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31 de julho de 2024

O show de Paris: um ato e guerra contra a Civilização Cristã



✅  Roberto de Mattei

Entre os muitos acontecimentos simbólicos do nosso tempo, o espetáculo grotesco que inaugurou as Olimpíadas de Paris em 26 de julho não pode ser simplesmente descartado como um espetáculo de mau gosto ou uma provocação cultural. É o último ato de guerra contra a Civilização Cristã que teve um dos seus picos históricos na Revolução Francesa. 

No centro da polêmica da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos estava uma coreografia em que a DJ francesa Barbara Butch, conhecida por ter se definido como “gorda, lésbica, queer, judia e orgulhosa disso”, liderava a cena, vestindo uma coroa em forma de halo, cercada por drag queens, a modelo transgênero Raya Martigny e dezenas de dançarinos de sexo incerto, enquanto o cantor Philippe Katerine irrompeu quase nu, pintado de azul e disfarçado de Dionísio [quadro acima]. 

A representação pareceu a muitos uma paródia blasfema da Última Ceia e provocou indignação e protestos de católicos em todo o mundo. O criador do tableau vivant, Thomas Jolly, que também é um personagem abertamente “queer”, para se justificar, afirmou ter se inspirado não na famosa pintura de Leonardo da Vinci [quadro abaixo], mas em um artista desconhecido do século XVII, Jan Harmensz van Bijlert, autor de uma pintura, Le Festin des dieux, que retrata um banquete dos deuses no Olimpo. 



Seja qual for a inspiração, a iniciativa não pode ser atribuída a um diretor artístico bizarro, mas expressa uma mensagem que lhe foi encomendada pelas mais altas autoridades francesas, a começar pelo chefe de Estado. O presidente Emmanuel Macron foi quem, no passado dia 4 de março, se declarou orgulhoso por ter sido a França o primeiro país do mundo a incluir o aborto na sua carta constitucional, definindo este ato como uma mensagem universal. O próprio Macron, na sua arrogância, insensível ao recente desastre eleitoral, quis propor ao mundo uma nova mensagem de “inclusividade” anticristã. Dionísio é o deus “híbrido” das orgias pagãs, da sensualidade desenfreada e da cegueira da razão, e a intenção declarada dos organizadores era substituir o mistério sublime do Cristianismo pela bacanal dionisíaca. 

O ódio ao Cristianismo sempre precisou de representações simbólicas e a Revolução Francesa foi alimentada pela mitologia pagã desde o início. Há uma continuidade evidente entre a paródia blasfema da Última Ceia de 26 de Julho e a entronização da Deusa Razão, ocorrida em 10 de Agosto de 1793 em Paris, sob o disfarce da deusa egípcia Ísis. 

Deste ponto de vista, há também algo de sacrílego no insulto gratuito e vergonhoso à Rainha Maria Antonieta, retratado na performance parisiense de 26 de Julho, enquanto ela segura nas mãos a cabeça guilhotinada [foto ao lado], cantando o hino revolucionário Ça ira. Macron e seus colaboradores queriam reivindicar a Revolução Francesa no seu aspecto mais abjeto: o assassinato da Rainha de França, vítima inocente, como o Rei Luís XVI, do ódio revolucionário, que nos soberanos franceses queria atacar o princípio da realeza social de Cristo. 

Maria Antonieta, a Rainha mais caluniada, mas também a mais amada e até venerada da História, não foi culpada de nenhum crime senão aquele de incorporar uma graça aristocrática incompatível com o igualitarismo revolucionário. Muito foi escrito sobre a sua alegada frivolidade e pouco sobre a sua piedade. No entanto, o espírito religioso da soberana, que emerge nos últimos dias da sua prisão, tem suas raízes numa educação e numa concepção do mundo antitética à revolucionária. O julgamento-farsa perante o Tribunal Jacobino, em 14 e 16 de outubro de 1793, fê-la vítima de acusações difamatórias. Uma imagem do pintor inglês William Hamilton retrata-a com um vestido branco imaculado, saindo da Conciergerie rodeada pelas “tricoteuses”, que pedem sangue novo na Revolução. Henry Sanson, filho do carrasco de Paris, conta nas suas Memórias que ela subiu os degraus da guilhotina com surpreendente majestade, como se fossem os da grande escadaria de Versalhes. As mesmas palavras com que o Papa Pio VI, no discurso Quare lacrymae, de 17 de junho de 1793, definiu Luís XVI como mártir, podem ser aplicadas à Rainha Maria Antonieta. Neste discurso, Pio VI exclamou: 

“Ah França, ah França! Chamada pelos Nossos predecessores de ‘espelho de todo o Cristianismo e pilar seguro da Fé’, vós que no fervor da Fé Cristã e na devoção à Sé Apostólica nunca seguistes as outras Nações, mas sempre as precedestes! Quão longe estais hoje de Nós, com esta alma tão hostil à verdadeira Religião: vós vos tornastes o inimigo mais implacável de todos os adversários da Fé que já existiram!”

O assassinato dos dois soberanos é o ato fundador da República Francesa e a constitucionalização do aborto representa uma continuidade simbólica no assassinato estatal. No entanto, quem quiser identificar a França com o espetáculo blasfemo que abriu os Jogos Olímpicos, estará enganado. A França não é a Praça da Guilhotina, mas a Notre-Dame e a Sainte Chapelle; A França não é Robespierre ou Macron, mas é São Luís e Santa Joana d'Arc. Assim, erraria quem quisesse identificar o espetáculo de degeneração oferecido por Paris nos últimos meses, com a civilização ocidental à qual a França tanto deu. O Ocidente é a história de uma fé religiosa, de um estilo de vida, de uma arte, de uma literatura, de uma música e também de grandes batalhas em defesa da civilização.



Os inimigos externos do Ocidente, que são os herdeiros de Maomé no mundo árabe e os de Lenine na Rússia e na China, não odeiam a decadência do Ocidente, mas o Ocidente como tal: aquele Ocidente que derrotou o Islã em Lepanto e Viena, e acabou com o comunismo em Varsóvia, em 1920, e na Espanha, na década de 1930. 

Os inimigos do Ocidente procuram vingança. Para que isso aconteça, para que ganhem a guerra, sabem que o Ocidente deve deixar de ser cristão, deve regressar às ideias e aos costumes do paganismo, a fim de cair como uma maçã madura, como aconteceu com o Império Romano. Os bárbaros não odiavam a decadência de Roma, mas o poder que os subjugou durante séculos. A conquista da Cidade Eterna pelos godos de Alarico, na noite de 24 de agosto de 410, foi o seu triunfo. São Jerônimo, em Belém, e Santo Agostinho, em Hipona, derramaram profundas lágrimas por este acontecimento simbólico. Quem chora hoje pelas ameaças dos novos bárbaros ao Ocidente? Mas, acima de tudo, quem está disposto a defender o Ocidente em nome dos princípios e instituições que o tornaram grande na História? Mas a força destes valores, que nasce da Verdade de Cristo, é indestrutível. O futuro do mundo não está sob a bandeira de Dionísio, nem sob a do comunismo ou do Islão, mas sob a do único Deus vitorioso, que é Jesus Cristo. A fé e a razão o atestam. 

Como e quando isso acontecerá? Com Deus, tudo é possível na História. Só quem acredita no determinismo histórico cego pensa que “a História não se faz com o se”. A História é feita com “ses” justamente pela riqueza de possibilidades que cada momento presente contém. É por isso que o nosso exame de consciência se baseia nas falhas que cometemos, mas que não fomos obrigados a cometer. Também a História, como a nossa vida, poderia ter sido diferente e poderia seguir, de um momento para o outro, de uma maneira diferente. O que teria acontecido se, em 14 de julho de 1789, os dragões do Príncipe de Lambesc, contrariando a ordem de não derramar sangue que lhes foi dada por Luís XVI, tivessem varrido a turba revolucionária que marchava em direção à Bastilha? A Revolução Anticristã não se iluda. Os dragões do Príncipe de Lambesc estão sempre, de espada na mão, na esquina da História.

27 de maio de 2024

INTREPIDEZ ANGÉLICA DE UM IMORTAL PONTÍFICE

Audiência de São Pio X no Pátio de São Dâmaso, em 1904 


“A sua palavra era trovão, era espada, era bálsamo [...]. Com seu olhar de águia, mais perspicaz e mais seguro do que a visão estreita de pensadores míopes, via o mundo tal qual era, via a missão da Igreja no mundo, via com olhos de santo Pastor, o dever que lhe incumbia no seio de uma sociedade descristianizada, de uma cristandade contaminada, ou ao menos infiltrada dos erros do tempo e perversão do século” (Palavras do Papa Pio XII a respeito de São Pio X).

 Paulo Roberto Campos

 

A Santa Igreja celebra neste ano três importantes efemérides relacionadas a um grande Papa, que foi também um grande defensor da Fé, um grande Santo. Falamos de São Pio X. 110 anos de seu falecimento, em 20 de agosto de 1914; 80 anos da exumação de seu corpo, encontrado incorrupto, em 19 de maio de 1944; 70 anos de sua canonização por Pio XII, em 29 de maio de 1954.

O governo pontifício de São Pio X (1903-1914) foi marcado pelo profundo combate que empreendeu com inteligência e destemor contra os erros que se infiltravam na Igreja, sobretudo os erros do modernismo, heresia dissimulada e perniciosíssima para a Cristandade e com muitos traços semelhantes ao progressismo impulsionado maximamente pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), convocado por João XXIII e encerrado no Pontificado de Paulo VI.1

Eis que em nossos dias o progressismo (dito católico) atinge o clímax na tentativa de “modernizar” e deturpar os dogmas, o Magistério perene e as tradições católicas — tradições majestosas que tanto aborrecem os progressistas “teólogos da libertação”.

O Movimento Modernista pretendia uma reforma na Igreja sob o pretexto de uma suposta necessidade de renovações, de progresso e de seguir as leis da evolução nos costumes e até na Fé.

De uma bondade e afabilidade angelicais em relação aos filhos fiéis da Igreja, entretanto de uma firmeza e intrepidez igualmente angélicas, São Pio X primeiramente repreendeu e exortou os seguidores de tal movimento à conversão, acolheu os convertidos e depois — não obtendo o arrependimento — os condenou com vigor como um Anjo empunhando a espada de fogo da ortodoxia.

No Decreto Lamentabili sane exitu, de 3 de julho de 1907, São Pio X condenou formalmente 65 proposições modernistas relativas à natureza da Igreja, à revelação, aos sacramentos, à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a erros na exegese da Sagrada Escritura e na interpretação de dogmas.

Medalha comemorando a Encíclica Pascendi Dominici Gregis com a qual São Pio X condenou o Movimento Modernista  


Inimigos ocultos no próprio seio da Igreja


Como nem com o Decreto nem com as medidas mais suaves os modernistas não se emendaram, mas continuaram arrogantes na conduta e obstinados no erro, dois meses depois o Romano Pontífice se viu obrigado a tomar medidas mais severas. Aprofundou a problemática, escrevendo sua magistral Encíclica sobre os erros do modernismo, a Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 19072, que marcou profundamente os ambientes católicos e intelectuais do século XX.

Considerado como sendo um dos maiores lances na História da Igreja, o documento, redigido com ‘mão de ferro sob luvas de pelica’, fulminou a artimanha, uma verdadeira conspiração interna concebida pelo Movimento Modernista que visava debilitar a Religião Católica apresentando-a não tanto como obra divina, mas humana, ou de meras concepções filosóficas.

         A fim de contestar os erros do modernismo, afirma o santo autor:

“Exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos.

“Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem”.3

São Pio X estigmatizou tal heresia como sendo a “síntese de todas as heresias”:

“Não se trata de doutrinas vagas e desconexas, mas de um corpo uno e compacto de doutrinas em que, admitida uma, todas as demais também o deverão ser. Por isso, também quisemos servir-nos de uma forma quase didática, e nem recusamos os vocábulos bárbaros, que os modernistas adotam. Se, pois, de uma só vista de olhos atentarmos para todo o sistema, a ninguém causará pasmo ouvir-Nos defini-lo, afirmando ser ele a síntese de todas as heresias”.4

Erros do Modernismo serpeavam nos meios católicos

Carta Pastoral do Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro
comunicando ao clero e aos
fiéis da arquidiocese 
a
Encíclica de São Pio X
(1908) 

Na citada encíclica resta evidenciado que aquele movimento articulava uma pérfida (e muito poderosa) conjuração anticatólica, organizada por pessoas muito labiosas que se apresentavam dissimuladas de católicas e davam aos “erros do Modernismo” uma aparência de verdade. Assim, iludiam mais facilmente muitos fiéis, redobrando o malefício às almas com a pregação de concepções contrárias à doutrina católica, teorias protestantizantes conformes à “reforma” revolucionária do heresiarca Matin Lutero.

“Já vimos essas ideias condenadas pelo Concílio Vaticano I [convocado pelo bem-aventurado Papa Pio IX em 1869]. Veremos ainda como, com semelhantes teorias, unidos a outros erros já mencionados, se abre caminho para o ateísmo”.5

Abrasado com o zelo que deve ter o Vigário de Cristo na Terra, o modernismo foi fulminado como sendo uma seita dos mais perigosos inimigos da Igreja, agindo dentro d’Ela. E por essas razões seus líderes foram desmascarados, alguns excomungados e interditadas suas publicações, jornais, livros etc.

Na época, eles galgavam postos-chaves junto à hierarquia eclesiástica, elevavam-se nos púlpitos e nas cátedras, agiam tanto nos confessionários quanto nas ruas, para introduzir na Igreja a mania das novidades, os erros do mundo moderno. Eram lobos vorazes disfarçados de dóceis ovelhas para enganar os fiéis (mas incautos) católicos, além de menosprezarem as belas e seculares tradições da Igreja, sugerindo-lhes “reformas” opostas às tradições da Cristandade e à doutrina de sempre ensinada no Evangelho.

Condenados aqueles que arrastam outros ao erro

O Pontífice afirmou que os modernistas infiltraram na Igreja para mais eficazmente destruí-la, relativizando e adulterando seu ensino perene e infalível:

“Não se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas d’Ela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado”.6

Assim deve proceder o Bom Pastor na defesa de suas ovelhas, usando seu cajado para expulsar os lobos do redil. Referindo-se aos modernistas, o Pastor dos Pastores, com palavras da Escritura, os increpa:

“Devido ao inimigo do gênero humano, nunca faltaram homens de perverso dizer (At 20,30), vaníloquos e sedutores (Tit 1,10), que caídos eles em erro arrastam os demais ao erro (2 Tim 3,13). Contudo, há mister confessar que nestes últimos tempos cresceu sobremaneira o número dos inimigos da Cruz de Cristo, os quais, com artifícios de todo ardilosos, se esforçam por baldar a virtude vivificante da Igreja e solapar pelos alicerces, se dado lhes fosse, o mesmo reino de Jesus Cristo. Por isto já não Nos é lícito calar para não parecer faltarmos ao Nosso santíssimo dever, e para que se Nos não acuse de descuido de nossa obrigação, a benignidade de que, na esperança de melhores disposições, até agora usamos.

“Cegos, na verdade, a conduzirem outros cegos, são esses homens que inchados de orgulhosa ciência, deliram a ponto de perverter o conceito de verdade e o genuíno conceito religioso, divulgando um novo sistema, com o qual, arrastados por desenfreada mania de novidades, não procuram a verdade onde certamente se acha; e, desprezando as santas e apostólicas tradições, apegam-se a doutrinas ocas, fúteis, incertas, reprovadas pela Igreja, com as quais homens estultíssimos julgam fortalecer e sustentar a verdade (Gregório XVI, Encíclica Singulari Nos 7 julho 1834)”7.

 


Semelhança dos modernistas com os progressistas atuais

         Logo na primeira parte deste artigo destacamos a luta do Santo Pontífice contra o Movimento Modernista. A razão se deve à grande semelhança com a luta que hoje travamos contra o progressismo. Os neomodernistas — também estes infiltrados nos ambientes (incredibile dictu, mesmo nos mais altos) da Santa Igreja — continuam a ação, e herdaram os mesmos erros daquele movimento condenado no início do século XX.

Mas o governo de São Pio X não se restringiu a esse combate para destruir os inimigos, foi também um frutuoso período de muitas construções de fortalezas espirituais visando “Restaurar o Reinado Social de Jesus Cristo”. [vide quadro no final].

         No mínimo, precisaríamos de um livro para elencar os grandes lances desse glorioso Pontificado, por exemplo, seus trabalhos dedicados à reorganização do Código de Direito Canônico — depois promulgado pelo sucessor, o Papa Bento XV. Um monumento inaugurado por Pio XI, em 28 de junho de 1923, sintetiza em títulos algo do período de São Pio X no Vaticano. Na base da imagem do santo há oito painéis em bronze representando atributos primordiais daquele curto período de 11 anos:

·        * Papa da Eucaristia;

·        * Defensor da Fé;

·        * Apoiador da França Católica;

·        * Patrono das Artes;

·        * Guardião dos Estudos Bíblicos;

·        * Reorganizador do Direito Canônico;

·        * Reformador da Música Sacra;

·        * Pai dos Órfãos e dos Abandonados.

 

O Papa por excelência do Santíssimo Sacramento

Pelo menos de passagem, poderíamos discorrer um pouco sobre o primeiro título, “O Papa da Eucaristia”. Um dos pilares de seu Pontificado foi seu desempenho incrementando enormemente a devoção ao Santíssimo Sacramento. Ele incentivou ao máximo essa devoção, aconselhou a comunhão quotidiana e a comunhão às crianças. A tal ponto que passou para a História com a honra de tal título.

         “A sagrada comunhão é o caminho mais curto e seguro para o Céu”, afirmava São Pio X. Declarou que “todos os fiéis têm liberdade de receber a sagrada comunhão com frequência e até diariamente, como é desejo de Jesus Cristo e de Sua Igreja; e que, portanto, não se deve negá-la a ninguém, que se aproxime da Sagrada Mesa em estado de graça e com reta e devota intenção”.

Certa vez uma senhora da alta sociedade perguntou ao Papa: “Que posso fazer pela Igreja de Deus?”. — “Ensinai o catecismo”, foi a sua resposta.8

O Santo Padre foi um apóstolo da Primeira Comunhão às crianças. Propagou em todos os países o ensino do catecismo a elas, a fim de que desde cedo conhecessem as noções elementares da doutrina católica e pudessem comungar a partir da “idade da discrição” (fase em que os pequenos alcançam a capacidade de discernir entre o certo e o errado). Para a Primeira Comunhão bastava que elas “soubessem distinguir entre o ‘Pão Eucarístico’ e o ‘pão material ordinário’”, e que se exigisse delas apenas que tivessem “certo conhecimento dos rudimentos da fé”.

O próprio Papa pessoalmente ensinava o catecismo às crianças, insistia na prática da confissão frequente e as preparava para a Primeira Comunhão. Numa dessas catequeses, recomendou-lhes que fossem “obedientes e desprendidos de vós mesmos, aplicados na oração e no estudo, diligentes para com Deus e seu santo serviço, mas principalmente assíduos na recepção dos sacramentos e na devoção à santa eucaristia, esse deverá ser o apostolado junto aos vossos companheiros”.9

Com seu apostolado da Sagrada Hóstia dificultou que as heresias modernistas e jansenistas se expandissem nos meios católicos. O jansenismo10 negava a infinita misericórdia de Deus, o que diminuía a confiança n’Ele e esfriava o fervor da devoção ao Santíssimo Sacramento.

Pelo contrário, São Pio X assegurou: “A devoção à Eucaristia é a mais nobre de todas as devoções, porque tem o próprio Deus por objeto; é a mais salutar porque nos dá o próprio autor da graça; é a mais suave, pois suave é o Senhor. Se os anjos pudessem sentir inveja, nos invejariam porque podemos comungar”.

 

Três décadas após sua morte, no dia 19 de maio de 1944, exatamente há 80 anos, abriram o sarcófago de São Pio X na presença dos prelados membros do Tribunal do Processo Apostólico. Para admiração de todos, seu corpo foi encontrado incorrupto, sem que tivesse sido embalsamado — como era costume — devido a um pedido expresso dele

O defensor da fé católica entrega sua alma a Deus

         Nos primórdios da Primeira Guerra Mundial, em 20 de agosto de 1914, os grandes sinos do Vaticano anunciaram que o Santo Papa havia morrido. Uma morte um tanto suspeita e misteriosa, pois aqueles que com ele conviviam, que conheciam seu estado de saúde, não esperavam esse trágico desfecho, apesar de sua saúde debilitada e de sua enorme preocupação com os rumos que poderiam tomar a Grande Guerra que acabava de eclodir.

Contudo, os líderes modernistas pareciam esperar tal desfecho. Eles se exultaram com a morte do santo, pois assim ficavam livres para agir sem aquele obstáculo quase intransponível. Alguns autores chegam a suspeitar de uma morte “encomendada”.

         O último gesto de São Pio X foi beijar um crucifixo que segurava muito devotamente. “Das mãos de seu amigo, Mons. Bressan, recebeu [São Pio X] devota e alegremente os últimos sacramentos. ‘Seja feita a vontade do Senhor, a Ele sem reservas me entrego’, foram as suas últimas palavras.

Respondia ainda às orações, que junto dele se faziam, mas a sua voz ia se enfraquecendo cada vez mais, até extinguir-se completamente. Na noite de 19 para 20 [de agosto] não lograva mais falar. Reconhecia, porém, os que o rodeavam, apertava-lhes a mão, abençoando-os. De quando em quando traçava um largo sinal da cruz. Logo depois de uma e um quarto da madrugada entregou sua nobre alma ao Criador. Era o dia 20 de agosto de 1914. Morreu como tinha vivido: tranquilo e resignado”.11

Corpo encontrado incorrupto e assim se mantém até hoje

O Papa João XXIII observa
o corpo incorrupto de São Pio X
Três décadas após sua morte, no dia 19 de maio de 1944, exatamente há 80 anos, abriram o sarcófago de São Pio X na presença dos prelados membros do Tribunal do Processo Apostólico. Para admiração de todos, seu corpo foi encontrado incorrupto, sem que tivesse sido embalsamado — como era costume — devido a um pedido expresso dele.

 




Um dos presentes documentou:

“Abrindo o caixão, encontraram o corpo intacto, vestido com as insígnias papais tal como foi enterrado 30 anos antes. Sob a firme pele que cobria a face, o contorno do crânio era claramente reconhecível. As cavidades dos olhos pareciam escuras, mas não vazias; estavam cobertas pelas pálpebras muito enrugadas e afundadas. O cabelo era branco e cobria o topo da cabeça completamente. A cruz peitoral e o anel pastoral brilhavam reluzentes. Em seu último testamento, Pio X pediu especialmente que seu corpo não fosse tocado e que o tradicional embalsamamento não fosse realizado. Apesar disso, seu corpo estava excelentemente preservado. Nenhuma parte do esqueleto estava descoberta, nenhum osso exposto. Enquanto o corpo estava rígido, os braços, cotovelos e ombros estavam totalmente flexíveis. As mãos eram belas e magras, e as unhas nos dedos estavam perfeitamente preservadas”.

 O fato prodigioso de seu corpo ter sido encontrado incorrupto na exumação, e assim permanecer até hoje, o que pode representar para nós? — Além de um evidente grande milagre, poder-se-ia dizer que se trata de símbolo de um Pontificado que combateu todo tipo de corrupção e um sinal de Deus de que o ensinamento desse seu Vigário na Terra foi sempre fundamentado na doutrina incorruptível da Santa Igreja de Deus.

Na lápide de seu sarcófago original, uma modesta inscrição foi gravada:

“Papa Pio X, pobre e contudo rico, manso e humilde de coração, defensor invicto da fé católica, desejoso de instaurar tudo em Cristo, falecido piedosamente aos 20 de agosto do ano do Senhor de 1914”.12

 


Beatificação e canonização do Paladino da Igreja

Por ocasião da beatificação do Santo Pontífice (3 de junho de 1951), o Papa Pio XII falou da virtude da fortaleza e da arguta percepção dos acontecimentos; grandes dons que a Providência Divina prodigalizou a seu santo predecessor:

“A sua palavra era trovão, era espada, era bálsamo: comunicava-se intensamente a Vida a Igreja e tinha eficácia para ser ouvida fora e ao longe; vinha cheia de irresistível vigor, graças não só à substância incontestável do conteúdo, como também ao seu profundo e penetrante calor. Sentia-se nela arder a alma de um Pastor que vivia em Deus e de Deus, sem outro fim senão conduzir a Ele os seus cordeiros e as suas ovelhas [...].

“Com seu olhar de águia, mais perspicaz e mais seguro do que a visão estreita de pensadores míopes, via o mundo tal qual era, via a missão da Igreja no mundo, via com olhos de santo Pastor, o dever que lhe incumbia no seio de uma sociedade descristianizada, de uma cristandade contaminada, ou ao menos infiltrada dos erros do tempo e perversão do século.

“Iluminado pela claridade da verdade eterna, guiado por uma consciência delicada, lúcida, de rígida firmeza, tinha ele, frequentemente acerca do dever do momento e das resoluções a tomar, intuições cuja exatidão perfeita desconcertava os que não eram dotados das mesmas luzes”.13

Três anos depois, o mesmo Papa Pio XII declarou à multidão na Praça de São Pedro, lotada para assistir a canonização de São Pio X, em 29 de maio de 1954:

“A santidade, que se revela inspiração e guia dos empreendimentos de Pio X, brilhou ainda mais fulgurantemente nas suas ações quotidianas. Foi primeiro em si mesmo que realizou, antes de realizá-lo nos outros. Seu programa: reunir tudo, reconduzir tudo à unidade em Cristo. Como humilde pároco, como bispo, como Sumo Pontífice, esteve sempre convencido de que a santidade à qual Deus o destinou era a santidade sacerdotal. Que santidade pode de fato agradar mais a Deus por parte de um sacerdote da nova Lei, senão aquela que convém a um representante do Supremo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo, Aquele que deixou à Igreja a memória contínua, a renovação perpétua do sacrifício da Cruz na Santa Missa, até que Ele venha para o julgamento final; Aquele que mediante o sacramento da Eucaristia se entregou como alimento para as almas: ‘Quem comer deste pão viverá para sempre’?” 14

Desde os primórdios, a Igreja tem assegurada a vitória

Neste ano em que se comemora o centésimo décimo aniversário do passamento de São Pio X da Terra para o Céu; o octogésimo de sua exumação e o septuagésimo de sua canonização, desejaríamos que inúmeras homenagens oficiais da Santa Igreja lhe fossem prestadas. Entretanto, com muita dor e tristeza, somos obrigados a reconhecer que nosso desejo certamente não será realizado. Por quê?

Infelizmente, como é de conhecimento de nossos leitores — e sobre isso nunca é suficiente insistir —, retomando o mesmo processo iniciado pelos modernistas, a Igreja passa por um misterioso processo de autodemolição “golpeada também pelos que d’Ela fazem parte”, e que Ela “atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição”, como confessou Paulo VI em alocução aos alunos do Seminário Lombardo, em 7 de dezembro de 1968.15

Quatro anos depois, o mesmo Paulo VI confirmou, na Alocução Resistite fortes in fide, que “por alguma fissura tenha penetrado a fumaça de Satanás no templo de Deus”.16

Transcorridos 110 anos do final de um Pontificado que barrou a entrada da “fumaça de satanás” — a “autodemolição” em sua época —, vemos que os neomodernistas escancaram as janelas e as portas do Templo de Deus para a entrada da fumaça diabólica.

Eles parecem levar a Igreja ao paroxismo no processo de autodemolição com o estabelecimento de uma “nova-igreja”, na qual no próprio Vaticano se cultuou um ídolo pagão, a Pachamama, que nada tem a ver com a Santa Igreja Católica Apostólica Romana como instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, apesar de tudo, d’Ele temos assegurada, desde os primórdios da Igreja, a vitória final, quando prometeu que “portae inferi non praevalebunt” — as portas do inferno não prevalecerão.

O atual e sinistro mar de demolições no qual navega a Barca de Pedro, parecendo naufragar de um momento para outro, não nos mete medo. Pelo contrário, nos dá mais coragem para continuar a navegação, para lutar ainda mais pela completa realização do lema de São Pio X no sentido da plena restauração da Igreja e do Mundo, o que se alcançará com o Reinado do Imaculado Coração de Maria, como profetizado em Fátima em 1917.

Que São Pio X, o grande Papa Defensor da Fé, interceda do Céu por nós, e obtenha que Deus envie seus Anjos para colocarem freio nesse processo revolucionário universal, antecipem o desmantelamento dos inimigos da Igreja, e realizem o quanto antes o nosso pedido, feito diariamente no Pai-Nosso: “Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu”.

 

Síntese biográfica


Nascido em Riese (Lombardia) no dia 2 de junho de 1835, Giuseppe Melchiorre Sarto — assim se chamava o futuro Papa São Pio X — foi sucessivamente Vigário em sua cidade natal, Cônego em Treviso, Bispo de Mântua e Patriarca de Veneza. Eleito Papa no dia 4 de agosto de 1903, foi o 257º Sumo Pontífice da Santa Igreja Católica. Exerceu seu glorioso Pontificado até seu último dia nesta terra de exílio, que deixou aos 79 anos, em 20 de agosto de 1914. Pio XII o beatificou em 3 de junho de 1951 e o canonizou exatamente há 70 anos, em 29 de maio de 1954.



 


Restaurar o Reinado Social de Jesus Cristo

“Instaurare omnia in Christo” (Restaurar todas as coisas em Cristo) era o dístico do seu pontificado e resumo de seu prodigioso empenho: restaurar o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Era a principal solução que indicava o Santo Padre: “Se alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as coisas em Cristo”.

            Objetivo que definiu claramente com suas indefectíveis palavras expressas na Encíclica Notre Charge Apostolique*, de 25 de agosto de 1910:

“Devemos repetir com toda energia nestes tempos de anarquia social e intelectual, quando cada um se faz passar por mestre e legislador: a Cidade não pode ser edificada de outra forma senão como Deus a construiu; a sociedade não pode ser estabelecida a menos que a Igreja estabeleça as bases e supervisione o trabalho; não, a civilização não é algo a ser inventado, nem a Cidade Nova para ser construída nas nuvens; ela existiu e ainda existe: é a civilização cristã, é a cidade católica. Trata-se apenas de ser instaurada e restaurada continuamente contra os ataques incessantes de utópicos insanos, revoltados e malfeitores. OMNIA INSTAURARE IN CHRISTO”.

(*) https://www.papalencyclicals.net/pius10/p10notre.htm

 

Notas:

1. O Concílio Vaticano II foi classificado por Plinio Corrêa de Oliveira como “uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja”. “O êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pós-staliniano sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano II a respeito do comunismo. […] Seu silêncio sobre o comunismo deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse Concílio não pode estar inscrita, enquanto efetivamente pastoral, nem na História, nem no Livro da Vida. É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja. A partir dele penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a “fumaça de Satanás”, que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição”. (Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Editora Artpress, São Paulo, Parte III, capítulo II, 4, A, pp. 166-168).

2. A respeito da monumental Encíclica Pascendi Dominici Gregis, Catolicismo publicou uma série de três artigos de seu principal colaborador, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Artigos que os leitores podem conferir na edição de setembro/2007.

3. Os trechos aqui transcritos (entre aspas) da Encílica Pascendi Dominici Gregis foram extraídos como publicados no site oficial do Vaticano, disponíveis no link: https://www.vatican.va/content/pius-x/pt/encyclicals/documents/hf_p-x_enc_19070908_pascendi-dominici-gregis.html

4. Ibid.

5. Ibid.

6. Ibid.

7. Ibid.

8. Constantino Kempf S.J., A Santidade da Igreja, oitava edição do original alemão, Edição da Livraria do Globo, Porto Alegre, 1936, p. 25.

9. Ibid. p. 26.

10. Heresia que constituiu uma corrente semiprotestante no interior da Igreja. Era de um rigorismo hirto e despropositado. Tal heresia, uma das mais perniciosas da História da Igreja, foi instituída pelo holandês Cornélio Jansênio, bispo de Ypres (1636). Este negava a infinita misericórdia de Deus e defendia a predestinação. Infectou grande parcela de bispos, sacerdotes e leigos na França e em outros países da Cristandade. A heresia jansenista foi condenada por diversos Papas, entre os quais Inocêncio X, na bula papal Cum occasione (1653). Mesmo assim, a heresia projetou-se nos séculos XVIII e XIX, e só foi debelada quando São Pio X publicou o decreto favorecendo a comunhão frequente.

11. Constantino Kempf S.J., op. cit. p. 27.

12. Ibid. p. 23.

13. Breve por ocasião da Beatificação de Pio X, Documentos Pontifícios, n° 83, Vozes, 1958, 2ª edição.

14. https://www.vatican.va/content/pius-xii/it/speeches/1954/documents/hf_p-xii_spe_19540529_pio-x.html

15. Em alocução aos alunos do Seminário Lombardo, no dia 7 de dezembro de 1968, Paulo VI afirmou que “a Igreja atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição. É como uma perturbação interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio. Pensava-se num florescimento, numa expansão serena dos conceitos amadurecidos na grande assembleia conciliar. Há ainda este aspecto na Igreja, o do florescimento. Mas, posto que bonum ex integra causa, malum ex quocumque defectu, fixa-se a atenção mais especialmente sobre o aspecto doloroso. A Igreja é golpeada também pelos que d´Ela fazem parte” (cfr. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. VI, p. 1188).

16. Cfr. Alocução “Resistite fortes in fide” (29 de junho de 1972), Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, p. 707. 

7 de junho de 2023

CORPUS CHRISTI — Dogma da Presença Real


Nesta Quinta-Feira celebramos solenemente a “Festa de Corpus Christi” em memória da instituição da Sagrada Eucaristia na Quinta-Feira Santa. Dia que devemos consagrar especialmente a honrar a presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia. 

Segundo São Pedro Julião Eymard — grande apóstolo do Santíssimo Sacramento — “Esta festa não se chama simplesmente a festa de Nosso Senhor, mas a festa do Corpo de Nosso Senhor. Por esse Corpo, n'Ele tocamos. Por esse Corpo, tornou-se nosso alimento, nosso irmão, nosso hóspede. Festa do Corpo de Jesus Cristo! Quanto amor envolve tal nome, por ser humilde e proporcionado à nossa miséria. Nosso Senhor desejou esta festa para se aproximar cada vez mais de nós. Não deseja o pai ver o filho celebrar-lhe o aniversário por lhe dar ocasião de provar com maior vivacidade seu amor paternal e lhe poder conceder algum favor particular? Seja esta festa toda de alegria, e ser-nos-ão concedidos insignes favores". 

Em memória desta magnífica festividade transcrevemos uma bela oração [texto em português e em latim] composta por Santo Inácio de Loyola, que devemos rezar preferencialmente frente a um Sacrário: 

Anima Christi (Alma de Cristo) 

Alma de Cristo, santificai-me. 

Corpo de Cristo, salvai-me. 

Sangue de Cristo, inebriai-me. 

Água do lado de Cristo, lavai-me. 

Paixão de Cristo, confortai-me. 

Ó bom Jesus, atendei-me. 

Dentro de vossas chagas, escondei-me. 

Não permitais que me separe de Vós. 

Do maligno inimigo, defendei-me. 

Na hora da minha morte, chamai-me. 

E mandai-me ir a Vós. 

Para que com vossos santos Vos louve. Pelos séculos dos séculos. 

Amém. 


Ánima Christi 

Anima Christi, sanctífica me. 

Corpus Christi, salva me. 

Sanguis Christi, inebria me. 

Aqua láteris Christi, lava me. 

Pássio Christi, confórta me. 

O bone Iesu, exáudi me. 

Intra tua vulnera abscónde me. 

Ne permíttas me sepári a te. 

Ab hoste malígno defénde me. 

In hora mortis meae voca me. 

Et iube me veníre ad te, ut cum Sanctis tuis laudem te in sáecula saeculórum. 

Ámen.

29 de outubro de 2021

Carta do Cardeal Burke sobre os políticos católicos e a não admissão à Sagrada Comunhão

"Quando morrer, irei comparecer perante o Senhor, para prestar contas do meu serviço como Bispo, e não perante a Conferência dos Bispos"

28 de Outubro de 2021

Festa dos Santos Simão e Judas, Apóstolos

Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Durante os últimos meses, a intenção da Igreja nos Estados Unidos da América tem estado muito presente nas minhas orações. Na sua próxima reunião de novembro, os Bispos dos Estados Unidos da América vão considerar a aplicação do cânone 915 do Código de Direito Canônico: “Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto.”1

As suas deliberações abordarão, em particular, a situação a longo prazo e gravemente escandalosa dos políticos católicos que persistem em apoiar e fazer avançar programas, políticas e leis em violação grave dos preceitos mais fundamentais da lei moral, ao mesmo tempo que afirmam ser católicos devotos, especialmente apresentando-se para receber a Sagrada Comunhão. Ao rezar pelos Bispos e pela minha pátria, os Estados Unidos da América, tenho pensado cada vez mais na experiência da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, há mais de 17 anos, na sua reunião de Verão, em Denver, em Junho de 2004, ao abordar a mesma questão. Trata-se de uma experiência que vivi intensamente.

Achei importante oferecer as seguintes reflexões como uma ajuda para todos ao abordarmos, agora e no futuro, um assunto tão crítico — uma questão de vida e morte para os nascituros e de salvação eterna para os políticos católicos envolvidos — na minha pátria, como noutras nações. Tinha querido oferecer estas reflexões muito mais cedo, mas a recuperação de recentes dificuldades de saúde impediu a escrita destas reflexões até agora.

O contexto da reunião de junho de 2004 dos Bispos dos Estados Unidos foi a campanha do Senador John Kerry para Presidente dos Estados Unidos. O Senador Kerry afirmou ser católico, ao mesmo tempo que apoiava e promovia o aborto a pedido na nação. Na altura, era Arcebispo de Saint Louis (nomeado a 2 de dezembro de 2003 e instalado a 26 de janeiro de 2004). Como tinha sido a minha prática como Bispo de La Crosse (nomeado a 10 de dezembro de 1994 e instalado a 22 de fevereiro de 1995), aconselhei o Senador Kerry a não se apresentar para receber a Sagrada Comunhão porque, depois de ter sido devidamente admoestado, persistiu no pecado objetivamente grave de promover o aborto diretamente procurado. Não fui o único Bispo a admoestá-lo desta forma.

Desde o tempo do meu primeiro ministério episcopal na Diocese de La Crosse, tinha enfrentado a situação de políticos que se apresentavam como católicos praticantes e, ao mesmo tempo, apoiavam e faziam avançar programas, políticas e leis em violação da lei moral. Como novo e relativamente jovem Bispo, falei com os irmãos Bispos, especialmente um dos mais antigos sufragâneos da minha província eclesiástica, sobre vários legisladores católicos da Diocese de La Crosse que se encontravam nesta situação. A resposta comum dos irmãos Bispos foi a expectativa de que a Conferência dos Bispos acabaria por abordar a questão.

Conhecendo a minha obrigação moral numa questão de tão sérias consequências, definida no cân. 915, comecei a contatar os legisladores da Diocese de La Crosse, pedindo para me encontrar com eles para discutir a completa incoerência da sua posição em relação ao aborto provocado com a fé católica que professavam. Infelizmente, nenhum deles se mostrou disposto a encontrar-se comigo. Um deles teve comigo uma certa correspondência, insistindo que a sua posição relativamente ao aborto era coerente com a fé católica, seguindo o conselho errado apresentado, por certos professores dissidentes de teologia moral, aderentes da escola herética do proporcionalismo, numa cimeira realizada, no complexo de Hyannisport, da Família Kennedy, no Verão de 1964. A documentação da reunião encontra-se num livro de Albert R. Jonsen, que acompanhou um dos professores dissidentes europeus de teologia moral e esteve presente em toda a reunião.2

Relativamente à recusa dos legisladores em se encontrarem comigo, devo observar que considero, na melhor das hipóteses, ingênuo o refrão comum de que é necessário mais diálogo com os políticos e legisladores católicos em questão. Na minha experiência, eles não estão dispostos a discutir o assunto porque o ensinamento do direito natural, que é necessariamente também o ensinamento da Igreja, está para além da discussão. Em alguns casos, também tive a forte impressão de que eles não estavam dispostos a discutir o assunto, porque simplesmente não estavam dispostos a ter as suas mentes e corações mudados. A verdade continua a ser que o aborto provocado é a destruição consciente e voluntária de uma vida humana.

Quando eu era Arcebispo de Saint Louis, um legislador católico aceitou encontrar-se comigo, embora, como o seu pároco também atestou, não se apresentasse para receber a Sagrada Comunhão. Ele começou o encontro mostrando-me uma fotografia da sua família. Se bem me lembro, a sua esposa e ele tiveram quatro filhos. À medida que a nossa conversa avançava, perguntei-lhe como, tendo-me mostrado com tanto orgulho a fotografia dos seus filhos, podia votar regularmente a favor da matança de bebês no útero. Ele baixou imediatamente a cabeça e disse: “Está errado. Eu sei que está errado”. Embora o exortasse a agir de acordo com a sua consciência, que acabara de exprimir, tive de admirar o fato de, pelo menos, ele ter admitido o mal em que estava envolvido e não ter tentado apresentar-se como um católico devoto. Quanto à realidade objetiva da prática do aborto como uma violação gravíssima do primeiro preceito da lei natural, que salvaguarda a inviolabilidade da vida humana inocente e indefesa, não há nada sobre a qual dialogar. O tema do diálogo deve ser a melhor forma de prevenir um tal mal na sociedade. Tal prevenção nunca poderá envolver a promoção efetiva do mal.

Com o anúncio da minha transferência da Diocese de La Crosse para a Arquidiocese de Saint Louis, a 2 de dezembro de 2003, a imprensa secular viajou para a Diocese de La Crosse, a fim de encontrar material para a criação de uma imagem negativa do novo Arcebispo antes da sua chegada à Arquidiocese. Enquanto que, antes da minha transferência, não houve discussão pública das minhas intervenções pastorais com os legisladores em questão, como é inteiramente apropriado, o assunto tornou-se agora público em dezembro de 2003 e em janeiro de 2004. Ao colocar a questão da aplicação do cân. 915 perante o corpo de Bispos na sua reunião de junho de 2004, a ação pastoral que eu tinha empreendido na Diocese de La Crosse e que estava começando tomar na Arquidiocese de Saint Louis foi seriamente colocada em questão. Para ilustrar o fato, durante uma pausa na reunião, encontrei, numa escadaria, um dos membros eminentes da Conferência dos Bispos, que me agitou o dedo, declarando: Não pode fazer o que tem feito sem a aprovação da Conferência dos Bispos. Para ser claro, outros Bispos estavam seguindo uma ação pastoral semelhante. Respondi à sua declaração assinalando que, quando morrer, irei comparecer perante o Senhor, para prestar contas do meu serviço como Bispo, e não perante a Conferência dos Bispos.

Aqui, devo notar que a ação pastoral tomada não teve nada que ver com a interferência na política. Foi dirigida à salvaguarda da santidade da Sagrada Eucaristia, à salvação das almas dos políticos católicos em questão — que pecavam gravemente não só contra o Quinto Mandamento, mas também estavam cometendo sacrilégio ao receberem indignamente a Sagrada Comunhão — e à prevenção do grave escândalo causado por eles. Quando intervim pastoralmente com políticos católicos, isso foi feito de uma forma devidamente confidencial. Certamente, não dei publicidade a este assunto. Foram antes os políticos que acharam útil apresentarem-se como católicos praticantes, na esperança de atrair os votos dos católicos, que publicitaram o assunto para um fim político.

A discussão durante a reunião de junho de 2004 foi difícil e intensa. Sem entrar nos detalhes da discussão, aparentemente não houve consenso entre os Bispos, embora houvesse entre alguns dos Bispos mais influentes o desejo de evitar qualquer intervenção com políticos católicos que, de acordo com a disciplina do cân. 915, não deveriam ser admitidos a receber a Sagrada Comunhão. Por fim, o Presidente, o então Bispo Wilton Gregory, da Diocese de Belleville, remeteu o assunto a um grupo de trabalho sobre Bispos e políticos católicos, sob a presidência do então Cardeal Theodore McCarrick, que se opôs claramente à aplicação do cân. 915 no caso de políticos católicos que apoiavam o aborto provocado e outras práticas que violam gravemente a lei moral. O grupo de trabalho era composto por um conjunto de Bispos com visões mistas sobre o assunto. Em qualquer caso, com o tempo, o grupo foi esquecido e a questão crítica foi deixada por abordar pela Conferência dos Bispos. Quando o Bispo Gregory anunciou o grupo de trabalho, o Bispo sentado ao meu lado observou que agora podíamos ter a certeza de que a questão não seria abordada.

No contexto de recordar a reunião de Denver da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, em junho de 2004, é importante para mim recontar duas outras experiências pessoais relacionadas.  

Primeiro, na Primavera de 2004, enquanto estava em Washington, D.C., para atividades pró-vida, encontrei-me, em privado, durante quarenta e cinco minutos, com um dos mais altos funcionários do governo federal, um cristão não-católico que manifestava grande respeito pela Igreja Católica. No decurso da nossa conversa, ele perguntou-me se, tendo em conta as graves dificuldades de saúde de S.S. João Paulo II, a eleição de um novo Papa poderia significar uma mudança nos ensinamentos da Igreja relativamente ao aborto provocado. Manifestei alguma surpresa com a sua pergunta, explicando que a Igreja nunca poderá mudar o seu ensinamento sobre o mal intrínseco do aborto provocado porque é um preceito da lei natural, a lei escrita por Deus em cada coração humano. Ele respondeu que tinha feito a pergunta porque tinha concluído que o ensinamento da Igreja sobre o assunto não podia ser tão firme, uma vez que podia nomear-me 80 ou mais católicos no Senado e na Câmara dos Representantes que apoiavam regularmente a legislação pró-aborto.

A conversa em questão foi um testemunho eloquente do grave escândalo causado por esses políticos católicos. De fato, eles contribuíram, de forma significativa, para a consolidação de uma cultura de morte nos Estados Unidos, na qual o aborto provocado é simplesmente um fato da vida quotidiana. O testemunho da Igreja Católica sobre a beleza e bondade da vida humana, desde o seu primeiro momento de existência, e a verdade da sua inviolabilidade foi gravemente comprometido ao ponto de os não-católicos acreditarem que a Igreja mudou ou irá mudar aquilo que é, de fato, um ensinamento imutável. Enquanto a Igreja, cumprindo a missão de Cristo, sua Cabeça, para a salvação do mundo, se opõe totalmente ao ataque à vida humana inocente e indefesa, a Igreja Católica nos Estados Unidos parece aceitar a prática abominável, de acordo com uma visão totalmente secularizada da vida humana e da sexualidade.

A esse respeito, é-me dito que o argumento da verdade sobre a vida humana é frequentemente ineficaz, uma vez que a cultura não tem qualquer consideração pela verdade objetiva, exaltando as opiniões do indivíduo, por mais contrárias que sejam à razão certa. Talvez a abordagem adotada na assistência a mães e pais que contemplam o aborto devesse ser adotada a uma escala mais ampla, nomeadamente a visualização de uma ecografia da minúscula vida humana no seu início. Na minha experiência, quando as mães e os pais pensam em visualizar o aborto primeiro, uma tal ecografia, a maior parte deles não procede ao aborto. A imagem visível da beleza e da bondade da vida humana convence-os do mal do aborto. Tais ecografias devem ser facilmente visíveis, especialmente por aqueles que são responsáveis por conduzir o testemunho essencial da vida da Igreja e por aqueles que são responsáveis pelas políticas, programas e leis da nação, que devem proteger e fomentar a vida humana, e não prever a sua destruição.

O segundo evento teve lugar durante a minha visita a Roma, em finais de Junho e princípios de Julho de 2004, a fim de receber, do Papa João Paulo II, o pálio de Arcebispo Metropolitano de Saint Louis. Dada a difícil experiência do encontro em Denver, no início do mês de junho, fui aconselhado a visitar a Congregação para a Doutrina da Fé, a fim de ter a certeza de que a minha prática pastoral era coerente com o ensinamento e a prática da Igreja.

Fui recebido em audiência pelo então Prefeito da Congregação, Sua Eminência Joseph Cardinal Ratzinger, e pelo então Secretário da Congregação, Arcebispo, agora Cardeal, Angelo Amato, e um funcionário de língua inglesa da Congregação. O Cardeal Ratzinger assegurou-me que a Congregação tinha estudado a minha prática e não encontrou nada de censurável nela. Apenas me advertiu para não apoiar candidatos a cargos públicos, algo que, de fato, eu nunca tinha feito. Manifestou alguma surpresa perante a minha dúvida sobre o assunto, dada uma carta que tinha escrito aos Bispos dos Estados Unidos em que tinha abordado minuciosamente a questão. Perguntou-me se eu tinha lido a sua carta. Disse-lhe que não tinha recebido a carta e perguntei-lhe se poderia ter a gentileza de me fornecer uma cópia. Ele sorriu e sugeriu que eu a lesse num blog popular, pedindo ao funcionário de língua inglesa que fizesse uma fotocópia do texto tal como aparecia na sua totalidade no blog.3

A carta em questão expõe, de maneira autoritária, o ensinamento e a prática constantes da Igreja. O fracasso na sua distribuição aos Bispos dos Estados Unidos contribuiu, certamente, para o fracasso dos Bispos, em junho de 2004, em tomar as medidas adequadas na implementação do cân. 915. Agora, é-me dito que se mantém que a carta era confidencial e, portanto, não pode ser publicada. A verdade é que ela foi publicada, já no início de julho de 2004, e que claramente o Prefeito da Congregação, que a redigiu, não ficou de todo perturbado com o fato.

Passaram-se dezessete anos desde a reunião da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, em Denver, durante o mês de junho de 2004. A questão mais grave da aplicação do cân. 915 do Código de Direito Canônico aos políticos católicos que apóiam e promovem programas, políticas e legislação em grave violação da lei natural parece continuar a ser uma questão para a Conferência dos Bispos. De fato, a obrigação do Bispo individual é uma questão de disciplina universal da Igreja, relativamente à fé e à moral, sobre a qual a Conferência dos Bispos não tem autoridade. Efetivamente, vários Bispos compreenderam o seu dever sagrado na matéria e estão a tomar as medidas apropriadas. Uma Conferência dos Bispos cumpre um importante papel de apoio ao Bispo diocesano, mas não pode substituir a autoridade que lhe pertence de forma adequada. É o Bispo diocesano, e não a Conferência, que aplica a lei universal a uma situação particular.4

O trabalho da Conferência dos Bispos consiste em ajudar os Bispos individualmente no cumprimento do seu dever sagrado, de acordo com o cân. 447 do Código de Direito Canônico: “A Conferência episcopal, instituição permanente, é o agrupamento dos Bispos de uma nação, ou determinado território, que exercem em conjunto certas funções pastorais a favor dos fiéis do seu território, a fim de promoverem o maior bem que a Igreja oferece aos homens, sobretudo por formas e métodos de apostolado convenientemente ajustados às circunstâncias do tempo e do lugar, nos termos do direito.” 5 O que mais corresponde à promoção do “maior bem que a Igreja oferece aos homens” do que a salvaguarda e a promoção da vida humana criada à imagem e semelhança de Deus,6 e redimida pelo Preciosíssimo Sangue de Cristo, Deus, o Filho Encarnado,7 corrigindo o escândalo dos políticos católicos que promovem, pública e obstinadamente, o aborto provocado.

Convido-vos a rezarem comigo pela Igreja nos Estados Unidos da América e em todas as nações, para que, fiel à missão de Cristo, seu Esposo, ela seja fiel, límpida e firme na aplicação do cân. 915, defendendo a santidade da Sagrada Eucaristia, salvaguardando as almas dos políticos católicos, que violariam gravemente a lei moral e ainda se apresentariam para receber a Sagrada Comunhão, cometendo, assim, sacrilégio, e impedindo o mais grave escândalo causado pela inobservância da norma do cân. 915.

Que Deus vos abençoe a vós e aos vossos lares. Rezem por mim e, especialmente, pela recuperação da minha saúde.

Vosso, no Sagrado Coração de Jesus e no Imaculado Coração de Maria, e no Puríssimo Coração de São José,

Raymond Leo Cardeal Burke

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Tradução: Diogo de Campos

[1] «Can. 915 Ad sacram communionem ne admittantur excommunicati et interdicti post irrogationem vel declarationem poenae aliique in manifesto gravi peccato obstinate perseverantes.»

[2] Cf. Albert R. Jonsen, The Birth of Bioethics (New York: Oxford University Press, 1998), pp. 290-291.

[3] Cf. https://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/7055.html; Tradução inglesa:

https://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/7055bdc4.html?eng=y.

[4] Cf. can. 447; e Ioannes Paulus PP. II, Litterae Apostolicae Motu proprio datae Apostolos suos, De theologica et iuridica natura Conferentiarum Episcoporum, 21 Maii 1998, Acta Apostolicae Sedis 90 (1998) 641-658.

[5] «Can. 447 Episcoporum conferentia, institutum quidem permanens, est coetus Episcoporum alicuius nationis vel certi territorii, munera quaedam pastoralia coniunctim pro christifidelibus sui territorii exercentium, ad maius bonum provehendum, quod hominibus praebet Ecclesia, praesertim per apostolatus formas et rationes temporis et loci adiunctis apte accommodatas, ad normam iuris.»

[6] Cf. Gn 1, 27.

[7] Cf. 1 Pe 1, 2. 19; 1 Jo 1, 7; Rom 3, 25; Ef 1, 7; e Heb 9, 12; e Ap 1, 5.