29 de fevereiro de 2020

Vírus ataca a instituição familiar, pior que o coronavírus

➤  Paulo Roberto Campos

Hoje tomei conhecimento um artigo muito antigo (1939), mas de uma atualidade que muito me impressionou e que diz respeito a dois assuntos entrelaçados e primordiais de nossos dias: direito de propriedade e família. Abaixo reproduzo a íntegra dele, mas as partes mais concernentes aos temas desse nosso Blog da Família são os dois últimos trechos (“A família e o Estado” e “Falsos remédios”). 

Ao ler tais trechos — prognósticos feitos 81 anos atrás — lembrei-me da aprovação (em 2010) da “Proposta de Emenda à Constituição do Divórcio” — hoje popularizada com o nome de “Divórcio-Express”, instantâneo ou relâmpago —, que eliminou, para a efetivação do divórcio, a necessidade de separação judicial por mais de um ano ou de separação de fato por mais de dois anos.

Com essa aprovação, o Estado, contribuindo para o desmoronamento da instituição da família, atrai o desmoronamento de si próprio e de todas as instituições do Estado. 

Confira o artigo, dileto leitor, e tire suas conclusões. 

O VERDADEIRO CONFLITO 


➤  Plinio Corrêa de Oliveira
“Legionário”, 15 de outubro de 1939, N. 370, pag. 3 

Hilaire Belloc, conhecido escritor católico inglês, amigo íntimo do desaparecido Chesterton, é o autor deste ensaio publicado no periódico londrino “The Universe”. Demonstra Belloc que todas as controvérsias desta agitada época se reduzem, no fundo, a uma só: o conflito entre a Igreja Católica e seus inimigos. 

O aspecto mais interessante da época atual é o seguinte: ninguém se apercebe da natureza da grande luta que se está travando em todas as nações da Europa e parcialmente na América e na Ásia. 

Por todos os lados ouvireis dizer que se trata de uma pugna entre o comunismo e o que se convencionou chamar “fascismo”. Os que não são tão lerdos para dizer isto dirão que há uma contenda entre um velho mundo tradicional e um mundo novíssimo que surge. Outros, com visão mais estreita, chamam-na “uma luta entre certas raças ou nações”, o que não é verdade, pois trata-se de um movimento universal; alguns mais creem que só temos uma guerra entre ricos e pobres. 

Todas estas explicações sobre o que está ocorrendo são em certo grau imperfeitas, quando não decididamente absurdas. O que em realidade presenciamos é um conflito entre a Igreja Católica e seus inimigos. 

Vamos até o caos 

A maior parte dos que tomam mais a sério e mais inteligentemente esta luta certamente não reconhecem esta verdade e, não obstante, ela é a verdade central de toda esta questão. Não se reconhece isto porque todos em geral nos encontramos ante resultados indiretos e não percebemos as causas primeiras, uma vez que as origens de todo acontecimento de caráter social jazem no fundo, não sendo, portanto, facilmente reconhecidas. Mas a menos que compreendamos que o conflito moderno todo gira em torno da Fé e é mais um exemplo da luta entre a Fé e o mundo que se vem desenrolando através das idades, não chegaremos a compreender a natureza do perigo que envolve a Terra. Porque a ameaça que pesa sobre o mundo moderno não consiste na possibilidade de cair nas garras desta ou daquela raça, desta ou daquela filosofia, mas no perigo de perder o que criou a nossa civilização. 

O que construiu nossa civilização foi a Fé, e a medida que perdemos esta força criadora, desmoronar-se-á mais e mais nossa civilização. Se se perder totalmente essa força, toda nossa civilização perder-se-á com ela: avançamos rumo ao caos. 

Umas perguntas ao Dr. Inge 

O Dr. William Ralph Inge (1860-1954, escritor inglês, anglicano e professor de teologia em Cambridge) escreveu há pouco uma frase extraordinária, afirmando que a menos que o mundo se submeta de novo aos ensinamentos de Nosso Senhor estará condenado a perecer. “Nada — disse o Dr. Inge — poderá salvar-nos senão as leis e as doutrinas de Cristo”. Trata-se de pessoa muito inteligente, como todos o sabem e algo quase tão importante: é um homem sumamente culto. Muito se aproximou da verdade e no que disse suas palavras expressaram certamente a verdade. 

Mas o Dr. Inge não acrescentou a cláusula suplementar única que teria podido dar a seu pensamento plenitude de sentido. Não acrescentou que uma só instituição conservou uma tradição ininterrupta desse divino ensinamento que com todo acerto presume ser a única e mui necessária medicina para os males modernos. E não disse porque não o crê assim: não crê o Dr. Inge que a Igreja Católica fale com a voz de Cristo, ou que seja a única que possui em si toda a tradição de Cristo. Não obstante o Dr. Inge quedar-se-ia perplexo, como qualquer outro homem, se tivesse que nos dizer quem pode no mundo inteiro reclamar para si este título a não ser a Igreja segundo sua própria definição: una, católica e apostólica. 

Considerai qualquer um dos vários temas principais que moveram atualmente os homens à guerra, para os que já estão combatendo ou prestes a combater. Dai a esses temas a forma de interrogação: “Qual é a doutrina certa sobre a propriedade, dimanada da autoridade de Cristo?” Ou então: “Qual é a doutrina certa sobre o matrimonio?” Ou esta outra pergunta: “Qual a doutrina certa sobre a guerra?” A estas e a todas as principais questões que se proponham obtereis uma resposta com a autoridade da Igreja. Fora da Igreja obtereis uma multidão de contestações contraditórias. Ninguém pode assinalar aqui ou ali uma autoridade final exceto nós católicos quando assinalamos o que aceitamos como filosofia salutar da vida. 

A resposta da Igreja 

Ademais note-se que em toda questão capital cuja resposta seja indispensável para orientar a humanidade, a resposta que a Igreja dá está baseada em diversos princípios que lhe dão seu apoio e impede a falsidade do exagero e a falsidade de tratar matérias universais como se fossem assuntos isolados. Assim, por exemplo, em relação à propriedade, a Igreja afirma o direito de propriedade. Não diz como os comunistas: “a propriedade dos meios de produção é imoral”, mas assenta que a propriedade é uma instituição moral, quer se trate de produtos de consumo ou de bens produtivos. Mas afirma também a Igreja que todo ser humano tem direito a viver de acordo com normas humanas; que todo ser humano tem direito ao que a Igreja chama “pão humano”. Mais ainda: a dignidade humana deve manter-se incólume. A pressão econômica, quando se torna tão opressiva que chega a produzir o que o Papa reinante [Pio XII] descreveu como uma situação “vizinha da escravidão”, é imoral. 

Ainda há mais: a Fé pressupõe uma organização social estável; portanto não concede uma competência irrestrita, desenfreada. A doutrina da Igreja sobre a propriedade apóia-se em toda uma trama de proposições relacionadas entre si e que, aplicadas integralmente, seriam capazes de produzir uma sociedade estável e feliz. 

A família e o Estado 

Tomemos outro ponto análogo. Existe o indivíduo para o Estado ou o Estado para o indivíduo? Em torno desta questão gira todo o conflito entre o despotismo e a liberdade. Também sobre isto a Igreja tem uma resposta perfeitamente clara, mas múltipla. 

O Estado existe para a família, e o Estado existe para melhorar tanto a vida física como a espiritual do indivíduo, e esta ultima sobre tudo. Mas o Estado tem o direito de exigir de seus cidadãos defesa contra a agressão e obediência às leis que sejam razoáveis. A autoridade cívica dimana de Deus, mas o abuso dessa autoridade não vem de Deus. Quando essa autoridade se põe em conflito com a lei de Deus, perde toda sua validez

Nunca a Igreja, em toda a sua longa história, produziu nem inspirou uma sociedade sujeita à tirania como princípio, nem tão pouco produziu uma sociedade em que se negasse a autoridade dos magistrados civis. 

Na raiz de toda sua política e de toda sua educação social encontra-se sua clara doutrina sobre a família, mas da família criada para a salvação do indivíduo

Falsos remédios 

O trágico perigo de nosso tempo está nos falsos remédios, desprovidos de autoridade efetiva, remédios baseados em um princípio insuficiente, remédios derivados de extremismos, que se propõem a curar o padecimento mortal que nos aflige. Sob o capitalismo industrial o homem é vítima da injustiça. Por isto quem está em conflito com a Fé exclama: “Acabemos com a propriedade privada dos meios de produção e desaparecerá a injustiça!” E assim será certamente, mas a troco de sofrer coisa pior que substituirá a propriedade privada. Porque a única alternativa possível da propriedade como instituição social é a escravidão. 

A vida dos casados tem sempre algumas atribulações e às vezes é submetida a provas verdadeiramente trágicas, quase intoleráveis. Quem está em conflito com a Fé exclama: “Acabemos com o matrimonio por meio de um sistema de divórcios fáceis e desaparecerão os males provenientes do matrimonio”. E assim será certamente, mas outros males, muito piores, absolutamente desumanos, aparecerão em lugar do matrimonio abolido, porque estará destruída a célula ou unidade da vida social e isto quer dizer que muito em breve a própria sociedade estará aniquilada.

27 de fevereiro de 2020

CASAL VIRTUOSO, FILHO SANTO

São Francisco Jerônimo vistou a família Ligório. Na pintura, ele abençoando o recém nascido Afonso nos braços de sua mãe (Dona Ana Cavalieri). À direita, Dom José de Ligório.
➤  Plinio Maria Solimeo 

Muitos santos, para não dizer a maioria, deveram sua precoce santidade ao fato de encontrar no lar exemplos de virtude. Com efeito, se no lar paterno, seja ele uma pobre choupana ou um palácio, os pais amarem verdadeiramente a Deus Nosso Senhor, e transmitirem aos filhos esse amor, estão lançadas as raízes para a germinação da santidade entre eles.

Hoje em dia, isso é visto com simpatia e tido em louvor se se tratar de um lar humilde. Porque, devido à mentalidade socialista que invadiu o mundo inteiro, os nobres e os dotados de fortuna são em geral mal vistos, tidos como exploradores, sanguessugas e inimigos da virtude.

Para seguir a regra de Santo Inácio do “agere contra” — quer dizer, sempre que houver um erro, agir em sentido oposto — apraz-nos neste Blog da Família, citar o exemplo de uma das muitas famílias nobres e bem instaladas na vida, que deram exemplo de virtude e de amor de Deus e à sua religião.

Trata-se de Dom José de Ligório, nobre napolitano, casado com Da. Ana Cavalieri, que viveram no final do século XVII e no século XVIII, pais do grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787).

Os dados que citamos foram tirados do excelente livro do Pe. Augustin Berthe, Saint Alphonse de Liguori, escrito em 1906. Dom José descendia de antiga e ilustre família. Já havia Ligórios em Nápoles antes mesmo que nela houvesse reis. Destacando-se entre os mais nobres fidalgos napolitanos, Dom José era Capitão das galeras reais. Amigo do trabalho, fidelíssimo ao dever, não cessava de desenvolver em si as qualidades naturais com que Deus o dotara.

Assim, aliava a piedade à bravura, e frequentava os Sacramentos, dando a seus subordinados o exemplo das mais austeras virtudes.

Quando estava no mar, a cabine do nobre capitão Dom José, decorada com imagens santas, parecia a cela de um monge cartuxo. Ele não deixava jamais de levar a bordo quatro estatuetas do Salvador, as quais representavam Jesus agonizante no Jardim das Oliveiras, Jesus amarrado à coluna da flagelação, Jesus no tribunal de Pilatos, e Jesus expirando na cruz.

Ele dizia que sua devoção aos mistérios dolorosos lhe havia valido graças numerosas e assinaladas.

Assim vivia Dom José de Ligório fiel a Deus e ao rei, amigo da religião, das boas obras e da disciplina. Imperioso, mesmo violento em face da contradição, exigia de seus inferiores uma submissão perfeita, e ninguém ousaria de se permitir, diante dele, fazer críticas inconvenientes ou ter conversas equívocas.

Por outro lado, Da. Ana, de caráter diametralmente oposto ao do marido, personificava a paciência e a doçura. Seu pai, Dom Frederico Cavalieri, conselheiro na corte real no reino de Carlos VI, praticava as virtudes cristãs com tal perfeição que seu diretor espiritual não temia em chamá-lo, como Jó, “um homem simples, justo, e temente a Deus”.

Santo Afonso diante do Santíssimo Sacramento, vitral da Catedral da Assunção em Carlow (Irlanda)
Formado por suas lições e exemplos, seus filhos não podiam deixar de caminhar a grandes passos na via da verdadeira piedade. O mais velho deles, Tiago Cavalieri, se tornou bispo de Troia e morreu em odor de santidade. A última de suas filhas, Dona Ana, casada com Dom José, eclipsou todas as damas de Nápoles por suas virtudes eminentes. Ela era, seguindo a letra, uma mulher de oração, inteiramente dedicada a seus deveres de esposa e mãe, inimiga do fausto, do teatro e dessas reuniões mundanas nas quais se perde um tempo precioso, dotada do doce e suave amor de Deus e da família, cristã da velha cepa, recitava as horas canônicas, praticava o jejum e a abstinência e não temia empregar, a fim de se elevar acima dos sentidos, a disciplina e o cilício.

Para se encontrar a nobre senhora todos sabiam que era necessário procurá-la na igreja ou em seu palácio; ou mais ainda, sob o humilde teto dos pobres, aos quais ela mesma levava o supérfluo que tanta gente consagra ao prazer. Ora, Deus uniu essas duas almas de escol para dar à Igreja um dos maiores santos que a ilustraram: Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, Padroeiro dos Confessores e dos Moralistas.

22 de fevereiro de 2020

ALEGRIA POR DECRETO

Neste artigo, o autor censurou severamente as farândolas carnavalescas de 1935. O que diria ele dos carnavais de hoje? 


➤  Plinio Corrêa de Oliveira 

Aonde foi parar o velho carnaval paulista, todo feito para alegrar as pessoas? Cedeu seu lugar a um carnaval exclusivamente sensual, em que a alegria dos espíritos não é mais uma inocente hilaridade, como a de nossos avós, mas a festa dos sentidos superexcitados. Nos três dias de carnaval, as autoridades se acumpliciam com os inimigos da ordem, agindo contra os interesses gerais da população.

Se fôssemos contar o número de pequenas economias domésticas que se desequilibram definitivamente por ocasião do carnaval, poderíamos ver até que ponto os festejos de Momo são uma bomba aspirante, que suga os tostões das classes pobres e os conduz para os bolsos entumecidos dos exploradores do carnaval. 

Se fôssemos fazer a conta das doenças que os desmandos carnavalescos provocam direta ou indiretamente, veríamos que elas superam o número de pessoas curadas nos estabelecimentos de caridade, erguidos com grande sacrifício público.

Se fôssemos tomar em conta o acréscimo de criminalidade de todos os gêneros, provocada pelo carnaval, veríamos que ele rouba à virtude muito mais pessoas honestas do que a polícia, por ação preventiva, consegue roubar ao crime. 

No entanto, uma inexplicável incoerência é que as autoridades dão mão forte ao carnaval. O que pode haver de sincero e espontâneo nessa alegria fictícia, estabelecida por decreto municipal, divulgada por cartazes nas ruas e fomentada por um colossal derrame do dinheiro público? 

Alguém poderia considerar absurdo a prefeitura decretar aos cidadãos sua permanência em casa, chorando, durante três dias do ano. E se perguntaria qual a utilidade de tal tristeza, se o pranto é coisa que não se encomenda. Ri ou chora cada um segundo lhe correm o êxito ou as vicissitudes da sua vida particular. 


Capa da primeira edição de 
Pagliacci (Palhaços), Milão, 1892. 
Mas se reconhecemos como absurda essa hipotética tristeza por decreto, por que não reconhecer também como artificial e absurda essa alegria promulgada por uma portaria? Por que não impugnar como desprovida de sinceridade essa alegria que estoura por toda a parte? Bem ao contrário da alegria sincera e despreocupada, que há muito tempo desapareceu do coração dos homens, o rito artificial e satânico do carnaval representa uma revolta contra as dificuldades da vida de cada dia, substituindo-a por folguedos que não podem proporcionar verdadeira alegria. 

Fazendo rir o povo num momento tão carregado como o do mundo atual, os promotores do carnaval fazem lembrar Pagliacci [Palhaços], a ópera de Leoncavallo. Se uma estátua do Rei Momo tivesse voz, que nos ordenaria ela senão o triste ridi pagliacci [riam, palhaços] da ópera? 


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Excertos do artigo "Alegria por decreto", de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado em “O Legionário” de 17 de fevereiro de 1935.

19 de fevereiro de 2020

Centenário do falecimento de Santa Jacinta de Fátima

No dia 20 de fevereiro comemoramos o primeiro centenário da ida para o Céu, com apenas 10 anos, de Jacinta, a mais jovem dos videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima no ano de 1917. 


➤  Plinio Maria Solimeo
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 831, Março/2020

Tendo Catolicismo publicado em diversas ocasiões matérias sobre Fátima e os videntes, daremos aqui apenas alguns traços da santidade de Jacinta, de quem sua prima, a Irmã Lúcia, afirmou em tom profético: “Tenho esperança de que o Senhor, para glória da Santíssima Virgem, lhe concederá a auréola da santidade. Ela só era criança nos anos, no demais sabia já praticar a virtude e mostrar a Deus e à Santíssima Virgem o seu amor, pela prática do sacrifício [...]. É admirável como ela compreendeu o espírito de oração e sacrifício, que a Santíssima Virgem nos recomendou [...]. Por estes e outros [fatos] sem conta, conservo dela grande estima de santidade”.

A canonização de Francisco e Jacinta 

Francisco e Jacinta de Fátima se tornaram os mais novos santos não mártires da Igreja Triunfante. Qual foi, para a vida da Igreja, a importância dessa canonização? Respondemos com as palavras do Pe. Joaquin Maria Alonso, por ocasião da beatificação deles: “Fátima tem tido tais influências de santidade difundidas pelo mundo e pela Igreja, que seu caráter extraordinário não pode entrar nas leis ordinárias da sociologia em uso. Porque Fátima possui, como talvez nenhum outro carisma da Igreja, o que poderia chamar-se o carisma da atração religiosa. Desde o princípio, Fátima tem atraído os fiéis ao lugar de penitência e oração, sem outros apelos, motivos ou insinuações além dos que procedem de sua Mensagem austera de salvação [...]. Os frutos, na conversão dos corações, têm sido espetaculares. Por todas as partes os fiéis se sentem estranhamente comovidos e atraídos aos lugares por onde passa a imagem peregrina, a fazer oração e penitência, pela simples presença da imagem bendita. E este fenômeno não tem precedentes nem explicações sociológicas suficientes”. A canonização de dois dos três videntes da divina história de Fátima aumentou ainda mais esse interesse e fervor. 

Jacinta: piedade precoce 

Muito piedosa desde a mais tenra infância, Jacinta nasceu em 11 de março de 1910, há exatos 110 anos. Sua prima Lúcia, que sempre a conheceu, assim se exprime: “Ainda de cinco anos mais ou menos, ao ouvir narrar os sofrimentos do Nosso Divino Redentor, enternecia-se e chorava: ‘Coitadinho de Nosso Senhor. Eu não hei-de fazer nunca nenhum pecado, não quero que Jesus sofra mais’. Se as palavras feias eram pecado, e faziam sofrer o Menino Jesus, a Jacinta fugirá então delas e das companhias entre as quais há perigo de contrair hábito tão mau”

Crescendo ela um pouco mais, Lúcia registrou ainda: “A Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus atos, própria de pessoas já avançadas em idade e de grande virtude. Não lhe vi nunca aquela demasiada leviandade ou entusiasmo próprio das crianças pelos enfeites e brincadeiras (isto depois das aparições); não posso dizer que as outras crianças corressem para junto dela como faziam para junto de mim; e isto, talvez, porque ela não sabia tanta cantiga e historieta para lhes ensinar e as entreter, ou então porque a seriedade do seu porte era demasiado superior à sua idade”


O convite de Nossa Senhora à santidade 

Na primavera de 1916, a vida dos três — antes alegres e despreocupados pastorinhos de apenas nove, oito e seis anos de idade — iria sofrer brusca mudança: “Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz de vossas súplicas”, diz-lhes numa aparição o Anjo de Portugal, o Anjo da Paz. “Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios. De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício ao Senhor em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores [...]. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar”

Este é um programa de santidade, só pedido aos verdadeiros íntimos de Deus. E os três hão de cumpri-lo à risca e com fervor, sem lamúrias, queixas nem pena de si mesmos, com verdadeira alegria e amorosa submissão. Inventavam até mesmo os mais variados meios de se sacrificar. Assim, aproximadamente um ano depois, estavam prontos para receber a visita da Rainha do Céu. E Ela veio. Não com agrados, não com mimos, mas com seriedade, repetindo logo no primeiro encontro o convite à oração e ao sofrimento, feito pelo Anjo. “Ides pois ter muito que sofrer. Mas a graça de Deus será o vosso conforto”. 

Oração e sofrimento em reparação ao Imaculado Coração de Maria e ao Sagrado Coração de Jesus, tão ofendidos pela terrível apostasia da Humanidade. A extensão desse pedido eles só a compreenderiam aos poucos, com o auxílio de uma graça especial. As três crianças levaram muito a sério o pedido da Mãe de Deus, de orarem e se sacrificarem para a conversão dos pecadores. 

Jacinta, por ser a menor e a mais sensível dos três pastorinhos, empenhou-se particularmente em atender ao pedido da Virgem. Como pôde ela, tão pequenina, assumir e compreender tão profundamente o espírito de mortificação e penitência? Lúcia responde: “Primeiro, por uma graça especial que Deus, por meio do Imaculado Coração de Maria, lhe quis conceder; segundo, vendo o inferno e a desgraça das almas que ali caem”. Comenta o já citado Pe. Alonso: “Diante de Jacinta, a própria Lúcia sentia o que de ordinário se sente junto a uma pessoa santa, que em tudo parece comunicar-se com Deus [...]. A vista do inferno a havia horrorizado a tal ponto, que todas as penitências e mortificações lhe pareciam nada, contanto que conseguisse livrar dali algumas almas”.

Fenômenos místicos, bilocação 

Não é de admirar que Jacinta fosse obsequiada por várias graças místicas. Teve visões proféticas, obteve curas e graças consideradas milagrosas, e conta-se dela também um fato de bilocação, em cujo relato seguimos o Pe. Ayres Ferreira:

 O filho de uma família aparentada com a dos os Martos fugiu de casa, sem que se soubesse seu paradeiro. A “tia Vitória”, como era conhecida a mãe desse do rapaz, pediu a Jacinta que rezasse por ele. Dias depois o jovem reapareceu e pediu perdão aos pais. Contou que, depois de ter gastado o que roubara, fora detido como vadio e metido na cadeia. Certa noite, durante um temporal, ele conseguiu evadir-se, mas se perdeu no meio de num pinheiral. Tomado de terror, caiu de joelhos e começou a rezar. Nesse momento Jacinta lhe apareceu, pegou-o pela mão e o deixou em uma estrada,fazendo sinal para que continuasse a percorrê-la. Ao amanhecer, encontrou-se num local que logo reconheceu, e assim foi ter à casa paterna. Interrogada sobre o fato, Jacinta respondeu que nem conhecia o tal pinheiral, e que só se limitara a rezar pelo infeliz. 

Jacinta e os Sagrados Corações de Jesus e Maria 

Certo dia Lúcia deu a Jacinta uma estampa do Sagrado Coração de Jesus, que julgava bastante bonita. Jacinta a pegou, olhou-a com atenção, e exclamou: “É tão feio!... Não se parece nada com Nosso Senhor, que é tão bonito. Mas quero; sempre é Ele”. E constantemente o trazia consigo; de noite e na doença, colocava-o debaixo do travesseiro; beijava-o frequentemente, e dizia: “Beijo o Coração, que é o de que mais gosto. Quem me dera [obter] também o Coração de Maria, para ter os dois juntos!”

Com efeito, a missão reparadora de Jacinta vai intimamente ligada ao Coração Imaculado de Maria. Quando Nossa Senhora mostrou o inferno aos três pastorinhos, disse-lhes: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. Jacinta foi uma missionária dessa devoção. 

Por isso, ao despedir-se de Lúcia antes de partir para Lisboa, e depois para o Céu, recomendou-lhe veementemente: “Tu permaneces aqui para dizer que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando tiveres que dizer isto, não te escondas”. E acrescentou: “Diz a todo o mundo que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria. Que se peça a Ela. O Coração de Jesus quer que, a Seu lado, se venere o Imaculado Coração de Maria. Que peçam a paz ao Imaculado Coração de Maria; Deus a entregou a Ela. Oh! Se eu pudesse meter no coração de todo mundo o fogo que tenho aqui dentro do peito, queimando-me e fazendo-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!” 

Pelo relatório oficial do Prior da freguesia de Leiria, acabado no mês de agosto de 1918 e entregue à Autoridade Eclesiástica em 28 de abril de 1919, sabemos que Nossa Senhora apareceu particularmente a Jacinta, pelo menos três vezes, no curto espaço de outubro de 1917 a agosto de 1918.


O impressionante calvário de Jacinta 

No dia 23 de dezembro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram gravemente, atacados pela terrível epidemia bronco-pneumônica [conhecida no Brasil como gripe espanhola] que tantas vítimas fazia então por toda a Europa. Pelo mesmo tempo caiu doente toda a família, exceto o pai que, assistido por pessoas caridosas, se tornou um desvelado enfermeiro.

Atingidos pela doença, os dois inocentes não perderam em nada seu fervor pelos sacrifícios, mas as ocasiões agora se multiplicavam, sem que as tivessem de procurar. Depois da piedosa morte de Francisco, começou o terrível calvário de Jacinta. Nossa Senhora perguntou a se queria ficar um pouco mais na Terra, para sofrer pela conversão dos pecadores. A generosa criança respondeu que sim. Com isso foi para dois hospitais em Lisboa, onde muito sofreu e acabou morrendo sozinha, afastada dos parentes. Mas Nossa Senhora não a deixou só. Aparecia-lhe frequentemente, instruindo-a, aconselhando-a, alertando-a sobre a situação do mundo e a iminência dos castigos.

A Madre Maria da Purificação Godinho, a quem Jacinta fazia suas confidências, anotou muitas das comunicações celestes e meditações da jovem pastorinha, as quais constam em vários livros e revelam o grau de maturidade espiritual a que chegara essa menina de menos de 10 anos.


Relíquias de Jacinta e Francisco
Jacinta já fora operada uma segunda vez em fevereiro de 1920. Devido a seu estado de fraqueza, só puderam utilizar clorofórmio e anestesia local. Chorou muito, ao ver que estava sendo tratada pelos médicos despida de suas roupas. Retiraram-lhe duas costelas, deixando um orifício tão grande que por ele se podia atravessar uma mão. Ela sofreu tudo caladinha, só gemendo às vezes: “Ai, minha Nossa Senhora!”. Mas, para consolar os que a viam sofrer, dizia: “Paciência! Todos temos que sofrer para chegar ao Céu”.

Comenta o Pe. Alonso: “O Senhor uniu Jacinta à sua Paixão dolorosa e às dores da Virgem do modo mais íntimo. E todas as graças de consolo que recebeu, das várias visitas de Nossa Senhora, não foram impedimento para que essa Paixão acerba tocasse os limites do martírio mais horrível. Diríamos que, para ser modelo de vítima reparadora, Jacinta teve que passar por todas as noites dos sentidos, e também do espírito, sofrendo aquela temível solidão que ela tanto temia”. 

Na Sexta-feira, 20 de fevereiro de 1920, Nossa Senhora veio buscar Jacinta. Apesar de não ter completado 10 anos, já estava plenamente madura para o Céu.
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[1] “Contribuição de memórias pessoais para a biografia da pequenina Jacinta”, Irmã Lúcia, apud Pe. Luís Gonzaga Ayres da Fonseca S.J., Editora Vozes Ltda., Petrópolis, quinta edição, 1954, Prólogo.
[2] Joaquin Maria Alonso, Doctrina y espiritualidad del mensaje de Fátima, Arias Montano Editores, S.L., Madrid, 1990, p. 333, 334.
[3] Pe. João De Marchi, I.M.C., Era uma Senhora mais brilhantes que o Sol..., Seminário das Missões de Nossa Senhora de Fátima, Cova da Iria, 4ª edição, 1954, p. 39.
[4] Id. p. 215.
[5] Pe. Alonso, pp. 133, 134.
[6] Apud Pe. Luís Gonzaga Ayres da Fonseca S.J., Editora Vozes Ltda., Petrópolis, 5ª edição, 1954, p. 141.
[7] Id. p. 145.
[8] Apud Pe. Alonso, 143.
[9] Cfr. Relatório oficial do Prior da freguesia de então, acabado no mês de agosto de 1918 e entregue à Autoridade Eclesiástica em 28 de abril de 1919, in Pe. Luís Gonzaga Ayres da Fonseca, op. cit.
[10] Op. cit., p. 144.

12 de fevereiro de 2020

O grande retorno de Nossa Senhora e a conversão da humanidade


Fonte: Revista Catolicismo, Nº 830, Fevereiro/2020

Não há quem nunca tenha ouvido no interior de sua alma algo como uma voz inspirando uma profunda conversão a Deus. Essa voz interior pode ser uma graça divina sugerindo um sincero desejo de servi-Lo inteiramente, num caminho de maior perfeição, de santificação. 

Por “conversão” não se entende apenas uma mudança de religião, como no caso paradigmático do Apóstolo São Paulo, mas também no sentido de uma metanoia (uma completa mudança de vida). Assim, alguém que já é católico pode ansiar por uma conversão, a fim de se tornar um católico na plena acepção da palavra, perfeito em toda sua conduta, praticando as virtudes em grau heroico.

Sem dúvida, este é um caminho árduo a ser trilhado, sobretudo em nossos dias de neopagnismo. Mas a graça divina pode proporcionar os meios de santificação até mesmo aos que se encontram imersos na vida pecaminosa; como o caso muito conhecido de Santo Agostinho em sua conversão. 

Exemplifica bem esse aspecto a parábola do “Filho Pródigo”. Tendo abandonado a casa paterna, esse filho afundou-se no mundo do pecado, dos prazeres. Mas a graça divina o tocou no fundo do coração, e ele teve saudades do pai. Foi o primeiro passo para o seu arrependimento, sua conversão, seu retorno à casa paterna (cfr. Lc 15, 11-32).

Estando os homens de nosso século atolados na dissolução geral dos costumes, poderá a graça do arrependimento tocar suas almas, fazê-los retornar convertidos à “casa paterna”? É claro que Deus, como pai infinitamente misericordioso, deseja e espera o retorno desses “filhos pródigos”. E para ajudá-los nesse abençoado retorno, oferece a todos uma advogada e uma mãe, que é a Sua própria Mãe, a Rainha do Céu e da Terra, dos anjos e dos homens. 

A história de um maravilhoso retorno é mostrada na matéria de capa da edição deste mês da revista Catolicismo* [capa acima], onde o prezado leitor conhecerá Notre Dame du Grand-Retour (Nossa Senhora do Grande Retorno), devoção magnífica da cidade francesa de Boulogne-sur-Mer. O retorno da imagem da Virgem de Boulogne e sua peregrinação pela França provocaram um afervoramento da fé e um firme desejo das almas de retornarem à prática séria das virtudes. Foi uma imensa graça de conversão e de confiança numa restauração espiritual da humanidade. 

Antes, durante e depois dos castigos purificadores previstos em Fátima (1917), certamente uma nova, imensa e irresistível graça, como a de Nossa Senhora do Grand-Retour, poderá impulsionar a humanidade ao arrependimento, à total conversão, a um “Grande Retorno” à casa paterna. Um verdadeiro renascimento da Cristandade, rumo ao reinado do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria.

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 * Para fazer uma assinatura da revista Catolicismo, envie um e-mail para catolicismo@terra.com.br

1 de fevereiro de 2020

Washington — 500 mil manifestantes contra o crime do aborto


Pela primeira vez, um presidente norte-americano esteve presente e com muita coragem discursou durante a célebre Marcha contra o Aborto



➤  Paulo Roberto Campos

Na edição deste ano da grandiosa e já tradicional MARCH FOR LIFE da capital norte-americana, realizada no dia 24 de janeiro, mais de 500 mil pessoas lotaram as ruas e praças nas proximidades da Suprema Corte. Elas se manifestaram contra a prática do aborto nos Estados Unidos, onde a maioria da população rejeita categoricamente tal prática criminosa. 


Donald Trump fez história ao se tornar o primeiro Presidente norte- americano a participar da Marcha, que conta com uma longa, brilhante e trágica trajetória de 47 anos. Ele discursou para a multidão, animando todos a uma reação ainda mais forte contra a matança de inocentes no ventre materno. 

Abaixo, transcrevo alguns trechos do corajoso discurso do presidente americano, muito entrecortado por calorosos aplausos. Tomei a liberdade de assinalar em negrito as palavras que mais me chamaram a atenção e que revelam o correto enfoque de nossa luta contra o aborto, enquanto uma grave afronta a Deus, Criador de todas as coisas. 

“É uma grande honra ser o primeiro presidente da história a participar da March For Life. Estamos aqui por uma razão muito simples: para defender o direito de todas as crianças, nascidas e por nascer, de cumprir seu potencial concedido por Deus. [...]

“Os jovens são o coração da Marcha pela Vida. E é a sua geração que está fazendo da América uma nação pró-família e pró-vida. [...]


“Todos aqui entendemos uma verdade eterna: toda criança é um dom precioso e sagrado de Deus. Juntos devemos proteger, valorizar e defender a dignidade e a santidade de toda vida humana.

“Quando vemos a imagem de um bebê no útero, vislumbramos a majestade da criação de Deus. Quando seguramos um recém-nascido em nossos braços, conhecemos o amor sem fim que cada criança traz para uma família. Quando observamos uma criança crescer, vemos o esplendor que irradia de cada alma humana. Uma vida muda o mundo e posso dizer, desde o primeiro dia no cargo, tomei como uma ação histórica apoiar as famílias da América e proteger os nascituros. [...] 

“Notifiquei o Congresso que vetaria qualquer legislação que enfraquecesse as políticas pró-vida ou que incentivasse a destruição da vida humana. 

“Nas Nações Unidas, deixei claro que os burocratas globais não têm como atacar a soberania das nações que protegem a vida inocente. Os nascituros nunca tiveram um defensor tão forte na Casa Branca.


“Como a Bíblia nos diz, cada pessoa é maravilhosamente criada. [...] Infelizmente, a extrema-esquerda está trabalhando para apagar nossos direitos dados por Deus, fechar instituições de caridade baseadas na fé, banir líderes religiosos da praça pública e silenciar os americanos que acreditam na santidade da vida. [...] Lutamos por aqueles que não têm voz. E venceremos porque sabemos como vencer.

“Quase todos os principais democratas do Congresso agora apoiam o aborto, financiado pelos contribuintes, até o momento do nascimento. No ano passado, os legisladores de Nova York aplaudiram com satisfação a aprovação da legislação que permitiria que um bebê fosse arrancado do útero da mãe até o momento do parto. [...]

“E para todas as mães que aqui estão hoje, homenageamos vocês e declaramos que as mães são heroínas. Sua força e devoção é o que alimenta nossa nação. Por sua causa, nosso país foi abençoado com almas incríveis que mudaram o curso da história da humanidade. [...] Toda criança traz alegria a uma família. Vale a pena proteger toda pessoa. E, sobretudo, sabemos que cada alma humana é divina e cada vida humana é divina, nascida e por nascer, é feita à santa imagem de Deus Todo-Poderoso”. 




A Sociedade Americana para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) [foto acima], que participa dessa impressionante marcha em defesa da vida inocente desde o seu início em 22 de janeiro de 1974, distribuiu na manifestação de 2020 um folheto que trata, entre outros temas, do seguinte: 

“O contraste é eloquente. O movimento pró-aborto está lutando dividido e desencorajado, enquanto o movimento pró-vida está radiante de juventude, vitalidade e entusiasmo incomparável. [...] 


“Mantendo a lei de Deus no centro da luta pela América, a March For Life é um sinal de que o pulso pró-vida nos Estados Unidos está mais forte do que nunca, algo que o lobby pró-aborto é incapaz de esmorecer. 

“Os americanos, cada vez mais preocupados, estão recorrendo a Deus e a sua Mãe Santíssima para ajudá-los na luta contra o aborto. [...] 

“Nesta luta, a derrota não é uma opção e o compromisso com o erro é covardia. Os pró-vida não devem recuar, devem redobrar seus esforços para garantir que o aborto seja erradicado. Nas belas palavras de Santa Joana d’Arc, ‘Em nome de Deus, os soldados lutarão e Ele lhes dará a vitória’”. 


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Do Brasil, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira [foto ao lado] enviou uma representação, como também o fizeram outras entidades coirmãs do Instituto em outros países, como a Sociedade Irlandesa de Civilização Cristã, Droit de Naître (da França) e Voglio Vivere (Itália). 

Alguns dias antes dessa multitudinária manifestação antiaborto, outra manifestação, denominada “Marcha das Mulheres”, fez, também em Washington, uma passeata pró-aborto. E foi um fiasco! Ela estava desmotivada e não atraiu a juventude, enquanto a March For Life contou com quase 80% de jovens muito animados e dispostos a tudo dentro das leis para obrigar seus legisladores a abolir a infame decisão Roe vs Wade da Suprema Corte, que legalizou o aborto em todo o país em 1973.
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PS: As fotos são de Matthew Johnson (para ampliá-las, basta um click). Assista, no final desta página, dois vídeos da March for Life deste ano.
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