27 de junho de 2024

LOUISIANA — Os Dez Mandamentos da Lei de Deus pautando a educação

Jeff Landry: "Se quisermos respeitar o Estado de direito, temos de começar pelo legislador original, que foi Moisés”

✅  Paulo Roberto Campos 

Um fantástico exemplo vindo dos EUA que o Brasil deveria seguir, se não para barrar, pelo menos para atenuar a gravíssima crise moral que nos atinge: Na Louisiana, por determinação da lei, até o início do próximo ano, os DEZ MANDAMENTOS deverão ser afixados nas escolas, desde o jardim de infância até as universidades financiadas pelo Estado.

O governador republicano Jeff Landry [foto acima], que promulgou a exemplar lei no dia 19 de junho, afirmou na ocasião: “Se quisermos respeitar o Estado de direito, temos de começar pelo legislador original, que foi Moisés”

Moisés recebendo as Tábuas da Lei. Pintura de João Zeferino da Costa (1868).

Parece um sonho os parlamentares brasileiros aprovarem uma lei tão benfazeja como essa, mas esperamos que um dia isso aconteça, para o bem de todas as famílias e da sociedade em geral. Se não for aprovada por amor de Deus, pelo menos para diminuir os altos índices da criminalidade e, consequentemente, a diminuição da superlotação das prisões. 

Eis o que determina a referida lei americana: 

“Cada autoridade governante da escola pública e a autoridade governante de cada escola não pública que recebe fundos estatais devem exibir os Dez Mandamentos em cada prédio que usa e na sala de aula de cada escola sob a sua jurisdição. A natureza da exibição será determinada por cada autoridade governamental, com um requisito mínimo de que os Dez Mandamentos sejam exibidos em um cartaz ou documento emoldurado de pelo menos onze por quatorze polegadas. O texto dos Dez Mandamentos deve ser o foco central do cartaz ou documento emoldurado e ser impresso em fonte grande e de fácil leitura.”

É somente na fidelidade à Lei de Deus — como consubstanciada no Decálogo revelado por Ele a Moisés no Monte Sinai — que encontraremos o remédio eficaz contra o relativismo moral que tanto dano tem causado ao País. A fidelidade a essa síntese da Lei Moral é a solução que devemos almejar para alcançarmos a ordem estabelecida por Deus e nos salvar eternamente; na infidelidade a ela encontramos o que vemos: a derrocada de tudo, a conspurcação de todos os valores. 

OS DEZ MANDAMENTOS

1 - Amar a Deus sobre todas as coisas.

2 - Não tomar seu santo nome em vão.

3 - Guardar domingos e festas de guarda

4 - Honrar Pai e Mãe

5 - Não matar

6 - Não pecar contra a castidade

7 - Não roubar

8 - Não levantar falso testemunho

9 - Não desejar a mulher do próximo

10 - Não cobiçar as coisas alheias









Com palavras muito mais precisas que as nossas, São Tomás de Aquino sintetiza admiravelmente os Dez Mandamentos ao afirmar que eles são “preceitos primários da justiça e de toda a lei, e a razão natural dá assentimento imediato a eles como sendo princípios claramente evidentes”

Por fim, vale a pena recordar que os políticos da Louisiana perceberam quão populares são as leis imutáveis codificadas nos Dez Mandamentos, como regras para se viver bem, as quais valem para todos os séculos e lugares, donde a larga aprovação do projeto tramitado nas duas casas do Legislativo, deixando exasperados os políticos mais esquerdistas.


Para maior exasperação das esquerdas, outros estados americanos estão agora se articulando para aprovar a mesma lei, sem a qual continuarão a navegar numa caravela à deriva, prestes a naufragar.

20 de junho de 2024

QUINTESSÊNCIA DA VIRTUDE DA PUREZA

São Luís de Gonzaga — símbolo de pureza, grandeza de alma e intensíssimo amor a Deus 

  Plinio Corrêa de Oliveira

S
ão Luís de Gonzaga (1568-1591) é símbolo da pureza, um mártir do amor de Deus, cultivado no segredo de seu coração, pois poucas pessoas percebiam o que nele havia de extraordinário. 

Ele teve como diretor espiritual o grande São Roberto Belarmino, um santo, Doutor da Igreja, diretor de outro santo. Ambos brilham no Céu. 

A santa carmelita Maria Madalena de Pazzi (1566-1607) [quadro ao lado] disse que a super-glória de São Luís de Gonzaga consistia em continuamente praticar atos de amor a Deus, que eram como setas que atingiam o Divino Coração. 

Ele sofreu um verdadeiro martírio de amor, porque sofria o tormento por não amar a Deus tanto como Deus merece ser amado, bem como por ver que os homens não amam a Deus como merece ser amado. 

Em São Luís vemos uma alma cheia de sabedoria, como que vista por dentro. É o que há no interior de uma alma cheia de sabedoria. Afastou de si todas as impressões intemperantes e impuras que poderiam apartá-lo de sua elevação. A sua alma voou muito além dos horizontes da mera pureza. 

Está na Sagrada Escritura: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!” (Mt 5,8). Ver a Deus, já nessa Terra, é ser como São Luís. E isso é próprio dos puros que tomam a sério a pureza, que lutam para mantê-la e limpam os seus pecados. Assim, ficam sem mácula, se alguma vez tiveram mácula em suas vidas, e têm a alma com a elevação necessária para ver a Deus. 

Compreende-se a grandeza de São Luís, no Céu. Grandeza que adquiriu por ter uma alma como um sacrário, como uma catedral gótica, como um castelo. Temos o grande santo, a quintessência da virtude da pureza. 
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 20 de junho de 1967. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

18 de junho de 2024

Abuso das telas digitais leva jovens ao suicídio


U
m em cada três meninos passa mais de seis horas diárias presos nas telas digitais, isolando-se física e emocionalmente, perdendo o controle e desenvolvendo um vício que leva até à automutilação.

Essa foi em 2022 a principal causa mortis de adolescentes e jovens entre 15 e 29 anos na Espanha, segundo o Observatório do Suicídio. 

Por sua vez, pediatras alertam para o atraso na fala em crianças menores de 3 anos pelo uso de telas desde cedo, enquanto o acesso à pornografia ocorre precocemente, condicionando o cérebro de crianças e adolescentes.

15 de junho de 2024

RAINHA E MÃE

Imagem de Nossa Senhora da Piedade, atribuída ao Aleijadinho, sendo venerada no Santuário da Serra da Piedade, a 50 km de Belo Horizonte [Fotos Joseph Ferrara].

Invocações a Nossa Senhora como Padroeira de países, cidades, regiões, famílias e indivíduos 

  Plinio Corrêa de Oliveira

Na. Sra.  Aparecida,
Padroeira do Brasil
 

É
belo que exista algo de feudalismo na própria devoção a Nossa Senhora. Porque, assim como existem as grandes devoções universais a Ela, vicejam também as devoções nacionais. 

Creio que não existe um só país que não tenha uma grande devoção a alguma invocação especial à Santíssima Virgem e no qual Ela não seja, debaixo de algum título, a Padroeira.

Há também as invocações a Ela em cidades e em regiões, como, por exemplo, Nossa Senhora da Penha, em São Paulo. E ainda há imagens d´Ela particularmente invocadas em determinadas paróquias. 

Ou seja, Nossa Senhora, com aquela índole materna que é característica da missão d’Ela junto aos homens, se faz grande com os grandes, se faz pequena com os pequenos. Ela se faz universal para as grandes coletividades e se faz como que regional para vários grupos humanos. Desse modo podemos admirá-la em todas as dimensões: como Rainha das grandes coletividades, mas também como Mãe das pequenas unidades. 

Até tenho visto instituições familiares com uma devoção especial por essa ou aquela invocação de Nossa Senhora, como representando uma relação especial d’Ela com determinada família. Assim, esse padroado de Nossa Senhora toma um sentido ainda mais pormenorizado. 

Na minha família paterna, por exemplo, há a devoção a Nossa Senhora da Piedade [foto], que é comum entre todos os membros da família Corrêa de Oliveira. Quer dizer, é mais uma invocação, mais uma acomodação desse trato de Nossa Senhora com os homens. E por vezes existe ainda uma devoção para cada um individualmente. 

Há, portanto, uma espécie de refração da imagem de Maria Santíssima segundo várias grandezas, várias distâncias, vários sentidos, várias dimensões, povoando o firmamento mental do homem de vários modos. 

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de outubro de 1964. 
Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

14 de junho de 2024

Aborto é a primeira causa de morte no mundo



O aborto bateu o sinistro recorde de mortes no mundo pelo quinto ano consecutivo, de acordo com o Worldometer, que avalia dados da ONU, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros. 

Nem guerras, doenças, pragas, nem sequer o Covid, fizeram tantas vítimas, com o agravante de o aborto ser praticado “legalmente”, amparado por leis anticristãs. 

Em 2023 esse cruel extermínio de vítimas indefesas atingiu mais de 44,6 milhões em toda a Terra, superando o total de mortes atribuídas às sete outras maiores causas de óbitos somadas.

13 de junho de 2024

AS CRUZES COMO PRESENTES DE DEUS

Vista aérea da cidade gaúcha de Cruzeiro do Sul, que fica(va) às margens do Rio Taquari



A propósito da terrível catástrofe que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, flagelando milhões de pessoas, sobretudo nas cidades que ficaram praticamente arrasadas pelas devastadoras enchentes, seguem alguns extraordinários pensamentos para neles meditarmos e prepararmo-nos para eventuais tragédias que poderão futuramente também nos atingir: 

“Provados pela mesma desgraça, os maus odeiam a Deus e blasfemam, enquanto os bons rezam e louvam. A diferença não está na desgraça sofrida, mas na qualidade de quem sofre. Agitados o lodo e o perfume, o primeiro cheira mal e o segundo exala agradável fragrância.”
(Santo Agostinho) 

“Em tempos de tristeza e inquietação, não abandones nem as boas obras de oração, nem a penitência, a que estás habituado. Antes, intensifica-as. E verás com que prontidão o Senhor te sustentará.” 
(Santa Teresa D'Ávila) 

“Uma ação de graças no tempo da tribulação vale mais do que mil anos de agradecimento em tempos de prosperidade”. 
(São João D’Ávila) 

“Além da Cruz, não há outra escada pela qual possamos chegar ao Céu”. 
(Santa Rosa de Lima) 

“Não recusem as responsabilidades! Não peçam a Deus uma vida fácil, mas ombros mais largos”. 
(Louis Saillans) 

“O homem é como um tapete, às vezes precisa ser sacudido”. 
(Provérbio árabe)

7 de junho de 2024

Tragédia no Rio Grande do Sul e show de pornochanchada no Rio de Janeiro

 

Foto: lvan Rocha / Agência Brasil


Enquanto milhões de brasileiros sofriam e choravam devido à tragédia que se abateu sobre o Estado gaúcho, uma imoralíssima e demoníaca festa de blasfêmias e zombarias acontecia no Rio de Janeiro

✅   Paulo Roberto Campos

Causou euforia em certo público e muita indignação em outro, a realização na Praia de Copacabana, no primeiro sábado do mês de maio, do show da pornocantora “Madonna”.

Trata-se de uma americana de terceira idade, cujo objetivo na vida parece ser o de ultrajar Nossa Senhora, utilizando não só seu Nome, mas apresentando-se muitas vezes, de modo blasfemo e sacrílego, em trajes que lembram as vestimentas da Santíssima Virgem. Já ousou também ultrajar seu divino Filho, apresentando-se crucificada como Jesus Cristo. Seus trajes são com frequência negros, lembrando o mundo satânico, misturados com símbolos católicos, fazendo uma paródia da Religião [vide quadro abaixo].

Entre centenas de manchetes, selecionei apenas algumas para transcrever aqui. Uma, do portal TERRA do dia 5 de maio, sintetiza o ocorrido: “Além de simulação de sexo, blasfêmia, beijo lésbico e masturbação, show de Madonna homenageou Che Guevara.” [foto ao lado] Nisso, bem se vê como as coisas semelhantes se atraem, ou seja, perversões morais, comunismo, ódio à Igreja Católica, homossexualismo, orgias etc. “Dize-me com quem andas e te direi quem és”... As fotos de aspectos do show-pornochanchada são impublicáveis, sobretudo em uma revista verdadeiramente católica como a nossa, lida por pais, mães e filhos.

Do portal UOL (5-5-24), com a manchete “Madonna, a maior, faz no Rio a festa da família nada tradicional brasileira”, copio esta informação: “Uma grande roda com bailarinos que simbolizam Jesus e padres com incensários pelo palco criam um dos momentos mais impactantes do espetáculo.”

E na revista FORUM (5-5-24), no subtítulo Tradição, Família e Propriedade, lemos: “Entre beijos trans, homossexuais, gregos, simulações de atos imorais, drag queens, Madonna quebrava a tradição.”

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“DEVIL PRAY”

“O diabo reza” é o abominável título de uma composição feita pela referida pornocantora americana para o seu 13º álbum. A letra musical, além de tratar do tema das drogas, pecados, tentações, Deus e salvação eterna, tem também conotações diabólicas, como se pode constatar neste trecho da canção:

O diabo está aqui para enganar você
Mãe Maria, você não pode me ajudar?
Porque eu estou fora do caminho
Todos os anjos que estavam ao meu redor
Já voaram para longe
O chão sob meus pés está ficando mais quente
Lúcifer está próximo
Segurando as pontas, mas eu estou ficando mais fraca
Me veja desaparecer
E nós podemos usar drogas.

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Quase todas as cidades gaúchas foram atingidas pela tragédia

         Uma grande multidão — atraída e depois enormemente inflada pela propaganda da grande e inescrupulosa mídia —, festejava em Copacabana, enquanto milhões de gaúchos sofriam em consequência das fortes chuvas e enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. Esses nossos irmãos continuam padecendo, pois enquanto escrevo este artigo, em meados de maio, os níveis dos rios subiram em algumas cidades, deixando submersas casas, empresas, lavouras, animais, estradas e pontes. Regiões inteiras estão debaixo d’água, completamente arrasadas ou cobertas pela lama. Pelas fotos, deu-me a impressão de estar vendo zonas de guerra, como se fossem cidades inteiramente bombardeadas.

         Segundo comunicado da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), 90% das empresas do Estado estão em cidades atingidas pelas cheias. “Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais, impactando segmentos significativos para a economia do Estado”, declarou o presidente em exercício da FIERGS, Arildo Bennech Oliveira.

Um boletim da Defesa Civil informou que, dos 497 municípios gaúchos, 463 foram afetados — ou seja, quase todas as cidades. A catástrofe impacta mais de 2 milhões de pessoas; quase um milhão delas se viram obrigadas a abandonar suas casas; incontáveis famílias tiveram seus bens levados pelas correntezas e agora têm dificuldade de obter o básico para sobreviver; escaparam levando apenas a roupa do corpo; foram reduzidas ao estado de pobreza da noite para o dia.

Segundo alguns especialistas, essa calamidade no Sul é pior do que aquela causada pelo Katrina, o furacão e tempestade tropical que em agosto de 2005 inundou 80% da cidade americana de New Orleans, a qual demorou 10 anos para ser reconstruída.

 

Show da pornocantora “Madonna”, no RJ, na Praia de Copacabana
Foto: Fabio Motta - Prefeitura do Rio

O que vimos até agora é apenas a ponta do iceberg

Se é duro dizer que quase 200 pessoas morreram, mais de 100 estão desaparecidas e 806 feridas — de acordo com os dados disponíveis até o momento —, mais triste ainda é ser obrigado a reconhecer que os danos piores ainda estão por vir, pois mesmo depois de as águas baixarem, perdurará infelizmente o dito de que as desgraças nunca chegam sozinhas. Por exemplo, além dos roubos às casas abandonadas e dos casos de estupros — inclusive de crianças! — nos abrigos lotados, começam a aparecer algumas doenças transmissíveis e problemas respiratórios desencadeados pelo contato com águas contaminadas e matérias em decomposição.

O presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia, Dr. Alessandro Pasqualotto, declarou que, “como podemos imaginar, essa água está nitidamente contaminada. Ela é escura e deve estar cheia de matéria orgânica, com excretas de humanos e outros animais [...]. Obviamente quem teve contato com esses líquidos corre um risco maior de adoecer”.

Confirma esse parecer o médico infectologista Dr. Alexandre Vargas Schwarzbold, professor da Universidade Federal de Santa Maria (RS): “As doenças diarreicas são a maior causa de morte por questões infecciosas após desastres hídricos.”

Baseado na cadeia de consequências danosas, como alimentos contaminados, e sequelas que esse tipo de desastre provoca na saúde das vítimas, até mesmo em razão de doenças mentais, o Dr. Carlos Machado, especialista em saúde pública e ciências ambientais, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, afirmou que a catástrofe pode se revelar muito mais grave do que até agora temos constatado: “Cada desastre tem características muito próprias, mas em todos eles os registros constituem só a ponta do iceberg em termos de impacto na saúde.”

Sem falar das enfermidades homogêneas ao transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), agravados pela desestabilização do sistema de saúde, com postos, clínicas e hospitais alagados e/ou danificados.

Segundo o Dr. Machado, há aumento de casos de TEPT, como insônia, amnésia, fobias, ansiedade, depressão e outros transtornos. Também não é incomum que famílias atingidas pelas enchentes tenham que lidar com abuso de substâncias (Cfr. BBC News Brasil em Londres, 15-5-24).

Destruição na cidade gaúcha Arroio do Meio por causa das enchente.
[Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini].


A Cruz como condecoração aos combatentes

É sobretudo em momentos de sofrimentos como esses, causados por tão terrível catástrofe, que devemos dobrar os joelhos e olhar para o Céu, pedindo clemência. O Livro dos Provérbios nos ensina “O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria [...]. Repreende o justo e ele te amará” (Pr 9, 8-10). Se essa disposição de alma prevalecer, a tragédia no RS será de molde levar os gaúchos a reconhecerem suas faltas — e a serem nisso imitados pelos demais brasileiros, pois a todos, em grau maior ou menor, podem ser dirigidas as palavras do Evangelho “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar uma pedra...” (Jo 8,7). Assim, a catástrofe, em vez de minorar, poderá engrandecer o Estado gaúcho e todo o Brasil, pois estaremos mais voltados para Deus, Autor de todo bem e de toda grandeza.

A Cruz é símbolo de sacrifício e de luta, mas também de vitória. “Nosso Senhor e Nossa Senhora, quando querem nos condecorar, põem-nos uma Cruz nas costas”, dizia o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Deus nos envia advertências e cruzes para nos alertar que os bens materiais, assim como tudo nesta vida terrena, são transitórios, e que somos chamados à vida eterna na glória deslumbrante do Céu.

 

“Pão e circo” e um governo desgovernado

         Ao mesmo tempo em que vimos, de um lado, uma calamidade sem precedentes se abater sobre um Estado inteiro, flagelando incontáveis famílias, vimos, de outro lado, uma folia erótica zombando da instituição familiar — pior, zombando de Deus e de Maria Santíssima — no show de conotações blasfemas, satânicas e pornográficas.

         Seguindo a mesma política do “panem et circenses” do Império Romano, governos desgovernados oferecem atualmente ao povo pão e divertimento, a fim de que ele se esqueça das mazelas, da situação caótica do País e dos desmandos governamentais. É assim que as massas se tornam mais facilmente manipuláveis, e aquele imoral show multitudinário serviu inteiramente a esse objetivo.

Nosso governo perdulário vai se tornando cada vez mais impopular. Na atual emergência sul-rio-grandense, ele, por oportunismo, faz comícios prometendo grandes ajudas às cidades mais castigadas pelas chuvas, aproveitando-se da triste situação para seduzir eleitores.

Até a insuspeita “Folha de S. Paulo” parece ter ficado chocada com o oportunismo na atitude de Lula da Silva, utilizando-se da tragédia como palanque eleitoral, agindo “para ficar bem na foto”. Eis um trecho de um dos artigos daquele periódico no dia 15 de maio:

“O presidente Lula (PT) anunciou nesta quarta-feira (15) medidas para socorrer famílias do Rio Grande do Sul em evento com tom de comício em meio às enchentes que destruíram casas e cidades. O ato ocorreu em São Leopoldo, maior município governado pelo PT no estado, a cerca de 35 km de Porto Alegre e um dos mais afetados pela tragédia. O evento foi marcado por gritos da plateia geralmente usados em campanhas petistas e por elogios a Paulo Pimenta [PT], que é potencial candidato a governador em 2026 e foi nomeado para comandar a pasta extraordinária de reconstrução do RS”.

Apesar de ter recebido vários alertas após o aguaceiro ocorrido na mesma região no ano passado, o governo não tomou medidas preventivas para impedir, ou ao menos amenizar, as presentes cheias. Estando assim enlameado, inclusive por tal negligência, o governo, para escapar das críticas e continuar na farra dos gastos entre os companheiros de partido, faz o mais fácil: joga toda a culpa nas costas do alardeado “aquecimento global”...

Assim, a mesma tragédia poderá se repetir no próximo ano, apesar das vultosas verbas destinadas à reconstrução do Estado. Como geralmente ocorre com governos pouco escrupulosos — já vimos esse filme várias vezes —, o dinheiro público poderá ser mal empregado e/ou desviado. Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso da catástrofe que se abateu sobre a região Serrana do Rio de Janeiro, atingida pelas fortes chuvas em 2011. Donde política do “pão e circo”, à qual nos referimos acima.

 

Na “Operação Abrigo Pelo Mar”, Marinha Brasileira mostra plantações submersas no RS
[Foto: Marinha do Brasil/via Fotos Públicas]

“O blasfemo afia ele mesmo a espada que o há de ferir”

O mencionado show de depravação representou o escárnio àqueles que perderam seus parentes, suas casas, suas histórias e outros bens no RS. Representou também o escárnio a todos que naquele momento lutavam pela sobrevivência: bebês, crianças, jovens, adultos e idosos sem alimentos, que faziam de tudo para serem resgatados das águas torrenciais.

Enquanto o espetáculo de pornochanchada se realizava ante uma multidão embrutecida e posta em delírio, milhões de brasileiros eram escarnecidos — particularmente aqueles infortunados que se viram obrigados a fugir de suas casas para acampar em algum lugar desconhecido, inclusive em rodovias, pois tiveram suas regiões evacuadas. Escarnecidos foram também os heroicos voluntários que arriscaram as suas próprias vidas e o conforto pessoal para se empenharem diuturnamente nos resgates e no auxílio aos flagelados.

As vítimas do Rio Grande do Sul foram também escarnecidas por aquela que é considerada a maior rede de TV do Brasil. No pior dia da tragédia, ela dedicou menos tempo à calamidade gaúcha que ao show satânico, o qual despejou, ao vivo e a granel, por seu intermédio, pornografia em incontáveis lares, favorecendo a destruição da inocência de milhões de crianças. Além disso, ela encerrou um de seus programas de notícias — o de maior audiência — aos risos com as notícias sobre o show de perversões morais.

         Escárnio ao Cristo Redentor! Essa zombaria a Nosso Senhor Jesus Cristo não é de molde a atrair a ira divina sobre o Brasil — a sua outrora verdadeiramente querida Terra de Santa Cruz? Deixo a resposta com São João Crisóstomo: “O insensato que lança uma pedra contra o céu não pode atingir os astros, mas expõe-se ao perigo de a ver cair sobre si; assim o blasfemo não atinge o objeto celeste que ataca, mas atrai sobre si a vingança divina. O blasfemo afia ele mesmo a espada que o há de ferir.”

         Pelo contrário, se tal show de zombarias, imoralidades e blasfêmias tivesse sido cancelado — já não digo por amor a Deus, mas ao menos em memória dos incontáveis de nossos irmãos que morriam e sofriam nas cidades gaúchas —, isso não atrairia as bênçãos e graças divinas sobre o nosso País e todos os brasileiros? Ademais, os milhões de dólares que a pornocantora recebeu dos cofres públicos (retirados dos bolsos dos brasileiros), poderiam ser destinados a socorrer mais famílias flageladas.

 

Um dos vários centros de ajuda para os atingidos pela catástrofe 
[Foto: Cristiane Rochol /PMPA].


Reparação a Deus, arrependimento e emenda de vida

         Aos promotores do espetáculo de aberrações, imoralidades e blasfêmias aplicam-se bem as palavras de indignação do Apóstolo São Paulo ao invectivar: “Não vos enganeis; de Deus não se zomba” (Epístola aos Gálatas, 6, 7). Não se zomba impunemente... pois, como preceitua o divino Decálogo: “Não tomarás o nome de Deus em vão”. Mandamento que não concerne apenas ao seu nome e ao supremo respeito que devemos a Ele, mas a tudo que há de sagrado relacionado ao nosso Redentor. “Quando se ama a Deus, Nosso Senhor, de todo o coração e se vê o seu santo nome profanado da maneira mais revoltante, é impossível suportar isto sem indignação” (São Bernardo de Claraval).

Será que os assistentes daquela fuzarca orgíaca em Copacabana a teriam ovacionado se soubessem das afrontas a Deus e da quebra dos valores visados e escarnecidos pelos organizadores? E se soubessem do que estava encoberto por eles, como os aspectos indecentes e satânicos? — Certamente, uma parte muito maior do público teria se indignado e rejeitado o show bizarro e ultrajante à Religião e à honra dos brasileiros.

Supliquemos a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que faça crescer entre nós a indignação e rejeição a tudo aquilo que é contrário aos Mandamentos de Deus, para que possamos realizar plenamente a nossa grande vocação de Terra da Santa Cruz, tão bem representada pela imagem de nosso Divino Redentor com os braços abertos no alto do Corcovado. 


Rezemos a Deus — por intermédio de Maria Santíssima, Medianeira universal de todas as graças —, pelo arrependimento e emenda de vida dos infelizes pecadores, pois, como afirmou Santa Jacinta de Fátima, “Se os homens não se emendarem, Nossa Senhora enviará ao mundo um castigo como não se viu igual.”

E supliquemos a Ela, sob a invocação de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que faça crescer entre nós a indignação e rejeição a tudo aquilo que é contrário aos Mandamentos de Deus, para que possamos realizar plenamente a nossa grande vocação de Terra da Santa Cruz, tão bem representada pela imagem de nosso Divino Redentor com os braços abertos no alto do Corcovado.

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Dedicação e coragem de Mons. de Belzunce, bispo de Marselha, durante a peste de 1720 – Nicolas André Monsiau (1754-1837). Museu do Louvre, Paris.


O que é preciso fazer nas épocas de grandes calamidades?

               

Em artigo escrito com o título em epígrafe para o jornal “Legionário”, no longínquo 4 de fevereiro de 1945, Plinio Corrêa de Oliveira faz um comentário muitíssimo oportuno, que serve como uma luva para os presentes dias de calamidades e guerras, particularmente aplicável à catástrofe que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. 

Basta pensarmos nas cidades flageladas e no simultâneo show, o espetáculo carnavalesco de perversões morais na Praia de Copacabana.

*   *   *

Sempre fomos contrários aos divertimentos carnavalescos. E especialmente durante o tempo de guerra. Consideramos censuráveis essas orgias de fundo pagão.

Com efeito, há entre todos os membros da grande família humana uma solidariedade objetiva e profunda, que torna indecorosas as diversões feitas em público, e com estrondo, quando tantos homens sofrem nos campos de batalha, e tantas famílias choram nos países em guerra.

A essa solidariedade natural de todos os homens, devemos acrescentar a solidariedade sobrenatural infinitamente mais preciosa, que a todos nos vincula, a todos os católicos, como membros do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja CatólicaDevemos sentir, como se fossem praticados em nós mesmos, todos os crimes, todas as injustiças que sofrem nossos irmãos [...].

Opressos e perseguidos, nossos irmãos católicos? E nós nos divertimos, divertimo-nos — o que é mil vezes pior — ofendendo a Deus?

Nas épocas das grandes calamidades, é preciso gemer junto ao altar, é preciso rezar, é preciso fazer penitência, é preciso distribuir esmolas. Assim se aplaca a ira de Deus, se vencem os ímpetos desordenados da natureza e se expulsam os demônios.

Pelo contrário, nós abandonaríamos o altar pelo baile, a penitência pela orgia, e esbanjaríamos em futilidades o dinheiro das esmolas. Para quê? Para colocar nas mãos de Deus o látego com que devemos ser punidos?


6 de junho de 2024

Incomparável devoção para as atuais calamidades


S
endo o presente mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, apraz-nos transcrever, em Sua honra, um trecho de um artigo de Plinio Corrêa de Oliveira publicado na edição de junho de 1953 desta revista. 

Neste ano, no dia 7 de junho ocorre a celebração litúrgica (sempre na sexta-feira seguinte à Oitava de Corpus Christi) dessa devoção — primordial sobretudo nos presentes dias de calamidade moral e material — ao Coração de Jesus, “receptáculo de justiça e de amor”, como é invocado em sua ladainha. 


“O culto ao Sagrado Coração de Jesus foi considerado por todos os teólogos como uma das mais preciosas graças com que a Santa Igreja tem sido confortada nos últimos séculos. Destinava-se ela a reanimar nos homens o amor de Deus entorpecido pelo naturalismo da Renascença, pelos erros dos protestantes, jansenistas, deístas e racionalistas. 
No século passado, foi por meio desta devoção que o Apostolado da Oração produziu um admirável reflorescimento de vida religiosa em todo o mundo. E, como os males de que o Sagrado Coração de Jesus nos deve preservar crescem dia a dia, é evidente que dia a dia se acentua a atualidade desta incomparável devoção. 
Contudo, é preciso acrescentar que, na agravação dos males contemporâneos, a Providência como que quis superar a Si própria, apontando aos homens como alvo de sua piedade o Coração de Maria, que de certo modo requinta e leva à sua plenitude o culto ao Sagrado Coração de Jesus. 
Os estudos e a devoção cordimariana não são novos. Quer nos parecer, entretanto, que a simples leitura das mensagens de Fátima demonstra com quanta insistência Nossa Senhora os quer para nossos dias. A missão que Ela confiou à Irmã Lúcia foi especialmente a de ficar na Terra para atrair os homens ao Coração Imaculado de Maria. Várias vezes esta devoção é recompensada durante as visões.
Este Coração Santíssimo se apresenta mesmo, na segunda aparição, coroado de espinhos pelos nossos pecados, a pedir a oração reparadora dos homens. Parece-nos que este ponto como que compendia em si todos os tesouros das mensagens de Fátima.”

4 de junho de 2024

Paralelo entre a tragédia sul-rio-grandense e o show imoral de pornocantora em Copacabana

Na parte inferior da capa, à esquerda, imagem do conjunto do show imoral realizado na Praia de Copacabana no dia 4 de maio, e à direita, foto de uma das cidades gaúchas arrasadas pelas enchentes.


Fonte: Revista Catolicismo, Nº 882, Junho/2023 

Mesmo quando castiga, fazendo-nos passar por adversidades, Deus paternalmente só deseja o melhor para nós, ou seja, por amor a Ele, o arrependimento de nossos pecados, a nossa conversão e salvação eterna. Nesses momentos de adversidades, podemos revelar os melhores aspectos de nossas almas, como também os piores. 

Temos uma oportunidade única de comprová-lo no caso da catástrofe que assola o Rio Grande do Sul. Vemos de um lado a garra dos gaúchos, que lutam com denodo contra os infortúnios causados pelas avassaladoras enchentes, sem perderem o ânimo, trabalhando para se reerguerem, dispostos a todos os sacrifícios sem choramingos. 

Nesse mesmo sentido, admiramos os heroicos voluntários, cuja compaixão pela dor alheia fá-los abandonar as próprias comodidades para com grande sacrifício e renúncia demandarem a ‘frente de batalha’, trabalhando sem cessar em prol dos nossos irmãos gaúchos. 

Infelizmente, vemos de outro lado a ‘enchente’ de politiqueiros oportunistas, sequiosos de tirar proveito da tragédia, aliciando eleitores, apesar de suas ‘enchentes’ de politicagens errôneas, fracassadas, desastrosas, responsáveis em boa medida pela calamidade que assola quase todo o território gaúcho. Graças a Deus, parece que a grande maioria desconfia das promessas desses enlameados demagogos de plantão. 

Fazemos votos de que os sul-rio-grandenses saiam dessa tragédia engrandecidos e, sobretudo, mais próximos de Deus e da Padroeira do Estado, Nossa Senhora dos Navegantes. 

Uma bonita frase de São Pio de Pietrelcina bem expressa esse nosso desejo: “Bendita seja a crise que te faz crescer, a queda que te faz olhar para o Céu, o problema que te faz buscar a Deus.” 

A matéria de capa da revista Catolicismo deste mês trata dessa temática que afeta não somente os gaúchos, mas todos nós brasileiros. Trata também da farra de depravações com conotações satânicas protagonizadas na Praia de Copacabana por uma pornocantora americana no seu show imoral, prenhe de paródias da religião, blasfêmias e sacrilégios. 

Isso causou muita indignação, aumentada ainda mais pelo fato de ter sido realizado ao mesmo tempo em que terríveis calamidades flagelavam milhões de nossos irmãos no sul do País. 

Para ambos os eventos expostos na matéria principal dessa edição, aplica-se o que escreveu Plinio Corrêa de Oliveira: “Nas épocas das grandes calamidades, é preciso gemer junto ao altar, é preciso rezar, é preciso fazer penitência, é preciso distribuir esmolas. Assim se aplaca a ira de Deus, se vencem os ímpetos desordenados da natureza e se expulsam os demônios.”

1 de junho de 2024

Beleza divina nas desigualdades harmônicas e proporcionais


O conjunto desigual do grande e do pequeno reflete a infinitude do Criador de todas as coisas 


✅  Plinio Corrêa de Oliveira 

Rainha Elizabeth
 e um de seus colares de pérolas. 
C
erta vez li a história de uma princesa russa que por ocasião da revolução bolchevista de 1917 conseguiu escapar. Ela apenas logrou levar escondido um colar enorme, com magníficas pérolas. Eram pérolas de tamanhos diferentes, com uma grande no centro, seguida por outras sucessivamente menores, iguais dos dois lados, até chegar a uma bem pequenina. 

É muito difícil fazer uma coleção com pérolas em que cada uma, em relação à anterior e à posterior, tenha a mesma diferença proporcional no tamanho. Com pérolas falsas isso se faz com facilidade, mas com pérolas verdadeiras é muito difícil. Sobretudo se todas as pérolas são do mesmo tom e da mesma claridade. 

De maneira que chegamos a este paradoxo: um colar com 50 pérolas harmonicamente desiguais é mais bonito do que um colar com 50 pérolas iguais e maiores. Pode ser que valha mais um colar de 50 pérolas iguais e maiores. Mas como beleza artística o colar com pérolas desiguais tem uma beleza maior. 

O que pensam os ourives a respeito desses colares de pérolas desiguais é precisamente o que São Tomás de Aquino ensina a respeito do universo. 



Ele ensina que Deus não poderia ter criado todas as criaturas iguais, porque nenhuma criatura tem a possibilidade de espelhar adequadamente a beleza de Deus, uma vez que a criatura é limitada e Ele é infinito. E para dar certa ideia da beleza de Deus, seria preciso que houvesse criaturas desiguais, cada uma espelhando-O a seu modo num aspecto. Mas sendo desiguais formam uma hierarquia. A hierarquia harmônica, sem saltos, sem desproporções entre os degraus, afirma na Terra a beleza de Deus. 

Beleza do conjunto desigual, mas harmônico 

Um exemplo: no reino das flores a beleza de Deus não poderia exprimir-se igualmente numa enorme rosa ou num pequeno miosótis. O miosótis tem certo encanto, olhamos e sorrimos. Uma rosa é majestosa, mas não provoca o mesmo sorriso. Ora, o por onde Deus é infinitamente gracioso se pode exprimir no miosótis. Era preciso que houvesse a rosa e o miosótis no mundo vegetal para se ter uma ideia de conjunto de predicados de Deus.

Isto se aplica também aos homens. Estes são desiguais, e é assim que eles exprimem melhor a Deus. Pensem na mentalidade dos homens mais inteligentes de nosso século — por exemplo Winston Churchill — e o comparem com o homem mais bobo do nosso século, um que fosse sem culpa própria quase um débil mental, onde a razão está num estado de lusco-fusco. Entretanto cada um espelha a Deus a seu modo, inclusive o bobo; no que ele não é bobo espelha a Deus de algum modo, e de um modo que Churchill não exprimia, e pode ser um “miosótis” do reino humano. O conjunto espelha a beleza de Deus.



Beleza divina na confluência do grande e do pequeno 


Uma vez que há maiores e menores, tem que haver também a obediência, uns que mandam e outros que obedecem. É um corolário necessário. E a obediência não faz senão transmitir no reino da ação a infinita beleza de Deus.

O que é mais importante, imprimir um livro ou concebê-lo e escrevê-lo? É evidente que conceber e escrever é mais importante. Entretanto, a apresentação gráfica de um livro tem muita importância para sua circulação. 

Vamos exemplificar com a obra mais conhecida de São Tomás, a Suma Teológica, esplendidamente bem apresentada pela composição gráfica. A função de São Tomás nem se compara com a do gráfico, mas a pequena função deste pode ser grande para a circulação do pensamento do autor. 

A circulação do livro de São Tomás fica condicionada à modesta colaboração de um gráfico, que pode ele mesmo ser um gênio em matéria gráfica, enquanto São Tomás é um gênio em matéria teológica e metafísica. 

Essa colaboração do pequeno e do grande, de mil espécies de genialidades para fazer uma obra funcionar, isso tem uma beleza divina! 

Uma ideia desse princípio notamos, por exemplo, na ventilação. Como é bonito que haja tufões majestosos! Como é belo que haja ventinho comum! Como é bonito que haja ventos que sorriem! Todos eles no seu conjunto não constituem o universo dos ventos que agradam tanto às pessoas ao contemplar? É evidente! 

Assim também há homens que são possantes. São como tufões. Há outros mais delgados, que chegam até a ser como o sorriso dos ventos alígeros. Todos juntos, obedecendo uns aos outros, constituem uma sinfonia que nos remete ao Criador de todas as coisas.


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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de setembro de 1974. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.