26 de janeiro de 2023

Pobreza de milagres aparentes em nossos dias

Panorama da pequena cidade italiana de Genazzano [Fotos PRC]


✅  Plinio Maria Solimeo 

Nosso mundo materializado e ateu não merece testemunhar grandes milagres, como os que ocorriam em épocas de muita fé. É por isso que os há tão poucos. 

Lendo um documentadíssimo livro sobre Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, escrito no final do século XIX por Monsenhor George F. Dillon, deparei-me com um fato surpreendente, portador de não somente um, mas de vários milagres sucessivos. 

Descrevendo a capela da Basílica de Nossa Senhora em Genazzano, o autor fala de um altar lateral onde há um afresco da Crucifixão de tamanho natural, muito venerado pelos peregrinos que ali acorrem. Isso se dava na época em que ele escrevia, 1883, e continua em nossos dias. 

O que tem esse altar de especial, para atrair tanta devoção? 

Segundo Mons. Dillon, esse afresco é muito antigo, tendo entrado para a História no ano de 1540, quando o príncipe Colonna, senhor de Genazzano, rebelado contra o Papa Paulo III por uma questão de tributação, fez com que as tropas pontifícias se vissem obrigadas a sitiar suas principais fortalezas, entre as quais a de Genazzano. 

No considerável período desse sítio, alguns dos soldados de Colonna começaram a beber e a jogar para passar o tempo, como é comum entre as tropas. Eis que um deles, tendo perdido tudo no jogo e excitado pelo vinho, começou a blasfemar horrivelmente contra Deus e seus Santos. 

Mas não se deteve aí. Entrou depois na igreja de Santa Maria, onde se deparou com o afresco da Crucifixão [foto]. Em vez de se comover ante tão piedosa cena, atribuindo a culpa de seu infortúnio a Deus, desembainhou a espada e, para horror dos presentes, desferiu um tremendo golpe no rosto do Crucificado, outro em seu sagrado peito, e um terceiro nas suas pernas. 

Ocorreu então um estupendo milagre: como se as feridas tivessem sido infligidas ao Corpo vivo de Cristo, o sangue jorrou de todas elas, e cobriram a espada do malfeitor que as causou. 

Vários dos companheiros do soldado testemunharam com horror o insano sacrilégio. E passado o primeiro impacto, decidiram punir seu miserável autor. Este, em vez de mostrar qualquer sinal de arrependimento à vista do claríssimo milagre, procurou fugir. Alcançado pelos companheiros, foi trucidado por suas espadas. 

Afirma Mons. Dillon que essa história foi assim contada por vários historiadores. Contudo, diz ele que “este escritor ouviu de um velho padre agostiniano outra versão do destino do soldado. Que o infeliz escapou da morte que tão justamente merecia, arrependeu-se e terminou por tendo vida santa e penitencial como irmão leigo agostiniano”. 

Sucederam-se outros fatos milagrosos relacionados a esse. Um deles é que a referida espada se dobrou em três [foto ao lado], exatamente nos lugares em que atingiu a figura sagrada, e nunca pôde ser endireitada. 

Por exemplo, em 1688, por ordem do Cardeal Colonna, na presença dele e de várias testemunhas, a espada foi endireitada pelo ferreiro André Barbarano, que usou fogo e marreta para isso. 

Ocorreu entretanto que, tão logo terminado seu trabalho, a espada voltou instantaneamente à posição dobrada, que mantém até hoje. Por isso ela é guardada cuidadosamente em um nicho de vidro perto do altar da Crucifixão, como um registro perpétuo do milagre. Esse altar passou a ser objeto de especial veneração pelos peregrinos. 

Mons. Dillon afirma que esse fato, ocorrido no século XVI, estava ainda muito vivo em 1883, quando ele escrevia. 

O autor das presentes linhas quis saber se isso ainda ocorre em nossos dias, isto é, no ano de 2023. Escrevendo a Nestor Fonseca, um amigo residente na Itália, recebi dele a seguinte informação: 

 

“Tivemos a graça de, por ocasião do Natal, passar em Genazzano. Lá rezei pelo senhor e pelo bom andamento do livro sobre Nossa Senhora do Bom Conselho. Sim, efetivamente o altar com a pintura de Nosso Senhor crucificado continua tal e qual a descrição de Mons. Dillon, bem como a espada torcida dentro de uma espécie de nicho. Ao lado deste último há três textos emoldurados (em italiano, inglês e francês [foto]) com o relato explicativo daqueles portentos (21-1-2023)”.



Como dissemos, milagres como esses, que ocorriam com tanta frequência nos bons tempos de antanho e alimentavam a piedade dos fiéis, são raros em nossos dias. Ainda os há — basta ver Lourdes —, mas são raros e pouco conhecidos.

12 de janeiro de 2023

O ANO FINDO EM RETROSPECTIVA

Em meio a crises contínuas, esperança; em meio ao colapso generalizado, confiança 



Fonte: Catolicismo, Nº 865, Janeiro/2023

Poderíamos considerar diversos aspectos da matéria de capa [Catolicismo de janeiro/2023 – acima a foto da capa da revista] com a retrospectiva da caótica situação da Igreja e das nações ao longo de 2022. Se tomarmos apenas o Brasil, eles são numerosos, sobretudo quanto às recentes eleições presidenciais. 

Para se ter uma ideia geral da situação, nada melhor do que recorrer a uma metáfora. Vamos tomar a fábula do “Escorpião e o sapo”, atribuída a Esopo. Com certas adaptações feitas por nós, conta-se que um escorpião sempre prometia fazer o bem. Contudo, os que o conheciam não confiavam mais nas suas promessas. 

Assim, o escorpião resolveu se mudar para a outra margem do rio, a fim de realizar as suas “boas ações” numa nova praça. Mas como chegar lá, se não sabia nadar nem construir canoa? Eis que lhe surgiu uma ideia: pedir ao sapo que o levasse nas costas. 




O escorpião aproximou-se de um deles que coaxava à beira do rio e pediu: “Sapinho querido, você poderia me dar uma carona carregando-me até a outra margem deste rio tão largo?”


O sapo respondeu: “Tá maluco! Eu sou sapo, mas não sou burro. Você vai me picar e eu vou morrer”! 

Replicou o ardiloso escorpião: “Não é verdade! Eu só quero fazer o bem lá do outro lado do rio; ademais, se eu o picasse, ambos afundaríamos. Você morreria com a ferroada e eu afogado”. 

— “Sim, é verdade”, disse o sapo. Confiado na “lógica” do escorpião, ele mudou de opinião, concordou em dar a carona, levou o escorpião em seu dorso. Chegando à outra margem do rio, inesperadamente o escorpião cravou o seu venenoso ferrão no sapo...

Atingido pelo golpe mortal, o sapo, gemendo de dor, apenas conseguiu gritar: “Mas por que isso? Você me havia prometido que não me picaria?” 

E o peçonhento escorpião, limpando o ferrão, respondeu: “É que sou escorpião. Foi por instinto, amigo sapo. Agi segundo minha natureza, picar com veneno está no meu DNA”. 

Na Igreja, no mundo e no Brasil muitíssimos sapos — empresários, intelectuais, religiosos, gozadores da vida, enfim a “saparia” é muito vasta — colaboraram com os inimigos, ajudando a transportar escorpiões. Entre nós, por exemplo, nas vésperas das últimas eleições, numerosos brasileiros sapos (também os “sapiformes”) acreditaram na “lógica” do escorpião e apoiaram Lula da Silva, mesmo conhecendo seu DNA, seu passado que havia envenenado o País! 

Para conseguir ser eleito, o petista contou com a indulgência e ajuda de sapos bem poderosos, além da mídia e do clero esquerdista. Eles propagaram um Lula light para atenuar o medo de incontáveis brasileiros. Mas o new look de Lula tem prazo de validade... Quando o escorpião picar fatalmente, como reclamar? Quando Lula, seguindo os passos do falido Chávez, “venezualizar” o Brasil, a quem recorrer? 

Neste Novo Ano, peçamos a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que fortaleçam ainda mais a “onda conservadora” que surgiu, para resistir e lutar, sempre dentro da lei e da ordem, a fim de salvar o Brasil do desastre.

11 de janeiro de 2023

ESPERANÇA E CONFIANÇA


N
a atual e catastrófica situação nacional, todos brasileiros que desejamos a salvação de nosso País precisamos confiar e não desesperar. Voltemos nossos olhos para a Santa Mãe de Deus, dirigindo-Lhe as palavras memoráveis de São Bernardo: “Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado”. A propósito, seguem alguns pensamentos muito oportunos para esse momento trágico. 

“Confiança é uma esperança fortalecida por sólida convicção”. 

(São Tomás de Aquino) 


“A esperança é o sonho do homem acordado”. 

(Aristóteles) 


“Reze, tenha esperança, e não se preocupe. A preocupação é inútil. Deus é misericordioso e ouvirá sua oração”. 

 (São Padre Pio de Pietrelcina) 


“Eu dou muita importância, ao lado confiança, à esperança. Contra todos os obstáculos, contra todas as aparências: confiar, confiar, confiar, porque o inesperado virá. E no dia em que vier o inesperado, virá com ele a vitória”. 

(Plinio Corrêa de Oliveira) 


“Há uma coisa mais triste de perder do que a vida: é perder a razão de viver; mais triste do que perder seus bens é perder sua esperança”. 

(Paul Claudel) 


“A esperança confiada a Deus nunca volta desiludida”. 

(Provérbio português)

2 de janeiro de 2023

Olhos e coração de águia num corpo de passarinho

Neste mês celebramos o sesquicentenário do nascimento de Santa Teresinha do Menino Jesus, em Alençon (Normandia), no dia 2 de janeiro de 1873. Em homenagem a essa veneradíssima santa carmelita, transcrevemos um dos numerosos comentários de Plinio Corrêa de Oliveira, seu grande devoto e apóstolo. 

✅  Plinio Corrêa de Oliveira 

Santa Teresinha dizia que ela tinha os olhos e o coração de uma águia e o corpo de um passarinho. Ou seja, com a mente ela entrevia as maiores coisas e as amava com o coração de uma águia. Mas o corpo era pequeno e as possibilidades de pôr em prática as mortificações extraordinárias eram também pequenas. 

“Possibilidades pequenas”, porque ela era uma alma chamada a santificar-se apenas realizando aquilo que é a essência da santidade, mas realizando de modo admirável, com uma elevação de espírito sem par, com alta concepção das coisas ideais, nobres, celestes e divinas. Isso de um modo único, com um amor enorme. 

Santa Teresinha prometeu que após seu falecimento derramaria uma chuva de rosas. Essa promessa é motivo para pedirmos para cada um de nós uma rosa. As rosas, evidentemente, eram graças que ela prometia. São as rosas da vida espiritual. 


Podemos pedir a ela a disposição de alma super-excelente que ela teve, pela qual tinha o espírito tão elevado, tão voltado para as coisas celestes, tão desapegado das coisas da Terra, que isso foi o que deu valor enorme às pequenas ações de uma pessoa que continuamente se oferecia a Deus como vítima expiatória. 

Devemos aproveitar para suplicar também a Nossa Senhora uma rosa. De maneira que podemos pedir a Santa Teresinha para praticarmos essa elevação para as coisas celestes dentro da escravidão a Nossa Senhora, como ensina São Luís Maria Grignion de Montfort.

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 3 de outubro de 1966. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.