A Cartuxa (em francês, Chartreuse) é uma Ordem religiosa fundada em 1084 por São Bruno e os cartuxos são os monges que vivem em perpétuo silêncio e com muita austeridade num lugar isolado.
O cartuxo preenche grande parte do seu dia com orações e com estudos que dizem respeito à matéria mística e contemplativa. Mas tem seus afazeres da obrigação quotidiana: cuida de plantações, racha sua lenha, tem seu fogão, sua cozinha, sua faxina. Entretanto, em meio a toda austeridade, como os jejuns da vida eremítica, os cartuxos elaboraram um muito famoso licor: o excelente Chartreuse.
Os estudos dos monges da Ordem dos Cartuxos devem estar voltados para o sobrenatural, toda sua mentalidade e seu espírito devem estar voltados para a vida interior, para a contemplação, para as relações da alma com Deus. Eles só se reúnem para o cântico do Ofício na capela do mosteiro.
Tudo isso tem relação com a temática Revolução e Contra-Revolução, que é a questão da contemplação e dissipação. Uma das objeções que se pode fazer a respeito das cidades modernas e do teor da vida contemporânea é exatamente a ausência da contemplação. Falta ao homem de hoje certa posição de espírito contemplativo. Claro que não é ter o espírito de contemplação como de um cartuxo que vive isolado. Mas o homem, como rei de todas as coisas criadas por Deus, deve ter uma velocidade proporcionada com a mente humana, que deve operar oscilando entre os mais rápidos pensamentos e os mais lentos.
A mente humana equilibrada — no processo habitual do pensar, de captar impressões e sensações — exige certo repouso para as coisas se decantarem. Depois ela analisa e forma um juízo exato. Tudo isso tem um ritmo próprio que não pode ser violado.
Um exemplo: alguns grandes pintores, para terminarem inteiramente suas obras de arte, levam anos observando as coisas, pensando nelas, decantando as impressões, até chegarem à concepção final que desejam para suas obras.
É preciso respeitar esse ritmo do espírito humano. Mas o homem moderno não gosta desse ritmo, ele recebe uma quantidade enorme de informações tão trepidantes que não consegue abarcá-las. Faltando-lhe a contemplação, vive dissipado.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 6 de outubro de 1964. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.