Prof. Hermes
Rodrigues Nery (da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB) e Pe.
José Eduardo exortam os fiéis leigos e religiosos a cobrarem das autoridades
eclesiásticas a identidade católica das instituições ditas católicas.
EXIGÊNCIA
PARA QUE DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, ARCEBISPO DE BELO HORIZONTE INTERVENHA
PARA CANCELAR EVENTO PRÓ-ABORTO EM FACULDADE CATÓLICA.
Contatos:
Mitra . Recepção: (31) 3269-3131
Pessoal: (31) 3269-3133
Coordenação: (31) 3269
3134/3139
Veja do
que se trata, nesta reportagem feita por Pedro
Canísio de Alcântara:
Denúncia:
Faculdade jesuíta convida inimigos da Igreja para dar cursos em Simpósio
(...os
alunos da instituição poderão escolher para a participação
obrigatória.)
De 2
a 4 de outubro, a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia promoverá
seu IX Simpósio Internacional Filosófico-Teológico. Depois da “ilustre”
presença do Prof. Dr. Leonardo Boff com a conferência de abertura do
Simpósio no ano passado, neste ano, a FAJE convidou para ministrar um seminário
(4h/a) a Dra. Roseli Fischmann (USP).
O seminário da Dra. Fischmann tem por
título “O caráter educativo da laicidade do Estado” e se realizará
conforme a programação do evento nos dias 3 e 4 às 10h no Campus da FAJE.[1] O
seminário está entre os cinco eventos simultâneos entre os quais os alunos da
instituição poderão escolher para a participação obrigatória.
A
Dra. Fischmann faz parte do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA)[2], que
“conta com o apoio do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e seu foco é capilarizar a discussão do tema do aborto sob
o prisma da Saúde Pública e retirá-lo da esfera do crime.”[3] Entre seus
participantes o GEA declara outras organizações, como por exemplo, as Católicas
pelo Direito de Decidir e o Ipas Brasil, que possuem a mesma finalidade, além
do Ministério da Saúde e da Secretaria de Política para as Mulheres.[4] Para
alcançar seu fim o GEA “produz novos materiais e estimula a difusão de
informação e dados de pesquisas através de entrevistas e matérias nos veículos
de comunicação do Brasil e no mundo e realiza seminários, colóquios e encontros
com mais parceiros nessa iniciativa.”[5] Tudo isso para descriminalizar o
aborto. Para se ter ideia da importância do GEA, alguns dos seus membros e o
próprio grupo tiveram importância na discussão e julgamento favorável ao aborto
de fetos anencéfalos pelo STF na ADPF 54.[6]
Pró-aborto, a Dra. Roseli realizou nos
anos de 2007 e 2008 o projeto “Ensino Religioso em Escolas Públicas: legislação
e normas e seu impacto sobre a cidadania e os direitos sexuais e reprodutivos”.
Tal projeto teve como financiadores as Católicas pelo Direito de Decidir[7] e
apoio financeiro da MacArthur Foundation (ambas abortistas) com consultoria do
GEA.[8]
Em 2009, em audiência pública na Comissão
de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, a Dra. Roseli
Fischmann, contrária ao acordo entre o Brasil e o Estado do Vaticano,
defendeu a sua inconstitucionalidade e seus perigos[9] [10]. Tendo ela
mesma, por conta desta ocasião, pedido a viagem de representante(s) da
virulenta ATEA Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos para Brasília.[11]
Contrária
ao ensino religioso na escola pública[12], no contexto do acordo com a Santa Sé
ela afirmou: “A abordagem insidiosa da Igreja
Católica sobre o ensino religioso nas escolas públicas não pode mais ser alvo
de omissão por parte das autoridades, em particular dos
parlamentares, em nome de supostas boas intenções que permeariam um suposto
ensino interconfessional. Na prática, no cotidiano das escolas, crianças de 6 ou 7 anos de idade são objeto de
manipulação por parte de pessoas que sequer percebem o que estão fazendo e
vão, com isso, moldando consciências de forma oposta às exigências de autonomia
moral presentes na boa educação, disseminando também preconceito e discriminação.”
“Temas como meio ambiente,
saúde e em particular saúde reprodutiva podem ser
afetadas diretamente pelo tipo de abordagem dada nessas propostas
inconstitucionais de ensino religioso, negando o conhecimento
científico, pela abordagem que é própria para o campo religioso, mas imprópria
para o campo pedagógico, sobretudo da escola pública. Nessa perspectiva,
valores e condutas podem ser “ensinados” como verdade absoluta, ignorando a ética e a formação para a
autonomia, sem o que não se consolidará jamais a democracia.”[13]
Comentando
sobre um “casal” de homossexuais, lamenta o julgamento destes “casais” como
“não merecedores do reconhecimento como entidade familiar” dizendo que “é a falta de reflexão crítica e de postura ética
que leva a essa situação em que é preciso lei e decisão
judicial, onde apenas o justo reconhecimento
da dignidade do ser humano bastaria.”[14] Tal reconhecimento
familiar, portanto, seria apenas o justo reconhecimento da dignidade do ser
humano.
Em
outro texto sobre o mesmo assunto, comenta: “amparada na ética e voltada para o avanço histórico, decisão inédita
em nível federal, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), reconhecia a legalidade
da adoção de crianças por casal homossexual de Bagé (RS).”[15]
Em um texto sobre denúncias de pedofilia
na Igreja, ela pega carona neste assunto e critica a interferência da Igreja em
políticas públicas, como se a Igreja, quer dizer, os católicos, não fizessem
parte da sociedade. Ela aponta a “outra face da moeda, que credita à Igreja
Católica o poder de a tudo julgar e tudo determinar na vida humana, inclusive
interferindo em políticas públicas. É o caso das pressões sobre o 3º PNDH, para
os temas de retirada dos símbolos religiosos de estabelecimentos públicos,
reconhecimento da autonomia das mulheres, em caso de aborto, e das uniões
homoafetivas, incluindo adoção de filhos.” E argumenta que os fiéis católicos
não serão obrigados ao que contraria a doutrina católica. Argumenta também que
o interesse público deve atender toda a cidadania, sem discriminação. E que não
cabe às denominações religiosas convencer o Estado a atender as determinações
que elas pregam. O Estado, segundo ela, lida apenas com o que é crime. E, por
fim, acusa o Vaticano de disposição de ser soberano por sobre a ordem
humana.[16] Caberia perguntar como ela justifica que os católicos devem se
reduzir a aceitar as leis decididas para “atender toda a cidadania”, isto é, as
vontades e os pensamentos de quem quer que seja e devem aceitar a ordem pública
por tais pessoas desejadas. Pelo jeito, a Dra. Roseli substituiu “bem comum”
pela vontade desse conjunto chamado “toda cidadania”, que leva à exclusão do
pensamento e da vontade dos católicos sobre a sociedade.
Note-se que o Estado, na pessoa de seus
governantes, sempre faz juízos de valor e juízos morais sobre a maldade ou
bondade daquilo que é considerado crime; de fato, nem todo mal moral é ou deve
ser crime, mas todo crime há de ser mal moral, porque atenta contra o bem
público ou privado. A própria Dra. Fischmann realiza uma série de juízos
morais. Dizer que o Estado não trata de moral é falso. Dizer que a influência
da Igreja, tanto no plano da pregação religiosa quanto no plano do senso comum
e da sua forte e milenar reflexão filosófica, deve ser eliminada é fazer uma
opção filosófica ou ideológica clara, mas que ela não adverte. O que faz a
posição da Dra. Fischmann melhor do que a dos católicos? Por que razão
eliminá-la do debate? Qual a razão pela qual devemos aceitar o bom-mocismo
politicamente correto da moda? Sob qual fundamento se sustenta o igualitarismo
religioso ou o indiferentismo do Estado? Serão estas questões passíveis de
serem colocadas em debate? Se não, por quê?
Por fim, convém lembrar a doutrina
católica, exposta no Concílio Vaticano II, sobre os temas tratados acima pela
Dra. Roseli:
-
Prestar culto a Deus é um dever dos homens e para isto devem ter imunidade de
coação na sociedade civil, portanto, “permanece a doutrina católica tradicional
acerca do dever moral que os homens e sociedades têm para com a verdadeira
religião e com a única Igreja de Cristo.”[17]
- A Igreja defende o ensino religioso
católico nas escolas públicas.[18]
- O bem comum, fim da comunidade
política, “compreende o conjunto das condições da vida social que permitem aos
indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria
perfeição.”[19] Portanto, bem comum está ligada não às condições de realização
de qualquer vontade, mas às condições objetivas para alcançar a perfeição
humana, fim de sua natureza objetiva.
-
Além disso, “o apostolado no meio social, isto é, o empenho em informar de espírito cristão a
mentalidade e os costumes, as leis e
estruturas da comunidade em que se vive, são incumbência e
encargo de tal modo próprios dos leigos que nunca poderão ser plenamente
desempenhados por outros.”[20] Tal apostolado não exclui nenhum bem espiritual
ou temporal.[21] Por isso, o Concílio pede aos católicos que “investiguem em conjunto o modo de organizar as
instituições sociais e públicas segundo o espírito do Evangelho.”[22]
Não, obviamente, fazer e estudar o modo como a Dra. Fischmann quer organizar a
sociedade. O único evento digno desta senhora é um debate, se muito.
Mas como um é pouco, mas dois é bom, como
não poderia deixar de ser, o Simpósio contará com uma personalidade ilustre da
teologia da libertação: o Pe. José Maria Vigil, CMF. Ele apresentará uma
conferência às 8h do dia 4 de outubro na FAJE com o título “Consequências da
secularização e tarefas para o futuro” e às 19:30 do mesmo dia será a figura
principal de uma “mesa redonda” com o mesmo título. Já no Campus Coração
Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, nos dias 3 e 4
às 14:30, o Prof. Vigil irá ministrar o seminário “A grande virada que vem –
Releitura do cristianismo a partir de novos paradigmas: Enfoque epistemológico”
no âmbito do V Simpósio Internacional de Teologia e Ciências da Religião desta
universidade.
O padre Vigil é aquele que escreveu o
livro “Teología del pluralismo religioso. Curso sistemático de Teología
Popular”, que foi objeto de uma nota[23][24] da Comissão Episcopal para a
Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Española. Na nota sobre tal livro,
podemos ler:
“La pretendida unión entre la teoría y la
práctica se ve, sin embargo, condicionada por incorrectos presupuestos
metodológicos, como son la asunción acrítica de una filosofía racionalista que
niega de facto la posibilidad real de la intervención de Dios en la historia,
la lectura e interpretación de la Sagrada Escritura al margen de la Tradición
eclesial, la hermenéutica del Concilio Vaticano II en clave de ruptura, la
negación del Magisterio como intérprete auténtico de la Palabra de Dios escrita
y transmitida, una concepción relativista del hecho religioso, una comprensión
sociológica de la Iglesia y una presentación ideológica de la Historia de la
evangelización[1].”
“Estos presupuestos metodológicos llevan
a afirmaciones incompatibles con la fe de la Iglesia católica, como son, entre
otras: la negación del realismo de la Encarnación, presentada como
“«teologúmenon», metáfora, mito, símbolo” (p. 173), de la Preexistencia del
Logos (p. 189) y de la Mediación salvífica única y universal de Cristo y de la
Iglesia; la contraposición entre “el cristianismo del Cristo dogmático” y “el
cristianismo del Evangelio del Reino de Dios y del seguimiento de Jesús” (pp.
171-172); la negación de la voluntad fundacional de Cristo respecto a la
Iglesia (p. 119); la comprensión inmanentista de la Revelación, entendida como
“un caer en la cuenta” de lo que Dios va obrando; la consecuente equiparación
de la Revelación sobrenatural a las “revelaciones” de otras tradiciones
religiosas (pp. 81-91); la ruptura entre el Reino de Dios y la Iglesia; o, la
reducción de la religión a la ética, entendida como justicia y respeto al otro
(pp. 195-209)”
A nota conclui dizendo que “La gravedad
de los errores contenidos en este libro, unida a su carácter divulgativo, hacen
de esta obra un instrumento especialmente dañino para la fe de los
sencillos.” A nota é mais extensa, mas estes trechos ilustram bem.
Diante de tudo isso, fazemos algumas
perguntas: nesta hora grave da história da Igreja, especialmente no Brasil,
onde o laicismo avança e as heresias e a superficialidade pululam, onde a
teologia da libertação e a ideologização dominam sobre a fé, sob quais
argumentos se pode justificar a presença de tais ilustres inimigos da Igreja
para dar conferências e seminários em uma faculdade católica, inclusive
eclesiástica, como a FAJE e uma universidade pontifícia como a PUC Minas? Quem
os convidou e por qual motivo? É normal que uma instituição, mesmo
universitária, convide inimigos da Igreja e hereges manifestos para sofismar
impunimente diante de seus alunos que dão os primeiros passos nas ciências
sacras e profanas?
A
Igreja permite a colaboração das Faculdades eclesiásticas com outras Faculdades
não católicas, mas procurando, porém, “conservar sempre com cuidado a própria
identidade.”[25] O mesmo se deve dizer dos professores com os quais colabora.
Quando fala dos professores não católicos[26], as Disposições da Sagrada
Congregação para a Educação para a Exata Aplicação da Constituição Apostólica Sapientia Christiana dizem que
se deve ater às normas da competente Autoridade eclesiástica e remete ao
Diretório sobre o Ecumenismo, Segunda parte[27]. Consultando a documentação
mais atual, de 1993[28], ao falar da questão se os estudantes católicos de
primeiro ciclo podem assistir a cursos especiais dados por professores de
outras igrejas diz:
“Quando se deve tomar uma decisão sobre
se devem ou não assistir a cursos especiais, há que se considerar bem a
utilidade do curso no contexto geral de sua formação, a qualidade e o espírito
ecumênico do professor, o nível de preparação prévia dos mesmos estudantes, sua
maturidade espiritual e psicológica. Quanto mais próximo se refiram as
conferências ou cursos a temas doutrinais, mais cuidado será necessário em
tomar uma decisão sobre a oportunidade da participação dos estudantes.”[29]
Quanto aos professores, fica claro que
ambos não possuem as qualidades intelectuais requeridas. Qual será o caráter
educativo da laicidade do Estado da Dra. Fischmann consequente com suas teses e
mentalidade? Quais serão as tarefas para o futuro dadas pelo Dr. Vigil
consequentes com sua falta de fé católica? E quanto aos alunos, em sua maioria,
ignoram a doutrina da Igreja e a fidelidade a ela devida sobre muitos dos pontos
acima. Quem duvidar, que os interrogue. Não se trata aqui de impedir aquela
informação necessária aos estudantes das doutrinas dos filósofos e teólogos,
seja de qual corrente forem, dada por professores idôneos, respeitosos e
capazes. Por isso, solicitamos às autoridades eclesiásticas que intervenham não
só para impedir que tais inimigos da Igreja nestas instituições profiram seus
sofismas, mas também para que se acabe com o costume de contratar, convidar ou
permitir professores inidôneos.
* * *
Diante de tal programação e de tais fatos
convidamos os leitores a enviar este texto às autoridades competentes pedindo
providências.
ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE
Excelência
Reverendíssima Dom Walmor Azevedo Oliveira de Azevedo
Palácio Cristo Rei
Praça da Liberdade, 263 – Funcionários - 30140-010 – Belo
Horizonte – MG
SECRETARIADO PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR DA CÚRIA GERAL DOS JESUÍTAS
EM ROMA
NUNCIATURA APOSTÓLICA
Excelência Reverendíssima Dom Giovanni D’Aniello, Núncio
Apostólico
Av. das Nações, Quadra 801 Lt. 01/ CEP
70401-900 Brasília – DF
Cx. Postal 0153 Cep 70359-916 Brasília – DF
Fones: (61) 3223 – 0794 ou
3223-0916
Fax: (61) 3224 – 9365
E-mail: nunapost@solar.com.br
CONGREGAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO CATÓLICA - DOS SEMINÁRIOS E DOS
INSTITUTOS DE ESTUDO
Eminência Reverendíssima Dom Zenon
Cardeal Grocholewski:
Piazza Pio XII, 3 00193 – Città del
Vaticano – ROMA
Tel. 06.6988-3438 Fax: 06.6988-5088
[7] em caráter de cooperação.
[17] Dignitatis Humanae, 1.
[18] Gravissimum educationis, 7.
[19] Gaudium et spes, 74.
[20] Apostolicam actuositatem, 13
[25] Disposições da Sagrada Congregação
para a Educação para a Exata Aplicação da Constituição Apostólica Sapientia Christiana. Art. 49
par. 1
[27] ASS 62 (1970), pp. 705ss.
[28] Pontifício Conselho para a Promoção
da Unidade dos Cristãos. Diretório para a aplicação dos princípios e normas
sobre o ecumenismo
Por Pedro Canísio de Alcântara
SEGUE
PROGRAMAÇÃO DO EVENTO: