstrusamente Praça da Concórdia —, a fim de assistir à decapitação da rainha. 

Ela sabia disso. Ouvia portanto esses tambores de ódio conclamando a população, das mais variadas distâncias de Paris, para assistir ao regicídio. 

Estaria ela se lembrando do quê? Talvez de sua esplêndida Schönbrunn natal — o palácio imperial em Viena, no qual residiu — talvez da Hofburg, outro majestoso palácio da família. Quiçá deste ou daquele lugar encantador da Áustria, de tapeçarias, móveis estupendos, reverências. E de tudo o mais que compusera o ambiente fabuloso de sua vida na pátria que não mais veria. 

Em seguida, o ódio revolucionário que sobe, uma tempestade que se forma e raios que se descarregam. 

Nesse sentido, é expressivo o desenho dela [quadro ao lado], sentada na carreta que a conduzia à guilhotina, de autoria do pintor Jacques Louis David (1748–1825), que assistiu à cena.

14 de outubro de 2023

“Alma é isto! Esplendor é isto!”



  Plinio Corrêa de Oliveira 

Lembro-me de um quadro de Santa Teresa de Jesus, que a representava com o traje simples das carmelitas. Um rosto bem feito, bem conformado, mas comum. A idade caminhando para o ocaso, mas a cabeça tão bem posta, o pescoço emergindo com distinção, com postura, o olhar contemplando um ponto indefinido, com tanta naturalidade e fixidez, que se poderia dizer: “Alma é isto! Esplendor é isto!” 

Santa Teresa [d´Ávila ou de Jesus, nascida Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada (1515-1582)] era capaz de olhar para o mais alto pontífice, para o mais majestoso rei, e mesmo para um anjo, de frente e com calma, sem se apavorar, respeitosa, sem desafiar, nem fazer arrogância, mas com naturalidade, porque habitava nela uma tal grandeza que tem nexo com aquilo que podemos imaginar de mais elevado: a alma da grande santa.



Quando pensamos na alma de Santa Teresinha do Menino Jesus — aparentemente tão diferente de Santa Teresa d’Ávila, que tinha em si a beleza espiritual de todas as guerras da Reconquista espanhola —, notamos a beleza espiritual de todos os charmes e de todas as belezas do “doux pays de France” [o doce país de França]; traços extraordinariamente regulares, esteticamente muito bonitos; nada que lembrasse aquela força de Santa Teresa d’Ávila, a não ser os grandes olhos dentro dos quais se percebia o mar. Um mar plácido, é verdade, mas cujos movimentos podiam influir em toda a Humanidade. 

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Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de outubro de 1978. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

13 de outubro de 2023

Novo mandato de um governo com as mesmas promessas não realizadas

Lula na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas

✅  Paulo Roberto Campos 

Em seu recente discurso na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, no dia 19 de setembro, Lula da Silva vociferou com características bem apropriadas à extrema-esquerda: “A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade”[1]. 

Com uma concepção muito ultrapassada, o presidente petista parece acreditar que a igualdade é um bem absoluto e ignorar que a desigualdade não é um mal em si. Seria injusto tratar o pobre sem caridade, mas também é injusto tratar diferentes igualmente. 

Numa empresa, por exemplo, os funcionários mais dedicados ao trabalho merecem promoções e salários melhores. Se o patrão pagasse a todos igualmente, estaria incentivando a vagabundagem. Esforçar-se e dedicar-se mais para quê, se no final do mês quem trabalhou muito e quem não trabalhou ganhasse o mesmo, os funcionários “encostariam o corpo” e a empresa quebraria. 

Isso se poderia dizer também quanto aos alunos de um colégio. Quem estuda mais, merece nota mais alta, evidentemente. É uma desigualdade que incentiva o aprimoramento dos talentos de cada um e torna o mundo mais belo. Imaginemos um mundo onde todas as flores, ou todos os pássaros, fossem iguais... Mil exemplos poderiam ser elencados. Todos ilustrariam que certa pregação da igualdade total, uma utopia marxista, no fundo revela indignação às desigualdades criadas por Deus. 

Com a palavra o Papa Leão XIII: “Substituindo a providência paterna pela providência do Estado, os socialistas vão contra a justiça natural e quebram os laços da família. Mas, além da injustiça do seu sistema, veem-se bem todas as suas funestas consequências: a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade da nudez, na indigência e na miséria”[2].

MORREMOS DE FOME – DITADURA TOTAL!!!. Imagem da Venezuela de hoje

Uma regra que só tem exceções... 

Em todos os países de regime comunista ou socialista, os governos se impuseram por meio dos mesmos embustes — promessas demagogas de acabar com as “desigualdades sociais”. E o que sucedeu? A escalada horripilante da miséria, “a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano”...

Grupo de cubanos tentando escapar do 
"paraíso" criado por Fidel Castro

As nações que foram subjugadas pelo comunismo alcançam, sim, a igualdade, mas à custa de reduzir à pobreza todos os seus habitantes. É a vil igualdade na miséria. Disso é Cuba um exemplo. Apenas neste ano, quase 80 cubanos da ilha-presídio morreram afogados no mar, ao tentarem fugir para os Estados Unidos em balsas improvisadas. 

A Venezuela, que virou uma fábrica de pobreza, é outro exemplo patente. Uma quarta parte de sua população não tem sequer alimentação básica. Chávez e Maduro conseguiram um feito inaudito: transformar o país mais próspero da América Latina no mais pobre. 

A população da Nicarágua também vai afundando na mesma indigência. E Lula se mostra “muy amigo” dos ditadores desses e de outros países. 

Não há desigualdade nos países onde todos são pobres? Sim, há: os mandatários e a Nomenklatura são riquíssimos, gozam de todos os privilégios. Parafraseando o poeta francês Ernest Jaubert, poderíamos dizer: “A igualdade entre os mandatários comunistas é uma regra que só tem exceções”...

No topo do ranking de custos bancados pelo cartão presidencial 

Na referida Assembleia, um dos principais órgãos da ONU, o líder petista repetiu indignado que “a desigualdade precisa inspirar indignação”. Então ele se indignaria, por exemplo, com os riquíssimos ditadores cubanos, venezuelanos e nicaraguenses? 

Será que Lula está indignado consigo mesmo, uma vez que fica gastando milhões — pagos pelo contribuinte brasileiro — com viagens inúteis, que não acarretam bens ao País, mas que são realizadas para o presidente aparecer na mídia nacional e internacional. Só com cartões corporativos, apenas até agosto último, ele gastou R$ 7,87 milhões — 50% a mais do que Jair Bolsonaro no mesmo período em 2019 (R$ 5,2 milhões, com valores já atualizados pela inflação). 

Causa perplexidade ver alguém — que tanto fala em tirar o Brasil do “mapa da fome” — fazer gastos faraônicos usando o cartão presidencial. É inacreditável, mas não é fake. Leiam o artigo de Thiago Resende, publicado pela insuspeita “Folha de S. Paulo” (19-9-23) com o título “Lula gasta mais com cartão corporativo do que Bolsonaro, Temer e Dilma”. Eis algumas linhas do repórter desse jornal em Brasília: 

“O presidente Lula (PT) tem gastado mais com cartão corporativo neste terceiro mandato do que Jair Bolsonaro (PL), Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT). O patamar elevado de compras e pagamentos coloca o petista com uma média de gastos recorde. Até agora, foram fechados os extratos de sete meses do cartão corporativo. As despesas, quando somadas, chegaram a um valor próximo de R$ 8 milhões. Esse ritmo leva Lula ao topo do ranking de custos bancados pelo cartão presidencial, acima de Bolsonaro, que já apresentava contas mais altas que os antecessores”[3].

Democracia e liberdade de expressão ‘da boca pra fora’ 

Se dependesse de Lula,
Putin poderia visitar o Brasil.
Mas o Tribunal Penal Internacional
tem ordem de captura contra ele...
Lula foi obrigado a recuar

Outro embuste dos governantes comunistas: falam ad nauseam em nome de democracia e da liberdade de expressão. Falação tão desprovida de verdade quanto a de um governo que se vangloriava ser de “paz e amor”. Entretanto, vemo-lo fazer discursos próprios a despertar ressentimentos e indignações, agindo a fim de se desforrar das humilhações sofridas devido aos próprios fracassos. 

Fala em “liberdade de expressão”, mas a máquina de seu governo procura amordaçar, ou mesmo encarcerar, pessoas que se manifestam fazendo uso da “liberdade de expressão”. 

Fala em democracia, mas apoia ditadores. Recente exemplo disso foi o “salvo-conduto” que Lula da Silva prometeu ao ditador Vladimir Putin, caso venha ao Brasil para participar da reunião do G20 no próximo ano. O petista disse que Putin pode vir tranquilamente, garantindo-lhe que aqui não será preso. 

Mesmo sabendo da ordem do Tribunal Penal Internacional de captura do tirano russo devido a crimes de guerra contra a Ucrânia, e que o Brasil é signatário do Estatuto de Roma — tratado internacional que criou o TPI —, Lula infringirá, além desse tratado, a nossa própria Constituição, cujo parágrafo 4º do artigo 5º prescreve: “O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional”. 

Como o “salvo-conduto” despertou muita repercussão negativa, pois nenhum presidente brasileiro pode passar por cima do direito internacional e da Constituição nacional, Lula tentou retificar o que havia declarado dizendo que a decisão é da Justiça brasileira e que não tinha conhecimento do TPI... 

Muito difícil acreditar, pois ele próprio recorreu ao TPI para anular sua prisão em Curitiba e há poucos meses disse que o ex-presidente Bolsonaro “um dia será julgado no tribunal internacional”... 

Nem defendeu a Ucrânia, nem condenou a Rússia 

No mesmo discurso do dia 19 último na Assembleia da ONU, Lula da Silva, muito de passagem, falou da guerra da Ucrânia, mas sem mostrar, de um lado, que ela foi provocada com a covarde e brutal invasão perpetrada pela Rússia de Putin, e sem defender, de outro lado, os direitos territoriais da Ucrânia. 

As palavras do presidente petista, insistindo no pseudo diálogo, foram: “A guerra da Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.” O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, evidentemente, não aplaudiu tal discurso.

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Notas

1. “O Globo”, 19-9-23.

2. Encíclica Rerum Novarum” (1891), "Documentos Pontifícios", Vozes, Petrópolis, fascículo 2, 6ª edição (1961), pp. 10-11.

3. “Folha de S. Paulo”, 19-9-23.

4. “Folha de S. Paulo”, 15-9-23.



12 de outubro de 2023

Armai-vos do Santo Rosário


“Se um milhão de famílias rezassem o Rosário todos os dias, o mundo inteiro seria salvo”.

(São Pio X) 


“O Rosário é uma arma poderosíssima para afugentar os demônios. Não deixe passar nenhum dia sem rezá-lo, não importa quanto você esteja sobrecarregado”. 
(Papa Pio XI) 


“Armai-vos, pois, com estas armas de Deus, armai-vos do santo Rosário e esmagareis a cabeça do demônio, e vivereis tranquilos contra todas as suas tentações. Daí vem o fato de o Rosário, mesmo o objeto material, ser tão terrível ao diabo, que os Santos se tenham servido dele para encadear o demônio e expulsá-lo do corpo dos possessos, segundo testemunham várias histórias”. 
(São Luís Maria Grignion de Montfort) 


“Um sustentáculo grande para vós, uma arma poderosa contra as insídias do demônio, tendes na devoção a Maria Santíssima”. 
(São João Bosco) 


“O Santo Rosário é a arma daqueles que querem vencer todas as batalhas”. 
(São Pio de Pietrelcina)

11 de outubro de 2023

Rainha do Brasil, prenúncio do Reino de Maria

Coroa de Nossa Senhora Aparecida. À Rainha do Brasil, a Princesa Isabel ofereceu esta coroa de ouro, cravejada de brilhantes, em 6 de novembro de 1884. Com essa mesma coroa a Imagem milagrosa foi coroada Rainha do Brasil em 1904 e está com Ela até os dias de hoje.  


  Plinio Corrêa de Oliveira 

É interessante notar como a devoção a Nossa Senhora Aparecida nasceu, que características tomou, e como foi se desenvolvendo ao longo da História do Brasil. Sabemos que ela nasceu no Vale do Paraíba, e conhecemos o seu ponto de partida. 

Em outubro de 1717, três pescadores estavam pescando no rio Paraíba. De repente eles “pescam” com suas redes um tronco de imagem, e mais adiante sua cabeça. A pescaria, que estava muito difícil até aquele momento, tornou-se abundante. 

Depois eles construíram junto ao rio uma capelinha para a imagem que tinham encontrado, substituída mais tarde por uma capela maior. Muitos anos depois, ergueu-se no local uma igreja. 

As graças ali alcançadas foram acentuadamente numerosas. O povo começou a afluir em quantidade, recebendo graças extraordinárias. 

Mas, ao mesmo tempo em que isto se dava, a devoção a Nossa Senhora Aparecida foi marcando a vida da Igreja. A tal ponto que, no pontificado de São Pio X, Nossa Senhora Aparecida foi coroada solenemente Rainha do Brasil, em 8 de setembro de 1904. 

Coroação efetivada num ato oficial, na presença de muitos membros do Episcopado nacional. De acordo com um decreto da Santa Sé, Nossa Senhora Aparecida passou a ser Rainha do Brasil. Depois, em julho de 1930, Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil. 

Ela, portanto, ficou sendo no Céu a verdadeira Rainha de nossa Pátria. Esse fato nos deve ser muito grato, porque devemos ver nele um prenúncio do Reino de Maria.

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de outubro de 1964. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

8 de outubro de 2023

ORIGENS DO SANTÍSSIMO ROSÁRIO

 

Nossa Senhora entrega o Rosário a São Domingos – Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682)

✅  Plinio Corrêa de Oliveira

Segundo alguns autores, a devoção do Santo Rosário remonta aos primórdios da vida monástica. É opinião desses autores que Santa Brígida, padroeira da Irlanda, já no século V, costumava contar com pequenos glóbulos de madeira ou pedra as orações impostas pelos superiores, em geral Padre-Nossos e Ave-Marias. Teríamos assim um esboço do que hoje conhecemos sob o nome de “terço” ou “Rosário”.

Como quer que seja, é a São Domingos de Gusmão (1170 - 1221) que se deve o Rosário como hoje o possuímos, bem como a propagação de devoção tão salutar. Foi o fundador da Ordem dos Frades Pregadores — hoje mais conhecida como Ordem Dominicana — que aos Padre-Nossos e Ave-Marias, junto à meditação sobre as alegrias, dores e triunfos da Virgem Mãe [a respeito, veja Catolicismo Agosto/2021]. 

Confirmação celeste 


No século XIII os albigenses infestavam todo o norte da Itália e sul da França, afastando os fiéis da Igreja e os colocando no caminho da perdição. Em vão pregou São Domingos contra os erros da heresia. Um dia em que rezava angustiado à Virgem Mãe de Deus lhe viesse em auxílio na sua campanha pela Igreja e pelas almas, Maria Santíssima apareceu-lhe e ordenou-lhe que propagasse o Santo Rosário, como arma singular contra erros e vícios. E, realmente, a recitação do Santo Rosário atraiu os fiéis às meditações dos mistérios da vida de Jesus Cristo e de Maria Santíssima, rezados pelos albigenses, meditação eficaz, pois seguiu-se lhe um reflorescimento da Fé e melhoria dos costumes. Tornou-se então o Rosário a devoção popular, o ABC da salvação para os iletrados, o compêndio prodigioso dos Santos Evangelhos e da vida católica para todos os fiéis. 


Favores obtidos 


Depois da conquista dos albigenses, a Santa Igreja sempre recorreu a esta arma poderosíssima contra todos os seus inimigos. Além da vitória de Muret contra os albigenses (1213), o Santo Rosário protegeu as armas católicas contra os turcos em Lepanto (7 de outubro de 1571), em Viena (1683), em Ceuta (1697) e em outros pontos. 
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* Trecho de artigo de Plinio Corrêa de Oliveira no “Legionário” em 1 de outubro de 1939.

5 de outubro de 2023

Uma insurreição na Igreja Católica?

O início dos trabalhos da assembleia continental europeia para o Sínodo 2021-2024 sobre a sinodalidade, realizada em Praga em fevereiro último. No centro, o Cardeal Mario Grech, secretário do Sínodo dos Bispos, e na extrema esquerda o Cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, escolhido pelo Papa Francisco como relator geral da fase mundial do sínodo, que está sendo realizado em Roma.


Livro esclarecedor a respeito do “Sínodo Mundial sobre a Sinodalidade” — evento que poderá acelerar o “processo de autodemolição” da Igreja 

Fonte: Editorial da e Revista Catolicismo, Nº 874, Outubro/2023* 

Na sua célebre Alocução aos alunos do Seminário Lombardo, no dia 7 de dezembro de 1968, Paulo VI afirmou que “a Igreja atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição”

Meio século depois, esse misterioso processo de autodemolição parece estar chegando ao seu paroxismo. De fato, uma nova Revolução vem eclodindo dentro da própria Igreja Católica desde que, em 2021, foi convocado pelo Papa Francisco o chamado “Sínodo sobre a Sinodalidade”. 

Tudo parece caminhar rumo à constituição de uma “igreja sinodal”, como se fosse uma aspiração do “Povo de Deus”, e não a articulação de uma minoria progressista ardida e bem organizada. 

A “sinodalidade” seria um artifício para revolucionar a Igreja, relativizando sua doutrina moral, democratizando-a e atribuindo aos fiéis prerrogativas exclusivas do clero católico. 

A Santa Igreja deixaria de ser a Mãe e Mestra que transmite os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo pela voz de seus pastores, para ser dirigida pelo povo — pela voz dos simples leigos, dos marginalizados, dos oprimidos, dos “excluídos”, tais como a comunidade LGBT ou as mulheres que reivindicam a ordenação sacerdotal. Seria, em suma, uma nova seita fundada pela chamada “esquerda católica”, uma recauchutagem de velhas heresias já condenadas pelo Magistério infalível. 

Neste quadro tenebroso, veio a lume um livro esclarecendo essas e outras questões controversas desse Sínodo: O caminho sinodal, uma caixa de Pandora — 100 perguntas e 100 respostas

De autoria de dois colaboradores da revista Catolicismo, os jornalistas Julio Loredo e José Antonio Ureta, o livro vem sendo largamente divulgado em diversos países, com grande repercussão na mídia e nas redes sociais, a ponto de ter sido objeto de uma pergunta durante a coletiva de imprensa que o Papa concedeu no avião em seu retorno da Mongólia. 

Como matéria de capa de Catolicismo, a revista deste mês [foto no topo] oferece aos seus leitores o prefácio do Cardeal Raymond Burke ao livro, excertos dessa oportuna obra, uma entrevista com um de seus autores e um artigo sobre algumas das numerosas repercussões obtidas até o momento. 

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