“Falso amigo do ocidente”, amigo de Putin e Maduro, “Lula não é mais Lula”; esperado como um “messias”, virou “uma miragem”
✅ Paulo Roberto Campos
O que quase todo o mundo já estava percebendo, foi confessado e se tornou evidente com a matéria publicada pelo jornal francês Libération. Na capa de sua edição do dia 23 de junho [foto], o atual presidente brasileiro é manchete: LULA — A DECEPÇÃO. Ademais, qualifica-o de “falso amigo do Ocidente”.
Falsidade que ficou escancarada com a inequívoca posição do governo lulo-petista favorável ao sanguinário ditador da Rússia, Vladimir Putin. Desiludido, constatou o diário parisiense: “O presidente brasileiro não é o precioso aliado que imaginávamos”. Demorou... Pois, devido ao affaire Ucrânia, seria preciso isolar a Rússia, culpada pela brutal e covarde invasão.
Apesar de defender uma posição diplomática extremamente anacrônica, Luiz Inácio Lula da Silva, que era esperado como um “messias”, virou “uma miragem”, conforme o Libération.
Posição contra a Ucrânia e favorável a Maduro
Nesse mesmo sentido, outra publicação francesa, a revista L´Express, estampou na sua edição de 7 de junho um artigo de Axel Gylden, no qual ele afirma que “Lula não é mais Lula”, que a diplomacia do presidente petista, antes pretendida como “mágica”, está ultrapassada, não funciona mais. E exemplificou com a posição lulista contrária à Ucrânia e favorável a Nicolás Maduro.
O artigo comentou ainda a recepção, com pompa e circunstância, ao ditador Maduro, no dia 30 de maio último, ao qual Lula estendeu “tapete vermelho”, prestando-lhe todas as honras, inclusive militares, próprias a um chefe de Estado democrático. A revista francesa lembra também que na recente Cúpula do G7, no Japão, Lula da Silva foi o único a não se levantar para cumprimentar Zelensky, o presidente ucraniano [foto ao lado].
Voltemos à reportagem do Libération. Depois de falar da vergonhosa recepção de Lula a Maduro, muy amigo de Putin, perguntou o óbvio: se Lula da Silva “não tem conhecimento dos abusos cometidos na República Bolivariana do Autoritarismo”.
Brasília (DF) 29/05/2023 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Itamaraty, durante almoço com o presidente Lula . Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil |
Êxodo de sete milhões de venezuelanos e apoio da Rússia
Poderíamos elencar sinteticamente, entre tantas calamidades que Maduro provocou na outrora próspera Venezuela: sua responsabilidade por ter jogado na miséria um país possuidor de uma das maiores reservas de petróleo do mundo; por ter gerado a maior crise econômica (com a inflação batendo os 300% por ano...); a maior onda migratória de nossos tempos; uma crise de refugiados maior até do que a de países em guerra, como a Ucrânia e a Síria.
Quanto a este último ponto, desde 2015, sete milhões de venezuelanos fugiram para países fronteiriços (Cfr. Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados - Acnur). Ou seja, 1/4 da população, pois o país conta com 28 milhões de habitantes. Seis milhões e meio deles não têm alimentação básica; muitos dizem ir para cama dormir a fim de não sentir fome; 30% das crianças sofrem de desnutrição aguda; a maior parte dos hospitais está sem as mínimas condições para atender pacientes.
Venezuelanos que fugiram para o Brasil, recebidos pela “Operação Acolhida”, mesmo vivendo aqui em condições muito precárias, dizem viver num paraíso, se comparar com as condições famélicas nas quais viviam em sua terra natal, onde o salário-mínimo é de apenas cinco dólares.
Nas eleições venezuelanas os resultados foram escancaradamente manipulados; cassaram-se os direitos políticos de candidatos oponentes, outros foram presos, alguns torturados, para não concorrerem com Maduro; diversas nações consideram que as eleições foram fraudadas; mais de 500 meios de comunicação foram fechados.
Em público, falar mal do presidente do país “com excesso de democracia” — como o qualificou Lula anos atrás — pode ser punido com até 20 anos de prisão. Para tal, Maduro conta com o apoio de uma polícia política a fim de reprimir qualquer oposição, além da assistência russa e cubana no setor de inteligência, o que lhe permite perpetuar-se no poder.
Não se pode deixar de recordar que a nação vizinha está dominada pelo narco-terrorismo e que Maduro foi processado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes políticos e contra os direitos humanos, bem como por lavagem de dinheiro; ele é também acusado de estar vinculado ao tráfico de drogas e de armas. O senador americano Marco Rubio (Partido Republicano da Flórida) pediu que a Interpol colocasse Nicolás Maduro na lista vermelha de “procurados”.
Lula estendeu “tapete vermelho” para o ditador chavista, prestando-lhe todas as honras, inclusive militares, próprias a um chefe de Estado democrático. |
O insuspeito Libération — jornal de esquerda — não pôde deixar de denunciar Lula por sua patética e indisfarçável posição favorável ao déspota venezuelano, como se este fosse um presidente legitimamente eleito... Tão “legítimo” que mais de 50 países não reconhecem o governo da narco-ditadura chavista. É até risível a posição do presidente petista, mas não é fake, nem narrativa, é fato!
Não se pode fazer “vistas grossas” para a situação venezuelana
No encontro que reuniu 11 presidentes da América do Sul em Brasília, no dia 30 de maio, Lula teve a ridícula e megalomaníaca pretensão de liderar e “desenhar” um novo modelo de integração sul-americana, de relançar a União de Nações Sul-Americanas-Unasul, e de promover a criação de uma utópica moeda-comum para o comércio no “Cone Sul”, a fim de retaliar os Estados Unidos e sua moeda.
Os mandatários não gostaram do tratamento especial que Lula dispensou a Maduro. Entre muitos disparates, Lula disse que tudo quanto se fala de autoritarismo de Maduro e restrição às liberdades democráticas na Venezuela não passa de uma “narrativa que se construiu”...
Com efeito, Lula foi criticado por alguns presidentes por essa “narrativa” sem fundamento na realidade. Principalmente dois deles foram contundentes nas críticas.
Brasília (DF) 30/05/2023 - O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, deixa o Palácio do Itamaraty, após reunião de Presidentes dos países da América do Sul. Foto Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil |
O presidente do Uruguai, Luís Alberto Lacalle Pou, criticou a união de países com base numa agenda falida, com um Mercosul enquanto “clube ideológico”: “Temos discrepância com o que Lula disse ontem [dia 29 de maio]. Basta de instituições unidas com cunho ideológico”. Ele rebateu a fala de Lula dizendo ter “ficado surpreso quando foi dito tratar-se de uma narrativa o que vem acontecendo na Venezuela. Os Srs. já sabem o que pensamos sobre a Venezuela e o governo da Venezuela [...]. Se há tantos grupos no mundo tentando mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que sejam respeitados os direitos humanos e para que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é tentar tapar o sol com um dedo”.
Por sua vez, o presidente do Chile, Gabriel Boric [no centro da foto acima], mesmo sendo de esquerda, discordou do discurso de Lula quanto ao regime ditatorial da Venezuela, violador contumaz dos direitos humanos: “Não se pode fazer vistas grossas a princípios importantes. Discordo do que Lula disse. Não é uma ‘construção narrativa’, é uma realidade e tive a oportunidade de ver em centenas de milhares de venezuelanos que vivem em nosso país.”
Incompreensível e ridícula bajulação de Lula a Maduro
Até mesmo ex-ministros esquerdistas de Hugo Chávez — antecessor e guru de Maduro — rebateram o presidente petista por sua solidariedade com o mandatário venezuelano. Em carta aberta divulgada no dia 1º de junho, os ex-ministros Rodrigo Cabezas, Héctor Navarro, Ana Elisa Osorio e Oly Millan declararam que a crise na Venezuela não é uma “narrativa que se construiu”, como disse Lula, e citam processos contra Maduro por violações de direitos humanos. Escreveram que “neste exato momento, há 281 presos políticos na Venezuela”.
Eles se referem também ao fechamento de jornais, rádios, canais de TV e o banimento de partidos políticos por parte do Supremo Tribunal de Justiça — inteiramente subjugado pelo chavismo (Cfr. O Estado de S. Paulo, 2-6-23).
Em seu Twitter, Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP e colunista de O Estado de S. Paulo, escreveu que o discurso de Lula é prejudicial ao Brasil: “A retórica incrivelmente bajuladora de Lula em relação a Maduro — cuja repressão sistemática e abusos de direitos humanos estão bem documentados — é muito mais prejudicial à reputação internacional do governo brasileiro do que qualquer outra coisa que Lula tenha dito ou feito até agora.”
* * *
A continuar neste devaneio e descaminho, logo mais o atual desgoverno estará estendendo tapete vermelho também para os ditadores da Nicarágua, da Coreia do Norte, da China e da Rússia. De tanto aproximar-se deles, poderá levar o Brasil a se tornar parecido com aqueles tirânicos regimes de terror.
Nossa Senhora Aparecida livre disso o nosso tão querido e sofrido País, profundamente decepcionado e indignado pelo apoio que autoridades eclesiásticas do mais alto nível vêm prestando à demolição do que resta de civilização cristã na Terra de Santa Cruz!