Santo Inácio de Loyola, pintado por Jacopino del Conte (único quadro pintado em vida do santo fundador jesuíta) |
29 de julho de 2021
A impostação de alma de Santo Inácio de Loyola
28 de julho de 2021
Os fiéis têm pleno direito de se defenderem de uma agressão litúrgica – mesmo quando esta provém do Papa
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 848, Agosto/2021
Com um golpe de caneta, no dia 16 de julho (festa de Nossa Senhora do Carmo), o Papa Francisco tomou medidas concretas para abolir na prática o rito latino da Santa Missa, que vigorou substancialmente desde São Dâmaso, no fim do século IV — com acréscimos de São Gregório Magno no fim do século VI —, até o missal de 1962, promulgado por João XXIII.
A intenção de restringir gradualmente, até a sua extinção, o uso desse rito imemorial, patenteia-se na carta que acompanha o ‘motu próprio’ Traditionis Custodes, na qual o pontífice reinante insta os bispos do mundo inteiro a “atuar para que se regresse a uma forma celebrativa unitária” com os missais de Paulo VI e João Paulo II, que passam a ser “a única expressão da lex orandi do Rito Romano”. Sua consequência prática é que os sacerdotes de rito latino não têm mais o direito de celebrar a missa tradicional, só podendo fazê-lo com permissão do bispo — e da Santa Sé, para os que doravante forem ordenados!
A pergunta óbvia que surge diante dessa drástica medida é a seguinte: um tem um Papa poder para derrogar um rito que vigorou na Igreja por 1400 anos e cujos elementos essenciais provêm dos tempos apostólicos? Porque, se de um lado o Vigário de Cristo tem a plena et suprema potestas nas matérias atinentes “à disciplina e ao governo da Igreja difundida pelo orbe”,[1] conforme ensina o Concilio Vaticano I , de outro lado ele deve respeitar os costumes universais da Igreja em matéria litúrgica.
A resposta é dada de maneira peremptória no parágrafo n° 1125 do Catecismo da Igreja Católica promulgado por João Paulo II: “Nenhum rito sacramental pode ser modificado ou manipulado ao arbítrio do ministro ou da comunidade. Nem mesmo a autoridade suprema da Igreja pode mudar a liturgia a seu bel-prazer, mas somente na obediência da fé e no respeito religioso do mistério da liturgia”.
Comentando esse texto, o então Cardeal Joseph Ratzinger escreveu: “Parece-me muito importante que o Catecismo, ao mencionar os limites do poder da suprema autoridade da Igreja com relação à reforma, chame a atenção para aquela que é a essência do primado, tal como é sublinhado pelos Concílios Vaticanos I e II: o papa não é um monarca absoluto cuja vontade é lei, mas o guardião da autêntica Tradição e, por isso, o primeiro a garantir a obediência. Ele não pode fazer o que quiser, e justamente por isso pode se opor àqueles que pretendem fazer tudo o que querem.
A lei a que deve se ater não é a ação ad libitum, mas a obediência à fé. Por isso, diante da liturgia, tem a função de um jardineiro e não a de um técnico que constrói máquinas novas e joga as velhas fora. O ‘rito’, ou seja, a forma de celebração e de oração que amadurece na fé e na vida da Igreja, é forma condensada da Tradição viva, na qual a esfera do rito expressa o conjunto de sua fé e de sua oração, tornando assim experimentáveis, ao mesmo tempo, a comunhão entre as gerações e a comunhão com aqueles que rezam antes de nós e depois de nós. Assim, o rito é como um dom concedido à Igreja, uma forma viva de parádosis.”[2] [Termo grego usado 13 vezes na Bíblia, o qual pode ser traduzido por tradição, instrução, transmissão.]
Na sua excelente obra A Reforma da Liturgia Romana, Mons. Klaus Gamber — considerado pelo Cardeal Joseph Ratzinger como um dos maiores liturgistas do século XX — desenvolve esse pensamento. Parte ele da constatação de que os ritos da Igreja Católica, tomada a expressão no sentido de formas obrigatórias de culto, remontam em definitivo a Nosso Senhor Jesus Cristo, mas foram se desenvolvendo e se diferenciando gradualmente a partir do costume geral, sendo depois corroborados pela autoridade eclesiástica.
Dessa realidade, o ilustre liturgista alemão tira as seguintes conclusões:
1. “Se o rito nasceu do costume geral — e sobre isto não há dúvida para o conhecedor da história da liturgia —, não pode ser recriado na sua totalidade”. Nem no começo da Igreja isso aconteceu, pois “as formas litúrgicas das jovens comunidades cristãs também se separaram progressivamente do ritual judaico”.
2. “Como o rito foi se desenvolvendo no transcurso dos tempos, poderá continuar fazendo o mesmo no futuro. Mas este desenvolvimento deverá ter em conta a atemporalidade de cada rito e efetuá-lo de maneira orgânica [...] sem ruptura com a tradição e sem uma intervenção dirigista das autoridades eclesiásticas. Estas não tinham outra preocupação nos concílios plenários ou provinciais senão de evitar irregularidades no exercício do rito”.
3. “Existem na Igreja vários ritos independentes. No Ocidente, além do rito romano, existem os ritos galicano (já desaparecido), ambrosiano e moçárabe; no Oriente, entre outros, os ritos bizantinos, armênio, siríaco e copta. Cada um desses ritos percorreu uma evolução autônoma, no transcurso da qual suas particularidades específicas foram formadas. Este é o motivo pelo qual não se pode simplesmente intercambiar entre eles elementos desses ritos diferentes”.
4. “Cada rito constitui uma unidade homogênea. Portanto, a modificação de qualquer de seus componentes essenciais significa a destruição de todo o rito. Exatamente isto é o que ocorreu pela primeira vez nos tempos da Reforma, quando Martinho Lutero fez desaparecer o cânon da missa e uniu o relato da Instituição diretamente com a distribuição da comunhão”.
5. “O regresso a formas primitivas não significa, em casos isolados, que se modificou o rito, e de fato este regresso é possível dentro de certos limites. Desta forma, não houve ruptura com o rito romano tradicional quando o Papa São Pio X voltou a estabelecer o canto gregoriano em sua primitiva forma”.[3]
O ilustre fundador do Instituto Teológico de Regensburg prossegue comentando que “enquanto a revisão de 1965 havia deixado intacto o rito tradicional [...], com o ‘ordo’ de 1969 se criava um novo rito”, que ele chama de ritus modernus, já que “não basta, para falar de uma continuidade do rito romano, que no novo missal tenham sido conservadas certas partes do anterior”.
Para comprová-lo do ponto de vista estritamente litúrgico — dado que os graves erros teológicos, como o rebaixamento do caráter sacrificial e propiciatório da missa, mereceriam artigo à parte —, basta citar o que disse sucintamente o Prof. Roberto de Mattei a respeito dessa verdadeira devastação litúrgica:
“Durante a Reforma, introduziu-se gradualmente toda uma série de novidades e variantes, algumas delas não previstas nem pelo Concílio nem pela constituição Missale Romanum de Paulo VI. O quid novum não pode se limitar à substituição do latim pelas línguas vulgares.
Consiste também no desejo de conceber o altar como uma ‘mesa’, para enfatizar o aspecto do banquete em vez do sacrifício; na celebratio versus populum, em substituição daquela versus Deum, tendo como consequência o abandono da celebração para o Oriente, isto é, para Cristo simbolizado pelo sol nascente; na ausência de silêncio e meditação durante a cerimônia e na teatralidade da celebração, muitas vezes acompanhada de cantos que tendem a profanar uma Missa na qual o sacerdote é frequentemente reduzido ao papel de ‘presidente da assembleia’; na hipertrofia da Liturgia da Palavra em relação à Liturgia Eucarística; no ‘sinal’ da paz, que substitui as genuflexões do sacerdote e dos fiéis, como ação simbólica da passagem da dimensão vertical à horizontal da ação litúrgica; na Sagrada Comunhão, recebida pelos fiéis em pé e na mão; no acesso das mulheres ao altar; na concelebração, tendendo à ‘coletivização’ do rito.
Consiste, sobretudo e finalmente, na mudança e substituição das orações do Ofertório e do Cânon. A eliminação em particular das palavras mysterium fidei da fórmula eucarística pode ser considerada, como o Cardeal Stickler observa, como o símbolo da desmistificação e, portanto, da humanização do núcleo central da Santa Missa”.[4]
A maior revolução litúrgica ocorreu de fato no Ofertório e no Cânon. O Ofertório tradicional, que preparava e prefigurava a imolação incruenta da Consagração, foi substituído pelas Beràkhôth do Kiddush, ou seja, pelas bênçãos da ceia pascal dos judeus.
O Pe. Pierre Jounel, do Centro de Pastoral Litúrgica e do Instituto Superior de Liturgia de Paris, um dos especialistas do Consilium que preparou a reforma litúrgica, descreveu no jornal La Croix o elemento fundamental da reforma da Liturgia da Eucaristia: “A criação de três Orações Eucarísticas novas quando até então não existia senão uma, a Oração Eucarística I, fixada no Canon Romano desde o século IV.
A Segunda foi retomada da Oração Eucarística de [Santo] Hipólito (século III) tal como foi descoberta numa versão etíope no fim do século XIX. A Terceira se inspirou do esquema das liturgias orientais. A Quarta foi elaborada numa noite, por uma pequena equipe em torno do Pe. Gelineau”.[5]
O referido Pe. Joseph Gelineau S.J. [foto] não estava enganado quando saudava entusiasmado a reforma, declarando: “Na verdade, é uma outra liturgia da Missa. É preciso dizê-lo sem rodeios: o rito romano tal como nós o conhecíamos não existe mais, ele foi destruído”.[6]
Como, então, pretende o Papa Francisco afirmar, em sua recente carta aos bispos, que “quem queira celebrar com devoção segundo a anterior forma litúrgica não terá dificuldade em encontrar no Missal Romano reformado segundo a mente do II Concílio do Vaticano todos os elementos do Rito Romano, em particular o cânone romano, que constitui um dos seus elementos mais caracterizantes”? Parece uma ironia tão amarga quanto o título do ‘motu próprio’ Custódios da Tradição...
Se o Novus Ordo Missae não é uma mera reforma e implica uma tal ruptura com o rito tradicional, a celebração deste último não pode ser proibida, pois, como reitera Mons. Klaus Gamber, “não existe um só documento, nem sequer o Codex Iuris canonici, que diga expressamente que o Papa, enquanto Pastor supremo da Igreja, tenha o direito de abolir o rito tradicional. Tampouco se fala em alguma parte que tenha o direito de modificar os costumes litúrgicos particulares. No caso presente, este silêncio é de grande significado.
Os limites da plena et suprema potestas do Papa têm sido claramente determinados. É indiscutível que, para as questões dogmáticas, o Papa deve se ater à tradição da Igreja universal e, por conseguinte, segundo São Vicente de Lérins, ao que se tem crido sempre, em todas as partes e por todos (quod semper, quod ubique, quod ab omnibus). Vários autores expressamente adiantam que, em consequência, não compete ao poder discricionário do Papa abolir o rito tradicional”.
Mais ainda, caso o fizesse, incorreria no risco de separar-se da Igreja. Mons. Gamber escreve, de fato, que “o célebre teólogo Suárez (+ l6l7), referindo-se a autores mais antigos como Caetano (+ 1534), pensa que o Papa seria cismático se não quisesse, como é seu dever, manter a unidade e o laço com o corpo completo da Igreja, como por exemplo, se excomungasse toda a Igreja ou se quisesse modificar todos os ritos confirmados pela tradição apostólica”.
Foi provavelmente para evitar esse risco que oito dos nove cardeais — da Comissão nomeada por João Paulo II em 1986 para estudar a aplicação do Indulto de 1984 — declararam que Paulo VI não tinha realmente proibido a Missa antiga. Mais ainda, à pergunta: “- Pode um bispo proibir hoje a um sacerdote em situação regular de celebrar uma missa tridentina?”, o Cardeal Stickler [foto] afirmou que “os nove cardeais foram unânimes em dizer que nenhum bispo tinha o direito de proibir um padre católico de celebrar a missa tridentina. Não há nenhuma proibição oficial, e eu penso que o Papa não decretará nenhuma proibição oficial”.[7]
O Papa Francisco, porém, no ‘motu próprio’ Traditionis Custodes, autorizou de fato aos bispos a proibir dita celebração. Tanto é assim que a Conferência Episcopal da Costa Rica se apressou em decretar coletivamente que “não se autoriza o uso do ide 1962 nem de nenhuma das expressões da liturgia anterior a 1970”, pelo que “nenhum presbítero tem autorização para continuar celebrando segundo a liturgia antiga”.[8]
Por todo o anterior, subscrevemos plenamente as conclusões tiradas pelo Presb.º Francisco José Delgado: “Acho que a coisa mais inteligente a fazer agora é defender com muita calma a verdade sobre as leis perversas. O Papa não pode mudar a Tradição por decreto ou dizer que a liturgia pós-Vaticano II é a única expressão da lex orandi no Rito Romano. Como isso é falso, a legislação que brota desse princípio é inválida e, segundo a moral católica, não deve ser observada, o que não implica em desobediência.”
Não é preciso possuir um conhecimento especializado de eclesiologia para compreender que a autoridade e a infalibilidade papais têm limites e que o dever de obediência não é absoluto. São numerosos os tratadistas do melhor quilate que reconhecem explicitamente a legitimidade da resistência pública às decisões ou ensinamentos errados dos pastores, inclusive do Soberano Pontífice. Eles foram amplamente citados no estudo de Arnaldo Xavier da Silveira intitulado “Resistência pública a decisões da autoridade eclesiástica”, publicado pela revista Catolicismo em agosto de 1969.[9]
No caso atual, é lícito não apenas “não observar” o ‘motu próprio’ do Papa Francisco, mas até resistir à sua aplicação, segundo o modelo ensinado por São Paulo (Gal. 2, 11). Não se trata de pôr em discussão a autoridade pontifícia, pela qual devem sempre crescer nosso amor e nossa veneração. É o próprio amor ao Papado que nos deve levar a denunciar Traditionis Custodes, por pretender eliminar ditatorialmente o rito mais antigo e venerável do culto católico, no qual todos os fiéis têm o direito de abeberar-se.
Observa o ilustre teólogo Francisco de Vitoria (1483-1486): “Por direito natural é lícito repelir a violência pela violência. Ora, com tais ordens e dispensas, o Papa exerce violência, porque age contra o Direito, conforme ficou acima provado. Logo, é lícito resistir-lhe. Como observa Caetano, não afirmamos tudo isto no sentido de que cabe a alguém ser juiz do Papa ou ter autoridade sobre ele, mas no sentido de que é lícito defender-se. A qualquer um, com efeito, assiste o direito de resistir a um ato injusto, de procurar impedi-lo e de se defender”[10]
O modelo de resistência firme, mas impregnada de veneração e respeito pelo Sumo Pontífice, através da qual os católicos podem hoje pautar a sua própria reação, é a Declaração de Resistência à Ostpolitik do Papa Paulo VI, redigida pelo saudoso Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e intitulada “A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se? ou resistir?”. Dizia ela, no seu parágrafo crucial:
“O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição. E de joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.
“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe.”[11]
____________
Notas:
1. Cfr. Denz.-Rahner 1827.
2. “O desenvolvimento orgânico da liturgia”, 30 Giorni, http:// www.30giorni.it/articoli_id_7298_l6.htm
3. http://www.obrascatolicas.com/livros/Liturgia/A_reforma_ da_liturgia_romana__.pdf. As demais citações de Mons. Gamber ao longo do artigo, provém dessa obra.
4. “Considérations sur la reforme liturgique”, texto lido com ocasião do Congresso Litúrgico de Fontgombault, 22- 24 de julho de 2001, en presença do Cardeal Joseph Ratzinger.
5. Cfr. La Croix, 28 de abril de 1999, p. 19.
6. Demain la liturgie – Essai sur l’évolution des assemblées chrétiennes, Cerf, 1979, in Cristophe Geoffroy et Philippe Maxence, Enquête sur la mese traditionnelle, La Nef hors série n° 6, pp. 51-52.
7. Essas declarações do Cardeal Stickler apareceram pela primeira vez na revista americana The Latin Mass e foram reproduzidas pela revista francesa La Nef, no número 53 de setembro de 1995.
8. https://www.facebook.com/169949476400642/ posts/4383320898396791/
9. https://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0280/P01.html
10. Obras de Francisco de Vitoria, p. 487.
11. https://catolicismo.com.br/Acervo/Num/0280/P01.html
19 de julho de 2021
Por que tanto silêncio, Papa Francisco?
Ontem postei a carta, original em castelhano, da senhora católica cubana, María Victoria Olavarrieta (professora de espanhol e ética), agora segue a tradução para o português, que foi feita por um colega jornalista, Hélio Diaz Viana, a quem agradeço o trabalho.
Dona María Victoria [foto] afirma ter escrito com dor na alma esta carta ao Papa Francisco. Afirma também ser católica, apostólica e romana, mas que dói demasiadamente o silêncio do Papa sobre as recentes manifestações do povo cubando contra a tragédia que há décadas se abateu sobre Cuba, com a tirania comunista dos irmãos Castro. Assim, ela quis falar pelos que não podem fazê-lo: “Hoje quero ser a voz das mães cubanas que estão vendo seus filhos passar fome, que não têm remédio; quero lhe apresentar a dor das avós cujos netos foram fuzilados gritando 'Viva Cristo Rei!', a vergonha dos pais que não conseguem sustentar os filhos com o fruto de seu trabalho, e vivem mal, esperando as remessas enviadas por seus familiares do exterior”.
🕂
A Sua Santidade Papa Francisco
Os católicos cubanos, desde que começaram os protestos em Cuba, estamos esperando que o senhor levante sua voz. Dói muito que, enquanto reprimem o povo que saiu às ruas pedindo liberdade, o senhor tenha palavras para felicitar o triunfo da Argentina na Copa América, fale dos resíduos plásticos nos mares, e não tenha feito uma oração em público pelas mortes, os detidos, os desaparecidos, e todos os que estão atemorizados em suas casas, em toda a extensão de nossa Pátria.
Nos mares de Cuba, Santidade, além de plástico, jazem os restos dos muitos cubanos que morreram afogados, tentando escapar da grande prisão em que os Castros transformaram meu País.
Nossa Igreja foi perseguida, ameaçada, vigiada, invadida pelos agentes de segurança do Estado. Neste momento temos um seminarista desaparecido, Rafael Cruz Débora. Se os bispos cubanos têm medo de falar, de se colocar ao lado do povo, eu os entendo, não sabemos as ameaças que lhes foram feitas; mas o senhor, com a imunidade que sua hierarquia lhe confere, pode falar e nos defender.
Ontem em Havana tentaram recrutar um jovem que já havia feito o serviço militar obrigatório, para treiná-lo a espancar os manifestantes. Entraram em sua casa, o ameaçaram na frente dos pais, e como o rapaz se recusou, fizeram-no assinar um texto dizendo que não iria aonde a Revolução precisava dele, e o advertiram de que, ao acabar tudo isso, iria preso.
Este episódio se passou ontem. Hoje eles estão sendo levados arrastados, sem lhes perguntar nada. Os pais com filhos em idade de fazer o serviço militar estão aterrorizados.
O senhor disse aos jovens: “Lutem por seus sonhos, mas sonhem em grande, não deixem de sonhar”. Os jovens cubanos que nasceram na ditadura e foram doutrinados, educados em escolas ateias, em uma sociedade de partido único, que cresceram — alguns comendo e se vestindo com as ajudas de seus familiares no exílio, e outros na miséria mais absoluta —, estão sonhando em ver seu país livre. O senhor os convidou a sonhar, e agora que os estão matando por gritarem seus sonhos, o senhor guarda silêncio! [soluços de dor e indignação]
O senhor pediu a seus pastores que tivessem cheiro de ovelhas. Dos sacerdotes cubanos que se colocaram abertamente ao lado do povo, alguns estão sendo espancados pela polícia, detidos e silenciados por seus bispos, que temem por suas vidas. E do assédio do governo aos bispos, o senhor, que é o Papa, deve saber mais do que eu.
Como lhes dói, Santo Padre, às religiosas e sacerdotes cubanos com os quais pude falar, e o senhor olha para o outro lado. Hoje uma freira cubana me dizia que não podia conceber que o senhor não tivesse algumas palavras para Cuba, neste momento em que o mundo inteiro fala sobre os abusos do regime. E muito baixinho, com a voz embargada pela dor, quase como falando consigo mesma, sussurrou: “Algum dia terá de se confrontar com o Senhor”.
Santidade, o senhor conhece a Mensagem da Virgem de Fátima. O comunismo deve ser muito ruim. Quando entre todas as coisas ruins que há no mundo, nossa Mãe quis deixar instruções de como podíamos evitar que esse mal se espalhasse pelo mundo.
Tive diversos alunos venezuelanos e vi o sofrimento de seus pais, porque o senhor guardou silêncio quando assassinavam os estudantes nas ruas de Caracas. As pessoas morrem de fome na Venezuela, e o senhor não condena publicamente os responsáveis.
O sangue correu na Nicarágua. O Papa fala de tudo, mas dos crimes dos ditadores e dessas três tiranias irmãs o senhor não opina.
Santo Padre, a Cristandade não precisa de um líder social nem de um diplomata; nós anelamos um pastor, uma pedra firme onde a Igreja possa sustentar-se! O Vigário de Cristo na Terra não deve discriminar suas ovelhas. As ovelhas vítimas dos regimes comunistas, sentimo-nos como se fôssemos suas ovelhas negras.
O senhor sempre pede que rezemos pelo senhor, eu lhe peço que reze para que não morram mais pessoas na Nicarágua, na Venezuela e em Cuba.
Teria gostado de lhe ter escrito em outro tom. Em todos meus artigos onde o menciono, sempre o defendi. Mas hoje quero ser a voz das mães cubanas que estão vendo seus filhos passar fome, que não têm remédio; quero lhe apresentar a dor das avós cujos netos foram fuzilados gritando “Viva Cristo Rei!”, a vergonha dos pais que não conseguem sustentar os filhos com o fruto de seu trabalho, e vivem mal, esperando as remessas enviadas por seus familiares do exterior.
Apresento-lhe a tortura dos presos políticos; o ódio de irmão contra irmão que os Castros semearam; os idosos que viram partir a família que criaram, e morreram sem nunca mais verem seus filhos e netos!
Clama ao Céu que neste 13 de julho, ao mesmo tempo em que recordamos as crianças, mulheres e homens que morreram afogados no rebocador “13 de março”, que o governo cubano afundou em alto mar, tivemos de cuidar sem ter o quê, dos ferimentos que a polícia e seus cães causaram nos manifestantes pacíficos em muitas povoações e cidades de Cuba.
Nós, cubanos, nos sentimos abandonados à nossa sorte. Em 62 anos, não fomos capazes de nos libertar. Hoje estamos enfrentando um exército armado, sem líderes, e, até agora, órfãos do Papa.
Papa Francisco, perdoe-me se o ofendi, mas tive de escolher entre a respeitosa aquiescência devida a um bispo e a defesa das vítimas do comunismo. Dói-me que digam que o senhor é um papa comunista. O comunismo destrói a moral dos povos, sua religião, sua esperança.
Ontem, em Miami, quatro freiras Filhas da Caridade saíram às ruas para protestar junto ao povo, algumas delas idosas: Irmã Consuelo, do México, e Irmã Elvira, Irmã Reinelda e Irmã Rafaela, cubanas. Entre as pessoas ouvi dizer: “[Aqui] não há Papa, mas há freiras. Cristo está conosco!”.
Ajude-nos! Eu continuo rezando pelo senhor.
María Victoria Olavarrieta
18 de julho de 2021
Católica cubana implora ao Papa que rompa o silêncio e condene o comunismo
Que o Pastor proteja suas ovelhas e não permita que elas sejam devoradas pelo lobo...
✅ Paulo Roberto Campos
María Victoria Olavarrieta, uma senhora católica cubana, mandou uma muito importante carta ao Papa Francisco.
Em termos respeitosos, mas firmes, ela suplica que o Pontífice — em vista dos recentes protestos em várias cidades de Cuba contra o cruel regime fidelcastrista — rompa o silêncio e condene o comunismo cubano.
Ela pede também que condene a ditadura venezuelana e a nicaraguense, que, assim como em Cuba, tiraniza suas populações, levando muitas famílias a passar fome, muitos a fugir de seus países e causar numerosas mortes.
Entre várias advertências, a Senhora María Victoria Olavarrieta chama a atenção para fato de o Papa ser sempre muito loquaz em questões de menor importância, como felicitando a Argentina pela vitória na Copa América, ou condenar o fato de pessoas jogarem garrafas de plástico no mar, mas não diz nada, por exemplo, de que, além de plástico, nas águas marítimas de Cuba haver restos de muitos cadáveres de pessoas que morreram afogadas na tentativa de escapar da tirania comunista na ilha-presídio subjugada pelos irmãos Castro.
A seguir a gravação da comovente carta e, mais abaixo, seu texto (publicado no “Diário Las Américas”, 16 de julho de 2021) que, esperamos, comova também o Papa e que, por fim, ele condene firmemente o comunismo e o bolivarianismo que destroem nações irmãs na América Latina.
TEXTO DA CARTA DA SRA. MARÍA VICTORIA OLAVARRIETA
“Los católicos cubanos, desde que empezaron las protestas en Cuba estamos esperando que usted alce su voz. Duele mucho que mientras reprimen al pueblo que salió a las calles pidiendo libertad, usted tenga palabras para felicitar el triunfo de Argentina en la Eurocopa, hable de los residuos plásticos en los mares y no haya hecho una oración en público por los muertos, los detenidos, los desaparecidos y todos los que están atemorizados en sus hogares a lo largo de toda nuestra patria.
En los mares de Cuba, Santidad, además de plástico, yacen los restos de los muchos cubanos que han muerto ahogados tratando de escapar de la gran cárcel en la que los Castro convirtieron mi país.
Nuestra iglesia ha sido perseguida, amenazada, vigilada, penetrada por los agentes de la seguridad del estado. En estos momentos tenemos a un seminarista desaparecido, Rafael Cruz Débora. Si los obispos cubanos sienten miedo de hablar, de ponerse del lado del pueblo, los entiendo, no sabemos las amenazas que les han hecho, pero usted, con la inmunidad que le confiere su jerarquía, puede hablar y defendernos.
Ayer, en La Habana, intentaron reclutar a un joven que ya había cumplido el servicio militar obrigaio. para entrenarlo en golpear a los manifestantes. Entraron a su hogar, delante de sus padres lo amenazaron y como el muchacho se negó, le hicieron firmar un escrito donde decía que él no iba a donde la revolución lo necesitaba y le advirtieron que cuando todo esto pasara, iría preso.
Eso fue ayer, hoy se los están llevando arrastrados, sin preguntarles nada. Los padres con hijos en edad de hacer el servicio militar están aterrados.
Usted le dijo a los jóvenes: ..."Luchen por sus sueños, pero sueñen en grande, no dejen de soñar". Los jóvenes cubanos que han nacido en dictadura, que han sido adoctrinados, educados en escuelas ateas, en una sociedad de partido único, que han crecido, unos comiendo y vistiéndose de las ayudas de sus familias en el exilio y otros en las absolutas miseria, están soñando con ver a su libre país. Usted los invitó a soñar y ahora que los están matando por gritar su sueño, usted guarda silencio.
Usted pidió a sus pastores que olieran a oveja. De los sacerdotes cubanos que se han puesto del lado del pueblo abiertamente, algunos están siendo golpeados por la policía, detenidos y silenciados por sus obispos que temen por sus vidas. Y del acoso del gobierno a los obispos, usted que es su Papa, debe saber más que yo.
Cómo les duele Padre, a las religiosas y sacerdotes cubanos con los que ele podido hablar que usted mire para otro lado. Hoy una monjita cubana me decía que no podía concebir que usted no haya tenido unas palabras para Cuba en estos momentos en que el mundo entero habla de los abusos del régimen. Y muy bajito, con la voz quebrada por el dolor, casi como hablando con ella misma, susurró: Algún día tendrá que confronta con el Señor.
Santidad, usted conoce el mensaje de la Virgen de Fátima. Muy malo debe ser elunismo com, cuando entre todas las cosas malas que hay en el mundo, nuestra Madre quiso dejar instrucciones de cómo podíamos evitar que ese mal se extendiera por el mundo.
Ele tenido muchos alumnos venezolanos y ele visto el sufrimiento de sus padres porque usted mantuvo silencio cuando asesinaban a los estudiantes en las calles de Caracas, la gente se muere de hambre en Venezuela y usted no condenando públicamente a los responsíveis.
La sangre ha corrido en Nicarágua y el Papa habla de todo, pero de los crímenes de los dictadores de estas tres tiranías hermanas usted no opina.
Santo Padre, la cristiandad no necesita un líder social, ni un diplomático, nosotros queremos un Pastor, una piedra firme donde se pueda sostener la iglesia. El vicario de Cristo en la tierra no debe discriminar a sus ovejas. Las ovejas víctimas de los regímenes comunistas, nos sentimos como si fuéramos sus ovejas negras.
Usted siempre pide que oremos por usted, yo le pido que ore y actúe para que no muera más gente en Nicarágua, en Venezuela y en Cuba.
Me hubiera gustado escribirle en otro tono, en todos mis artículos donde lo menciono siempre lo hedesed. Pero hoy quiero ser la voz de las madres cubanas, que están viendo a sus hijos pasar hambre, que no tienen medicinas, quiero presentarle el dolor de las abuelas a las que les fusilaron sus nietos gritando "Viva Cristo Rey", la vergüenza de los padres que no pueden mantener a sus hijos con el fruto de su trabajo y mal viven esperando las remesas que les envían sus familiares en el exterior.
Le presento las torturas a los presos políticos, el odio de hermano contra hermano que los Castros sembraron, los ancianos que vieron partir la familia que crearon y murieron sin ver nunca más a sus hijos y nietos.
Clama al cielo que este 13 de julio, al mismo tiempo que recordábamos los niños, mujeres, hombres que murieron ahogados en el remolcador "13 de marzo" que el gobierno cubano hundió en alta mar, tuvimos que curar, sin tener con qué, las heridas que la policía y sus perros causaron a los manifestantes pacíficos en muchos pueblos y ciudades de Cuba.
Los cubanos nos sentimos abandonados a nuestra suerte, en 62 años no hemos podido liberarnos. Hoy se están enfrentando a un ejército armado, sin líderes y hasta ahora, huérfanos de Papa.
Papa Francisco, perdóneme si le ele ofendido, pero he tenido que elegir entre la respetuosa aquiescencia que se le debe a un obispo y la defensa de las víctimas del comunismo. Eu duelo que me digan que usted es un Papa comunista. El comunismo acaba con la moral de los pueblos, con su religión, con su esperanza.
Ayer en Miami salieron a protestar por las calles, junto al pueblo, 4 Hijas de la Caridad, algunas de ellas ancianas. Sor Consuelo, de México y Sor Elvira, Sor Reinelda y Sor Rafaela, cubanas. Entre la gente escuché decir: Sem feno Papa, pero hay monjas. Cristo está con nosotros!
Ayúdenos, Padre.
Sigo rezando por usted.
María Victoria Olavarrieta
Católica cubana
CUBA LIVRE OU FOSSILIZAÇÃO DA ILHA-PRISÃO?
Inéditos protestos estão tomando as ruas de diversas cidades cubanas. Apesar da feroz repressão do governo, os manifestantes têm enfrentado a polícia comunista. Já ocorreram algumas mortes e centenas de pessoas foram presas, algumas apenas por portar um cartaz ou camiseta com os dizeres “Abajo la dictadura comunista”, ou simplesmente “Libertad para Cuba! Pátria e vida!”
Muito ao contrário do que propala a mídia esquerdista, o fracasso do comunismo cubano não se deve ao embargo econômico promovido pelos Estados Unidos, mas sim ao próprio sistema comuno-socialista com sua doutrina igualitária.
Por que então jogar a culpa nas costas do dito embargo? — Para esconder essa evidente verdade: 60 anos de regime comunista não foram suficientes para tornar a ilha dos irmãos Castro próspera ou, pelo menos, independente de outras economias e auto-suficiente.
O embargo é utilizado como um mero pretexto para tentar justificar o vergonhoso fracasso do socialismo, a vergonhosa situação de miséria material e espiritual do povo cubano.
A final, Fidel e seus camaradas não implantaram a revolução comunista alegando, entre outras baboseiras, que Cuba ficaria livre dos EUA? Agora os fidelcastristas (de Cuba, do Brasil e alhures) têm o direito de reclamar do embargo norte-americano? Querem então voltar a ficar dependentes dos EUA? Dependentes do capitalismo americano? Não há remédio que cure tal incoerência! Haja incoerência na cabeça desses fidelcastristas! Estes são incuráveis e abundantes, inclusive, nas fileiras da igreja (progressista), dita católica. E isso desde a base, passando por religiosos, como Frei Betto, até a mais alta cúpula...
A respeito do fracasso do sistema comunista, abaixo seguem alguns pensamentos oportunos para esse momento de grandes manifestações dos cubanos contrários à ditadura de carcereiros que dominam a ilha-prisão — outrora muito próspera e conhecida como a “pérola do Caribe”.
Para os verdadeiros patriotas cubanos é fundamental que não ocorra um desembargo, que não haja países ajudando Cuba, pois isso só ajudaria a dar uma sobrevida ao governo e a manter o país fossilizado para sempre no regime comunista.
“O socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico [...], não pode conciliar‑se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de um modo completamente avesso à verdade cristã”.
(Pio XII)
“O socialismo é a filosofia do fracasso, o credo da ignorância e o evangelho da inveja. Sua virtude inerente é a partilha igual da miséria”.
(Winston Churchill)
“Quando metade da população percebe que não precisa trabalhar, pois a outra metade irá sustentá-la; e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação”.
(Margaret Thatcher)
“O socialismo não é um animal selvagem, suscetível de ser domado e domesticado. É um monstro apocalíptico, reunindo a falsidade da raposa à violência do tigre. Não nos esqueçamos disto, pois senão os fatos acabarão por no-lo ensinar de modo muito doloroso”.
(Plinio Corrêa de Oliveira)
“Os marxistas inteligentes são patifes. Os marxistas honestos são burros. E os inteligentes e honestos nunca são marxistas”.
(Meira Penna)
15 de julho de 2021
SANTÍSSIMA VIRGEM — Síntese de todas as perfeições do universo
A devoção a Nossa Senhora do Carmo e a consagração a Ela como verdadeiros vassalos significam assumir importantes compromissos:
A ESTÉTICA DO UNIVERSO E A CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA
Nossa Senhora entrega o escapulário a São Simão Stock |
.
Consagração especial e interior à Virgem do Carmo
Consagração a Nossa Senhora e a vida no século
Plinio Corrêa de Oliveira (2º à esquerda) portando o hábito da Ordem Terceira do Carmo |
Sendo Deus o fim de todas as coisas, é normal que todas sejam ordenadas para Ele. Pintura de Fra Angélico, O Juízo Final.
Deus, causa final do Universo
Basílica do Vaticano em Roma: a Igreja Católica é o Corpo Místico de Cristo
Deus, causa exemplar do Universo
Regras da estética do Universo
O mar: exemplo esplêndido das perfeições de Deus |
Nas diversas cores do firmamento: harmoniosa sucessão de aparências que remetem às perfeições de Deus |
Belezas de Deus em Nossa Senhora
Consagração a Nossa Senhora, obra-prima da criação
Consagração a Nossa Senhora em nosso século
Imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima. Em uma das aparições de 1917 em Portugal, a Virgem Santíssima apareceu vestida com o hábito do Carmo |
Problemas peculiares à ação da alma consagrada
Abolir defeitos e melhorar qualidades da época
Palácio do Catete no Rio de Janeiro |
Preservar a tradição cristã em Nossa Senhora
TRADIÇAO NÃO É APEGO AO PASSADO, MAS CAMINHO PARA FRENTE
Papa Pio XII na Sedia Gestatoria |