Nesta esta Semana Santa, com as cerimônias proibidas e com as igrejas fechadas tiranicamente (com a vergonhosa submissão da maior parte do clero), não deixemos de meditar em todos os passos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e nas dores de nossa Santíssima corredentora. Nesse sentido, seguem alguns pensamentos.
31 de março de 2021
“Eu elevei-te em grandeza e poder, e tu suspendeste-Me no patíbulo da Cruz!”
Nesta esta Semana Santa, com as cerimônias proibidas e com as igrejas fechadas tiranicamente (com a vergonhosa submissão da maior parte do clero), não deixemos de meditar em todos os passos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e nas dores de nossa Santíssima corredentora. Nesse sentido, seguem alguns pensamentos.
“Quer saber o seu valor? Olhe para a cruz, você vale um Deus crucificado”.
30 de março de 2021
Ressurreição — Portentoso acontecimento confirmou o Salvador prometido
Nosso Divino Redentor crucificado, triunfou e venceu a morte, no terceiro dia ressuscitou verdadeiramente!
Ressurreição. Obra de Rafael (1499-1502), Óleo sobre madeira, Museu de Arte de S. Paulo |
O Sinédrio — assembleia dos que perpetraram o deicídio — tramou para o povo não acreditar na Ressurreição, mas de nada adiantou. Até os pagãos reconheceram que o Divino Crucificado “era verdadeiramente o Filho de Deus” (Lc 23, 47).
29 de março de 2021
Dados mostram um dos mais funestos efeitos do lockdown: depressão e suicídio entre crianças
Um dos artigos reproduz declarações de Brad Palumbo [foto], da Foundation for Economic Education: “Bilhões de pessoas em todo o mundo continuam a viver sob confinamentos ou ter uma vida fortemente restringida. E para quase todos nós, a vida em meio à pandemia de 2020 foi um ano difícil e isolado. No entanto, os médicos estão alertando que as crianças estão enfrentando graves consequências para a saúde mental como resultado dos lockdowns — levando a uma ‘epidemia internacional’ de suicídio infantil”.
Brad cita depois o Dr. Richard Delorme [foto], chefe do departamento psiquiátrico de um dos maiores hospitais infantis da França, para quem “são claramente as restrições e lockdowns cobrando seu preço às crianças que acabam em seu hospital: ‘Eles falam sobre um mundo caótico, de ‘Sim, não estou mais fazendo minhas atividades’; ‘Não estou mais fazendo minha música’; ‘Ir para a escola é difícil de manhã’; ‘Estou tendo dificuldade para acordar’; ‘Não aguento mais a máscara’”, são algumas das alegações dos jovens sobre os efeitos do lockdown.
Brad afirma que “a saúde mental da infância e da adolescência têm se deteriorado na última década, com aumento das taxas de depressão e suicídio na juventude. Mas o isolamento e a desesperança causados pela resposta à pandemia exacerbaram essa tendência”.
No outro artigo publicado pela Gazeta do Povo, a jornalista, economista e especialista em educação, Kerry McDonald [foto], também da Foundation for Economic Education, fornece dados mais concretos de como o lockdown afeta as crianças e adolescentes.
O New York Times noticiou nesta semana [de 14 a 21 de março] que um aumento alarmante de suicídios de estudantes fez com que as escolas em Las Vegas agissem rapidamente para reabrir as escolas para o ensino presencial. No distrito de Clark County, Nevada, 18 alunos cometeram suicídio durante os nove meses de fechamento das escolas — o dobro do número de alunos que cometeram suicídio no distrito em todo o ano de 2019. A criança mais nova tinha apenas nove anos”.
“No condado de Pima, os suicídios no Arizona aumentaram 67% em 2020 em comparação com o ano anterior para crianças de 12 a 17 anos, e os suicídios infantis em todo o estado também aumentaram desde 2019. West Virginia viu um aumento repentino nas tentativas de suicídio de estudantes durante a pandemia.
“Partes de Wisconsin relataram taxas de suicídio disparadas entre jovens em 2020, enquanto hospitais no Texas e na Carolina do Norte estão atendendo mais pacientes jovens que tentaram se suicidar.
“Os dados do Centro de Controle de Doenças mostram um aumento de 24% nas visitas de saúde mental da sala de emergência para crianças de 5 a 11 anos, em comparação com 2019. Entre adolescentes de 12 a 17 anos esse aumento é de 31%. No verão passado, o CDC informou que um em cada quatro adultos jovens havia pensado em suicídio no mês anterior.
“No início deste mês, um estudante do ensino médio e estrela do futebol em Illinois, que já havia lutado contra a depressão, cometeu suicídio.
“Outro estudante do ensino médio e jogador de futebol no Maine, Spencer Smith, suicidou-se no mês passado depois de deixar um bilhete dizendo que se sentia trancado em casa e que a separação dos colegas com o aprendizado à distância era demais para ele suportar. ‘As crianças precisam dos colegas mais do que nunca agora’, disse seu pai, Jay Smith. ‘Eles precisam de contato cara a cara para que possam liberar suas emoções’”.
“A arte da economia consiste em olhar não apenas para os efeitos imediatos, mas também para os efeitos mais longos de qualquer ato ou política; consiste em rastrear as consequências dessa política não apenas para um grupo, mas para todos os grupos. Nove décimos das falácias econômicas que estão causando danos terríveis no mundo hoje são o resultado de ignorar esta lição. Todas essas falácias derivam de uma de duas falácias centrais, ou ambas: a de olhar apenas para as consequências imediatas de um ato ou proposta, e a de olhar para as consequências apenas para um determinado grupo, com negligência de outros grupos. [...]
À medida que os dados sobre as consequências não intencionais da política na pandemia se tornam mais sombrios, os formuladores de políticas estão começando a reconhecer as contrapartes. A reabertura de escolas em Las Vegas é um sinal positivo dessa mudança, mas mais precisa ser feito para afrouxar as restrições prejudiciais à pandemia e permitir que a vida social e econômica se recupere. Isso é particularmente importante agora, pois mais pesquisas mostram que os danos dos lockdowns e políticas relacionadas podem superar seus benefícios. Um novo estudo revisado por pares no European Journal of Clinical Investigation descobriu que políticas restritivas e obrigatórias podem não ser mais eficazes no controle da disseminação do coronavírus do que medidas voluntárias” — acrescentou a Sra. McDonald.
Resumindo: Para fazer cessar esses, bem como muitos outros efeitos perniciosos do lockdown, retomamos o que Brad Palumbo disse, com toda propriedade: “Os governos em todo o mundo devem considerar mais do que as contagens de casos de Covid-19 ao avaliar as políticas de lockdown e restrições atuais e futuras. O dano que estamos infligindo às crianças é devastador demais para ser descartado em nome da saúde pública — é uma emergência por si só”.
28 de março de 2021
Variedade de aspectos na vida de nosso Divino Salvador
Numa conferência para sócios e cooperadores da TFP, em 9 de outubro de 1971, Plinio Corrêa de Oliveira tratou de vários aspectos da fisionomia moral de nosso Divino Redentor. Para este Domingo de Ramos, selecionamos o seguinte trecho sobre a entrada de Jesus em Jerusalém — primeiro dia da Semana Santa.
23 de março de 2021
Mistérios da Encarnação do Verbo de Deus
Celebramos neste dia 25 de março uma festa magna da História da Humanidade: 2021 anos atrás se operou, após a Anunciação do Anjo São Gabriel, a Encarnação do Verbo de Deus no seio puríssimo da Santíssima Virgem Maria. Em memória desta magnífica data, a seguir transcrevemos excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 24 de março de 1984.
O Espírito Santo gerou Nosso Senhor Jesus Cristo no claustro de Maria, e a partir da carne e do sangue d’Ela começou a gerar a carne e o sangue de Cristo. Santo Agostinho escreveu “Caro Christi, caro Mariæ” (que a carne de Cristo, de algum modo, é a própria carne de Maria).
22 de março de 2021
Em defesa da virilidade
Hoje em dia infelizmente o homem está perdendo muito de sua virilidade. É grande o número, principalmente entre os jovens, dos que se enfeitam com adornos próprios a mulheres, e se portam de uma maneira que se diria mais feminina que masculina. O mau exemplo para eles vem quase sempre de artistas que frequentemente se apresentam como seres andrógenos, cabelos longos, rostos bizarramente pintados, brincos nas orelhas, maquiagem excessiva, roupa unissex, e jeitos e trejeitos mais próprios a mulheres.
“A masculinidade é um dos principais alvos desses ataques de subversão, porque justamente o homem foi constituído para o combate e para doar sua vida pelos outros. Longe dessa realidade, o homem se torna um ser egoísta e autoritário que visa somente seu bem-estar e sua busca por prazer, esquecendo-se da justiça e da sua vocação magna ao sacrifício. Dessa forma, com uma masculinidade frouxa e pusilânime, os tiranos conseguem solapar os direitos da civilização, abusam das mulheres e crianças e colocam-se no lugar de Deus”.
“Para ser homem católico, é necessário amar a Deus, amar a Verdade e configurar-se em tudo a Deus. Isso pode ser feito na doação diária de si mesmo para o bem dos mais fracos, para o bem das mulheres e crianças, para o bem da sociedade, e para o bem da Santa Madre Igreja. Enamorados pela Verdade, os homens são capazes de saírem de si mesmos e irem em busca do outro, rejeitando toda espécie de abuso, toda espécie de egoísmo, utilitarismo e vaidade. [...] Ser homem, enfim, é estar disposto a derramar o próprio sangue pela Santa Igreja Católica e para que outros vivam pois, se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer produz muito fruto (São João 12, 24). Quer dizer, Deus deseja levantar verdadeiros homens que não tenham medo de viver a partir dos valores evangélicos, e que abracem uma vida de santidade”.[1]
O Apóstolo dos Gentios [imagem ao lado] dá também algumas das características próprias do varão católico: primeiro, deve ser respeitoso, amando o próximo com caridade fraterna (Ro 2,10); não buscando o bem próprio, mas o do próximo (1 Co 10,24); suportando o peso de seu próprio fardo (Gl 6,5). E, segundo o livro dos Provérbios, sendo pacientes, pois “o paciente vale mais que o herói; é o que domina o seu ânimo” (16,32), suportando a velhice com altanaria, porque “a velhice é uma coroa de glória, a qual se encontra nos caminhos da justiça” (id. 31).
Com efeito, em sua exortação pastoral, D. Olmsted afirma que os varões católicos “não duvidem em entrar na batalha que se luta ao seu redor, a batalha que está ferindo nossas crianças e famílias, a batalha que está distorcendo a dignidade tanto de homens quanto de mulheres. Essa batalha habitualmente está oculta, mas é muito real. Essa batalha é primordialmente espiritual, e está matando progressivamente o que resta do caráter cristão de nossa sociedade e cultura, inclusive em nossos próprios lares”.
D. Olmsted fala também do papel do homem no matrimônio, como esposo e como pai. “Em nossos dias, esse compromisso é visto habitualmente como a eleição de algo convencional, inclusive aborrecido; algo que limita a liberdade ou ameaça o amor. Nada poderia estar mais longe da verdade!” E acrescenta: “Homens! Essa é a glória! Chamados ao matrimônio, vocês são chamados a ser Cristo para suas esposas. Devido a que esse amor os une sacramentalmente ao amor infinito que Cristo tem a cada um, seu matrimônio sacramental se sobrepõe aos limites do matrimônio natural, e alcança o infinito e eterno caráter a que todo amor aspira”. E conclui: “Homens, sua presença e missão na família é insubstituível; despertem, e com amor retomem seu lugar, dado por Deus, como protetores, provedores e líderes espirituais de seu lar”.
Como não poderia deixar de ser, o bispo de Phoenix apresenta como modelo para os homens o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo: “Aqui está a masculinidade em sua totalidade; todo católico deve estar preparado para manter-se firme na brecha, entrar em combate espiritual, defender a mulher, as crianças e demais contra a adversidade e ciladas do demônio”.[2]
19 de março de 2021
Aborto matando mais que Covid
18 de março de 2021
Grandezas incomensuráveis de São José
Comentários sobre as excelências peculiares da vocação incomparável do escolhido para esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, sua altíssima nobreza e a santidade
Jacó gerou José, esposo de Maria
São José, pai adotivo de Jesus
– Miguel Cabrera, séc. XVIII. Museu Nacional do Virreinato, Tepozotlán (México). |
Cornélio a Lapide, o famoso exegeta jesuíta do século XVII, analisando o Evangelho de São Mateus (Mt 1, 16 ss), e apoiado no ensinamento de Padres da Igreja, santos e teólogos, comenta a vocação incomparável de São José.
São José, legítimo pai de Jesus Cristo
Restaurador do cetro de Judá
Incomparável dignidade de José e Maria
Imagem de São José na antiga igreja de São Patrício, em Ann Arbor, Michigan (EUA) |
É preciso notar a expressão José, marido de Maria. O árabe traduz como o esposo de Maria. Disto podemos deduzir que São José tinha todos os direitos de um verdadeiro esposo em relação à Virgem, por conseguinte é justa e verdadeiramente chamado pai de Cristo, segundo comenta Santo Agostinho.
Altíssima nobreza e santidade do esposo de Maria
7 de março de 2021
Recusa de qualquer pacto com a heresia
Em artigo publicado em dezembro de 1946 no “O Legionário”, Plinio Corrêa de Oliveira [foto] indaga “Quem somos nós?” — ou seja o Grupo do jornal “O Legionário”, também conhecido como o “Grupo do Plinio” e, alguns anos depois, com a fundação do jornal “Catolicismo” (hoje no formato de revista), passou a ser conhecido como o “Grupo de Catolicismo”.
A seguir, alguns trechos da antológica resposta do eminente jornalista contra-revolucionário:
“Os que não dobram os dois joelhos, e nem sequer um só, diante de Baal. Os que temos a Lei de Deus escrita no bronze de nossa alma, e não permitimos que as doutrinas deste século gravem seus erros sobre este bronze, que sagrado que vossa Redenção tornou.
Os que amamos como o mais precioso dos tesouros a pureza imaculada da ortodoxia, e que recusamos qualquer pacto com a heresia, suas obras e infiltrações".
Em conferência no dia 9-8-1995, o Prof. Plinio complementou a definição acima dizendo:
“Quem somos nós? Na tormenta, na aparente desordem, na aparente aflição, na quebra aparente de tudo aquilo que para nós seria a vitória, nós somos aqueles que confiaram, que jamais duvidaram, mesmo quando o mal parecera ter vencido para sempre”.
E em conferência anterior (em 20-12-1991), o autor afirmou algo que serve de conclusão à resposta-definição do “Quem somos nós?”
“Somos filhos e seremos heróis da confiança, os paladinos desta virtude! Quanto mais os acontecimentos parecerem desmentir a voz da graça que nos diz — ‘vencereis’ —, tanto mais acreditaremos na vitória de Maria!”
6 de março de 2021
Casal se converte do esoterismo pela Medalha Milagrosa
“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. |
O caminho da graça de Deus é surpreendente. Nos meios mais hostis, as graças atuam sobre pessoas, mesmo junto àquelas menos preparadas para recebê-las, e acabam triunfando apesar de todos os percalços.
Foi o que ocorreu com um jovem francês, Misha Demidjuk [foto abaixo]. Filho de um comunista radical e de uma mãe seguidora da Nova Era, não foi batizado nem recebeu formação religiosa em casa. Cresceu assim pagão e ateu, e correu mundo entregando-se a uma vida de sexo e aventuras.
Entre outras coisas, foi cozinheiro na Austrália e dirigiu um bar em Mali, numa acidentada vida. Foi quando voltou à França que começou a sentir um grande vazio em sua existência, que nem viagens nem experiências no mundo podiam preencher. Era esse um primeiro apelo da graça no interior de sua alma.
Contudo Misha, em vez de se abrir a ela, procurou preencher esse vazio dedicando-se ao xamanismo. Muito resumidamente, esse culto animista esotérico, consiste num conjunto de ritos e práticas, dirigidas pelo Xamã (feiticeiro) que, por meio da magia e contato com o mundo preternatural, obtém curas e outras vantagens para seus adeptos.
Parece inacreditável que o homem moderno seja capaz de fazer pactos com o demônio, pois é o que encontra nesse mundo preternatural. Dir-se-ia que ele considerava tudo isso como histórias de épocas de trevas, nas quais a ignorância e o atraso teriam levado alguns à ilusão de terem estabelecido um comércio com seres supostamente superiores aos homens, e a procurar deles aquilo que a ciência do tempo não lhes permitia alcançar por outros meios.
Dir-se-ia também que ele, já no terceiro milênio, não teria necessidade desse recurso, pois lhe bastariam a ciência e a técnica que, somadas ao seu trabalho, garantir-lhe-iam os elementos para a completa felicidade nesta Terra.
Essa concepção materialista é um pouco simplista, e contrasta com o que se passa diariamente sob nossos olhos pelo que vemos nas páginas dos jornais e noticiários de televisão, relatando crimes hediondos praticados com o fim de se conseguir de forças extranaturais uma vantagem para si próprio, para terceiros, ou um mal para o inimigo.
Por isso, na mesma época em que a ciência e a técnica parecem não ter limites para progredir, a imensa sensação de vazio espiritual que deixa sem sentido todo esse progresso, faz o homem voltar-se para as forças extranaturais mais frequentemente do que em épocas precedentes.
Foi o caminho que seguiu esse jovem incauto, tido como normal que, por uma curiosidade malsã, cedeu ao desejo de explorar esse mundo esotérico para procurar preencher o vazio de sua vida. Misha deveria saber que:
“Sempre que se procuram determinados efeitos por meios desproporcionados, os quais de nenhum modo podem conduzir ao resultado desejado, se confia, ao menos implicitamente, na atuação de ‘forças misteriosas’ para se obter esse resultado.
Como essas forças não vêm de Deus nem de seus anjos, só podem provir do espírito das trevas. E assim, a partir da superstição se chega facilmente, ainda que de forma não inteiramente consciente, ao recurso implícito ao demônio.
Em suma, o desejo de subjugar as ‘forças superiores’ e dessa maneira chegar a ‘ser como deuses’ (Gn 3,5), é o fundamento de toda a superstição e de toda a magia”.
Pois sempre que se entra nesse mundo preternatural, acaba-se chegando cedo ou tarde, a ter um o recurso implícito com demônio.
“Como em todo contrato, cada parte [homem e demônio] procura atender os seus interesses. Se, de um lado, o espírito maligno aceita o acordo unicamente para o mal, a outra parte, o homem, poderá exigir que esse mal lhe traga alguma vantagem, ao menos subjetiva: dinheiro, honras, vingança, prazer; do contrário não haverá razão para haver acordo[...].
É fácil, sobretudo para os cristãos, compreender que um pacto formal, um recurso explícito ao demônio, é contrário à lei de Deus. Mas o recurso implícito, mediante práticas supersticiosas, nem sempre aparece claramente como um recurso ao Maligno e choca menos o senso moral [...].
Em muitos casos, o homem se dá conta disso; porém, cego por suas paixões desregradas, já não cogita de averiguar a origem do resultado obtido: o que lhe interessa é alcançá-lo. Assim vai se acostumando aos poucos a ver o demônio não como o ‘espírito do mal’ que ele é, mas apenas como um ‘ser poderoso’, que ele pode utilizar a seu proveito, como uma espécie de divindade conivente com suas paixões, a quem convém cultuar”.[1]
Foi assim que Misha, à medida que se precipitava mais profundamente nesse abismo, começou a ter contato com os “espíritos”. Num curso de formação xamânica em 2005, ele conheceu, Letícia, com quem se casou.
Acontece que a graça de Deus como que perseguia esse casal. Na sua entrevista à revista francesa Famille Chrétienne, Misha diz que em determinado momento, tanto ele quanto a esposa, “cansados dos gurus”, decidiram deixar tudo e se instalar em uma pequena cidade nos Alpes, dedicando-se a dirigir uma propriedade rural. Isso já não vai sem uma graça especial.
Os demônios, entretanto, não quiseram largar sua presa. Assim que, declara ele, “nesse momento um espírito com o qual havia estado em contato, regressou para me atormentar”. Isso porque, quando o homem abre sua alma à ação do demônio, este facilmente exerce sobre ele a mais cruel e implacável tirania, da qual é muito difícil de se livrar.
Frequentemente, para isso, é preciso mesmo recorrer aos exorcismos da Igreja. Mas não foi o que sucedeu com Misha e sua esposa. Ainda sob o impulso de uma graça especial, “decidimos queimar tudo o que se relacionava com o esoterismo que tínhamos em casa, incluindo nossos amuletos, e nos fomos sem nada”.
Ocorreu então o imprevisível. Ao sair de casa, Letícia percebeu que, sem se dar conta, ficara ainda com um amuleto. Este caiu no chão e se rompeu. E o que não podiam esperar, sucedeu: em seu interior encontraram uma Medalha Milagrosa! [foto abaixo]
Essa medalha que, pelo número de milagres obtidos mereceu ser chamada a “Milagrosa” por excelência, foi revelada a Santa Catarina Labouré em 1830, na Rue du Bac, em Paris [foto acima]. As primeiras medalhas foram cunhadas em 1832, e distribuídas naquela cidade. Foi tão extraordinário o número de graças obtidas por aqueles que a portavam no pescoço, que a medalha começou a se difundir por todo o mundo até os dias de hoje.
Pode-se supor o quanto marido e mulher ficaram impressionados com o achado, sobretudo com o que vinha escrito na medalha. Procuraram pesquisar e, “graças a isto, diz Letícia, descobrimos a capela da Rue de Bac, e nos enviaram medalhas já bentas. Começamos então a rezar todo o tempo: ‘Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós’”.
Um dia Misha ia se dirigindo a algum lugar em sua motocicleta recitando esta oração, quando diz que recebeu uma graça verdadeiramente mística: De repente, não sabe como, ele “encheu-se de amor a Maria”. Ele descreve esse amor como sendo “gigantesco, humano e maternal”, uma graça “sensacional”.
Ainda sem saber qual o próximo passo a dar, o casal resolveu comprar uma Bíblia. Misha leu o Antigo Testamento, e Letícia o Novo. E juntos começaram a rezar.
O próximo passo foi procurar uma igreja. E assim o pároco de Bugarach, onde se tinha instalado a família nesse tempo, os ajudou muito nesse princípio de conversão. Misha afirma: “No esoterismo tudo se centra na vontade da pessoa, mas na Igreja aprendemos a fazer a vontade de Deus. Por isso gosto muito de Joana d’Arc: ajoelhava-se e rezava para fazer a vontade de Deus”.
À medida em que se ia aprofundando no conhecimento da fé católica, cresceu na família o desejo do batismo, desejosos de se tornar parte da Igreja. Afirma Letícia: “Estava lendo o Ato dos Apóstolos com todos aqueles batizados massivos, espontâneos, era o que toda minha alma queria seguir”. Finalmente Misha, Letícia e seus quatro filhos se batizaram em 2014.
Misha descobriu então o artesanato de madeira e a ele se dedicou, passando a confeccionar brinquedos “inteligentes”; primeiro para seus quatro filhos, depois, com o êxito na empresa, para a venda. Em 2016 comprou um antigo presbitério em Chalabre, reformou-o, e para ele se mudou com a família e atelier.
Sobre sua empresa, comenta um jornal da região: “Em meio ao mundo dos tablets e videogames digitais, ainda existem os jogos de construção em madeira que mantêm todo o seu charme e ainda estimulam as crianças.
Em Kercorb, em Chalabre, Misha Demidjuk é um daqueles inventores que colocam a cabeça para trabalhar em fabricar e comercializar produtos originais, no caso dele, um jogo artístico para crescer e rejuvenescer”.[2]
A conversão da família foi profunda. Eles passaram a viver segundo a vontade de Deus, inclusive no trabalho. Diz Misha: “Ponho meu trabalho em oração para deixar a porta aberta a Deus. Já sabe, o ora et labora”.
Nestes tempos de pandemia, a fé dos Dmidjuk foi posta a prova, pois, como ocorreu com milhões de pessoas em todo o mundo, com o confinamento o atelier que tinham conseguido com tanto trabalho pôr em funcionamento, viu-se ameaçado de fechamento por falta de fregueses.
Misha prometeu então fabricar um ex-voto para dedicá-lo ao Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial — onde esse divino Coração manifestou a Santa Margarida Maria seu grande amor aos homens —, se conseguisse manter o atelier.
Publicou então um vídeo na internet apresentando seus brinquedos e objetos em madeira. A quantidade de pedidos que recebeu disparou como nunca, nem ele nem sua esposa tinham visto. A tal ponto que ultrapassou a capacidade do atelier atender a todos os pedidos.
Os esposos, agradecidos, então afirmam: “Seguiremos com as peregrinações, porque tudo o que nos passa está sempre firmado com a mão do Senhor”.[3]
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Notas:
1. Gustavo Antônio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo, Anjos e Demônios – a luta contra o poder das Trevas, Artpress, 1996, pp.149-151-153
2.https://www.ladepeche.fr/article/2018/06/25/2824337-le-jeu-en-bois-de-misha.html
3.https://www.religionenlibertad.com/personajes/566649808/misha-demidjuk-esoterismo-conversion-catolicismo.html?utm_source=boletin&utm_medium=mail&utm_campaign=boletin&origin=newsletter&id=31&tipo=3&identificador=566649808&id_boletin=93499549&cod_suscriptor=452495753
https://www.famillechretienne.fr/36128/article/ils-ont-abandonne-lesoterisme-pour-le-christ