24 de janeiro de 2019

Washington – 46ª Marcha contra o aborto

➤  Nelson R. Fragelli 

A multidão marchava decidida e manifestativa em direção à Suprema Corte dos Estados Unidos, bradando slogans de protesto contra a prática do aborto no país. Era a multitudinária e tradicional March for Life, que se realiza todos os anos na capital americana, sempre no mês de janeiro. Alguns slogans, sob a forma de refrões musicais, eram cantados alegremente por vagalhões esparsos de jovens em movimento.

Nesse contínuo mover-se, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, levada num andor, causava surpresa a muitos, e a todos profundo respeito. Diante dela, vinham à mente dos participantes os pedidos da Virgem em Fátima, e também as catástrofes anunciadas caso seus pedidos não fossem atendidos. Milhões de inocentes sacrificados nas clínicas abortistas são um indício inequívoco de que tais pedidos foram negligenciados. Fátima continua sendo um apelo, e hoje é também um desafio.


“Muito obrigado por terem dito sim” — disse uma senhora a um membro da TFP americana (American Society for the Defense of Tradition, Family, and Property). Em seguida se inclinou reverente diante da imagem e continuou a caminhar sobre a neve e sob o vento gélido. O que quis ela dizer? Em seu olhar se encontrava a resposta: a TFP havia dito sim ao chamado de Nossa Senhora, bem como aos sacrifícios daí decorrentes.

Um dos participantes da marcha parou diante da imagem de Nossa Senhora e interpelou os custódios: “Por que esse ar tão solene?”. Um jovem que a acompanhava respondeu simplesmente: “Porque eles são os guardas de Nossa Senhora”.

Alguns protestantes tiveram o mau gosto de comparecer à March for Life a fim de criticar os católicos. Após gritar ataques à Igreja e ao Papa, ofenderam Nossa Senhora em brados. Nesse momento, um jovem começou a recitar em alta voz a Ave Maria. Imediatamente todos em volta uniram suas vozes à dele, com aguerrido ímpeto, revidando a ofensa protestante com a saudação à Mãe de Deus. As vozes aumentaram de volume, e com elas a indignação dos presentes. Ao grupelho ultrajante não restou senão calar e desaparecer na multidão.

Quando se deparou com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, um jovem cuja esposa acabava de dar-lhe o primogênito interrompeu sua caminhada e a fitou com surpresa e agrado. Nesse instante a evocação da Mãe de Deus era completada pela harmonia longínqua de trompetes e tambores, executada pela exímia banda de música da TFP norte-americana [foto ao lado], cujos acordes realçavam na manifestação a convocação dos presentes ao combate. O jovem pai tirou do bolso um rosário, e ali ficou a rezar. Para ele, a Constitution Avenue (a grande avenida central de Washington) se transformara numa catedral.

Um dos participantes, John Moore, percorreu a pé 4.000 km, de São Francisco (Califórnia) até Washington, portando às costas uma cruz de madeira. Sua filha Laura o acompanhou em automóvel, fornecendo-lhe água e alimentos. Em seu trajeto, John Moore foi ajudado por inúmeras pessoas, até mesmo ateus e indiferentes à questão do aborto, mas comovidas com seu esforço.

A marcha superou em número e seriedade os anos anteriores. Meio milhão de participantes demonstravam seu repúdio ao aborto. Os norte-americanos sabem que, além do aborto, outros graves desvios morais ameaçam seu país e o mundo.

Duas pesquisas de opinião recentes — uma da Universidade Marista, e outra do Instituto Gallup — mostram que a maioria dos norte-americanos (75%) deseja restrições à prática do aborto. Mesmo os que se declaram favoráveis ao aborto passam a achar que ele já foi demasiadamente longe. 53% desejariam eliminar toda forma de aborto ou a maior parte dos casos em que é permitido.

Tal como no ano passado, o Presidente Trump, em transmissão direta da Casa Branca, dirigiu palavras acolhedoras aos manifestantes. O Vice-presidente Mike Pence compareceu com sua esposa ao palanque, no início da marcha [foto ao lado, no telão]. Dali saíram numerosos grupos de paroquianos liderados por seus vigários. Grande era o número de batinas entre os jovens sacerdotes. Alguns bispos se destacavam à frente da marcha. O bispo de Toledo, Dom Daniel Thomas, marchava à frente de seus fiéis. Seguiam-se representantes de ordens religiosas masculinas e femininas, seminários, escolas e colégios. Entre os movimentos do exterior, distinguia-se Droit de Naître [foto abaixo]— associação co-irmã do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira — que combate a prática do aborto na França. [Fonte: Revista Catolicismo, Nº 818, Fevereiro/2019].

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Time lapse video destroys claim only ‘thousands’ attended 2019 March for Life:

7 de janeiro de 2019

A força do Brasil cristão renascendo nas tormentas atuais

“Os guardas caem por terra” – James Tissot (1836–1902). Brooklyn Museum, Nova York.

Trecho do discurso de Plinio Corrêa de Oliveira no encerramento da campanha da TFP contra a infiltração comunista na Igreja. Pronunciado no dia 12 de setembro de 1968, no auditório da Casa de Portugal, em São Paulo* 


Há no Evangelho esta promessa: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra”. Devemos entender então como bem-aventurados os que não amam a rixa, nem a briga, nem a violência, porque deles será a Terra. Será deles, pois atrairão a si o amor dos homens que realmente amam o bem. Mas será deles também porque saberão opor-se, com força invencível, a quem os queira jugular por violência ilegítima. Esta é a força cristã do católico, cuja mansidão é a de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus; e a força indomável d’Aquele que também é o Leão de Judá! 

No momento em que Nosso Senhor foi preso, alguém Lhe perguntou: “És tu Jesus de Nazaré?”. E Ele respondeu: “Ego sum”. Com esta simples resposta — “Eu sou” — os inimigos foram tomados de terror e caíram com a face em terra! Esta é a majestade, a força, a dignidade dos que têm a mansidão cristã! 

Nosso País é cordato, ama a mansidão, e ao longo da sua história tem fugido às lutas. Mas se algum dia formos ameaçados com a pergunta — “Aceitas a pressão que se quer fazer contra ti? És ainda o Brasil cristão?” — tenho a certeza de que a nação responderá, com uma força que ainda ninguém lhe conhece, mas que está nascendo nas tormentas do momento atual: “Ego sum!”

E todos os agitadores, nossos adversários, serão obrigados a se prostrar e cairão por terra, porque conhecerão isto que existe entre outras coisas autênticas do Brasil novo: a decisão de progredir fiel a si mesmo, fiel à tradição cristã, fiel à família e à propriedade. Com uma força que impressionará o mundo, a nação enfrentará quem tome sua mansidão como moleza, imaginando que pressões possam trazer resultado. 

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(*) Fonte: Revista Catolicismo, Nº 817, Janeiro/2019.
Aos que desejarem ouvir a gravação deste discurso, ele se encontra no seguinte link: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_680912_infiltracao_comunista_extratos.htm#.XA6tL3RKiUk