26 de novembro de 2024

Medalha Milagrosa para a Ucrânia em guerra

Miguel Angel Gutiérrez (na foto à direita).


 Oscar Vidal

A fim de ajudar espiritualmente os ucranianos que combatem contra o invasor russo, Miguel Angel Gutiérrez, espanhol de Granada e membro da TFP italiana, da associação Luci sull’Est e da Federação Pro Europa Christiana, entrou no início de abril na Ucrânia levando consigo 50 mil unidades da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças. 

Na distribuição que fez delas, boa quantidade ele destinou a freiras que as costuraram nos coletes antibalísticos dos militares e civis que se alistaram para lutar pelo país, deixando-os especialmente protegidos [foto abaixo]. Essa Medalha Milagrosa é uma arma muito poderosa que a Santa Mãe de Deus nos concedeu para vencermos as dificuldades. 

Assim, numa aparição a Santa Catarina Labouré em 27 de novembro de 1830, Ela assegurou: “Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todas as pessoas que a usarem ao pescoço receberão grandes graças. As graças serão abundantes para as pessoas que a levarem com confiança”

Entidades religiosas ucranianas estão pedindo mais Medalhas para distribuição entre os devotos, e logo serão atendidas pelas três associações mencionadas. 

Em entrevista no dia 5 de abril a Javier Navascués, do site espanhol Infocatólica, Miguel Angel declarou: “Como é difícil chegar às aldeias e às pequenas cidades da Ucrânia, enviamos 20 mil Medalhas para o Bispo Auxiliar de Lviv, Mons. Kava, que sendo um franciscano conventual, segue a espiritualidade de São Maximiliano Kolbe de difundir a Medalha Milagrosa. E 30 mil Medalhas distribuímos aos fiéis das igrejas de Lviv, especialmente onde se encontrava a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.” 

Ao ser perguntando se teve medo de entrar num país em guerra, bombardeado a todo instante, com os evidentes riscos, além do perigo de não conseguir retornar à Itália, onde reside, Miguel Angel afirmou: 

“Quando recebi a mensagem de um amigo sacerdote, o Padre Paulo Vyskosky, missionário dos Oblatos de Maria Imaculada, de que ele e sua comunidade se dirigiam a Kiev para dar assistência espiritual e caritativa às pessoas afetadas, pensei que se tinham essa coragem e zelo pelas almas numa zona muito próxima da frente de batalha, mais uma razão para eu me armar com esta coragem.” 

O que mais o impressionou nessa perigosa aventura “foi o quanto as pessoas ficavam agradecidas ao receber as Medalhas. Os católicos na Ucrânia sofreram perseguição e martírio durante décadas, a sua fé é muito profunda porque foi forjada no sangue. E saber que em outros países estão rezando por eles e que esta Medalha é o símbolo desta união na oração, deixou seus corações repletos de emoção. Deve-se dizer que as medalhas são muito bem cunhadas e feitas de bom metal, o que as torna ainda mais apreciáveis. Para Deus o melhor, como dizia São Francisco de Assis.” 

Miguel Angel sentiu uma graça de, em meio à guerra, ser muito protegido pela Santíssima Virgem. “Encontrar um povo que está sofrendo os horrores da guerra e vê-los rezar com aquela profunda fé e confiança em Deus, por intermédio da Virgem Maria, de quem são muito devotos, fez-me refletir sobre como vivemos tão tibiamente nos nossos países ocidentais.” E deu um admirável exemplo: “A Virgem peregrina de Fátima encontrava-se na maior paróquia greco-católica do país. Todas as noites fazem uma procissão em torno da igreja, recitando o terço. Quando as sirenes antiaéreas soam, a procissão não é suspensa... continua nos subterrâneos da igreja.” 

Com uma nota de muita esperança, o corajoso granadino disse que “os bispos ucranianos viram muito claramente que com a conversão do coração dos homens os problemas se resolvem. Se não houver conversão, o pecado continuará a produzir males maiores. Foi por isso que, em Fátima, Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia, e também penitência e conversão. Esta foi a forma que nos indicou para que pudéssemos ver o quanto antes o triunfo do Seu Coração Imaculado.”



18 de novembro de 2024

Magnata húngaro — Reluzimento da Ásia com a categoria do Ocidente




  Plinio Corrêa de Oliveira 

O que é um magnata húngaro? A palavra magnata vem de magnus, grande. Equivale mais ou menos ao título de Grande de Espanha. Magnata húngaro seria um Grande da Hungria. 

Qual a característica própria ao magnata húngaro? Coube aos húngaros, devido a circunstâncias históricas, ficarem situados durante muito tempo nos confins entre o Oriente e o Ocidente.

Há na realidade daquele país, nas maneiras húngaras de ser, em seus trajes etc., algo que participa, ao mesmo tempo, do equilibrado, do acertado, do distinto do Ocidente e de algo do fabuloso do Oriente. Existe um reluzimento da Ásia conjugando-se com a categoria do Ocidente. E isso fazia-se notar muito nos trajes com que os magnatas húngaros compareciam a certo tipo de cerimônias na corte da Áustria, em Viena. 

A Áustria e a Hungria constituíam uma monarquia dual. O imperador da Áustria era Rei da Hungria. Em vista disso, na corte de Viena apareciam muitos húngaros, e naturalmente, conforme a cerimônia, com traje regional. 

Eles ostentavam vestes que constituíam um conjunto de indumentária difícil de ser descrita em seus pormenores. Figurava nela um chapéu alto, de pele, com uma aigrette, isto é, uma pena alta, bonita. Depois havia nela uma espécie de capa colocada nas costas, de forma um tanto enviesada, com botões e alamares muito bonitos. Por fim, botas altas, de verniz.

O todo era muito imponente, com um quê de ultra civilizado, mas deixando entrever, pelo meio, alguma coisa do tigre, que pode pular em cima de quem lhe desagradar muito vivamente... 

Tal mescla de alguma coisa de fera com certa característica de gentil-homem, de um toque oriental com uma dosagem ocidental, confere uma força e uma distinção — além de indicar o poder do magnata no feudo onde ele é o senhor — que enchem a alma católica de delícias.  

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 1o de junho de 1993. Sem revisão do autor.
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 635, Novembro/2003.

8 de novembro de 2024

SÃO JOÃO DE LATRÃO — Basílica Mater da Cristandade 17 séculos de História

 


No calendário litúrgico da Igreja Católica, a festa da “Dedicação da Basílica de São João de Latrão” é celebrada no dia 9 de novembro de cada ano. Nesse dia, em 324, a Basílica foi dedicada pelo Papa São Silvestre I ao Santíssimo Salvador.

 

  Paulo Roberto Campos

Fonte: Revista Catolicismo, Nº 887, novembro/2024

 A Arquibasílica do Santíssimo Salvador e dos Santos João Batista e João Evangelista de Latrão simplesmente chamada de Basílica de Latrão — é considerada a Catedral de Roma, e seu nome completo em latim é Archibasilica Sanctissimi Salvatoris et Sanctorum Ioannis Baptistae et Ioannis Evangelistae in Laterano.

Ela é a mais antiga igreja do Ocidente, a mais importante entre as seis basílicas papais do mundo e as quatro basílicas maiores da Cidade Eterna (a de São Pedro, Santa Maria Maior, São Paulo Fora dos Muros e São João de Latrão). Denomina-se Arquibasílica por estar acima de todas as demais, inclusive da Basílica de São Pedro.

Situada perto do Monte Célio (Collis Caelius), uma das Sete Colinas de Roma, a Arquibasílica tem o título de Mater et Caput — Mãe e Cabeça de Todas as Igrejas. É a Sé Episcopal oficial do Bispo de Roma, que é o Papa, também Catedral de todos os Bispos e de toda a Diocese da capital italiana.



Duas lápides, uma de cada lado do seu pórtico principal, registram a mesma inscrição em latim [foto acima] Sacrosancta Lateranensis Ecclesia omnium Urbis et Orbis Eecclesiarum Mater et Caput (“Santíssima Igreja de Latrão, Mãe e Cabeça de todas as Igrejas da Cidade e do Mundo”).

 


Conversão de Constantino I na origem da Arquibasílica

No extremo esquerdo do pórtico,
encontra-se uma estátua do
Imperador Constantino
Flávio Valério Constantino (272-337), conhecido como Constantino, o Grande, foi o primeiro Imperador convertido ao Cristianismo. Episódio histórico que se passou após ele ter vencido o usurpador Imperador Maxêncio em Saxa Rubra na Via Flamínia, na Batalha de Ponte Mílvia (perto de Roma), em 28 de outubro de 312.

Na véspera da batalha, Constantino, então politeísta, viu no céu um milagroso símbolo: um anjo com uma cruz e a inscrição In hoc signo vinces (com este sinal vencerás). Constantino prontamente mandou pintar esse sinal nos escudos de seus soldados. De fato, com o símbolo da cruz, ele saiu vitorioso e convertido ao Cristianismo.

Com sua conversão, o Imperador proclamou o Edito de Milão (313), concedendo liberdade de culto aos cristãos de todo o Império Romano. Logo que ele entrou triunfalmente em Roma, manifestou seu grande desejo de encontrar algum lugar para ser dedicado ao culto cristão da Igreja nascente. O que ele encontrou numa propriedade na região “dos Latrão” e a doou ao Papa Melquíades (311-314). Ali foi construída uma igreja primitiva com muitos traços semelhantes à atual.

A fachada lateral da Basílica, com a Loggia delle Benedizioni, construída em conjunto com o adjacente Palazzo del Laterano por Domenico Fontana [Foto PRC]

Construída sobre as ruínas do antigo quartel da Guarda Imperial de Cavalaria, seu nome deriva do Palácio Laterani, pertencente à família dos Lateranos, funcionários categorizados de vários imperadores. Um deles foi o cônsul Pláuxio Laterano, famoso por ter conspirado contra o imperador Nero (54-68). Condenado à morte, seus bens foram confiscados e passados para o Tesouro Imperial no ano de 65.

Posteriormente, dois séculos e meio depois, passou a ser propriedade de Flávia Máxima Fausta (289-326), filha do ex-imperador Maximiano, segunda esposa do Imperador Constantino. Foi por recomendação de sua mãe, a Imperatriz Santa Helena (246–330), que Constantino doou a propriedade à Igreja.

 

Entre diversos atos históricos, coroações de Papas e Imperadores

Na Basílica de Latrão,
a imagem de São João Batista [Foto PRC]
Em homenagem ao Santíssimo Salvador, a Basílica “constantiniana” foi consagrada e inaugurada pelo Papa São Silvestre I (314-335), na presença do Imperador, em 9 de novembro de 324. Desde então passou a ser residência dos Romanos Pontífices até 1304, quando houve a mudança para Avignon (um feudo papal na França). No retorno a Roma, em 1377, a Basílica encontrava-se muito abandonada e deteriorada, mas, após uma grande reforma e ampliação, voltou a ser residência dos Papas. Assim continuou até o século XIX, quando houve a mudança para o Palácio do Vaticano.

Neste mês, essa histórica Basílica de São João de Latrão — que remonta aos tempos finais da era das grandes perseguições aos cristãos, a “Era dos Mártires”— completa exatamente 1700 anos. Basílica tão provecta que quando o Brasil foi descoberto ela já tinha bem mais de 1000 anos...

Nave central da Basílica de São João Latrão [Foto PRC]


Dentro dos muros dessa Basílica “realizaram-se duzentos e cinquenta Concílios, cinco dos quais ecumênicos [1123, 1139, 1179, 1215, 1512], incluindo o IV de Latrão, em 1215, considerado pelos historiadores como o mais importante de toda a Idade Média, por ter como único objetivo garantir uma sociedade cristã universal”.1

Também entre aqueles sacrossantos muros transcorreram coroações de Papas e Imperadores; ali foi batizado o Imperador Carlos Magno, em 774; audiências com reis e rainhas; assinaturas de históricos documentos, como os Pactos de Latrão, em 11 de fevereiro de 1929, entre o Reino da Itália e a Santa Sé.

 

Claustro medieval anexado à Basílica de Latrão [Foto PRC] 

Homenagem aos Santos João Batista e João Evangelista

Foi somente no século IX, no Pontificado de Sérgio III, que a Basílica foi dedicada a São João Batista (nome do antigo batistério), e, finalmente, no século XII, o Papa Lúcio II incluiu também o nome de São João Evangelista. Donde ser mais conhecida como São João de Latrão — em italiano, San Giovanni in Laterano.



Gravada no alto de sua imponente fachada, lemos a inscrição em latim: “CLEMENS XII PONT MAX ANNO V CHRISTO SALVATORI IN HON SS IOAN BAPT ET EVANG” [foto acima]. O texto, muito abreviado, pode ser traduzido como “Papa Clemente XII, no quinto ano de seu pontificado [1735], dedicou este edifício a Cristo, o Salvador, em homenagem aos Santos João Batista e João Evangelista”.2

Na mesma fachada, na laje entre o primeiro e o segundo pavimento, também está gravada outra inscrição latina:

Parte superior da fachada
“DOGMATE PAPALI DATVR AC SIMVL IMPERIALI QVOD SIM CVNCTARVM MATER CAPVT ECCLESIARUM HINC SALVATORIS CQELESTIA REGNA DATORIS NOMINE SANCXERVNT CVM CVNCTA PERACTA FVERVNT SIC NOS EX TOTO CONVERSI SVPPLICE VOTO NOSTRA QVOD HEC AEDES TIBI XPiCte SIT INCLITA SEDES” (“Por decreto papal e também por decreto imperial é concedido que eu seja a mãe e cabeça de todas as igrejas. Doravante, depois que tudo foi concluído, eles consagraram este reino celestial com o nome do Salvador e Criador. Assim, nós fomos persuadidos totalmente pela humilde oração de que este nosso célebre templo seja seu lar, Cristo.”

 

Relicário com fragmento da Mesa da Última Ceia de Jesus com os Apóstolos [Foto PRC] 

Imenso e precioso relicário de sacrossantas relíquias

[Foto PRC]
A Basílica é também um preciosíssimo escrínio para várias relíquias sagradas, como um pedaço da Mesa da Última Ceia de Jesus com os Apóstolos [foto acima]; os relicários de prata com as cabeças de São Pedro e São Paulo [foto ao lado]; um fragmento do manto de Jesus que fora disputado pelos soldados de Pôncio Pilatos; uma lasca de um altar de madeira no qual São Pedro celebrou, e o copo utilizado por São João Evangelista com o veneno que ele bebeu, mas milagrosamente não lhe causou mal algum. Ela é também o lugar onde 22 Papas foram sepultados.

O altar-mor e o cibório gótico do século XIV.
A relíquia do altar-mor de madeira original
usado por São Pedro [Foto PRC]

Ao longo dos séculos, a Basílica foi algumas vezes saqueada, muitas de suas obras de arte e outros bens preciosos roubados, como fizeram os visigodos de Alarico no saque de Roma (410), e os vândalos de Genserico (455), quando despojaram a Basílica de todos os seus tesouros.

Parcialmente destruída por terremotos, sofreu danos também devido a alguns incêndios. Mas para suas diversas reformas, restaurações e ampliações, recebera tantas doações que foi chamada de “Basílica Dourada”. Foi durante o pontificado do Papa Clemente XII (1730-1740) que se conclui sua última restauração. O que corresponde à esplendorosa Basílica que hoje contemplamos em Roma. Vale uma viagem só para visitá-la...

*   *   *

Com essas semi-destruições e grandes restaurações na Basílica, passando por períodos de abandono e outros de glória, por perseguições e esplendores, ora atravessando os vales da miséria, ora no mais alto das montanhas da glória, essa Basílica constantiniana, sagrada e fabulosa joia da Cristandade, é bem o símbolo do triunfo final da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Bento XIII preside o Sínodo Romano de 1725 na Basílica de São João de Latrão – Pier Leone Ghezzi (1674 - 1755). Museu de Arte de Carolina do Norte, EUA.

Ela nasceu do sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, sofreu em seus primórdios terríveis perseguições, mas venceu o mundo pagão. Quando tudo parecia perdido, a Providência converte um Imperador Romano e tudo começa a florescer. A Cristandade atingiu seu apogeu nos esplendores sacrais da Idade Média, com seus grandes santos e magníficos monumentos góticos, mas hoje parece ter voltado aos “vales da miséria”. Entretanto sabemos que, assim como Nosso Senhor foi morto, mas ressuscitou, a Santa Igreja triunfará com o Reinado do Imaculado Coração de Maria!

A basílica numa gravura publicada em 1864

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Notas:

1.https://www.ilmessaggero.it/vaticano/anniversari_2024_news_basilica_laterano_storia_cristianita_occidente_papa_francesco_costantino-7736935.html

2.https://it.wikipedia.org/wiki/Basilica_di_San_Giovanni_in_Laterano

Referências:

·         Guide de Tourisme Michelin, Rome, Le Guide Verd Rome, Michelin et Cie, Propriétaires-Éditeurs, 1984, pp. 133-140.

·         http://www.vatican.va/various/basiliche/san_giovanni/it/basilica/storia.htm

·         https://it.wikipedia.org/wiki/Basilica_di_San_Giovanni_in_Laterano

1 de novembro de 2024

A época e os funerais do Papa Leão XIII

Precedido por um cruciferário e ladeado por membros do clero, da Guarda Nobre Pontifícia e da Guarda Suíça, cortejo solene com o esquife levando o corpo do Papa Leão XIII para a cerimônia dos funerais na Basílica de São Pedro, em 25 de julho de 1903. Gravura da revista  L'Illustration (1903).



Tradições e estilos que apontavam para o Céu; costumes de um mundo que se extinguiu 


Fonte: Editorial da Revista Catolicismo, Nº 887, novembro/2024

Nos dois primeiros dias deste mês a Igreja Católica maternalmente se empenha em trazer à nossa memória duas celebrações de extrema importância: “Todos os Santos” e “Finados”.

Ela celebra primeiro a glória de todos seus filhos que estão no Céu (Igreja Triunfante) e depois se volta com misericórdia para as almas daqueles que morreram mas ainda não foram para o Paraíso, pois antes precisam se purificar no Purgatório (Igreja Padecente). Essas almas necessitam da nossa ajuda, por pertencermos na Terra à Igreja Militante. Com as nossas orações aliviamos suas penas e antecipamos sua entrada na bem-aventurança eterna do Céu. 

Mas a maioria das pessoas deste mundo entregue aos prazeres da vida tem horror em refletir sobre isso e procura nos afastar dessas celebrações católicas. Tais pessoas têm pavor de pensar na morte, apesar de ela ser a única coisa certa na vida. 

Um dos meios empregados para nos afastar das mencionadas celebrações é a comemoração pagã do Halloween — espalhada pelo mundo inteiro pelos filmes de Hollywood —, com evidentes conotações satânicas, com bruxaria, vampirismo, necrofilia, entre outras coisas repugnantes e macabras.     

A fim de nos prepararmos para um dos dias mais importantes da nossa vida — o do nosso trânsito para a eternidade —, a Santa Igreja é pródiga em cerimônias. Uma delas são os funerais católicos como eram realizados antes da crise que A aflige nos presentes dias. 

Para fazermos o contrário deste mundo hedonista, devemos seguir o princípio agere contra (expressão latina que se pode traduzir como “agir contra”) ensinado por Santo Inácio de Loyola. Ou seja, fazermos o oposto a tudo que nos estimula às coisas pecaminosas e aos erros da época. 

Eis por que escolhemos para a matéria de capa desta edição um tema relacionado com as belas cerimônias de funerais. Elas nos colocam na verdadeira perspectiva ante os nossos entes queridos que nos precederam, pelos quais rezamos a fim de que possam ir o quanto antes para o Céu, caso estejam se purificando no Purgatório. Uma concepção da vida nada hollywoodiana que prevaleceu grosso modo até à Belle Époque

É o que expõe a referida matéria, exemplificada por Plinio Corrêa de Oliveira com os funerais de Leão XIII (1878-1903), assinalando os estilos daquela época, na qual o majestoso esplendor da Igreja e da sociedade eram ainda bem visíveis.