30 de abril de 2022

SÃO PIO V (1572 – 2022)

 

450 anos de um Papa Cruzado que convocou uma grande Cruzada para salvar a Cristandade da invasão maometana. E ele foi vitorioso! Ele conseguiu que a Cruz de Jesus Cristo triunfasse sobre o Crescente islâmico de Maomé; que as espadas católicas vencessem as cimitarras muçulmanas.

✅ Paulo Roberto Campos 

Pode-se dizer que o Papa São Pio V (1504-1572) foi o comandante das esquadras católicas na batalha de Lepanto — o maior embate naval da História travado até então — que salvou a Cristandade da invasão maometana no século XVI. Ele conseguiu convencer alguns soberanos europeus a se unirem numa Cruzada para impedir tal invasão dos sequazes de Maomé. 

O que foi obtido com a vitória nas águas do golfo de Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571, com especial intervenção de Nossa Senhora Auxiliadora — Aquela que é, como registra a Sagrada Escritura, “terribilis ut castrorum acies ordinata” (terrível como um exército em ordem de batalha - Ct 6, 9). 

Em nossos dias o Velho Continente está sendo novamente ameaçado de ser invadido... Basta lembrar da invasão da Ucrânia perpetrada pela Rússia do déspota Vladimir Putin intimidando o mundo ocidental com suas armas nucleares. 

A civilização cristã hoje conta com um Pontífice com a coragem e a grandeza de alma do Papa São Pio V? — Nem precisa dizer que, lamentavelmente, a resposta é negativa... 

Hoje celebramos o 450º aniversário do falecimento do grande Papa, grande comandante, grande inquisidor, grande santo que venceu o Império Otomano. Em memória de tão relevante efeméride, transcrevemos a seguir um comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em conferência de 7-10-75. 


“Vou destacar aqui um herói da batalha de Lepanto, a respeito do qual pouco se fala. Esse herói foi o Papa São Pio V. 

O Pontífice via bem o poder otomano crescer cada vez mais, e o perigo de os otomanos se jogarem sobre a Itália ou sobre qualquer outra parte da Europa, e operarem uma invasão que poderia ter efeitos tão ruinosos ou talvez mais ruinosos do que teve a invasão dos árabes na Espanha, no começo da Idade Média. 

Nessa situação, São Pio V tinha que apelar naturalmente para o varão que era o apoio temporal da Igreja naquele tempo: Felipe II, Rei da Espanha. 

O Imperador do Sacro Império Romano Alemão não tinha condições, por causa da divisão religiosa no império [em razão da revolução protestante], de lutar eficazmente contra os mouros. A França estava corroída por uma crise religiosa muito grande, guerra de religião etc. 

O Papa só podia contar, dentre as grandes potências católicas, com Felipe II de um lado, e, de outro, com Veneza, que dispunha de grande poder marítimo. 

Caso Felipe II se retraísse, a horda maometana desataria sobre a Itália, e depois atingiria toda a Cristandade. Seria o fim da Civilização Cristã no Ocidente. Não seria o fim da Igreja, porque ela é imortal; mas, ao que a Igreja poderia ficar reduzida, ninguém sabe. 

Se não fosse a pressão de São Pio V, não se teria realizado a Batalha de Lepanto, porque a Espanha não teria mandado sua esquadra. Esta era o grande contingente decisivo dentro das esquadras aliadas que lutaram e venceram em Lepanto.  

 

Nossa Senhora do Rosário de Lepanto [Foto Michael Gorre]
Assim se compreende melhor por que razão houve a famosa aparição a São Pio V: ele estava numa reunião de cardeais, em Roma, e em certo momento levantou-se e rezou um terço pela vitória dos católicos sobre os maometanos, decisiva para a Cristandade. Enquanto o Papa rezava o terço, teve a revelação da vitória das esquadras católicas. 

São Pio V foi um verdadeiro herói, como Dom João d’Áustria e os outros grandes guerreiros que venceram em Lepanto".

19 de abril de 2022

O autêntico povo russo antes de 1917

O Czar Alexandre III recebendo russos idosos do distrito rural no pátio do Palácio de Petrovsky em Moscou – Ilya Pepin, 1886. Galeria Estatal Tretyakov, Moscou. 


O flagelo do regime comunista russo aniquilou a mentalidade autêntica do povo 

✅  Plinio Corrêa de Oliveira

O povo russo ficou submetido ao jugo comunista durante 70 anos. E a tirania foi de tal ordem, que se poderia dizer — com exceções, é claro — que a mentalidade autêntica daquele povo foi aniquilada. O que é catastrófico para um país!


Em face disso, coloca-se a pergunta: como eram os russos antes do comunismo? Havia duas Rússias. Uma, a de São Petersburgo, e outra, a de Moscou. 

São Petersburgo é uma cidade situada junto ao Rio Neva, perto do Mar Báltico, que mantém comunicações fáceis com a Europa Ocidental através do Mar do Norte e do Báltico. Essa região do país era muito ocidentalizada. 

Centro de Moscou visto desde o Rio Neva
Havia também a Rússia de Moscou, mais profunda, em que tudo se processava de acordo com o que se poderia chamar de Idade Média russa. Essa época histórica correspondia à Rússia de Ivan, o Terrível. Apresentava uma arquitetura regional muito bonita, mas bastante misteriosa: salas com penumbras e esconderijos. A vida de corte no Kremlin — residência do Czar — era de um fausto extraordinário, que refletia muito luxo, correspondente à grandeza do Império russo.


Como era a alma desse povo? 

População inteligente, não muito amiga do raciocínio, mas sim da imaginação. Por isso, nela eram menos frequentes grandes sábios do que literatos de porte. Estes sim, numerosos e de renome internacional. 

Em São Petersburgo, o Palacio Tsarkoie Selo
Os romances russos eram marcados por essa mentalidade e difundiram-se pelo mundo inteiro. Por exemplo, as obras de Dostoievski e uma série de outros escritores.

Tal mentalidade se deve apenas ao temperamento nativo do povo?

Tenho forte impressão de que não. Mas devido ao fato de que, ainda durante a Idade Média, o povo russo rompeu com a Igreja Católica e constituiu uma igreja denominada greco-cismática. Os russos abraçaram o cisma grego contra Roma. 

Todas as características da alma desse povo encontram-se também nessa igreja cismática. Cerimônias religiosas e liturgia esplendorosas, mas cuja origem é anterior ao cisma, da época em que a Rússia era católica. Os paramentos riquíssimos, a liturgia apresenta cerimônias longas, solenes e belas. 

São esses alguns dos traços do estado em que se encontravam a alma e a mentalidade russas antes de se abater sobre o povo o flagelo do comunismo, em 1917. 

Igreja de São Basílio no inverno


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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 17 de setembro de 1992. Sem revisão do autor.

14 de abril de 2022

Paz, Misericórdia, Delicadeza de sentimentos


  Plinio Corrêa de Oliveira 

Mais do que física, o extremo da dor moral está expressa neste crucifixo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Durante toda a sua Paixão, Ele padeceu um sofrimento maior na alma do que no corpo. Apesar disso, notamos em sua fisionomia paz, misericórdia, delicadeza de sentimentos. Nela o furor não está presente. Mas a tristeza está inteiramente presente.

Este condenado à morte, privado dos trajes que qualquer um possui, entretanto tem uma atitude superior à majestade de qualquer rei! Em meio à tremenda dor, nota-se a manifestação da misericórdia, do perdão. 

A expressão é muito comovente, dando a impressão em quem a contempla, de que entrará de um momento para outro no campo de visão desse olhar. 

Também dá a impressão bem acentuada de desolação e desamparo de alguém que sofre uma dor que sabe que não tem remédio, que não tem limite, e que caminha para a morte. Mas uma morte que se anuncia na tristeza de quem vê a maldade dos homens que causaram a crucifixão. 

Nosso Senhor desejou beber a taça de fel do sofrimento até o fim! Quis sofrer tudo quanto era possível sofrer. Mas também na alegria de quem tem a certeza de que, após o supremo holocausto, estariam abertas aos homens as portas do Céu; começaria o período em que Ele, passando pelo Limbo, levaria para o Céu todas as almas que lá estavam. 

Como que coroando o Divino Crucificado, o artista colocou um lindo topázio. É a linguagem muda e expressiva das pedras preciosas. Se não houvesse esse topázio, a imagem perderia muito. O topázio dourado parece afirmar que, por detrás da dor e mais alto do que a dor, brilha a glória, apesar de tudo. 



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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de agosto de 1985. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

10 de abril de 2022

Rezar pelos que sofrem na guerra

No dia 8 de abril, ataque russo à estação de trens de Kramatorsk (Ucrânia), deixou 55 civis  mortos, incluindo 5 crianças, e mais de 100 feridos.

No início do último ano da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Plinio Corrêa de Oliveira teceu um comentário que se aplica exatamente à gravíssima situação de guerra em que nos encontramos, a qual ameaça estender-se muito mais. 


“O noticiário internacional desta semana tornou evidente que as Nações Unidas consideram muito provável o prolongamento da guerra. A notícia é lamentável sob muitos aspectos. O primeiro que acode é, evidentemente, o quadro de dores das batalhas sangrentas que se desfecham. 

A cidade de Nuremberg em ruínas, em 1945
São aos milhares, jovens que morrem ou ficam mutilados, famílias que imergem e soçobram num desespero ímpio e sem remédio, cidades destruídas, tesouros que se dispersam, monumentos insubstituíveis que desaparecem. 

São almas atiradas a centenas de milhares no cadinho da dor, sem a preparação prévia, de sorte que a provação significa para elas, não raro, a perdição. 

E, ao par deste quadro triste, vem o quadro mais restrito e tão e tão mais luminoso, das almas que aceitam a Cruz, que se purificam no sofrimento, que crescem com a adversidade e se glorificam na humilhação, na miséria, na ruína. 

Nós que ficamos, nós a quem Deus não impôs o fardo que pesa sobre os povos da Europa e da Ásia, devemos ser os Cireneus de nossos irmãos que sofrem. Pelos recursos materiais, devemos aliviar suas misérias físicas. Pela oração, pela penitência, devemos ajudá-los a se santificar na dor. 

A esmola material é excelente. Mas é absolutamente insuficiente. O homem não vive só de pão, diz o Evangelho. E poderíamos acrescentar que o pão do corpo lhe é muito menos necessário para viver do que o pão do espírito, isto é, o bom conselho, a oração e a expiação. E, já que não podemos enviar a nossos irmãos que sofrem nem conselhos, nem exemplos, pelos menos rezemos por eles” (7 Dias em Revista, “Legionário”, 14 de janeiro de 1945).

5 de abril de 2022

Guerra Justa e Guerra Injusta

A cidade ucraniana de Bucha (pronuncia-se Butcha) bombardeada pelos exércitos do ditador russo Putin

A guerra provocada por Putin (crescido na KGB) é justa ou injusta? Qual a posição católica? Nova guerra mundial (nuclear) bate em nossas portas? O mundo ocidental continuará adormecido? Fátima, a chave para interpretar os trágicos acontecimentos hodiernos! 

Fonte: Editorial da Revista Catolicismo, Nº 856, Abril/2022 

No período tenebroso da URSS havia dois jornais, o “Pravda” (verdade) e o “Izvestia” (notícia), ambos órgãos oficiais, o primeiro do Partido Comunista e o segundo do governo soviético. Corria então entre os russos uma anedota que dizia: “Na imprensa russa o Pravda não tem Izvestia e o Izvestia não tem Pravda”... 

Em relação a Vladimir Putin [foto abaixo], vale a anedota. A URSS desmoronou em 1991, mas sobrevive na cabeça paranoica desse déspota, que ambiciona restaurá-la segundo o projeto de seus mentores. Esse neocomunista sonha em ser o novo tzar de um novo Império Soviético. Para isso vale tudo, até mesmo mentir descaradamente para seu povo, por exemplo, obrigando todos os meios de comunicação a noticiar que se trata de uma “operação militar especial” — e não de uma invasão ou guerra — para “libertar os ucranianos do regime nazista” e atender ao pedido de ajuda dos russos que vivem na Ucrânia, que “são tratados como cachorros”. 

Ademais, Putin manda sucessivas baterias de fake news na linha de que os russos não bombardearam hospitais, escolas, prédios residenciais ou comerciais, mas que tais edifícios foram destruídos pelos próprios ucranianos para depois acusar os russos, pois “seu exército só tem bombardeado alvos militares”... 

Só um derradeiro exemplo, entre muitos outros: Putin acusou a Ucrânia de desenvolver armas biológicas em seus laboratórios. Verificou-se que se tratava de laboratórios farmacêuticos convencionais... Se nós tomamos conhecimento desse desmentido, a população russa, não; ela continua só com a informação fornecida pela mídia oficial, noticiando a existência dos “laboratórios ucranianos com armas biológicas para serem lançadas contra Moscou”. 

A mentira foi de tal maneira uma das principais armas do regime comunista — basta ver como os líderes petistas, que comungam de suas ideias, mentem sem o menor constrangimento —, que na antiga URSS a propaganda stalinista acusava os adversários daquilo que os comunistas faziam. Realmente, a primeira vítima nesta guerra deflagrada pelo atual tirano russo tem sido a verdade. 

Entretanto, numerosos são os incautos que continuam acreditando em Putin, apesar de toda a carnificina que suas tropas vêm perpetrando na Ucrânia. Vários chegam a achar que ele é um paladino dos valores cristãos... Por que tal ingenuidade? 

A revista Catolicismo publica em sua edição deste mês três matérias procurando responder a essa e outras questões. Por exemplo, quais são os critérios para se considerar quando uma guerra é justa ou injusta, ou como a Mensagem de Fátima é a chave para interpretar os trágicos lances de uma guerra que poderá desfechar num conflito mundial se o mundo ocidental continuar contemporizando com um ditador crescido na KGB, cuja força está na fraqueza do Ocidente. 

O povo ucraniano resiste heroicamente. Mas até quando conseguirá? Peçamos a Nossa Senhora que torne a Ucrânia inteiramente católica, como também a própria Rússia, conforme predito por Ela em Fátima.