25 de outubro de 2020

Amabilidade: virtude quão necessária hoje!

 


✅ 
Plinio Maria Solimeo
 

A amabilidade é uma das virtudes mais encantadoras e das mais necessárias ao bom convívio humano. Ela tempera o que pode haver de brusco no nosso temperamento, e leva-nos a tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. 

Fazem parte dessa virtude uma série de outras muito necessárias nos dias de hoje, e que constituem o cortejo liderado pela verdadeira caridade: “a benignidade, que leva a tratar e julgar os outros e as suas atuações com delicadeza; a indulgência em face dos defeitos e erros alheios; a educação e a urbanidade nas palavras e nas maneiras; a simpatia, que por vezes será necessário cultivar com especial esmero; a cordialidade e a gratidão; o elogio oportuno às coisas boas que vem” . Podemos ainda acrescentar a isso a gentileza, cortesia, brandura, carinho, meiguice, ternura e suavidade no trato com as pessoas. 

O famoso apologista americano, arcebispo Dom Fulton Sheen, explica que “a palavra inglesa «kindness» (amabilidade) é derivada de «kindred» ou «kin» (parentes), e portanto implica uma afeição que dedicamos naturalmente àqueles que são a nossa carne e o nosso sangue. A amabilidade original e típica é a de um pai para com o filho ou a de um filho para com o pai. Gradualmente a palavra adquire maior amplitude até atingir todos os que desejamos tratar como parentes” . 

A amabilidade deriva da virtude da misericórdia que, por sua vez, é um dos efeitos da caridade. Como diz o renomado teólogo Pe. Royo Marin, O.P., ela “nos inclina a ter compaixão das misérias do próximo, considerando-as de certo modo como nossas próprias, porque o que lhe causa tristeza, do mesmo modo nos causa a nós [...]. O próprio Deus manifesta misericórdia num grau extremo, ao ter compaixão de nós” . 

Essa virtude também está relacionada com a da piedade, que por sua vez, como diz o mesmo teólogo, é “um amor filial por Deus considerado como Pai, e um sentimento de irmandade universal para com todos os homens como nossos irmãos e filhos do mesmo Pai celeste” (p. 387). E acrescenta: “É essa piedade que levava São Paulo a se afligir com os aflitos, a chorar com os que choram, e suportar as fraquezas e misérias do próximo com o propósito de o salvar” (p. 390). 

O eminente teólogo continua dizendo (p. 402), que a afabilidade ou amabilidade, é “a virtude social por excelência, e uma das mais delicadas manifestações do verdadeiro espírito cristão”. Ela é muito afim com a verdadeira amizade, que é definida como “uma virtude pela qual nossas palavras e ações externas são dirigidas à preservação de uma amigável e agradável associação com nosso próximo [...]. A verdadeira amizade procede do amor, e entre os cristãos, deve ser o resultado natural da caridade fraterna, a afabilidade é uma espécie de amizade que consiste em palavras e ações com relação aos outros, requerendo de nós que nos conduzamos de um modo amigável e maneira social com o próximo, sejam amigos íntimos ou estranhos”. Por isso, acrescenta o Pe. Royo Marin “Benignidade, polidez, simples louvor, indulgência, sincera gratidão, hospitalidade, paciência, mansidão, refinamento em palavras e ações etc., exercem uma espécie de atração que é difícil de resistir.” O que faz com que “Esta preciosa virtude é extremamente importante não somente em nossa associação com amigos, vizinhos ou estranhos, mas de um modo especial mesmo no círculo de nossa própria família, onde ela é frequentemente muito negligenciada”. 

A importância dessas virtudes nas relações sociais, é porque todas pessoas querem, no trato com as outras, três coisas essenciais: afabilidade, respeito, e perdão para suas faltas. E ficam felizes quando são assim tratadas. Pelo contrário, sofrem e se sentem feridas no seu ego quando são objeto de desatenção, mau trato ou recriminação. 

Nesse sentido conta-se que uma das filhas de Luís XV, da França, um dia recriminou impacientemente uma camareira sem muito motivo. Esta lhe manifestou seu desagrado. A princesa então lhe disse: “Não sabe que eu sou filha do Rei?”. Ao que respondeu dignamente a camareira: “E Vossa Majestade não sabe que eu sou filha de Deus?” Quer dizer, se cada um visse no outro um filho de Deus, o trataria de modo muito diferente. Desse modo a amabilidade, tendo Deus como principal motor, é o contrário da dureza de coração, que resulta geralmente de um doentio amor de si mesmo. 

Alguns países, como a França do Ancien Régime, levaram a amabilidade e a cortesia a um alto grau. Foi então que ocorreu a “douceur de vivre”, a doçura de viver, pois cada um se sentia tratado segundo o melhor lado de si mesmos. É muito conhecido o fato de o rei Luiz XIV, o Rei Sol, em todo o seu esplendor, tirar o chapéu quando cumprimentava uma simples lavadeira. 

Pelo que “São Francisco de Sales nos ensina que a primeira condição [para termos um trato cortês] é sermos humildes, pois ‘a humildade não é somente caritativa, mas também doce. A caridade é a humildade que se projeta externamente, e a humildade é a caridade escondida’; ambas as virtudes estão estreitamente unidas. Se lutarmos por ser humildes, saberemos ‘venerar a imagem de Deus que há em cada homem’, saberemos tratá-los com profundo respeito” . 

É também o que afirma o já citado D. Fulton Sheen, “Todas as anomalias mentais têm suas raízes no egoísmo, toda a felicidade tem suas raízes na amabilidade. Mas para sermos realmente amáveis, devemos ver em todos uma alma imortal, que há de ser amada pelo amor de Deus. Então, não haverá quem não seja para nós de grande apreço”. 

Na mesma linha, diz a Águia de Hipona, Santo Agostinho, com o vôo que lhe é característico: “Os frutos da caridade são alegria, paz e misericórdia. A caridade exige bondade e correção fraterna. É benevolente. Promove a reciprocidade e permanece desinteressada e generosa. É amizade e comunhão. O amor é em si a realização de todas as nossas obras. Essa é a meta; é para ela que corremos. Corremos em sua direção, e assim que nela chegarmos, nela encontraremos nosso descanso”.

Infelizmente está cada vez mais longe o tempo em que as pessoas primavam por serem corteses, amáveis, respeitosas dos outros pois, com o avanço da técnica, e sobretudo com a malícia dos tempos decorrente da profunda orfandade religiosa, essa virtude está cada vez mais posta de lado. As pessoas estão ficando cada vez mais pragmáticas, egoístas, pensando só em si mesmas e no seu mundinho, entretidas com seus celulares. Para elas, as outras não existem. 

Por isso é sobretudo difícil ser amável com aqueles que nos pedem um favor, uma esmola. Ora, diz ainda D. Fulton Sheen, “A amabilidade para com os que sofrem torna-se compaixão, que significa sofrer com outrem, partilhar a mágoa e as dores de outrem, como se fossem nossas”. Isso porque, explica ele, “A amabilidade estimula o interesse do coração para além de todo o interesse pessoal, e impele-nos a dar o que temos na forma de esmola, ou o nosso talento, como o médico que trata um doente pobre, ou o nosso tempo, que às vezes é a coisa mais difícil de dar”. Como consequência, “O homem verdadeiramente compassivo e amável, que dá o seu tempo aos outros, consegue encontrar sempre tempo”. 

Ele observa que “muitas pessoas, amabilíssimas nos seus lares e escritórios, podem se tornar grosseiras e egoístas ao volante de um automóvel. Isto é talvez devido a que nos seus lares elas são conhecidas; no automóvel, à sombra do anonimato, podem ser quase brutais sem receio de serem reconhecidas”. E conclui: “Sermos amáveis pelo receio de que os outros pensem que somos grosseiros, não é amabilidade real, mas antes uma forma dissimulada de egoísmo”.

O diz-que-diz, o deboche, a chanchada, a brincadeira porca, a libertinagem são fonte frequente de desavenças e de maus tratos, estando nas antípodas da amabilidade e do respeito no trato social. Infelizmente, como dissemos, com a decadência da prática religiosa e consequente queda dos bons costumes, isso está cada vez mais em voga no mundo de hoje. 

Mudando de quadro: felizmente ainda não se apagaram de todo os resquícios de amabilidade pelo mundo, e quando menos esperamos, disso temos exemplos frisantes. 

Nesse sentido, um amigo meu contou-me um exemplo marcante disso, e do qual jamais se esquecerá, do trato surpreendentemente amável de que foi objeto em circunstâncias quase dramáticas quando viajava pelo Exterior. 

Vindo dos Estados Unidos para o Brasil com uma conexão em Toronto, no Canadá, como havia grande diferença entre a chegada do primeiro e a partida do segundo vôo, ele deixou as malas no aeroporto, tomou um trem, e foi conhecer a cidade para ocupar aquele tempo. À tarde, depois de muito andar num frio congelante, caminhava por uma grande avenida quando, tropeçando nos seus próprios pés, caiu com todo o peso do corpo com a face no chão. Não pôde amortecer a queda com as mãos, pois as tinha no bolso da gabardine por causa do frio. A queda foi tão violenta, que fraturou-lhe o nariz, cortou-lhe os lábios, e quebrou-lhe dois dentes. O sangue corria em profusão do nariz. 

Ele ficou tão atordoado com a queda, que perdeu momentaneamente a memória e não conseguia mover-se. Foi aí que acorreu um casal de jovens em seu auxílio. Com muito cuidado, o ajudaram a sentar-se e a enxugar o sangue do rosto. Isso tudo com muita amabilidade e consideração à sua idade, pois era octogenário. Quando viram que ele estava um pouco refeito, perguntaram-lhe onde morava, se tinha algum parente ou amigo que pudessem avisar, em que hotel estava. Depois de um momento de amnésia, tendo recobrado a memória, meu amigo pôde explicar que estava somente de passagem etc. Como seu lenço já estava todo encharcado de sangue, a jovem correu a um restaurante próximo, e trouxe-lhe um punhado de guardanapos de papel. 

Nesse momento acorreu outro jovem que, vendo que o amigo tiritava de frio, foi a uma loja e comprou um par de luvas, ajudou-o a calçá-las, e perguntou se havia mais algo que pudesse fazer. Então os dois rapazes conseguiram ampará-lo para sentar-se em um banco de pedra das proximidades. 

Mas não parou aí. O primeiro jovem já tinha telefonado para um serviço de saúde, e logo apareceu uma ambulância com um casalzinho de para-médicos, muito simpáticos. Profissionalmente eles examinaram as feridas para ver se ele tinha recebido algum golpe na cabeça, mediram-lhe a pressão e a temperatura, controlaram as batidas do coração, tudo feito com muita amabilidade e consideração à sua idade. Para se certificarem de que ele tinha tido mesmo uma queda acidental, e não devido a um mal súbito e não estava com memória afetada, começaram a lhe fazer perguntas sobre o Brasil, família, São Paulo etc. Enfim, deixaram-no no hospital, onde lhe fizeram suturas no nariz e nos lábios, e lhe deram alta. Ele pôde assim voltar no mesmo dia para o Brasil. 

Esse amigo ficou muito grato e até comovido com a amabilidade e atenção desses vários jovens, tanto mais por serem eles já de uma geração técnica, informatizada, pragmática, órfã de religião, e que provavelmente não receberam em casa lições de boas maneiras ou de bom trato. 

Meu amigo afirmou que, estando em um país estrangeiro, numa cidade em que não conhecia ninguém, tendo um grave acidente, apesar disso não se sentiu desamparado, pois encontrou pessoas que se interessaram por ele, e o trataram com uma caridade cristã e com a consideração que teriam com um parente.
__________________ 

[1] https://semeandocatequese.wordpress.com/2014/01/23/virtude-da-amabilidade/

[1] https://rumoasantidade.com.br/rumo-felicidade/contentamento/)

[1] Pe. Antônio Royo Marín, O.P., The Theology of Christian Perfection, The Foundation for a Christian Civilization, New York, 1987, p. 356.

[1] Semeando...


24 de outubro de 2020

Mau uso de dispositivos móveis gera crianças zumbis

 


✅ Luis Dufaur

Um oftalmologista argentino recebeu um casal de pacientes que compareceu com sua filhinha para consultas. Assim que chegaram a menina de três anos deitou-se no sofá e começou a brincar com o smartphone numa distância de apenas 10 centímetros dos olhos durante quase uma hora. 

O oftalmologista percebeu que o caso não era apenas de óculos, mas que a criança estava se transformando num zumbi digital com vários de problemas de saúde e comportamento, segundo descreveu em seu site Cuida tu vista. (https://cuidatuvista.com/ninos-moviles-tablets-problemas-usar-mal/). 

Para os pais o smartphone parecia uma solução porque a criança não dava trabalho e eles podiam se dedicar a outras coisas. O oftalmologista comentou para si: eles não percebem o imenso dano que estão provocando. 

Na consulta, explicou cuidadosamente aos pais da importância de fazer a menina a passar o menor tempo possível com os dispositivos digitais. É o que recomendam os profissionais sanitários de referência no caso das crianças, como pediatras, optometristas etc. 

Os pais devem se informar dos graves problemas que provocam nas crianças o mau uso das novas tecnologias, que podem produzir zumbis digitais. A expressão é dura, mas é da Associação Americana de Pediatria e outras academias correspondentes como a canadense e a japonesa. Veja mais em Digital Zombie: https://en.wikipedia.org/wiki/Digital_Zombie 

Os períodos de uso de dispositivos móveis segundo as idades de acordo com a Associação Americana de Pediatria são: 
• Bebês e crianças de 0 a 2 anos: “0” minutos por dia. Seu cérebro não está preparado para esse tipo de estímulos que podem lhes causar muitos problemas no futuro. 

• Entre 3 a 5 anos: 1 hora/dia, no máximo. 

• Entre 6 a 18 anos: 2 horas-dia, no máximo. 


Os 8 principais problemas que causa o mau uso de celulares e tablets nas crianças 

1. Desenvolvimento cerebral inadequado e transtornos mentais 

Inclui alterações no crescimento do cérebro, problemas de aprendizagem, falta ou déficit de atenção, impulsividade e acessos de raiva frequentes. Também o aparecimento de doenças mentais como depressão, ansiedade infantil, psicose e outros transtornos. 

2. Atraso no desenvolvimento infantil 

Inclui dificuldades para adquirir boas habilidades físicas, que influenciarão muito o desempenho escolar, esportes etc. Surgem muitos problemas para ler porque têm dificuldade para mover os olhos corretamente. 

3. Aumento no número de crianças míopes 

4. Obesidade infantil 

A obesidade e o sedentarismo são agravados pelos pais que permitem uma alimentação com muitos doces e bolos industriais. 

5. Distúrbios do sono 

6. Agressão 

As crianças imitam tudo, mesmo os jogos violentos aos quais ficam expostas. 

7. Comportamentos viciantes, como se isolarem da família e dos amigos. 

8. Superexposição à luz azul gerada pelas telas de LED. 


A Organização Mundial de Saúde classifica os celulares como um risco à saúde devido à emissão de radiação. A superexposição à luz azul emitida por essas telas pode ter um efeito tóxico na retina. AOMS publicou em 2019 novas diretrizes para crianças menores de 5 anos, elaboradas por um comitê de especialistas. Cfr. “El Universo”. 

(https://www.eluniverso.com/noticias/2020/03/27/nota/7797483/enfermedades-ninos-exceso-uso-celulares). 

Entre essas diretrizes, recomenda que “os períodos prolongados em que as crianças pequenas permanecem sujeitas ou em atividades sedentárias em frente a uma tela devem ser substituídos por jogos mais ativos". 

Além desses danos, os especialistas registraram transtornos do sono; hiperestimulação sensorial que afeta o sistema neurológico; cãibras nos braços e nas mãos derivadas de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Lesões por Movimentos Repetitivos (LMR). 
“As mãos são as mais afetadas, seguidas dos punhos, cotovelos e ombros. As lesões, principalmente, são geradas nos tendões, o que causa inflamação dos mesmos e influencia a sensibilidade”, disse Carlos Lupotti, médico ortopedista especialista em cirurgia da mão e reconstrutiva do membro superior e integrante da Clínica de Diagnóstico e Tratamento da Patologia do Ombro, Cotovelo e Mão de Buenos Aires (CLIMBA). 

Outro efeito danoso é isolar as crianças de seu entorno social dificultando o relacionamento com outras crianças ou a adaptação a ambientes diferentes. Acrescenta que a exposição às telas LED em uma idade precoce pode causar problemas como miopia ou astigmatismo. Ademais, o uso prolongado de celulares podem causar tumores cerebrais. 

A American Cancer Society (ACS) manifesta em seu site a preocupação de que “os telefones celulares podem aumentar o risco de desenvolver tumores no cérebro ou na região da cabeça e pescoço”. 

Em sentido positivo saudável incentive seus filhos a atividades ao ar livre. Evite televisão, celular ou tablet nas refeições. 

A psicóloga Silvia Álava no livro “Queremos que eles cresçam felizes” recomenda não permitir dispositivos eletrônicos (celulares, tablets, computador ou vídeo game) no quarto. As crianças devem sempre utilizá-los em espaços comuns, para que os pais possam ter um mínimo de controle, evitar horários inadequados e impedir que os pequenos utilizem tais aparelhos mais tempo do que o necessário. 

O problema está muito mais nos pais do que nos filhos. Aprenda a dizer não para eles e verão como tudo funcionará melhor. Não importa se os pais têm estudos ou não, basta aplicar essas orientações. 

Se ainda não vê claramente o problema, peça ajuda de um psicólogo — conclui site Cuida tu vista. https://cuidatuvista.com/ninos-moviles-tablets-problemas-usar-mal/.

22 de outubro de 2020

O MAL NÃO PREVALECERÁ

✅ Pe. David Francisquini*


E
nquanto o Supremo Tribunal Federal revoga a prisão de uma enfermeira acusada de realizar centenas de abortos clandestinos, condena o Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz [foto] que impediu, via judicial, um só aborto. 

A enfermeira encontra-se livre por força de liminar concedida pelo relator do caso no STF, Marco Aurélio Melo, por ter um filho portador de transtorno de espectro autista, dependente de seus cuidados. Para o ministro, a prisão que já durava nove meses excedeu o prazo razoável, pois foi presa em flagrante no ano passado, num hotel, em Belo Horizonte, quando se preparava para praticar ali mais um aborto clandestino. 

Em sua sentença, o ministro Barroso afirmou que a criminalização do aborto viola os direitos fundamentais das mulheres pobres, já que elas não podem ter acesso às clínicas de luxo... Por sua vez, a ministra Rosa Weber alegou que sendo a sociedade machista, não valoriza e nem reconhece os direitos reprodutivos da mulher... Alexandre de Moraes sentenciou que a soltura da enfermeira para cuidar de um filho menor ressalta que o distanciamento dos fatos a impedirá de atitudes criminosas. (Jornal online: Conexão política, Publicado por Marcos Rocha. Acesso em 17-10-20). 

Já o referido caso do Padre Lodi, por ter impedido a realização de um aborto, foi condenado a pagar uma indenização de quase R$ 400 mil por ‘danos morais’ causados aos pais que desejariam abortar o filho. Antes, no Supremo Tribunal de Justiça, a ministra Nancy Andrighi, que se declara católica, na sua sentença afirma que o sacerdote teria abusado de seus direitos ao pedir liminar para que a realização do aborto não fosse levada a cabo. 

Enquanto nos é negada a liberdade de ir e vir a propósito da epidemia, de trabalhar, de frequentar a igreja, de impedir que cada qual procure resolver o seu problema de saúde, a magistrada — para condenar o padre — discorre sobre a liberdade que a pessoa tem para proceder um aborto a fim de evitar traumas. 


Tal ‘liberdade’, aliás muito particular de se fazer aborto, vem sendo imposta pela agenda esquerdista de todos os naipes ao fornecer os instrumentos legais para o judiciário, sob pretextos diversos, como no caso em pauta, de evitar traumas para a mãe. Contudo, um ponto importante é omitido nessa trama, pois o aborto pode ocasionar traumas ainda maiores como desequilíbrios psíquicos, loucuras, depressões, podendo chegar até mesmo ao suicídio pelo problema de consciência causado, pois está inscrito no coração da mãe a proibição de matar o próprio filho. 

O carinho e o afeto maternos são proibidos de ter a sua livre expansão no coração de uma jovem mãe que pede proteção, evitando usar de crueldade. Abusar dessa liberdade é um ato cruel. A Ministra sentenciou que o padre "buscou ao menos por via estatal a imposição de seus conceitos e valores a terceiros, retirando deles a mesma liberdade de ação que vigorosamente defende para si”

Afirmou ainda que o sacerdote violou a liberdade do casal para fazer prevalecer a sua "posição particular", tendo pois agredido a honra da família ao denominar a atitude tomada por eles de "assassinato", além de ter agido de forma temerária ao impor a eles "sentimento inócuo". A criança a ser abortada, segundo os médicos, não teria condições de sobreviver após o nascimento. O que de fato sucedeu. 

Salta aos olhos que a nossa legislação não está sendo feita para favorecer a vida, mas para implantar a cultura da morte. A propósito, levanto algumas questões. Qual a relação entre a interrupção do curso normal de uma criança que virá à luz do mundo com o poder das trevas e o obscurantismo? Já estaríamos na época das trevas? Haveria ainda uma relação entre aborto e drogas, homicídios, amor livre, libertinagem, eutanásia, liberdade dos traficantes? 

Esta sentença que caiu sobre o Padre Luiz Lodi é um fato inédito no Brasil, por isso não deixa de ser para os defensores do aborto uma ocasião a ser comemorada. Do ponto de vista judicial, tal medida tem um papel preponderante de inibir a voz da Igreja em questões morais e religiosas, pois ninguém se atreverá a impedir o avanço da agenda pró-aborto, mesmo via judicial, como fez esse zeloso sacerdote. 

Pelo que eu saiba, nunca ocorrera na América Latina repercussão tão grave no edifício multissecular do Mandamento da Lei de Deus, ancorado na lei natural, que proíbe matar, principalmente em se tratando de um inocente e indefeso no ventre materno. 

Talvez nem todo leitor saiba da existência de entidades que ajudam mulheres entrarem na justiça para receber danos morais reais ou pretensos. Uma delas é o "Fundo Vivas", que presta auxílio financeiro, por meio de doações a essas mulheres e que tem também como objetivo arrecadar dinheiro para auxiliá-las em situações similares. 


Seus dirigentes partem do princípio de que não se pode defender o nascituro, mas sim os que livremente procederam a geração de uma criança, isso acima de qualquer princípio moral e ético. Os responsáveis pelo filho em gestação têm o direito de matá-lo, pois um nascimento indesejado iria atrapalhar suas vidas despreocupadas e indiferentes a Deus. Imaginam eles que a liberdade consiste apenas em gozar a vida e ser feliz. 

Para eles, o papel do Estado moderno é fazer leis pelas quais cada indivíduo possa afirmar que ‘na minha vida quem manda sou eu’, e ai de quem discordar, poderá de ser punido! A isso eu dou o nome de ditadura do hedonismo, pois a liberdade é para se fazer o bem, e não o que cada um quiser. Há advogados que afirmam que a interrupção da gravidez é um direito da gestante e opção do casal, do qual se pode fazer uso, sem persecução penal posterior e até mesmo sem a interferência de terceiros. 

Fatos como esse, poderão abrir precedentes para qualquer pessoa que queira se utilizar de meios legais para o planejamento e a execução do crime de assassinato da vida intrauterina, pois terão a garantia da impunidade. Isso representa de fato um enorme rompimento na história do cumprimento às Leis de Deus, pois é o homem querendo se sobrepor a Deus! 

Com certeza atrairá sobre si e sobre nossa nação terríveis castigos. Vozes como a do Padre Luiz Lodi precisam ser ouvidas e apoiadas. Não é permitido que o mal e o erro triunfem sobre a verdade e a virtude! Aqui poderemos parafrasear David dizendo a Saul que não quis estender a sua mão contra ele, pois queria conservar a sua mão sem mancha, sem nenhuma iniquidade, para não pecar contra o ungido do Senhor, mesmo quando Saul o procurava para matar. 

Os abortistas não sossegam, não dão tréguas contra a vida do inocente: dos ímpios sairá a impiedade; as mãos dos abortistas estão carregadas de sangue contra as crianças inocentes, clamando a Deus por vingança. 

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*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

6 de outubro de 2020

SANTO ROSÁRIO — Poderosa arma contra o demônio e seus sequazes




Neste dia 7 de outubro celebramos a festa do Santo Rosário. Essa festividade foi instituída pelo grande Papa São Pio V em ação de graças pela vitória alcançada na batalha de Lepanto (1571) contra o poder maometano, prestes a invadir a Europa. 











“O Santo Rosário é a homenagem mais agradável à Mãe de Deus” 

(Santo Afonso de Ligório) 


“Nunca será considerado um bom cristão, quem não reza o Santo Rosário” 

(Santo Antônio Maria Claret) 


“Rezar meu Rosário é minha doce ocupação e uma verdadeira alegria, porque sei que enquanto o rezo estou falando com a mais amável e generosa das mães” 

(São Francisco de Sales) 


“A devoção do Santo Rosário cotidiano defronta-se com tantos e tais inimigos, que julgo uma das mais assinaladas mercês de Deus perseverar na mesma até a morte” 

(São Luís Grignion de Montfort) 


“Amar a Senhora e rezar o Rosário, porque o Rosário é a arma contra os males do mundo” 

(São Pio de Pietrelcina) 


“O Santo Rosário contém todo o mérito da oração vocal e toda a virtude da oração mental” 

(Santa Rosa de Lima) 

“Dai-me um exército que reze o Rosário, e eu vencerei o mundo” 

(Papa São Pio X) 


“O Rosário flagela o diabo” 

(Papa Adriano VI)