Há quase um mês da vitória de Barack Hussein Obama, pode-se ficar com a impressão de que ele obteve uma vitória “avassaladora”, tal o bombardeio midiático a seu favor. Com essa impressão ficará quem tenha acompanhado as eleições americanas sem restrições à avalanche de informações veiculadas. Aquele que fizer uma análise fria dos resultados constatará que não foi uma vitória “consagradora”.
O resultado: 53% X 46%. Ou seja, quase metade do eleitorado não foi na onda do “oba-oba” e, apesar de tudo, votou em John McCain. Se apenas 3% dos eleitores de Obama depositassem seu voto em McCain, teríamos um empate.
O suspeitíssimo momento em que o tsunami econômico atingiu os EUA
Por que afirmei “apesar de tudo”? Entre diversos fatores, cito dois:
Muitos analistas acreditam que se não fosse a crise econômica, eclodida praticamente às vésperas das eleições, Obama não ocuparia a Casa Branca em hipótese alguma. Alguns chegam a levantar suspeita sobre o momento da eclosão da crise econômica.
Kenneth Serbin, professor de História na Universidade de San Diego e autor de várias obras, afirma em seu artigo “Uma visão realista do vencedor”, publicado em “O Estado de S. Paulo” de 9-11-08:
“Mais importante do que a cor de Obama, é como ele ganhou. Uma análise do Instituto Gallup afirmou que a disputa entre Barack Obama e John McCain ‘foi extremamente competitiva durante boa parte do ano’, e Obama esteve freqüentemente em ligeira vantagem. McCain passou à sua frente no início de setembro e pareceu ganhar impulso, mas depois da maciça crise do crédito e do colapso das Bolsas, Obama abriu uma vantagem substancial.
O que chamou a atenção foi o relacionamento de Obama com entidades que ajudaram a provocar o pânico financeiro. Nos últimos dez anos, ele foi o segundo maior beneficiário de doações da Fannie Mae e do Freddie Mac, as corporações de crédito financeiro imobiliário que o governo encampou no início da crise. Obama recebeu US$ 126.349 em contribuições de campanha (McCain foi o 62º da lista, com US$ 21.550). O ex-presidente da Fannie Mae foi assessor de Obama até ser obrigado a renunciar ao cargo, em junho.
O deputado Rahm Emanuel, que será o chefe de gabinete de Obama, recebeu US$ 51.750 da Fannie e do Freddie. Emanuel, funcionário do governo do presidente Bill Clinton, com fama de ser democrata da linha-dura, ganhou US$ 16 milhões como executivo de bancos de investimentos que cuidavam de fusões e de aquisições. O próprio New York Times, que é pró-Obama, observou que Emanuel ‘é criticado por ter se mostrado demasiadamente aliado de Wall Street, lembrando que não é absolutamente essa a imagem que os democratas querem cultivar hoje em dia’.”
A suspeitíssima parcialidade da mídia
Sobre o segundo fator não há necessidade de estender-me muito, pois ele ficou evidenciado aos olhos de todos: a hegemonia da mídia “obamalatra”. Sinteticamente, Diogo Mainardi, em sua famosa coluna na “Veja” do dia 5 p.p., escreve:
“O ritmo de samba contaminou até mesmo a imprensa americana. Nas primeiras páginas dos jornais, Barack Obama recebeu 45% de cobertura positiva. John McCain, 6%. O New York Times comportou-se como o jornal de um senador maranhense, aderindo à campanha de seu candidato. Um jornal pode aderir à campanha do candidato que quiser. O que está errado é o empenho em abafar todos os fatos que possam criar-lhe algum tipo de constrangimento. Foi o que ocorreu neste ano nos Estados Unidos. Qualquer pergunta sobre Barack Obama foi caracterizada como uma forma de racismo, ou de asnice, ou de caipirice.”
Se a esses dois fatores somarmos a bilionária campanha democrata e a cerrada exploração da impopularidade do atual governo republicano, poderíamos imaginar que Obama obteria uma vitória esmagadora. Não foi o que aconteceu.
Oba! Oba! Obama salvará os EUA... salvará o planeta...
O mote de campanha do presidente eleito foi “mudança”... Para onde? Para melhor? Para pior? Havia um clima oposto a quem levantasse tal pergunta. Este seria acusado de ser “um estraga festas”. Estragaria aquela empolgação emocional, veiculada “ad nauseam” pela mídia.
Obama arrebatava as massas no momento de seus discursos. Entretanto, quem analisasse serenamente suas palavras, percebia a verborragia, o lengalenga de suas afirmações. Tudo vago, propostas inconsistentes e insípidas. Grande e inédito plano de governo? Grandes idéias? Nada! Mas a grande mídia se encarregava de interpretar tudo favoravelmente ao seu “eleito”, o “escolhido” pelos meios de comunicação esquerdistas para ser o novo “messias”, vindo da África para salvar a América.
Que passado teve esse “redentor” para nele se depositar tamanha esperança? Baseado em que motivos? Em sua carreira, que feitos extraordinários ele realizou para justificar essa auréola messiânica? Que planos prodigiosos revelou ele para o futuro dos Estados Unidos? Quais suas propostas regeneradoras? Nada! Absolutamente nada! Mera propaganda. Bilionária propaganda!
Vitória dos valores familiares na Califórnia, Arizona e Flórida
Nem tudo está perdido! Afinal, apesar da “obamalatria”, não se pode dizer que a maioria dos norte-americanos votou segundo as idéias marxistas e anti-família manifestadas pelo ex-senador Obama, como a de empenhar-se em facilitar ainda mais a prática do aborto nos Estados Unidos, favorecer o “casamento” homossexual, aprovar a manipulação de células-tronco embrionárias.
No mesmo dia 4 de novembro, em que os americanos escolheram seu novo presidente, ocorreram plebiscitos sobre a definição de matrimônio segundo a Constituição, na Califórnia, Arizona e Flórida. Nos três Estados, venceram as emendas constitucionais definindo o casamento como sendo unicamente entre um homem e uma mulher. O mesmo já havia ocorrido em 27 Estados — todos rejeitaram o pseudo-casamento entre pessoas do mesmo sexo. Aliás, uma questão tão óbvia que não se imaginaria que precisasse ser plebiscitada!
Em todo caso, a definição evidente venceu. Na Califórnia por 52,5% dos votos, no Arizona por 56% e na Florida por 62%. Essas vitórias dos valores da instituição familiar comprovam que há uma sadia parcela da opinião pública americana que não abre mão desses valores. Boa parte dela, mesmo tendo votado em Obama — pelas razões expostas —, não é favorável aos projetos defendidos por ele no Senado.
O tão repetido slogan “a mudança chegou” não obteve consentimento da maioria dos norte-americanos. Pelo contrário, ela como que afirmou: “não queremos mudanças que afetem os valores da família tradicionalmente constituída”.
A respeito, transcrevo notícia do “La Gaceta” (Espanha), intitulada “Ganhou o 'Não' ao “matrimônio” homossexual na Califórnia”, do dia 18 p.p.:
“O lobby homossexual sofreu um duro revés nas últimas eleições americanas. A eleição presidencial, com a vitória de Barack Obama, eclipsou as outras votações que se realizaram no mesmo dia. Entre outras, uma das mais importantes, a ocorrida no estado da Califórnia, ‘A Proposição 8’.” Trata-se do referendo a respeito da supressão do direito de pessoas do mesmo sexo contraírem matrimônio.
"Assim foi inserida na Constituição do estado uma nova cláusula na qual se estabelece que 'somente o matrimonio entre um homem e uma mulher é válido e reconhecido na Califórnia'.”
No mesmo sentido noticiou o “La Repubblica” da Itália, no dia 6 p.p., com o seguinte título: “Choque na Califórnia, adeus ao matrimônio homossexual”. O articulista, Arturo Zammpaglione afirma: “malgrado a vitória de Barack Obama e de suas posições reformistas, uma boa parte dos Estados Unidos permanece ancorada nos valores conservadores.”
Perguntar não ofende
Encerro com uma questão que me deixa perplexo. Obama teria sido o eleito se a hierarquia eclesiástica tivesse se empenhado muito mais em pregar os valores morais ensinados pela Igreja Católica? Ou seja, se os bispos e sacerdotes tivessem alertado todos os eleitores católicos, pregando claramente que não se pode votar em candidato que defenda o aborto e/ou o “casamento” homossexual, Obama teria galgado o Poder na nação mais poderosa do Planeta? Uma vez que pergunta não ofende, registro aqui minha indagação.
Deus salve a América!
PS: Antes de postar este artigo, fiz uma releitura e fiquei com certa impressão de que poderia surgir alguém objetando que notou traços de racismo neste texto. Assim sendo, reafirmo que em minha posição não entra nenhuma gota de racismo. Se McCain fosse negro (continuando com seus princípios anti-marxistas) teria meu apoio; se Obama fosse branco (continuando com suas idéias marxistas), não teria meu apoio. Não é a cor da pele que orienta minha opinião, mas a “cor” da ideologia.