20 de fevereiro de 2022

NOSSA SENHORA DO BRASIL

Imagem de Nossa Senhora do Brasil, venerada na Igreja do mesmo nome em São Paulo. Neste dia 22 de fevereiro celebra-se esta importante devoção mariana

C
ontam-se nos dedos as nações cujos nomes constituem título para Nossa Senhora: Nossa Senhora da Áustria, de Luxemburgo, do Líbano, do Brasil... 

É para nós uma razão a mais de esperança ter a Santíssima Virgem querido manifestar-se especialmente dadivosa, como veremos, mediante essa última invocação. Pois quis Ela conceder à nossa Pátria um acréscimo de bondade, em relação aos incontáveis favores espargidos sobre o Brasil, enquanto sua Padroeira, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. 

É digno de nota ter a denominação Nossa Senhora do Brasil surgido informalmente no seio de uma população longínqua, que sempre se distinguiu por singular devoção mariana Foi o povo napolitano o que começou a invocar Madonna del Brasile. E isso ocorreu na primeira metade do século XIX, quando não havia se estabelecido ainda relação popular mais estreita entre Brasil e Itália, pois a grande imigração proveniente da bela Península não tinha começado. 

A imagem que recebeu tal nome representa Nossa Senhora com o Menino Jesus, ambos ostentando o próprio Coração. O Divino Filho aponta com a mão direita o Coração materno. 

Talhada em madeira, a imagem foi esculpida, segundo a tradição, por algum dos nossos primeiros missionários jesuítas, sob a orientação de São José de Anchieta. Exercendo o Apóstolo do Brasil o cargo de Provincial da Companhia de Jesus, fundou ele no Estado do Espírito Santo a primeira capela dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Posteriormente, de visita ou Pernambuco, teria deixado a imagem de Nossa Senhora dos Divinos Corações, como era então chamada, numa das aldeias de indígenas catequizados. 

Por volta de 1630, foi ela escondida para escapar da sanha iconoclasta dos invasores calvinistas holandeses. E quase um século depois, em 1710, a imagem ficou aos cuidados dos padres capuchinhos vindos da Itália. 

Documentos históricos fidedignos comprovam que, em 1725, Nossa Senhora dos Divinos Corações foi escolhida como Padroeira da nova Prefeitura Apostólica dos missionários capuchinhos no Pernambuco, atribuindo-se a Ela um altar na igreja de Nossa Senhora da Penha, no Recife. 

Em 1828, eclodiram diversos movimentos revolucionários naquela região, durante os quais cometeram-se profanações de templos católicos. Frei Joaquim de Afrágola, fervoroso capuchinho, devoto da venerada imagem, constatando o perigo que ela corria, remeteu-a secretamente para o convento de sua Ordem, em Nápoles. Quatro anos mais tarde, foi profanada a igreja que teria abrigado a imagem, caso a previdente atitude de Frei Afrágola não tivesse sido tomada embarcando a imagem para a Itália. 

Em Nápoles, entretanto, por questões de alfândega, os frades capuchinhos retardaram a retirada da encomenda. A imagem tinha chegado sem aviso específico, em meio a outros objetos que tomavam a caixa muito pesada. Os religiosos não dispunham de recursos para pagar o imposto. Transcorrido considerável tempo nesse impasse, os guardas aduaneiros, curiosos, romperam a cinta que envolvia a caixa... Ficaram eles admirados ao descobrir uma bela efígie de Nossa Senhora, que enviaram prontamente para seu destino, o Convento de Santo Efrém, o Novo. 

Impressionados com a notável perfeição dá escultura, aqueles religiosos resolveram expô-la à veneração dos fiéis, na própria igreja de Santo Efrém. O povo napolitano, depois das grandes honras com que foi exposta à veneração pública, espontaneamente começou a denominá-la Madonna del Brasile

A nova devoção difundiu-se em pouco tempo, tornando-se patentes numerosas graças obtidas através da artística imagem. Por exemplo, a cessação da então terrível epidemia de cólera e numerosas curas. 

A 22 de fevereiro de 1840, verificou-se impressionante milagre: um devorador incêndio consumiu a igreja de Santo Efrém, reduzindo-a a cinzas. Contudo, a velha madeira da imagem e as vestes que a ornavam ficaram intactas! Muitos que tinham acorrido, devido a noticia do incêndio, constataram com agradável surpresa a preservação da Madonna del Brasile. Fato que, naturalmente, concorreu para aumentar ainda mais o recurso confiante da população de Nápoles a Ela. 

Paróquia Nossa Senhora do Brasil (na capital paulista)

Tudo o que acima foi narrado era quase desconhecido entre nós. Em 1924, porém, o Bispo brasileiro Dom Frederico Benício de Souza Costa, passando por Nápoles, inteirou-se da história da Madonna del Brasile. E; voltando a nossa Pátria, divulgou-a quanto pôde. 

O culto a Nossa Senhora do Brasil ainda não se tomou muito conhecido no território nacional. Apesar disso, Ela é venerada nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Na capital paulista, importante paróquia foi a Ela dedicada, no bairro do Jardim América [foto ao lado]. A imagem original, entretanto — apesar de diversas tentativas feitas para obter seu retomo ao Brasil —, continua em Nápoles. 
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FONTES DE REFERÊNCIA 
• Niha Botelba Megale, 112 invocações do Virgem Maria no Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1986, 2ª edição, pp. 77-79. 
• Folhetos da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, São Paulo.

15 de fevereiro de 2022

A condenada trilogia da Revolução Francesa

 

Tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789

“Liberdade, Igualdade e Fraternidade” — O Papa Bento XV e outros Pontífices condenaram essa trilogia da Revolução Francesa 

Plinio Maria Solimeo

A trilogia “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” foi enunciada pela primeira vez como um todo durante a satânica Revolução Francesa. Com muita carga revolucionária na época, e hoje em dia ainda considerada como um “dogma”, entretanto parece ter perdido um pouco de sua garra. Mas nem foi sempre assim. 

Vários Papas condenaram não só a Revolução Francesa, mas especialmente essa trilogia, que compendia de certa forma os princípios revolucionários de 1789. 

Em seu livro Nobreza e elites análogas tradicionais nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mostra o que se deve pensar dessa trilogia à luz da doutrina católica e seu sentido revolucionário, e comenta uma coleção de categóricos pronunciamentos pontifícios sobre o assunto, infelizmente ignorados nos dias de hoje. 

Entre esses textos dos Papas apresentados pelo insigne líder contra-revolucionário, sobressai um documento claro e contundente do Papa Bento XV (1914-1922), que sucedeu a São Pio X. 

Trata-se da alocução por ocasião da promulgação do decreto sobre a heroicidade das virtudes do então Servo de Deus (depois canonizado) Marcelino Champagnat, em 11 de julho de 1920. Abaixo resumimos e comentamos alguns trechos dela (os subtítulos são nossos). 

Maléfica influência das “perversas doutrinas” da Revolução Francesa 

Ao falar sobre São Marcelino Champagnat, o Papa Bento XV aproveitou a oportunidade para atacar de rijo e de frente os funestos frutos da Revolução Francesa. E não economizou para isso os mais enérgicos adjetivos. Começa comentando que, no final do século XVIII e inícios do século XIX na França, “muitos falsos profetas”, dos quais falara acima, “se propunham difundir por toda a parte a maléfica influência das suas perversas doutrinas”. Esses “falsos profetas”, fautores da maldita Revolução, eram homens com certa projeção em setores da atividade pública, a quem seguiam um populacho interesseiro, os panfleteiros e os demagogos desonestos, que iam pelas ruas disseminando sua perversa doutrina. Acrescenta o Papa: “Eram profetas que tomavam ares de vingadores dos direitos do povo, preconizando uma era de Liberdade, de Fraternidade, de Igualdade”.

“Liberdade” que abre as portas para o mal, e falsa “fraternidade” 

O Papa Bento XV (1854 – 1922)
Qual a “liberdade” que esses “falsos profetas [...] disfarçados de cordeiros” pregavam e que desejavam para todos os povos? O Papa diz que se tratava de uma “liberdade” que “não abria as portas para o bem, e sim para o mal”. Não era a verdadeira liberdade dos filhos de Deus. 

Bento XV faz o mesmo juízo a respeito da “fraternidade”: “A Fraternidade por eles pregada não saudava a Deus como Pai único de todos os irmãos”. Pelo contrário, era uma “fraternidade” despida de qualquer sentimento ou princípios morais, egoísta, seletiva, cúmplice e praticada quando havia interesse. 

“Igualdade” destrutiva da diferença de classes querida por Deus 

Entretanto, o ponto mais candente e delicado tratado por esse Papa é o da “igualdade”, que se tornou um “dogma” da moderna religião mundial. A igualdade “por eles anunciada não se baseava na identidade de origem, nem na comum Redenção, nem no mesmo destino de todos os homens”. Ao contrário, era uma “igualdade” inteiramente atéia e desprovida de qualquer fundamento religioso, sendo oposta, segundo o Papa, aos “direitos e às razões de justiça e da verdade”; e, sobretudo, “destrutiva da diferença de classes querida por Deus na sociedade”. 

Legitimidade da diferença de classes e da sujeição de uns a outros 

Aqui está, pronunciada por um legítimo Papa no exercício de seu magistério e confirmando a doutrina tradicional da Igreja, a afirmação de que — contrariamente ao que afirmam certa filosofia e teologia modernas — as diferentes classes sociais são queridas por Deus, e devem existir para o bom funcionamento da sociedade. 

Por isso, Bento XV vai mais longe. Esses falsos profetas “chamavam irmãos aos homens para lhes tirar a ideia de sujeição de uns em relação aos outros”. Pelo que fica claro que, por disposição divina, na sociedade é preciso haver os que mandam e outros que obedecem; uns que sejam patrões, e outros empregados; como também, harmonia entre ricos e pobres (“Pobres sempre os tereis entre vós”, disse Nosso Senhor), porque todos foram remidos pelo sangue preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Sacrificar ao erro os direitos e as razões de justiça e da verdade 

Deturpando de tal maneira os ensinamentos da Igreja, esses falsos profetas são denunciados por Bento XV “proclamavam a liberdade de fazer o mal, de chamar luz às trevas, de confundir o falso com o verdadeiro, de preferir aquele a este, de sacrificar ao erro e ao vício os direitos e as razões da justiça e da verdade”. Ele não podia ser mais enérgico e mais claro. Por isso, com relação a eles, diz o Pontífice que é preciso estar em guarda: “guardai-vos deles! `attendite a falsis prophetis”. 

São Marcelino Champagnat combateu os funestos princípios de 1789 

Marcellin Joseph Benoît Champagnat
(1789  1840)
Bento XV faz então uma aplicação prática do que disse, exemplificando com São Marcelino Champagnat: “Não deixa de ter interesse a comprovação do fato de que Marcelino Champagnat, nascido em 1789, foi destinado a combater, na sua aplicação prática, precisamente os princípios que tomaram o nome do ano do seu nascimento [em que simbolicamente irrompeu a Revolução Francesa], e depois obtiveram triste e dolorosa celebridade”. 

Pois “Marcelino Champagnat ouviu essa palavra [“guardai-vos dos falsos profetas”], entendeu também que não tinha sido dita só para ele, e pensou em tornar-se o eco dela junto aos filhos do povo, que via serem os mais expostos a cair vítimas dos princípios de 1789, devido à própria inexperiência e à ignorância dos seus pais em matéria de religião...”. Nessa sua ação verdadeiramente contra-revolucionária, o Santo tinha presente as palavras “‘Attendite a falsis prophetis': eis as palavras que repetia aquele que almejava deter a torrente de erros e vícios que, por obra e graça da Revolução Francesa, ameaçava inundar a Terra.” 

E realmente esses vícios e erros da nefanda Revolução inundaram toda a Terra, sendo uma de suas mais funestas consequências as revoluções que se seguiram ao longo da História, principalmente a comunista de 1917. 

“Pelos frutos os conhecereis” 

Bento XV insiste ainda sobre a disseminação desses erros, para condenar taxativamente mais uma vez a satânica Revolução: "Para justificar a sua obra [de preservar a juventude desses erros funestos], ter-lhe-ia bastado continuar a leitura do Evangelho de hoje, porque um simples olhar sobre as chagas que os princípios de 89 abriram no seio da sociedade civil e religiosa, patenteariam como aqueles princípios continham a suma do ensino dos falsos profetas: `a fructibus eorum cognoscetis eos'”. 

Depois de se referir aos resultados extraordinários obtidos pelos Irmãos Maristas, bem como a uma milagrosa intervenção de Nossa Senhora, o Pontífice continua: 

“Se o Venerável Champagnat tivesse adivinhado, com profética luz, tão admirável efeito, lamentar-se-ia certamente do excessivo número de meninos que ainda permaneciam sumidos nas sombras da morte e nas trevas da ignorância, e teria deplorado, mais ainda, não ter podido impedir melhor o nefasto desenvolvimento da perniciosa semente espalhada pela Revolução Francesa. No entanto, um sentimento de profunda gratidão a Deus, pelo bem realizado pela sua Congregação, tê-lo-ia obrigado a dizer que, assim como dos péssimos frutos do ensino de alguns profetas contemporâneos seus, se deduzia a sua falsidade, assim o amadurecimento dos bons frutos da sua obra mostravam a bondade dela: `Igitur ex frutibus eorum cognoscetis eos'”. 

Aqui o Papa Bento XV vai mais além ao afirmar claramente que, mesmo no tempo de São Marcelino Champagnat, havia “profetas contemporâneos seus” [do Santo], de cujos “péssimos frutos do ensino [...] se deduzia sua falsidade”. Esses filhos desnaturados da Santa Igreja que semeiam a cizânia no meio católico sempre existiram, e existem com abundância nos tristes dias em que vivemos. 

Quem foi São Marcelino Champagnat 

Marcelino José Bento Champagnat nasceu no dia 20 de maio de 1789 em Marlhes, aldeia de montanha no Centro-Leste da França, perto de Lyon, o nono filho de uma família de agricultores. Pouco depois de seu nascimento começaram a chegar à pequena vila agrícola as novas ideias propaladas pela Revolução incipiente. Seu pai, que era também comerciante, tinha uma instrução acima da média e desempenhava um papel político na aldeia e na região, embora infelizmente fosse aberto às idéias novas. Tendo sido promovido a coronel da Guarda Nacional, foi encarregado de aplicar ali o calendário revolucionário, que instituía a semana de dez dias, eliminando assim o domingo. A Missa na igreja da vila, transformada no templo da deusa Razão, foi suprimida. Entretanto, ele permitia à sua família assistir às missas de padres “refratários” (isto é, dos que não haviam prestado juramento de fidelidade às leis revolucionárias), escondidos nos arredores. Isso marcará Marcelino para o resto de seus dias. 

Ordenado sacerdote, “consciente das imensas carências da juventude e educador nato, Marcelino faz desses jovens camponeses sem cultura apóstolos generosos. Sem tardar abre escolas. As vocações vêm, e a primeira casa, apesar de aumentada pelo próprio Marcelino, torna-se logo pequena demais”. 

Foram muitas as dificuldades que enfrentou: “O clero em geral não compreende o projeto desse jovem padre inexperiente e sem recursos. Mas as populações rurais não cessam de pedir Irmãos para garantir a instrução cristã das crianças.” Ele não desanima. 

“Sua grande humildade, seu senso profundo da presença de Deus, fazem-lhe superar, com muita paz interior, as numerosas provações. Reza amiúde o Salmo 126: ‘Se o Senhor não constrói a casa’, convencido de que a Congregação dos Irmãos é obra de Deus, obra de Maria. ‘Tudo a Jesus por Maria, tudo a Maria para Jesus’ é sua divisa.”. 

Ele fundou a Congregação dos Pequenos Irmãos de Maria (Maristas) para a educação de meninos. Em pouco tempo essa obra se espraiou, e cinco mil Irmãos em diferentes partes do mundo educavam a juventude masculina combatendo os princípios da Revolução. 

Exausto de fadiga e sobrecarregado com inúmeras preocupações, teve seus dias encurtados. Com efeito, esse grande Santo falecerá em 1840 com apenas 51 anos de idade. Foi beatificado por Pio XII em 29 de maio de 1955 e canonizado por João Paulo II em abril de 1999.

12 de fevereiro de 2022

CORTESIA FRUTO DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ


“A cortesia é uma das propriedades de Deus, que dá seu sol e sua chuva aos justos e aos injustos por cortesia, e a cortesia é irmã da caridade, que extingue o ódio e conserva o amor.” 
(São Francisco de Assis) 


“A Revolução Francesa foi satânica porque ela cometeu sacrilégios, entronizou a deusa razão etc. Mas não só por isso. Foi satânica porque representou uma explosão de ódio contra o bem, representado pela pompa, pela graça, pela cortesia, que brilharam naquele tempo.” 
(Plinio Corrêa de Oliveira) 


“A polidez é o ritual da sociedade, assim como a oração o é da Igreja.” 
(Madame de Staël) 


“A corte é como um edifício de mármore, quer dizer, é composta de homens muito duros, mas muito polidos.” 
(Racine) 


“O homem não educado é a caricatura de si próprio.” 
(Friedrich von Schlegel) 


“As raízes da educação são amargas, e os frutos dulcíssimos.” 
(Aristóteles)

10 de fevereiro de 2022

LOURDES E O FUTURO DOGMA


 

✅ Plinio Corrêa de Oliveira

Muito se poderia dizer a respeito da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, mas um dos aspectos insuficientemente acentuado — verdade fundamental para o Reinado de Maria — é Ela enquanto Medianeira de todas as Graças. 

Pela sua própria natureza humana, Nossa Senhora não tem mais poder do que nós sobre os astros, sobre os homens. Ela está infinitamente abaixo de Deus, mas Ele a estabeleceu como Rainha de todos os anjos, santos, homens, de todo o mundo material e, ao mesmo tempo, dominadora terribilíssima e completa sobre o demônio. Para isso Ela precisa obter as graças de Deus. 

Nas aparições de Lourdes pode-se estudar a presença da ideia da mediação universal das graças e do Reinado de Maria. Isso de modo especial se pode dizer debaixo de um título: Nosso Senhor Jesus Cristo desejou essa fecundidade de milagres operados no santuário de Lourdes. 

Na França, por exemplo, há um outro santuário magnífico consagrado ao Sagrado Coração de Jesus, que é o Santuário de Paray-le-Monial, onde Nosso Senhor fez suas revelações a Santa Margarida Maria Alacoque. 

Ele poderia perfeitamente fazer com que essa abundância de milagres se desse lá. Poderia fazer o mesmo em todos os santuários do mundo consagrados a Ele, mas não foi o que aconteceu. Ele estabeleceu que a maior fonte de milagres na História da Igreja e do mundo fosse num santuário consagrado a Nossa Senhora. 

Nosso Senhor desejou que aquelas curas todas só fossem obtidas sob a égide de sua Mãe Santíssima, depois de uma aparição d'Ela, como uma graça e mediante um pedido feito por Ela. Ele quis que todas aquelas curas estupendas passassem pelas mãos d'Ela. 

Ele assim desejou também para documentar o papel de Nossa Senhora enquanto mediadora universal de todas as graças — que ainda não é dogma, mas é uma verdade. Tudo isso para ajudar os homens a compreender bem até que ponto Ela pode nos alcançar tudo. 


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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 4 de fevereiro de 1965. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

5 de fevereiro de 2022

O tiro saiu pela culatra

Em 8 de maio de 2021, em Louisville, Kentucky, anti-abortistas em frente ao Centro Cirúrgico Feminino EMW, uma clínica que realiza abortos. [Foto: Jon Cherry / GETTY)


Cidade paga 75 mil dólares de indenização a policial suspenso por protestar contra o aborto 

✅  Plinio Maria Solimeo

Neste nosso infeliz mundo com muita frequência o bem é perseguido e o mal premiado. Mas às vezes ocorre de o tiro sair pela culatra. Foi o que aconteceu com um policial católico dos Estados Unidos, que após ter sido multado pela sua corporação por rezar contra o aborto diante de uma clínica que o praticava, teve de ser indenizado pela injusta e arbitrária punição. 

Mateus Schrenger, policial altamente qualificado na polícia de Louisville, no Estado de Kentucky, é um devoto católico, pai de quatro filhos. Fiel à doutrina da Igreja, é ferrenho antiabortista. Por isso, quis participar da campanha “40 Dias pela Vida”, que através de orações pacíficas e jejum em frente a empresas de aborto, visa acabar com o extermínio de inocentes. 

Desse modo, na manhã de 20 de fevereiro de 2021, antes de ir para o serviço, parou para rezar com seu pai na calçada do lado de fora do Centro Cirúrgico Feminino EMW, que realiza abortos. Eram aproximadamente 6 horas da manhã quando os dois começaram a rezar o Rosário, o que fizeram durante 45 minutos antes da abertura da clínica da morte. Como o oficial entraria depois em serviço, vestia o uniforme da corporação, cobrindo-o com um casaco. 

Deve-se notar que se tratava de um ato muito pacífico, sem outras pessoas por perto, a não ser um senhor que se juntou a eles no início da oração, além de alguns outros que chegaram quando Schrenger já saía. As ruas adjacentes também estavam quase vazias de tráfego naquele amanhecer de sábado. Portanto, o que fizeram em nada atrapalhava quem quer que fosse, nem mesmo os partidários do aborto. 

No entanto, o vídeo de vigilância da clínica mostrou Schrenger caminhando fora do prédio enquanto rezava, portando um pequeno cartaz no qual estava escrito: “Rezar para acabar com o aborto”

A represália não se fez esperar. Naquele mesmo dia seu computador foi bloqueado pela polícia e o carro da corporação com o qual trabalhava retirado de seu uso. Afastaram-no também da escala de patrulhamento e o suspenderam por mais de quatro meses, embora mantendo o seu salário. Além disso, foi destituído de seus poderes como policial e colocado sob investigação. 

Segundo o Departamento de Polícia de Louisville, Schrenger foi punido “por ter violado os Procedimentos Operacionais Padrão da polícia e as leis de Kentucky”. Ora, na lista desses procedimentos não se proíbe a participação de um policial em ato não político, no seu período de folga. 

De acordo com uma carta do último mês de junho, obtida pelo jornal WDRB News, a polícia alegou também que Schrenger foi indiciado porque usava uniforme policial completo ao participar de uma “atividade de protesto”, mas reconhecia que ele procurou cobri-lo com o casaco. 

Ora, quando o Departamento de Polícia estendeu o período de suspensão do policial, ignorou o prejuízo que causava à sua carreira e aos seus meios de subsistência dos quatro filhos menores, além de outros danos, perdendo quantias substanciais de pagamento. Ficava claro que o motivo da punição eram suas crenças religiosas e sua atitude declarada e militantemente pró-vida. 

Também a clínica abortista visada postou em sua conta do Twitter graves acusações contra Schrenger, as quais foram amplamente divulgadas e politizadas. 

É incrível como um ato isolado e sem publicidade de um católico fiel aos ensinamentos da Igreja, feito quase de madrugada e sem alarde, atraiu tanto ódio dos abortistas e dos “politicamente corretos”! 

O oficial punido reagiu corajosamente. Assessorado pela Thomas More Society, firma de advogados dedicada a restaurar o respeito à lei pela vida, família e liberdade religiosa, Schrenger processou o prefeito, o chefe de polícia e o departamento de polícia da cidade por persegui-lo por causa de suas convicções religiosas e sua atuação pró-vida. O advogado da Thomas More Society, Blaine Blood, entrou em outubro de 2021, em nome de seu cliente, com uma ação federal contra a cidade de Louisville e o Departamento de Polícia Metropolitana. 

O conselheiro sênior desse grupo, Matt Hefrom, afirmou: “A disciplina injusta revelou inegavelmente discriminação baseada em conteúdo contra as visões pró-vida pessoais do oficial Schrenger, e violou seus direitos da Primeira Emenda americana. Ele não se engajou em nenhum protesto político em serviço: só rezou em silêncio. No entanto, foi punido por esse comportamento pacífico e privado”. E, o que é mais grave, “foi tratado assim de maneira muito diferente que outros policiais que inegavelmente se envolveram em verdadeiros protestos políticos e ativismo enquanto participavam de manifestações LGBT e Black Lives Matter”. Para estes, benevolência e compreensão. Hefrom insiste que ainda mais grave é o fato de os policiais acima envolvidos se manifestarem estando em serviço e de uniforme.

Entretanto, aparentemente foram por debaixo do pano aprovados ou pelo menos tolerados pelo Departamento de Polícia. Tanto assim é que os registros abertos mostraram que esses oficiais não enfrentaram em absoluto suspensão nem nenhum tipo de pena disciplinar. Ele conclui que a medida implicou em “uma violação significativa e imperdoável dos direitos constitucionais de um oficial leal”

A própria chefe da polícia, Erika Shields, quando questionada sobre o assunto Schrenger em reunião do Comitê de Supervisão e Auditoria do Conselho Metropolitano de Louisville, em 2 de março de 2021, admitiu publicamente que não acreditava que sua conduta estivesse claramente proibida. No entanto, as sanções foram mantidas. 

Contudo, a polícia e a municipalidade tiveram que ceder. Ante a ameaça de um processo que os punha no pelourinho e lhes seria muito prejudicial, a administração da cidade de Louisville resolveu, para que Schrenger encerrasse rapidamente o caso, indenizá-lo com 75 mil dólares. Esse acordo saiu três meses depois de o policial ter entrado com seu processo. 

Comenta Matt Heffron: “A oferta rápida da cidade de pagar US$ 75.000 mostra que ela sabia que cometera uma violação significativa e imperdoável dos direitos constitucionais de um oficial leal”

Não é sempre que vemos uma injustiça tão flagrante ser sanada com tanto sucesso. 
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Fontes: 
- Policial católico ganha acordo de US$ 75 mil após suspensão por rezar em estabelecimento de aborto| Registro Católico Nacional (ncregister.com) 
- https://thomasmoresociety.org/louisville-pays-75000-to-wronged-police-officer-suspended-for-off-duty-prayer/ 
- https://thomasmoresociety.org/case/matthew-schrenger-v-louisville-metro-police-chief-erika-shields-and-mayor-greg-fischer/

4 de fevereiro de 2022

Jovem casal brasileiro com 8 filhos espera gêmeos: “cada um vale o universo”

 

Casal brasileiro com 8 filhos espera gêmeos

@coracaodemami | Instagram

Família Arasaki

ncisco Vêneto - publicado em 20/10/21





Fonte: Aleteia, Francisco Vêneto, Francisco Vêneto - publicado em 20/10/21.

Jovem casal brasileiro com 8 filhos espera gêmeos: "cada um vale o universo" (aleteia.org)

Mariana e Carlos, 36 anos, são pais de seis Marias, um Martin, um Bernardo e agora esperam João Pio e Josemaria. Terão outros? "Se Deus mandar, lógico que sim!"

Um jovem casal brasileiro com 8 filhos espera mais dois gêmeos para março e vem conquistando a internet com seus testemunhos e fotos da vida em família – família numerosa e feliz, aliás, que incentiva a sadia (re)consideração de vários (pre)conceitos sobre a quantidade supostamente “ideal” de filhos em nossos tempos.

A quantidade “ideal” de filhos simplesmente não existe. O que existe é o bom senso e a responsabilidade de seguir a própria vocação e possibilidades: há pessoas que não têm vocação para a paternidade e por isso não têm filho nenhum; há pessoas que têm vocação e possibilidade de ter um ou dois filhos; há pessoas que têm vocação e possibilidades de ter doze ou quatorze filhos; há pessoas que têm vocação e possibilidades de adotar filhos.

O que a Igreja Católica propõe aos seus fiéis é que tenham filhos dentro de uma relação consciente, comprometida, sólida e amorosa, abençoada pelo sacramento do matrimônio, na qual os cônjuges, mantendo-se abertos ao que Deus lhes permitir, façam um sensato planejamento familiar natural.

Os paulistanos Mariana e Carlos Arasaki, ambos com 36 anos de idade e casados há 10 anos, relatam que sempre sonharam em ter filhos e formar uma família grande. E eles já têm dez, sendo que os dois caçulinhas são os gêmeos João Pio e Josemaria, esperados para vir à luz em março. Os outros oito já nasceram: são seis Marias, um Martin e um Bernardo.

A própria Mariana listou os nomes e as idades da prole numa postagem em sua rede social:

“As crianças. Cada uma vale o universo e curtem muito a presença dos irmãos, desde a gestação até o dia da chegada nesse mundo.

  1. Maria Philomena 9 anos
  2. Martin 8 anos
  3. Maria Clara 7 anos
  4. Maria Sophia 6 anos
  5. Bernardo 4 anos
  6. Margarida Maria 3 anos
  7. Maria Madalena 2 anos
  8. Stella Maria 10 meses”

A lista, conforme já dissemos, agora também inclui os nascituros João Pio e Josemaria.

Duas curiosidades mais ou menos aleatórias sobre os filhos de Mariana e Carlos: todos eles nasceram de parto normal; e, segundo a mãe, todos gostam de comida japonesa.

Jovem casal brasileiro com 8 filhos espera gêmeos

Como foi a notícia de que mais dois gêmeos vinham a caminho? Mariana relata:

“Fui ao consultório da minha médica e ela anunciou que estava tudo bem e não havia só um bebê, mas sim dois! Meu coração pulou de alegria! Foi realmente emocionante demais ver os dois bebês na ultrassonografia!”

Carlos é um pai muito presente e atuante. De fato, Mariana escreveu em sua rede social:

“Tudo começa com a cumplicidade do casal. No amor, na disposição em criar filhos preparados para o mundo, dando muito amor, carinho, firmeza sempre que necessário, ensinando que sem Deus não somos nada… Todos temos dias difíceis e isso passa; tudo passa na verdade. A vida é um sopro e tentamos aproveitar o máximo desse dom que Deus nos dá”.

A jovem mãe também dá dicas úteis sobre a rotina das crianças:

“Crianças com rotina, crianças felizes! Rotina não é lotar a agenda da criança, é ter horário pra que se sintam seguras. Para que cresçam confiantes porque sabem que alguém se preocupa com seu bem-estar. Ter atividades que permitam que gastem energia, sejam crianças, aprendam e adquiram conhecimento e virtudes (paciência, fortaleza, perseverança) de maneira tranquila. Horários pra comer, brincar, ir à escola, fazer deveres, atividades extra-curriculares. Em casa, o horário de dormir é sagrado. É importante para o casamento, assim eu e o Carlos conseguimos ter sempre um tempo sozinhos”.

Será que Mariana e Carlos ainda vão querer mais pimpolhos depois da chegada dos gêmeos?

“Se Deus mandar, lógico que sim!”

2 de fevereiro de 2022

Glória militar, majestade e alegria de viver


✅  Plinio Corrêa de Oliveira

Vemos nestas fotos soldadinhos de chumbo de peças de coleção. São dois oficiais de cavalaria do tempo do rei Luís XV da França. 

O que um espírito dito moderno objetaria contra eles? 

Primeiramente diria que são muito orgulhosos, vestidos muito ricamente, como para participar de uma festa, dando a impressão de que desprezam quem não está vestido como eles e não tem os adornos deles. 

Depois diria que o homem deve ser mais sério e não se enfeitar tanto assim, que o próprio para o homem verdadeiramente varonil é o macacão. Diria também que se eles não são varonis, não podem dar bons soldados, que homens assim serviam para dançar minueto, mas não para combater verdadeiramente. 

Entretanto, a História registra que os guerreiros daquela época (século XVIII) eram de uma coragem prodigiosa. Eles avançavam de maneira destemida, a tal ponto que até hoje deixam os historiadores assombrados. 

Tinham coragem de enfrentar qualquer perigo e mesmo a morte, e gloriosamente caminhavam para a luta ou para morte estimulados pelo heroísmo. 

Toda carreira é susceptível de deformações. Assim, também a carreira militar pode tornar o indivíduo muito duro, calejado. Para compensar esse endurecimento, é preciso rodeá-lo de aparências delicadas para não se transformar num carniceiro pago, mas num cavaleiro.

Notem o porte ereto deles! Um segura a corneta com altivez, adornada por uma linda bandeira que tremula ao vento. 

Observem a espada e a harmonia entre a cor do chapéu e a cor da bota; até parece que o cavalo aprendeu a elegância com o cavaleiro. 

Pode-se dizer o mesmo do outro cavaleiro. Um tambor facilmente pode dar em uma coisa muito maçuda, mas revestido com o tecido, é uma beleza. Tudo majestoso dentro da alegria de viver. 

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 12 de maio de 1984. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.