28 de fevereiro de 2016

CONVITE


O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira esta promovendo importante conferência no Club Homs (Av. Paulista, 735, na cidade de São Paulo), às 19:00 hs do próximo dia 3 de março (Quinta-Feira).

         O conferencista será o valoroso Coronel Luis Alfonso Plazas Vega [foto], que estará no Brasil por apenas alguns dias. No Club Homs ele falará sobre a retomada do Palácio de Justiça da Colômbia, invadido em 1985 pelo movimento terrorista M-19, numa tentativa de se implantar, por meio de um golpe, o regime comunista em seu país. Os terroristas do M-19, após executarem friamente alguns magistrados, funcionários e pessoas do público — desesperados com a pronta reação militar liderada pelo Cel. Plazas Vega —, atearam fogo no edifício, deixando um saldo de 98 mortos.

O heroico coronel colombiano comandou com muito êxito a operação militar, desalojou os guerrilheiros, resgatou com vida quase 300 pessoas detidas como reféns dentro do Palácio de Justiça e restabeleceu a ordem.

Por artifícios empregados pela esquerda colombiana — aos moldes semelhantes à “Comissão da Verdade” criada no Brasil — o Cel. Plazas Vega fora condenado a 30 anos de prisão, acusado de ser responsável pelo desaparecimento de alguns terroristas. Entretanto, em dezembro último, após ter cumprido 8 anos e meio de prisão, foi inocentado e libertado pela Suprema Corte do país, que constatou que a sentença condenatória havia se fundamentado em falsos testemunhos...

         Tal fase da vida corajosa desse militar colombiano pode ser considerada uma grande epopeia. A fim de melhor tomar conhecimento desse ato de heroísmo e das injustiças sofridas, convidamos nossos leitores para a conferência. A entrada é franca, necessitando apenas a inscrição por meio do site do Instituto que organiza o evento, no seguinte link:

http://celplazas.ipco.org.br/celplazasvega

Corte Suprema decretou a imediata libertação do Coronel Alfonso Plazas Vega. A respeito, assista o vídeo:

26 de fevereiro de 2016

Das declarações ambíguas e polêmicas

Parece ter virado rotina, Francisco afirmar nas alturas (na foto a bordo do avião em sua última viagem) coisas ambíguas que depois são exploradas pela mídia.

Hermes Rodrigues Nery (*)

Uma das estratégias de manipulação midiática apresentadas por Noam Chomsky é a da gradação, que “para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas”, pois as medidas para uma revolução não podem ser “aplicadas de uma só vez”

De alguma forma, as declarações informais do papa Francisco, a bordo do avião de volta de suas viagens, fazem lembrar a estratégia de Chomksy. 

Nunca foi preciso sacerdotes e leigos comprometidos com a Igreja terem de sair nas redes sociais explicando aos fiéis atônitos diante de uma declaração ambígua e desconcertante, de que não era bem isso que o papa queria dizer, que a mídia deturpou suas palavras, de que jamais ele contrariou a doutrina católica, de que é preciso entender o contexto, etc. Desde o impacto da declaração “quem sou eu para julgar?”, quando indagado sobre o homossexualismo, essa parece ser uma tônica, enquanto estratégia, não apenas em entrevistas informais a bordo do avião, mas até nas concedidas para a imprensa, como, por exemplo, as que ele deu para Antonio Spadaro, em "La Cività Cattolica". 

As questões polêmicas não causaram inquietação nos que estão fora da Igreja, pelo contrário, seus conhecidos adversários ficaram satisfeitíssimos com a abordagem de tais declarações, comemoram até, e imediatamente publicaram em seus blogs, jornais e demais periódicos, editoriais elogiosos. A devastação é causada dentro da Igreja, em que, por durante dias consecutivos permanece a discussão sobre o que ele quis dizer exatamente com isso ou aquilo, até que a maioria dos jornais e sites católicos acomodam a situação, buscando de todas as formas dar razão ao que, em certos casos, fica muito difícil defender, especialmente por nós, católicos apostólicos romanos que amamos a Igreja. 


E então, foi doloroso ter visto a sua declaração, no retorno do México à Itália, quando afirmou uma imprecisão histórica ao falar sobre contraceptivos, dando a entender que Paulo VI havia aprovado o uso de anticoncepcionais, no caso das freiras violentadas no Congo Belga, quando, na verdade, o papa Montini jamais fizera aquilo e, pelo contrário, foi categórico em condenar os contraceptivos na Humanae Vitae, alguns anos depois. 

O engano histórico, tantos dias depois, ainda não foi reparado pela sempre ágil (quando convém) Sala de Imprensa da Santa Sé. E mais: de ter feito questão de se encontrar com o Patriarca Ortodoxo Russo (dias depois, a presidente Dilma Roussef disse ter se sentido honrada com a sua presença no Palácio do Planalto), em que, juntamente com Kiril, reforçou a estratégia geopolítica de Putin (o eixo russo-chinês, do qual a “Pátria Grande” está alinhada, com o internacionalismo de esquerda), isolando ainda mais os greco-católicos ucranianos, e mesmo os católicos russos, afirmando ainda na mesma entrevista que agora seu maior sonho é visitar a China. 

Não foram poucas as mensagens recebidas in box do facebook, de muitas pessoas indagando sobre o que dizer aos catequizandos sobre essa ou aquela declaração, e como se defender daqueles que dizem que estamos querendo ser mais católicos que o próprio papa, quando queremos apenas ensinar o que realmente está no Catecismo da Igreja Católica. E então os rótulos de conservadores, restauracionistas e tudo mais são atirados para todos os cantos, no intuito de frear ou neutralizar os que apenas querem ser fiéis à sã doutrina católica, nesses tempos cada vez mais difíceis, de muita provação. 

Outro dia, numa visita a uma paróquia, um padre pedindo uma opinião minha sincera sobre determinadas declarações e até atitudes, como aquela de ter aceitado o abominável presente de Evo Morales, com Cristo crucificado numa foice e martelo, a resposta que podemos dizer é da nossa convicção da promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo de que a Igreja sempre terá a proteção do Espírito Santo, e de que rezamos por Francisco e nos empenhamos em compreender tudo o que está acontecendo. E mesmo assim vieram tantos outros questionamentos. 

O sacerdote confidenciou que tem sido muito difícil explicar aos fiéis sobre tantas coisas, e que os próprios fiéis, muitos deles bastante simples, sentem que alguma coisa não bate, não encaixa, mas eles não sabem dizer o que afinal acontece. “O fato é – disse-me ele – que a revolução em curso é inevitável, e não sabemos que efeitos terá”. E as declarações dadas “em contas gotas” vão diluindo toda e qualquer resistência, porque esta e outras estratégias, como as apresentadas por Chomsky, dão “mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.” E prosseguiu: “Pois mudanças estão sendo preparadas, desde o primeiro dia, e muitos trabalhando com afoiteza, para que no momento oportuno, os próprios católicos estejam prontos para aceitá-las. Por isso, as declarações ambíguas não parecem ser tão espontâneas assim, mas calculadas, como uma estratégia de gradação, a preparar a revolução, que ninguém sabe exatamente para onde irá levar a Igreja.” Enquanto isso, continuaremos rezando pelo papa Francisco, como ele nos pediu, desde o primeiro instante.
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Prof. Hermes Nery é jornalista. 

17 de fevereiro de 2016

Microcefalia: o novo pretexto para o aborto


Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
www.providaanapolis.org.br

“Temos que conquistar nosso terreno centímetro por centímetro”

Neste setor de abortos há uma corrente forte da qual participam muitos médicos, que acreditam no dogma de Hitler. O aborto deu a algumas pessoas grande poder sobre a vida e sobre a morte. Aguardamos o tempo em que a mãe terá o direito de matar o seu filho até algumas horas depois do parto normal. Quando a criança nasce a mãe deve ter a possibilidade de olhar bem para ela e ver se corresponde à sua expectativa e resolver se ela deve continuar vivendo. Isto é o ideal, o sonho, naturalmente. Mas ainda estamos muito longe do tempo em que a sociedade em seu conjunto aceite uma coisa destas. Temos que ir muito devagar. 

Se se dissesse uma coisa destas logo no começo, quando entrou em vigor a Lei do Aborto, teria havido protestos, o público teria ficado horrorizado. Temos que conquistar nosso terreno centímetro por centímetro[1]. 

As palavras acima foram pronunciadas por um farmacêutico, dono de um consultório de teste de gravidez em Londres. Foram gravadas secretamente pelos jornalistas Michael Litchfield e Susan Kentish, que investigavam o que ocorria nas clínicas de aborto logo após a sua legalização na Inglaterra (o “Abortion Act”, de 1967). Esta foi uma das vezes em que os jornalistas se depararam com uma simpatia entre os praticantes do aborto e as ideias nazifascistas. Digna de nota é a frase: “Temos que conquistar nosso terreno centímetro por centímetro”

No Brasil está acontecendo algo semelhante. Em abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal julgou procedente o pedido da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54 (ADPF 54), deixando de considerar crime o aborto de crianças anencéfalas. Agora, com o surto do nascimento de crianças com o perímetro cefálico menor que 32 centímetros (microcefalia), fato este supostamente associado ao vírus zika, eis que aparece um grupo desejando pleitear na Suprema Corte o aborto de tais bebês de cabeça pequena[2]. 

E o advogado que defendeu a ignóbil causa do aborto de anencéfalos é hoje ministro do STF: Luís Roberto Barroso. Pode-se imaginar qual será o voto dele quanto à morte dos portadores de microcefalia... 

Uma jornalista portadora de microcefalia

Não foi à toa que a jornalista Ana Carolina Cáceres, 24 anos, moradora de Campo Grande (MS), portadora de microcefalia, reagiu com indignação à notícia do plano de liberar o aborto de pessoas como ela. Eis o que ela disse em entrevista à BBC Brasil:
Quando li a reportagem sobre a ação que pede a liberação do aborto em caso de microcefalia no Supremo Tribunal Federal (STF), levei para o lado pessoal. Me senti ofendida. Me senti atacada. 
No dia em que nasci, o médico falou que eu não teria nenhuma chance de sobreviver. Tenho microcefalia, meu crânio é menor que a média. O doutor falou: ‘ela não vai andar, não vai falar e, com o tempo, entrará em um estado vegetativo até morrer’. 
Ele  como muita gente hoje  estava errado. 
Meu pai conta que comecei a andar de repente. Com um aninho, vi um cachorro passando e levantei para ir atrás dele. Cresci, fui à escola, me formei e entrei na universidade. Hoje eu sou jornalista e escrevo em um blog. 
Escolhi este curso para dar voz a pessoas que, como eu, não se sentem representadas. Queria ser uma porta-voz da microcefalia e, como projeto final de curso, escrevi um livro sobre minha vida e a de outras 5 pessoas com esta síndrome (microcefalia não é doença, tá? É síndrome!). 
Com a explosão de casos no Brasil, a necessidade de informação é ainda mais importante e tem muita gente precisando superar preconceitos e se informar mais. O ministro da Saúde, por exemplo. Ele disse que o Brasil terá uma ‘geração de sequelados’ por causa da microcefalia. 
Se estivesse na frente dele, eu diria: ‘Meu filho, mais sequelada que a sua frase não dá para ser, não’. 
Porque a microcefalia é uma caixinha de surpresas. Pode haver problemas mais sérios, ou não. Acho que quem opta pelo aborto não dá nem chance de a criança vingar e sobreviver, como aconteceu comigo e com tanta gente que trabalha, estuda, faz coisas normais - e tem microcefalia. 
As mães dessas pessoas não optaram pelo aborto. É por isso que nós existimos[3].

Uma sobrevivente de um aborto tentado 

Tatiana Alves Baliana, 34 anos, funcionária pública de Uberlândia (MG), sobrevivente de uma tentativa de aborto, dá o seguinte testemunho:
Amados irmãos, peço-lhes um favor: 
Deitem em sua cama e aconcheguem em seus cobertores, edredons e lençóis. 
Durmam...  
De repente, vocês têm a sensação de perder o ar, ficam ofegantes, mas como saber se é sonho ou realidade? 
É a realidade e, estão perdendo o ar, não conseguem respirar e, até mesmo desfalecem...  
Têm a sensação de estar caindo em um abismo, mas de repente o ar volta!!! 
Ai, como é bom ter a sensação de respirar, sentir o ar encher os seus pulmões... 
Sensação de vida, né?  
Pois bem, lembram-se da falta de ar, da vontade constante de respirar e não poder? De cair em um abismo e não conseguir voltar?  
Sim, eu sei bem o que é isto, eu passei por isto...
Passei por isto como uma criança indefesa que não tinha para onde ir ou correr...  
Nasci aos 5 meses e meio de gestação em um aborto provocado por sonda, onde esta sensação que vocês tiveram, eu tive, porém com um detalhe: nasci morta.
Para a honra e glória da Santíssima Trindade, da Santíssima Virgem e de meu Santo Anjo da Guarda, eu comecei a me mexer e gritaram: O feto está vivo! 
Sim, eu era um feto, para os médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem, eu era apenas um feto lutando pela vida, após inúmeras tentativas de aborto, até a que culminou com o meu nascimento, abandono no hospital e a minha adoção.  
Portanto amados, se vocês acham que o aborto é direito da mulher, pois “meu corpo, minhas regras”, pensem no corpo e nas regras da criança que está sendo gestada.  
Só Deus sabe a minha missão e o motivo por que consegui sobreviver. Sou uma mulher feliz, pois tenho uma família maravilhosa, à qual só tenho a agradecer.  
Mas, eu sei o que sinto todas as vezes que vejo notícias de abortos, ou até fotos de instrumentos usados para este infanticídio. Sinto que sou eu que estou sendo abortada, que o que aconteceu no dia 29/10/1981 está acontecendo novamente, só que desta vez com outros instrumentos, outras formas e outros jeitos.  
Eu passei por isto, e não quero que nenhuma criança sofra o que eu sofri. Tente, coloque-se no lugar daquela criança. Tenho certeza que você não ficaria feliz de morrer de formas tão cruéis. 
Lembre-se: Deus deu a vida e somente Ele tem o poder para tirá-la.  

O primeiro inocente 

Infelizmente, o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, célebre em Goiânia por autorizar abortos eugênicos, passou agora a defender publicamente o direito ao aborto de crianças microcéfalas. Eis suas palavras:
Se houver pedido oportuno por alguma gestante no caso de gravidez com microcefalia e zika com comprovação médica de que esse bebê não vai nascer com vida, analogicamente a autorização judicial poderá ser concedida[4]. 
Acontece que a microcefalia não é nenhuma sentença de morte logo após o parto. Normalmente tais crianças nascem vivas (que o diga Ana Carolina Cáceres), a menos que haja alguém que queira abortá-las. 

Embora o juiz Jesseir insista que o aborto deve ser avaliado “caso a caso” e que “é importante não banalizar”, não sei de um único caso em que esse magistrado tenha negado um pedido de aborto de deficientes. 

Segundo Ricardo Dip, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, 
É conhecido o emblemático episódio — difundido até pela indústria do cinema — em que um oficial nazista, durante os processos do Tribunal de Nuremberg, explicou a um seu colega, médico e militar norte-americano, que as atrocidades do nacional-socialismo germinaram a contar do dia em que se aceitou, sem resistência, matar o primeiro inocente[5].
Conscientemente ou não, o juiz Jesseir, após ter autorizado a morte do primeiro inocente, tem conquistado centímetro por centímetro o terreno rumo ao aborto irrestrito e ao homicídio neonatal. Talvez ele venha a descobrir isso tarde demais...


Anápolis, 15 de fevereiro de 2016. 
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

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[1] LITCHFIELD, Michael; KENTISH, Susan. Bebês para queimar: a indústria do aborto na Inglaterra. 6. ed. São Paulo, Paulinas, 1985, p. 52-54. Título original: Babies for burning: the abortion business in Britain. O “copyright” é de 1974.
[2] Ricardo SENRA. Grupo prepara ação no STF por aborto em casos de microcefalia. BBC Brasil, 26 jan. 2016, in:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160126_zika_stf_pai_rs
[3] Ricardo SENRA. ‘Sou plena, feliz e existo porque minha mãe não optou pelo aborto’, diz jornalista com microcefalia. BBC Brasil, 1 fev. 2016, in: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160201_microcefalia_aborto_pontodevista_ss 
4] Jesseir Coelho de ALCÂNTARA. Aborto em casos de microcefalia. O Popular, 2 fev. 2016, p.7. 
[5] Ricardo DIP. Os direitos humanos do neoconstitucionalismo: direito natural da pós-modernidade? Aquinate, n. 17 (2012), p. 14, in: http://www.aquinate.net/revista/edicao_atual/Artigos/17/C.Aq.17.Art.Dip.pp.13-27..pdf

14 de fevereiro de 2016

UM INCONCEBÍVEL ENCONTRO


  • O artigo abaixo foi publicado nas vésperas do encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca da igreja ortodoxa russa, Kirill, realizado em Cuba na última sexta-feira (12 de fevereiro). Mas aqui o transcrevo hoje, pois as questões levantadas pelo autor poderão auxiliar nossos leitores a melhor interpretar tal encontro que pareceu tão estranho.
  • Estranho por diversas razões, entre as quais estas: encontro realizado na desditosa Cuba, transformada em propriedade particular dos irmãos Castro, na qual o povo trabalha como escravo do regime comunista; encontro realizado num país dominado pelo comunismo que submete o povo ao ateísmo marxista; encontro realizado com apoio do atual mandatário russo e ex-agente da KGB, o Sr. Vladimir Putin. 
  • Em razão dessa estranheza, certamente muitos cubanos devem estar se perguntando: nossa infeliz Pátria foi escolhida para o encontro porque se está fazendo “opção pelos pobres cubanos”? Ou se esta fazendo “opção pela pobreza cubana”? Aquela mesma miséria comunista que obriga muitos habitantes dominados pelos ditadores Castro a fugirem da Ilha ariscando as próprias vidas… 



ENCONTRO FRANCISCO–KIRILL: PREOCUPANTES DIMENSÕES POLÍTICAS 


Gonzalo Guimaraens - Destaque Internacional (*) 

O encontro em Havana entre o Papa Francisco e o Patriarca ortodoxo de Moscou Kirill, possui importantes dimensões religiosas, que os especialistas estão se encarregando de comentar; ao mesmo tempo, o tal encontro contém dimensões políticas também importantes. Esquematicamente, seguem enumerados alguns exemplos preocupantes sob o ponto de vista político. 


1. Francisco retorna à Cuba comunista apenas cinco meses depois de sua visita à ilha-prisão, realizada em setembro de 2015 [foto com Raul Castro]. Visita marcada por gestos, ditos e omissões que favoreceram o regime e o fortaleceu politicamente. Do ponto de vista da causa da liberdade em Cuba, e considerados seus reflexos políticos e diplomáticos, o resultado daquela recente viagem foi simplesmente lamentável e deixou um sabor amargo: o regime foi revigorado e a repressão aumentou. 

2. O fato de terem escolhido Cuba comunista como o lugar do encontro Francisco–Kirill, contribui para prestigiar os tiranos de Havana como anfitriões e mediadores supostamente confiáveis. Segundo notícia da AFP do Vaticano, reproduzida por vários meios de comunicação, o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, havia destacado em contexto elogioso esse papel de mediador e de anfitrião do ditador Castro. Não foi em vão que o ditador declarou sentir-se “honrado” com a perspectiva do próximo encontro entre os dois líderes religiosos em Havana. Por outro lado, do ponto de vista político e publicitário, o referido encontro possui um efeito maquiador da cara e das garras do regime comuno-castrista. É o que, de modo semelhante, ocorre com a utilização publicitária que o regime cubano faz a respeito dos diálogos do governo colombiano com os narco-guerrilheiros das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), também em Havana — na própria bocarra do lobo: eles contribuem para limar suas presas, como se o regime castrista fosse um anfitrião confiável.


3. Kirill tem um lamentável passado colaboracionista com o regime soviético. Quando em 2009 foi eleito patriarca de Moscou, o diário italiano “Il Giornale”, em detalhada reportagem, revelou que tanto Kirill como o seu antecessor tinham sido agentes da KGB. No artigo se acrescentou que o novo patriarca era inclusive conhecido em ambientes da KGB como o agente Mikhailov. Dois meses antes de sua eleição, em outubro de 2008, Kirill visitou Havana, onde teceu elogios ao ditador Fidel Castro [foto com Kirill] e este retribuiu afirmando que o visitante era um grande aliado da Cuba comunista na luta contra o chamado imperialismo. 

4. Kirill, juntamente com seu passado pró-comunista, tem um presente não menos lamentável de apoio ao ditador Putin [na foto abaixo, Kirill cumprimenta Putin]. Por exemplo, o patriarca ortodoxo é um dos principais responsáveis pelo fato de que os católicos russos são considerados como cidadãos de segunda classe, e vivam em virtual catacumba política e psicológica. 

5. O patriarca Kirill, em conjunto com os líderes ortodoxos russos, detesta especialmente os católicos ucranianos, que nos assuntos políticos continuam maioritariamente tomando posições anticomunistas. Quando em 2014 o parlamento ucraniano destituiu o presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych, Putin invadiu a Crimeia e ameaçou invadir a Ucrânia. Kirill não chegou a justificar diretamente uma invasão, mas, sim, fê-lo indiretamente responsabilizando os católicos ucranianos — conhecidos “católicos uniatas” — pela perda de poder político que os dirigentes ucranianos pró-russos estavam tendo.


6. Em resumo, pode-se afirmar que o próximo diálogo de Francisco com Kirill, do ponto de vista da causa da liberdade, poderá afetar especialmente a situação interna na Cuba comunista, favorecendo uma vez mais a ditadura; e, na Ucrânia, poderá debilitar a posição dos ucranianos que tiveram a coragem de romper com o regime soviético, enfrentando politicamente o autoritário regime putinista e não se deixando enganar pelo braço religioso do Kremlin, atualmente constituído por seguidores de Kirill [na foto acima, lado com Raul Castro]. 

7. No atual contexto de Cuba, Rússia, China, Venezuela e Bolívia, a promoção de um diálogo entre lobos e chacais poderá suscitar os mais dolorosos problemas de consciência em muitos dos seus habitantes. Com efeito, o diálogo com lobos, transposto ao plano político, poderá pressionar e até mesmo desanimar aqueles que atualmente, de modo pacífico, resistem heroicamente por fidelidade a seus princípios anticomunistas, a esse diálogo fraudulento. 

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(*) Notas de “Destaque Internacional” — uma visão “politicamente incorreta” feita a partir da América do Sul. Documento de trabalho (Domingo, 7 de janeiro de 2016). Este texto, traduzido do original espanhol por Paulo Roberto Campos, pode ser divulgado livremente.

5 de fevereiro de 2016

A Itália do Family Day


Roberto de Mattei (*) 

O Family Day de 30 de janeiro trouxe à luz a existência de outra Itália, bem diversa daquela relativista e imoral apresentada pela mídia como a única real. 

A Itália do Family Day é aquele conjunto de pessoas, mais amplo do que habitualmente se imagina, que permaneceu fiel (ou retornou nos últimos anos) àquilo que Bento XVI definiu como “valores não negociáveis” — a vida, a família, a educação dos filhos —, na convicção de que somente sobre esses pilares é possível fundar uma sociedade bem ordenada. 

A Itália do Family Day é contrária ao projeto de lei apresentado pela senadora Monica Cirinnà para introduzir o casamento e a adoção homossexual em nosso País. 


A Itália do Family Day não é só uma Itália que defende a instituição familiar, mas antes uma Itália que se arregimenta contra os inimigos da família, a começar pelo grupo de relativistas que, por trás do pano da lei Cirinnà, quer impor ao País uma ideologia e uma prática pansexualista. Esta minoria é apoiada pela União Europeia, pelo lobby marxista-iluminista e pela maçonaria de vários níveis e graus, mas goza infelizmente da simpatia e da benevolência de uma parte dos bispos e dos movimentos católicos. 

Nesse sentido, a Itália do Family Day não é a de Dom Nunzio Galantino, secretário da Conferência Episcopal Italiana (CEI), nem a de associações como Comunhão e Libertação, Agesci, Focolari, Renovação Carismática, que em 30 de janeiro desertaram do Circo Máximo [local da concentração, em Roma]. Dom Galantino procurou por todos os meios evitar a manifestação, e posteriormente, na impossibilidade de impedi-la, quis impor-lhe outro objetivo, como observa Riccardo Cascioli em “La Nuova Bussola quotidiana” de 1º de fevereiro: “chegar a uma lei sobre as uniões civis que mantenha a diferença com a família fundada no casamento entre homem e mulher e que evite as adoções. Em outras palavras, a CEI quer o DICO contra o qual ela mesma combateu há oito anos”

O primeiro Family Day foi de fato promovido pelos bispos italianos em 2007, contra a legalização das uniões civis (DICO, acrônimo de “direitos dos conviventes”), justamente apresentada pela CEI como uma porta aberta ao pseudo-casamento homossexual. Hoje ela nos conta que é preciso aceitar as uniões civis a fim de evitar o referido “casamento”. 

Pleteia-o, entre outros, em uma entrevista, Dom Marcello Semeraro, bispo de Albano: “Em princípio, não tenho objeção ao fato de que, na esfera pública, se dê consistência jurídica a essas uniões. Parece-me que a oposição refere-se ao aspecto da filiação, das adoções, não ao reconhecimento público das uniões. O importante é que não sejam assimiladas à realidade do casamento.” E, para que não restem dúvidas, acrescenta: “Não há nenhum problema em se fazer uma lei sobre uniões civis” (“Corriere della Sera”, 31-1-16). A posição é clara: não à adoção de crianças pelos homossexuais, sim à legalização das uniões homossexuais, desde que não sejam formalmente definidas como casamento. Se fossem removidos do projeto de lei Cirinnà alguns elementos que equiparam em tudo as uniões civis homossexuais ao casamento, então um católico poderia aceitá-lo. 

Dom Semeraro é considerado, como Dom Galantino, um confidente do Papa Francisco. Portanto, a pergunta surge naturalmente: qual é a posição do Papa sobre o assunto? 

No “Libero” de 31 de janeiro, Antonio Socci observa que foi “evidentíssima a ausência e palpável a frieza” do Papa Francisco, que nem sequer enviou uma saudação ao Family Day, nem o mencionou no discurso da audiência da manhã de sábado nem no Ângelus do dia seguinte. Como julgar esse silêncio, quando o Governo e o Parlamento italiano estão se preparando para infligir uma ferida moral na Itália? 

Tanto mais quanto a Congregação para a Doutrina da Fé já declarou três décadas atrás que a homossexualidade não pode reivindicar qualquer reconhecimento jurídico, porque aquilo que é mau aos olhos de Deus não deve ser admitido oficialmente como justo (Carta sobre a assistência pastoral das pessoas homossexuais, 1º de outubro de 1986, nº 17). 

A Itália do Family Day talvez ignore este documento, que o
Papa não pode ignorar. Mas tendo como arma apenas o bom senso, ela proclamou no dia 30 de janeiro o seu não claro e límpido não apenas à chamada stepchild adoption [adoção de enteado, ou seja, de um filho ou filha do parceiro ou da parceira homossexual], mas a todo o projeto Cirinnà. Quanto ao posicionamento da multidão que abarrotava o Circo Máximo, ele pôde ser conferido pela força dos aplausos que acompanharam os discursos mais fortes de alguns oradores italianos e estrangeiros, como Seljka Marrkic, líder da Iniciativa cívica que promoveu na Croácia o referendo que rejeitou a união civil e, três meses depois, derrubou o presidente do Conselho de ministros. 

Devemos reconhecer com serena objetividade que a Marcha pela Vida — que vem ocorrendo na Itália desde 2011 — quebrou o gelo ao desfazer um mito que pesava sobre o mundo pró-vida italiano: a ideia de que era impossível, ou pelo menos contraproducente, fazer uma grande manifestação pública em defesa da vida. 

Nas pegadas da March for Life dos EUA, mas também da grande Manif pour tous da França, nasceu o Family Day, desejoso de aglomerar uma massa tão grande quanto possível, reunindo diferentes correntes. Intransigentes algumas, outras abertas ao compromisso. A razão do seu sucesso em termos de quantidade é também a razão de sua fraqueza em termos de substância e metas. A batalha em curso não é de fato política, mas cultural, que não se ganha tanto pela mobilização das massas quanto pela força das ideias que se contrapõem ao adversário. 

Trata-se de uma batalha entre duas visões do mundo, ambas fundadas em alguns princípios fundamentais. Se admitirmos a existência de uma Verdade absoluta e de um Bem absoluto que é Deus, nenhuma concessão é possível. A defesa da verdade deve ser levada até o martírio. 

A palavra mártir significa testemunho da verdade, e hoje, ao lado do martírio cruento dos cristãos, que recomeçou em muitas partes do mundo, há um martírio sem derramamento de sangue, mas não menos terrível, infligido pelas armas midiáticas, jurídicas e psicológicas, com a intenção de ridicularizar, fazer calar, e, se possível, aprisionar os defensores da ordem natural e cristã. 

Por isto esperamos que o “Comitê de defesa dos nossos filhos”, promotor do Dia da Família, continue a denunciar as iniquidades da lei Cirinnà, mesmo se esta vier infelizmente a ser aprovada e ainda que sob uma fórmula edulcorada. 

A Manif pour tous francesa levou pela primeira vez quase um milhão de pessoas às ruas em 13 de janeiro de 2013, poucas semanas antes do debate no Parlamento da lei Taubira. Mas continuou a se manifestar, com força ainda maior, mesmo após a aprovação do pseudo-casamento homossexual, provocando um movimento que abriu caminho a muitos outros na Europa. Dias atrás, Christiane Taubira, de quem a celerada lei francesa toma o nome, saiu de cena, demitindo-se de suas funções de ministro da Justiça. 

Portanto, esperamos que se realizem novas manifestações na Itália, conduzidas com força e determinação, ainda que o número de participantes devesse ser menor, pois o que importa não é a magnitude do número, mas a força da mensagem. 

Não utilizamos a expressão Family Day para nos referirmos aos organizadores daquele evento, mas para identificar uma multidão que vai muito além daquela fisicamente reunida no Circo Máximo em 30 de janeiro. Esta Itália não está resignada, quer lutar e precisa de um guia. Os guias devem ser autênticos, nas suas intenções, ideias, linguagem e comportamento. E a Itália do Family Day está pronta para denunciar os falsos guias com a mesma força com a qual continuará a combater os verdadeiros inimigos.
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(*) Fonte: “Corrispondenza Romana”, 3-2-2016. Matéria traduzida do original italiano por Hélio Dias Viana.

1 de fevereiro de 2016

ROMA — Monumental manifestação no “Dia da Família” contou com 2 milhões de participantes


Paulo Roberto Campos 

Apesar de o Vaticano não ter apoiado oficialmente, nem colaborado recomendando aos bispos para mobilizarem seus diocesanos, incentivando-os a afluírem ao “Family Day”, o número de manifestantes superou todas as expectativas. Tal omissão da hierarquia católica deixou perplexos incontáveis fiéis, mas alguns bispos, isoladamente, apoiaram a manifestação, inclusive um eminente prelado: o cardeal Angelo Bagnasco que garantiu seu apoio.

No último sábado (dia 30), o gigantesco evento se realizou bem no coração da Cidade Eterna, o “Circo Massimo” — local em que muitos cristãos foram martirizados no período do Império Romano e onde se conservam diversas ruínas da Roma Antiga.

Tão imenso é esse parque público, que especialistas haviam garantido que seria praticamente impossível lotá-lo. Entretanto, a afluência foi maciça, com pessoas de todas as partes da Itália, até mesmo delegações de outros países. Assim, os mesmos especialistas afirmaram que nunca aquele lugar histórico esteve tão repleto.

O evento representou uma categórica recusa dos italianos ao “casamento” homossexual. Recusa à avassaladora “onda” antifamília impelida por organismos da União Europeia — como a Corte Europeia de Direitos do Homem. Concretamente, foi uma rejeição ao Projeto de Lei n° 2081 (“lei Cirinnà”), cuja relatora é a senadora Monica Cirinnà, do Governo Matteo Renzi, o qual prevê uma espécie de “casamento” homossexual — chamado de modo eufemístico de “união civil”, assim como a adoção de crianças por parte de “duplas” do mesmo sexo.

Segundo os organizadores do movimento “Defendendo Nossas Crianças”, mais de 2 milhões de pessoas estiveram presentes no “Circo Massimo”. Eram pais, mães e filhos; gente de todas as idades e condições sociais; leigos e religiosos; milhares de associações; enfim, pessoas dispostas a lutar para proteger a família tradicional como estabelecida por Deus, ou seja, entre um homem e uma mulher numa união monogâmica e indissolúvel. Neste sentido, na concentração podiam-se ouvir diversos slogans, bem como a exibição de milhares de faixas, inclusive contra a implantação da “Ideologia de Gênero” nas escolas.

Muitos que não puderam viajar a Roma organizaram manifestações menores em suas respectivas cidades com o mesmo objetivo: exigir do governo italiano a total rejeição da “lei Cirinnà“, antinatural e frontalmente contrária à Lei de Deus.

No ano passado, o “Family Day” — que reuniu quase 1 milhão de pessoas na praça San Giovanni in Laterano — conseguiu barrar temporariamente o esdrúxulo projeto. Mas ele foi novamente posto em pauta e será votado nos próximos dias.

Massimo Gandolfini, um dos organizadores do evento, declarou sobre esse projeto antifamília: “Não é aceitável desde a primeira até a última palavra. E não adianta fazer uma operação cosmética [para salvá-lo], mas é necessária uma operação radical, pois não se trata de mudar algumas palavras. O projeto de lei deve ser rejeitado integralmente.”

É o que esperamos para o bem de todas as famílias italianas e do mundo inteiro. Bem como para defender a glória de Deus na Terra e suas Leis que protegem a sagrada instituição familiar, tão combalida devido a essas leis ridículas e anticristãs.
[No final, para ver uma "galeria" de fotos, click na primeira imagem e a percorra com a setinha-direita de seu teclado].

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PS: A seguir, um vídeo transmitido durante essa recente manifestação “Dia da Família” em Roma. Trata-se de uma gravação, pelo grande Luciano Pavarotti (Budapest, 1991), do “Mamma, son tanto felice” (Mamãe estou tão feliz), famosa canção de Cesare Andrea Bixio e Bruno Cherubini que expressa tão bem o amor maternal. Infelizmente, uma criança adotada por uma “dupla” homossexual jamais será capaz de compreendê-la...





























Vídeo da Manifestação