30 de julho de 2023

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS — livro “pequeno no tamanho, mas cheio de sabedoria celeste”


  Paulo Roberto Campos 

Neste dia 31 de julho celebramos a festa litúrgica de Santo Inácio de Loyola (1491-1556). “Tinha a alma maior que o mundo”, assim muito apropriadamente o designou o Papa Gregório XV. 

“Tudo para a maior glória de Deus”, este foi sempre o lema de sua vida, por exemplo, no destemido combate à pseudo-reforma protestante com sua cruzada, a Contra-Reforma Católica. Fundador da Companhia de Jesus, que foi um verdadeiro exército forjado em sua obra os Exercícios Espirituais, que se expandiu para todos os países, divulgado em quase todas as línguas. 

Exercitia Spiritualia (1548).
Primeira Edição
por Antonio Bladio (Roma)

Esses Exercícios, desde o século XVI até nos tempos atuais, servem como método lógico inaciano para todos os católicos que participam de retiros espirituais com o objetivo de se aperfeiçoarem na prática das virtudes. 

Não é um mero livro de leitura, mas um método de meditação. Tem o objetivo de, através da argumentação lógica, impedir que os homens sigam pelas vias que levam à perdição eterna. Bem como a finalidade de reconduzi-los ao único Senhor e Soberano que merece toda nossa dedicação, Deus Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Tal “método inaciano” ocupa-se em apontar o fim último para o qual o homem foi criado — conhecer a Deus, amá-Lo e servi-Lo e, por esse meio, obter a bem-aventurança eterna —, e apontar o pecado, e todas as desordens e afeições terrenas, como obstáculos para se atingir tal finalidade e a perfeição espiritual. 


Ocupa-se também em meditar a vida, paixão e morte de Nosso Redentor, como o modelo a ser seguido. Nos dias dos Exercícios são reservados alguns instantes para exame de consciência, com vistas a fazer no final uma confissão geral. 

A respeito transcrevemos um belo trecho do Papa Pio XI. Ele referiu-se aos Exercícios Espirituais como “admirável livro dos Exercícios, pequeno no tamanho, mas cheio de sabedoria celeste, foi solenemente aprovado, louvado e recomendado pelo Nosso Predecessor de boa memória Paulo III” (Encíclica “Mens Nostra”, 20-12-1929). 

“Por seu nome ‘Exercícios Espirituais’ entende-se toda a maneira de examinar a consciência, de meditar, de contemplar, de orar vocal ou mentalmente, e de outras operações espirituais. Porque, assim como passear, caminhar e correr são exercícios corporais, da mesma maneira todo o modo de preparar a alma para tirar de si todas as afeições desordenadas, e depois de tiradas, buscar e achar a vontade divina na disposição da sua vida para a salvação da alma, chamam-se exercícios espirituais”. (Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1966, p. 11).

29 de julho de 2023

Rumando para uma BRAZUELA?


  Paulo Roberto Campos 

Em seus discursos, o ex-presidente Ronald Reagan por vezes contava alguma anedota para tornar mais viva a sua fala. 

Uma delas foi a seguinte: 

Na época da URSS, três cachorros estavam conversando. Um cão americano, um polonês e um russo. 

O cachorro americano disse: 

— “Nos Estados Unidos, o cachorro late e logo aparece alguém oferecendo carne". 

O cachorro polonês perguntou: 

— “O que é carne?” 

E o cachorro russo arrematou: 

— “O que é latir?” 

*    *    * 

Neste mesmo sentido, um colega jornalista me contou a seguinte historinha jocosa também do período da extinta URSS: 

Conta-se que perguntaram a um polonês, a um americano e a um russo o que significava para cada um a frase: "Por que falta carne?" 

O polonês perguntou: 

— O que é carne? 

O americano indagou: 

— O que é falta? 

E por fim o russo: 

— O que é por quê? 

Atualmente no Brasil as coisas andam tão estranhas... Pelo andar da carruagem, num futuro não muito remoto se alguém não concordar com algo do governo e perguntar “por quê”, poderá ser preso... 

Só espero que os cães brasileiros não precisem um dia fazer as mesmas perguntas que fizeram os cães poloneses e os russos... 

Já na “democracia” de Nicolás Maduro, se os venezuelanos — para usar a metáfora dos cachorros — “latirem” reclamando publicamente do governo são presos... 

Aliás, na Venezuela os cães correm risco de extinção, pois muitos estão indo para as panelas a fim de matar a fome de muitos pobres. Estes não correm o menor risco de extinção... Lá — digo com muita tristeza — a coisa que mais prospera é a pobreza, ela cresce como os cogumelos.

16 de julho de 2023

AMIZADE VERDADEIRA

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos”. (São João, 15,13)

 
































“A amizade é um dos elementos mais importantes para descobrir a presença de Deus entre nós”. 
 (Santo Agostinho) 

“Não deixes crescer a erva no caminho da amizade”. 
 (Platão) 

“Na amizade vale mais semelhança de caráter do que parentesco”. 
(Cornélio Nepos) 

“Adulatio inimica amicitiae.” (A bajulação é inimiga da amizade)
(Expressão latina) 

“Vê-se na adversidade o que vale a amizade”. 
(Provérbio português) 

“Mais perde em amizades quem mais teima nas verdades”. 
(Dito popular) 

“A amizade é a alma das almas”. 
 (Lope de Vega) 

“Só existe verdadeira amizade onde há espírito de sacrifício. Quando não há disposição de se dedicar, de se sacrificar, qualquer dito de amizade ou declaração de afeto não passa de relambório”. 
(Plinio Corrêa de Oliveira)

15 de julho de 2023

NOSSA SENHORA DO CARMO

Festividade celebrada pela Santa Igreja no dia 16 de julho

  Plinio Corrêa de Oliveira

Por maior que seja o nosso apreço ao escapulário e à nossa profissão na Ordem Terceira do Carmo, é de capital importância que nossa consagração interior seja por nós reputada o elemento capital da nossa vida carmelitana. 

[Essa é] uma verdade que deve ser propagada com grande zelo, pois assim se evita o inconveniente de que numerosas pessoas levem uma vida carmelitana completamente desviada do seu espírito, do seu sentido mais verdadeiro e profundo. 

A característica do apostolado dos leigos — portanto dos Terceiros Carmelitanos também — consiste em desenvolver-se no século, em agir no seio da sociedade civil, para promover a salvação das almas por todos os meios lícitos, inclusive pela impregnação do espírito da Igreja em todos os valores próprios à esfera temporal. 


Não se trata, portanto, para nós de evitar as coisas do século enquanto tais, não se trata de fugir para uma Tebaida ou para o recesso sagrado de uma Ordem estritamente contemplativa, nem de vivermos a vida conventual numa Ordem consagrada ao apostolado externo.

Trata-se para nós, isto sim, de estarmos dentro do século e de ordenarmos para Deus os valores do século, que foram criados para Ele e dos quais se deve exigir que Lhe deem glória. Trata-se de comunicar a esses valores o seu verdadeiro caráter cristão. 

Em tais condições, é preciso termos uma ideia exata de como a consagração a Nossa Senhora se realiza no século. Mas falar do século apenas em tese é dizer pouco. Cumpre tomar em consideração como a sociedade temporal vive em nossos dias, e as peculiaridades da época em que estamos. Fazendo-o, devemos ter em mente os elementos positivos bem conhecidos, mas não devemos esquecer o elemento negativo. 

Quem é o príncipe deste mundo? Qual é o inimigo ao qual nós não devemos servir? Qual é aquele outro “senhor”, que também nos pede que nos consagremos a ele, e que é incompatível com a Senhora Excelsa a quem asseguramos servir? 

Sem que recusemos a este “senhor” toda forma de serviço e vassalagem, sem que o combatamos sempre e por toda parte, nossa consagração a Nossa Senhora não será verdadeiramente plena. 

____________ 

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicada na edição de maio de 1959 na revista O Mensageiro Carmelitano.

11 de julho de 2023

Com a autodemolição da Igreja, a confiança para perseverar na fé

Enfrentando as tormentas atuais, a virtude da confiança necessária para mantermos a fidelidade católica. Um manifesto do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira orienta os fiéis a acrisolar nossa certeza na vitória da Igreja, mesmo atravessando as mais duras investidas anti-católicas, ela triunfará, temos a promessa indefectível de que “as portas do inferno não prevalecerão”. 

Fonte: Editorial da e Revista Catolicismo, Nº 871, Julho/2023

Em meio ao caos e às loucuras do mundo atual, assim como da crise apocalíptica pela qual atravessa a Santa Igreja, corroída por um processo de autodemolição, os fiéis católicos — abatidos, aflitos, temerosos, como náufragos numa noite escura durante uma tempestade, sem um farol que lhes indicasse o porto seguro —, poderiam ficar tentados a perder a fé.

Na recente assembleia Caminho Sinodal Alemão, qualificada pelo Cardeal Gerhard Müller como pior do que um cisma, pretendeu-se adulterar o ensinamento perene da Igreja, por exemplo em matéria moral. E agora, com a trágica perspectiva do Sínodo sobre a sinodalidade — que reunirá no Vaticano em outubro deste ano e do próximo bispos do mundo inteiro com a pretensão de dar continuidade ao “sínodo alemão” —, o desânimo poderia nos abater, se não resistirmos. 

Nessa perspectiva, peçamos a Nossa Senhora da Confiança a graça da perseverança na fé, para nos mantermos firmes na resolução de enfrentar o presente tsunami autodemolidor com o ânimo de verdadeiros cruzados em defesa da Igreja. 

Agindo assim, poderemos atribuir à Santa Igreja e fazê-las nossas as memoráveis palavras de Cícero: “Alios ego vidi ventos; alias prospexi animo procellas” — “Eu já vi outros ventos e lutei com mesmo ânimo em outras tempestades” (Familiares, 12, 25, 5). Ao longo de sua história bimilenar, a Igreja atravessou terríveis tormentas e saiu incólume, por ser imortal e ter a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo “portae inferi non praevalebunt adversum eam” (Mt 16, 18). 

Sim, as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Mesmo arrostando atualmente as mais ignóbeis investidas de seus adversários, ela triunfará desta crise sem precedentes e sairá ainda mais esplendorosa do que no passado. 

Nesse panorama tenebroso, como um farol a iluminar durante as borrascas, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira publicou no dia 19 de junho um oportuno manifesto que constitui a matéria de capa da edição da revista Catolicismo deste mês [capa acima]. Ele é um apelo ao clero silencioso, estendido também aos fiéis, para que não permaneçam calados, mas bradem, alertem, denunciem os responsáveis pela crise na Igreja, a fim de que não mais se permita que as ovelhas sejam dispersas por falsos pastores e devoradas por lobos transvestidos de ovelhas. 

____________

* Para fazer uma assinatura da revista Catolicismo enviei um e-mail para: catolicismo@terra.com.br

6 de julho de 2023

Aumento de produtos pets, diminuição de filhos


D
evido à queda da natalidade, um fabricante de 300 artigos para bebês achou mais rentável produzir para pets. 

O “boom” da adoção de cães e gatos seria movido pela emoção, e não pela razão, sinal de menor amor pelos filhos. 

Há objetos, como carrinhos para animais, semelhantes aos dos bebês. As vendas de rações da Nestlé para pets dobraram em três anos. 

Enquanto em 2018 as crianças com até 12 anos de idade no Brasil somavam 35,5 milhões, hoje o número de pets atinge 139,3 milhões. 

Em média, no final da década de 1960 as mães brasileiras geravam seis filhos, hoje geram apenas 1,7 (abaixo da média mundial). O que será de nós se continuarmos com essa distorção da ordem natural?

5 de julho de 2023

Menina de 12 anos preferiu a morte a perder sua pureza

Maria Goretti (foto feita aproximadamente 1900)
na propriedade de sua família
Santa Maria Goretti (1890 – 1902), heroína da fé e da pureza, é um grande exemplo para todos, especialmente para as meninas e adolescentes em nossos dias de generalizada imoralidade. 

Quando contava apenas 12 anos, Maria Goretti foi assediada por um rapaz que, deparando-se com a firme resistência da menina, amordaçou-a e ameaçou-a com uma faca. Como ela continuava resistindo, o perverso tentou arrancar-lhe a roupa. Nisso, a menina gritou: “Não faças isso, que é pecado. Irás para o inferno”. Ele respondeu: “Se não deixar, eu te mato”. Não conseguindo praticar a perversidade, o depravado esfaqueou a pequena várias vezes. Era o dia 6 de julho de 1902 — exatamente há 121 anos. 

O Papa Pio XII afirmou que Santa Maria Goretti é: “o fruto de lar cristão, onde se reza, se educam cristãmente os filhos no santo amor de Deus, na obediência aos pais, no amor à verdade, na honestidade e na pureza”. 

Desta Santa Virgem e Mártir comentou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em conferência no dia 6 de junho de 1966: 
Urna com as relíquias de Sta. Maria Goretti

“A Igreja Santa, Católica, Apostólica, Romana, em meio à degradação moral do mundo de hoje, apresenta aos homens uma santa como modelo na luta contra a imoralidade: Santa Maria Goretti — um modelo que é o contrário daquilo para que o mundo contemporâneo tende. 


A pureza transparece até no quarto da santa
Santa Maria Goretti se apresenta a nós como um incitamento à fidelidade à doutrina tradicional da Igreja, ao zelo da Igreja pela pureza, ao valor que a pureza possui e que a Igreja sempre inculcou. De tal maneira que mais vale ao homem perder sua vida do que sacrificar sua pureza. 

Em toda essa questão social de que tanto se fala, o problema da pureza ocupa um lugar preponderante. Não pode haver ordem social verdadeira sem ordem familiar verdadeira; e não pode haver ordem familiar verdadeira sem a virtude cujo nome enche os homens de respeito humano; sem que essa virtude seja praticada pelos católicos até a última perfeição; e praticada por ser conhecida e admirada como tal. É a virtude sobre a qual pouco se ousa falar, e que é a castidade conforme o estado da pessoa: a castidade perfeita ou a castidade matrimonial. Duas formas santas de virtude, que precisam ser adotadas e defendidas. 

A ordem política e a ordem social ruem inevitavelmente nos ambientes onde a virtude da pureza não é observada. Não há preservação da ordem política e social, não há edificação da Civilização Cristã que se possa fazer seriamente, sem que, entre outras virtudes, a da pureza esteja na base”.