28 de abril de 2019

Fogo na casa de Deus!

 
➤ Paulo Roberto Campos 

Neste dia 28 de abril, festividade de São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) — grande missionário francês, o doutor marial por excelência que explicitou magnificamente a doutrina sobre a Sagrada Escravidão a Nossa Senhora —, rezando a “Oração Abrasada” de repente fui assaltado pela lembrança do fogo devorador de Notre Dame de Paris.

E, na mesma oração composta por São Luís Grignion (no trecho que abaixo transcrevo) é impossível não nos recordarmos de um outro “incêndio”, denominado “auto-demolição”, que vem se alastrando dentro da Santa Igreja: “a fumaça de Satanás no templo de Deus”... E, novamente, ser assaltado pela imagem do incêndio que atingiu o coração da Cristandade. 

Ainda não se tem certeza se o incêndio em Notre Dame foi acidental ou criminoso, mas alguns líderes muçulmanos comemoram a desfiguração de Notre Dame. Por exemplo, os jihadistas do “Estado Islâmico” celebraram o incêndio da Catedral. O portal Site (que monitora atividades extremistas na internet) publicou que eles “se divertiram” com a tragédia e a classificaram como sendo “um golpe no coração dos líderes cruzados”. (Cfr. “VEJA”, 24-4-19). 

Aqui seguem os trechos da parte final da “Oração abrasada”, que se encontra nas últimas páginas do célebre e extraordinário “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”: 


E nós, grande Deus! embora haja tanta glória e tanto lucro, tanta doçura e vantagem em servir-vos, quase ninguém tomará vosso partido? Quase nenhum soldado se alistará em vossas fileiras? Quase nenhum São Miguel clamará, no meio de seus irmãos, cheio de zelo pela vossa glória: Quis ut Deus? 
Ah! permiti que brade por toda parte: Fogo! fogo! fogo! socorro! socorro! socorro! Fogo na casa de Deus! fogo nas almas! fogo até no santuário! Socorro, que assassinam nosso irmão! socorro, que degolam nossos filhos! socorro, que apunhalam nosso bom Pai! 
Si quis est Domini, iungatur mihi. Venham todos os bons sacerdotes que estão espalhados pelo mundo cristão, os que estão atualmente na peleja, e os que se retiraram do combate para se embrenharem pelos desertos e ermos, venham todos esses bons sacerdotes e se unam a nós. Vis unita fit fortior, para que formemos, sob o estandarte da cruz, um exército em boa ordem de batalha e bem disciplinado, para de concerto atacar os inimigos de Deus que já tocaram a rebate: Sonuerunt, frenduerunt, fremuerunt, multiplicati sunt. Dirumpamus vincula eorum et projiciamus a nobis jugum ipsorum. Qui habitat in caelis irridebit eos. Exsurgat Deus, et dissipentur inimici ejus. Exsurge, Domine, quare abdormis? Exsurge.
Erguei-vos, Senhor: por que pareceis dormir? Erguei-vos em todo o vosso poder, em toda a vossa misericórdia e justiça, para formar-vos uma companhia seleta de guardas que velem a vossa casa, defendam vossa glória e salvem tantas almas que custam todo o vosso sangue, para que só haja um aprisco e um pastor, e que todos vos rendam glória em vosso santo templo: Et in templo ejus omnes dicent gloriam. Amém.

18 de abril de 2019

Um incêndio simbólico e apocalíptico!

As chamas quase destruíram um dos mais belos e esplendorosos reflexos da Cristandade. Notre Dame está de luto. 



Paulo Roberto Campos

“Igreja de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro”. Assim Plinio Corrêa de Oliveira se referiu à catedral das catedrais que é a de Paris [vide vide trecho no final]. 


Considerada o monumento mais representativo da Cristandade, a “alegria do mundo inteiro” ardeu em chamas logo no primeiro dia da Semana Santa. Nossas almas entristecidas ficam duplamente revestidas de luto nestes dias nos quais consideramos especialmente a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cabe recordar que a Catedral de Notre Dame é também um monumental escrínio que contém adoráveis relíquias do Filho de Deus: a coroa de espinhos [foto ao lado: o relicário que guarda a sagrada coroa], um cravo da Santa Cruz e um fragmento deste madeiro no qual Ele foi crucificado. Escrínio também de numerosas outras preciosíssimas e seculares relíquias. 

O incêndio devorou parte da mais célebre e gloriosa catedral, é verdade, mas, para além dessa tragédia indescritível, devorou parte de mais de oito séculos de História. Devorou parcialmente uma catedral que resistiu altaneira a guerras e revoluções. 

Impávida, esta “Igreja de uma beleza perfeita” — memorizada por Víctor Hugo como o paradigma das catedrais francesas — atravessou a Guerra dos Cem Anos, a Comuna de Paris (1871), as duas guerras mundiais, a sanha destrutiva dos nazistas. Mais ainda. Atravessou a crudelíssima Revolução Francesa que, após ter feito correr um rio de sangue com sua diabólica guilhotina, destruiu muitas de suas imagens, fundiu seus sinos para a fabricação de canhões, tentou transformar a Catedral de Notre Dame no “Templo da deusa razão” — onde uma atriz foi “adorada” como “deusa”, no lugar de Nossa Senhora de Paris. 


Até o momento ainda não se tem certeza se o início do incêndio foi provocado de modo criminoso ou acidentalmente — apesar de se ter notícias de que alguns líderes maometanos comemoram a ruína de Notre Dame... Em qualquer das hipóteses, foi um incêndio que atingiu o fundo de todos os corações autenticamente católicos. Muitos destes, estarrecidos e desolados assistindo o vídeo da catástrofe, sentiram-se como se estivessem tendo um pesadelo! E, in loco, muitos daqueles que presenciaram a tragédia, sobretudo o momento pungente em que La Flèche — como os franceses denominam a celestial flecha da catedral — desmoronou tragada pelas chamas [na foto acima, durante e antes do incêndio], em prantos caíram de joelhos e puseram-se a rezar o Rosário [foto abaixo]. Salve Rainha Mãe de misericórdia, interceda junto a Seu Divino Filho para que Ele tenha compaixão da França e de todos nós!

A “fumaça de Satanás” que penetrou no Templo de Deus 

De um incêndio em qualquer outra catedral poder-se-ia dizer que é simbólico. Mas de um incêndio em Notre Dame — a jóia da arte gótica e obra prima da arquitetura da Idade Média, a “doce primavera da fé”, segundo feliz expressão de Montalembert — podemos afirmar que se trata de um acontecimento apocalíptico, altissimamente simbólico e no mais alto grau carregado de significados. 

Que significado? — Um psy-incêndio vem arruinando a Igreja Católica desde o Concílio Vaticano II. Um incêndio símbolo da auto-demolição da Igreja perpetrada por eclesiásticos vinculados à “esquerda católica”, ao progressismo e à “Teologia da Liberação”. Símbolo da “fumaça de Satanás no templo de Deus”[1], introduzida por aqueles que agem para enxovalhar e conspurcar a única e verdadeira Igreja fundada diretamente por Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, um incêndio símbolo da atual, e também apocalíptica, crise que atingiu a Religião Católica; símbolo da nefasta atuação que vêm incendiando o ensinamento de seu magistério tradicional. 


Incêndio simbólico da apostasia das nações 

De ambos os parágrafos que seguem em itálico, poder-se-ia afirmar que foram escritos nesses dias, nos quais o mundo inteiro chocado acompanhava o alastramento das chamas devoradoras de Notre Dame. Não, eles foram redigidos em 1942 por Plinio Corrêa de Oliveira. Assim, pode-se constatar que a crise que flagela a nação francesa, assim como todos os demais países, começou há muito tempo. 
“A França apostatou da Igreja e repudiou o seu passado histórico. É esse o mal que ela expia, e‚ só no corretivo desse mal que ela encontrará remédio [...]. Se fazemos esta observação não é porque desejamos agravar a justíssima dor de nossos irmãos franceses, mas porque uma grande lição desprende destes fatos para o mundo inteiro. 
“Não é com paliativos, com meias medidas que se pode resolver o mal. Os paliativos só podem retardar a cura. Não foi pintando com novas tintas seus velhos ídolos que a França de Clóvis se converteu: ela teve que queimar o que adorara, e adorar o que queimara. Para a França, e para todos os povos contemporâneos, não pode ser outro o caminho. [Não basta] a destruição dos ídolos do século passado. [Não basta] apenas uma mudança em suas roupagens. É preciso que os ídolos caiam, e não basta que se transformem”.[2]
Dentre alguns artigos que poderíamos citar, um recente, com o título “Cai Nossa Senhora”, publicado no ABC de 16-4-19, confirma especialmente a declaração acima. Para esse periódico madrileno escreveu o jornalista Salvador Sostres: “É um sinal do nosso tempo que Nossa Senhora de Paris tenha caído. Este incêndio não é pior do que o laicismo que assola a Civilização, negando-lhe a profundidade e o significado. É o fogo de Deus, que escreve severamente em incêndios, ante tanta apostasia. Cai Notre Dame como antes caiu a França na vulgaridade ateia e jacobina”.


A bela imagem medieval de Notre Dame de Paris, ficou intacta rodeada de escombros do incêndio

Rezemos especialmente nestes dias da Semana Santa pedindo a Nossa Senhora, Padroeira da Catedral de Paris [foto acima], pela completa restauração desse seu belo e majestoso Templo. 

Rezemos pela restauração espiritual da França — denominada “Fille aînee de l´Église” (“filha primogênita da Igreja”), em razão da conversão e batismo de Clóvis, o primeiro rei francês, em 25 de dezembro de 496. A respeito da conversão da França — sua passagem, como o Apóstolo São Paulo, pelo “caminho de Damasco” — veja no final texto com as proféticas palavras do Papa São Pio X. 

Rezemos também pela restauração da Civilização Cristã em todo seu esplendor, grandeza e glória, para a alegria do mundo inteiro. 
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Notas: 
1. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, p. 707.
2. Plinio Corrêa de Oliveira, 7 Dias em Revista, “Legionário”, Nº 496, 15 de março de 1942, p. 2.




“Eis a igreja de uma beleza perfeita, a alegria do mundo inteiro"
➤ Plinio Corrêa de Oliveira

“Eu não posso me esquecer que uma das viagens que eu fiz a Paris. Cheguei à noitinha, jantei e fui imediatamente ver a Catedral de Notre Dame. Era uma noite de verão, não extraordinariamente bonita. A catedral estava iluminada.

Ela me pareceu desde logo, num determinado ângulo tomado ao acaso, tão bela que eu fiquei com vontade de dizer ao motorista do taxi no qual eu estava: ‘Pára, que eu quero ficar aqui!’ Eu sei que o resto é muito belo, mas eu creio que poucos olharam a catedral naquele ângulo e pararam. E eu quero ser dos poucos, para dar a Nossa Senhora o louvor daquele ponto de vista, que contemplou aquilo que outros talvez não tenham louvado suficientemente. Ao menos se dirá que uma vez que um peregrino vindo de longe amou o que muitos outros — por pressa ou por não terem recebido uma graça especial naquele momento — não amaram.

Em todos os grandes monumentos da Cristandade, depois de admirar as maravilhas, eu tenho a tendência de ir admirando os pormenores. Isto num ato de reparação, porque esses pormenores talvez não tenham sido amados como eles deveriam ser. Então fazer ao menos isto: amar o que deveria ter sido amado e que foi esquecido. É sempre a nossa vocação de levar à tona as verdades esquecidas que os homens põem de lado.

Eu fiquei encantado com a catedral vista naquele ângulo. Depois dei a volta e retornei para o hotel com a alma cheia. Se alguém naquele momento me lembrasse da palavra da Escritura: ‘Eis a igreja de uma beleza perfeita, a alegria do mundo inteiro’, eu teria dito: ‘Oh! como está bem expresso! É bem o que eu sinto a respeito da Catedral’”. 
(Trecho da conferência de Plinio Corrêa de Oliveira, em 13-10-79, para sócios e cooperadores da TFP. Esta transcrição não passou pela revisão do autor).


França — “Filha primogênita da Igreja”


“Nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da Terra”

Da Alocução de São Pio X (29-11-1911)*

            “Que vos diremos agora, filhos da França, que gemeis sob o peso da perseguição? O povo que fez aliança com Deus nas fontes batismais de Reims se arrependerá e retornará à sua vocação primitiva.

            Os méritos de tantos filhos seus que pregam a verdade do Evangelho quase em todo o mundo, tendo-a selado muitos com o próprio sangue, as orações de tantos Santos que desejam ardentemente ter em sua companhia na glória celeste os irmãos, muito amados, de sua Pátria, a piedade generosa de tantos filhos seus que, sem recusar nenhum sacrifício, provêm à dignidade do Clero e ao esplendor do culto católico, e, acima de tudo, os gemidos de tantas crianças que, diante dos tabernáculos, expandem a alma com as expressões que o próprio Deus lhes coloca nos lábios, atrairão certamente sobre esta nação as misericórdias divinas. As faltas não ficarão impunes, mas não perecerá nunca a filha de tantos méritos, de tantos suspiros e de tantas lágrimas.

            Dia virá, e esperamos que não esteja muito afastado, em que a França, como Saulo no caminho de Damasco, será envolvida por uma luz celeste e escutará uma voz que lhe repetirá: 'Minha filha, por que Me persegues?` E à resposta: 'Quem és tu, Senhor?` a voz replicará: 'Sou Jesus, a Quem persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão, porque em tua obstinação te arruinas a ti mesma`. E ela, trêmula e admirada, dirá: 'Senhor, que quereis que eu faça?` E Ele: 'Levanta-te, lava as manchas que te desfiguraram, desperta em teu seio os sentimentos adormecidos e o pacto da nossa aliança, e vai, filha primogênita da Igreja, nação predestinada, vaso de eleição, vai levar, como no passado, meu nome diante de todos os povos e de todos os reis da Terra’”.
(*) Alocução consistorial Vi ringrazio de 29 de novembro de 1911, Acta Apostolicae Sedis, Typis Polyglottis Vaticanis, Roma, 1911, p. 657).

14 de abril de 2019

Que utilidade houve no meu sangue?

“Quae utilitas in sanguine meo?” 
Raffaello Sanzio (1483–1520). 
National Gallery, Londres.
Plinio Corrêa de Oliveira 

Em quase todos os continentes corre copiosamente o sangue humano. O mundo vive horas cruciais de sua História, e os rumos dos futuros séculos parecem depender do que a geração contemporânea decidir. 

A civilização cristã está ameaçada. Napoleão disse a seus soldados que, do alto das pirâmides, 40 séculos os contemplavam. De certo modo, nossa responsabilidade ainda é maior. O gênero de barbárie que se trata de combater hoje em dia não é apenas uma barbárie pagã: é uma barbárie diabólica. 

Toda a sabedoria, toda a cultura e toda a arte dos países pagãos anteriores a Jesus Cristo, cuja obra a Igreja, longe de destruir, elevou e imortalizou; todas as expectativas dos profetas que clamavam pela Redenção do gênero humano; todo o sangue de nossos mártires; toda a santidade de tantas almas que, no decurso da História, têm subido à honra dos altares; as vigílias de tantos doutores; o amor de tantos apóstolos — tudo isso, todo esse imenso tesouro natural e sobrenatural, está como que depositado em nossas mãos. 

Se o fizermos vencer, transmitiremos esse inestimável caudal de valores para os séculos vindouros. Se não o fizermos vencer, esse tesouro será inútil para milhões de almas, não produzirá talvez a plenitude de seus frutos durante dezenas de séculos. 

E Nosso Senhor bem poderia nos pedir contas por tal derrota, fazendo-nos a pergunta terrível que se lê na Escritura: “Quae utilitas in sanguine meo?” — Que utilidade houve no meu sangue? (Sl 29,10).

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Excertos do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira em “Legionário” (7 Dias em Revista), de 25-1-1942. 

31 de março de 2019

Desvendando a hipocrisia de feministas radicais

➤  Paulo Roberto Campos 

No tão badalado “Dia Internacional da Mulher” (8 de março), entre diversos eventos comemorativos, sobretudo por parte de movimentos esquerdistas, ocorreu também uma sessão solene em homenagem às mulheres na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC). 


Nesse evento, a jovem deputada estadual Ana Caroline Campagnolo [foto] (PSL-SC) — que vem promovendo eficazes ações contra o ensinamento de “ideologia de gênero” às crianças nas escolas — prestou sua homenagem com um admirável discurso mostrando o verdadeiro e elevado papel das mulheres na família e na sociedade em geral. Ela desmascara a hipocrisia de feministas radicais com base nas próprias declarações dessas feministas badaladas pela mídia esquerdista, que procura promover uma espécie de “luta de classes” entre homens e mulheres. 

As feministas presentes na ALESC pretenderam interromper o discurso de Ana Campagnolo, mas não conseguiram e tiveram que engolir todas as verdades. Tais feministas — a pretexto de defender “direitos das mulheres” e sendo opostas aos aspectos maternal e delicado próprio ao sexo feminino — em suas manifestações acabam fazendo apologia de uma “revolução feminista” para subverter a ordem harmônica e anti-igualitária estabelecida por Deus na sociedade. Assim, promovem um novo tipo de mulher com as características próprias ao perfil psicológico de “mulher-virago”.

Postei abaixo o vídeo com o excelente discurso da Profa. Campagnolo, mas antes lhes conto um episódio pitoresco que se passou com ela. No período anterior à sua eleição para deputada (em outubro de 2018), ela lecionava história em Chapecó (oeste de Santa Catarina) e fora convidada para uma conferência, que ela iniciou sorrindo com estas palavras: “Quando comecei minha luta [contra o falso feminismo], era impensável ver um auditório assim, cheio de gente, quanto mais pessoas cheirosas e que tomam banho, porque sabemos que o público dos eventos de feminismo é um pouco diferente...” 

PS: Segue também um outro vídeo com Ana Campagnolo  feminina, mas não feminista —, uma entrevista dela à emissora "JovemPan".






18 de março de 2019

Glorioso Patriarca São José — completo em todas as virtudes

Patrono por excelência das Famílias, o glorioso São José, esposo da Santíssima Virgem Maria e pai adotivo do Menino Jesus, é celebrado pela Santa Igreja neste dia 19 de março. Em sua homenagem e para auxílio dos pais e filhos nestes dias nos quais as famílias atravessavam enormes dificuldades — sobretudo de ordem moral e religiosa, mas também de ordem material —, transcrevemos uma bela oração a São José composta pelo Papa São Pio X e depois alguns pensamentos de três grandes santos a respeito do perfeito modelo para os pais. 

ORAÇÃO A SÃO JOSÉ 

Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência, para a expiação de meus numerosos pecados; de trabalhar com consciência, pondo o culto do dever acima de minhas inclinações; de trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; de trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; de trabalhar sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência no sucesso, tão funesta à obra de Deus. 

Tudo para Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, ó Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte. 
Amém. 

“Em Nazaré, síntese do mundo, São José manda e o Filho de Deus obedece. Esta obediência nos mostra a humildade do Salvador e a dignidade de José. Que dignidade maior que a de mandar n’Aquele que manda em todos os reis? 

(Santo Afonso M. de Ligório) 

“Tomei por advogado e senhor o glorioso São José, e muito me recomendei a ele. Claramente vi que desta necessidade, como de outras maiores, referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter”. 

(Santa Teresa de Ávila) 

“O nome justo, que o Espírito Santo dá a São José, significa: completo em todas as virtudes”. 

(São João Crisóstomo)

8 de março de 2019

Consequências perniciosas do socialismo light na Suécia


➤  Plinio Maria Solimeo 

Por muito tempo o socialismo na Suécia foi apresentado como modelo de sucesso pelos níveis de prosperidade que proporcionava, graças à ação de um Estado forte e protetor, que provia em tudo às necessidades de seus súditos. Fornecia-lhes entre outras coisas saúde e educação grátis, e amparava os trabalhadores com benefícios trabalhistas pioneiros através de uma política laboral sem precedentes. 

Sobretudo era louvado o individualismo sueco, fruto de um modus vivendi consumista alentado por um socialismo “light”, fautor dessa prosperidade. 

Um dos grandes propulsores desse individualismo foi o Primeiro-Ministro Olof Palmer [foto] com seu programa “A família do futuro: uma política socialista para a família”, lançado em 1972. Visava ele obter uma forma “nova” de família que “libertasse o indivíduo dos laços familiares” para dar-lhe uma independência e autonomia de acordo com o seu direito humano fundamental.

É claro que o cidadão sueco podia ter família. Mas podia também libertar-se das “cargas familiares” que geram dependência, para ter a “liberdade” de escolher só as relações reais que quisesse estabelecer, enquanto o Estado tutelaria e se encarregaria das relações que considerasse “onerosas”.

Assim, segundo esse programa, uma mulher que dependesse economicamente do marido não seria verdadeiramente livre, pois essa relação não seria autenticamente voluntária, porque gerava dependência. Então o Estado deveria intervir para dotar a mulher dos recursos econômicos que lhe dessem maior independência. 

Desse modo o Estado geraria as condições econômicas e sociais que oferecessem sustentabilidade aos cidadãos, para tornar “genuinamente autênticas” do ponto de vista socialista as relações entre eles.


O isolacionismo sueco 

Ora, esse programa incentivava assim o isolacionismo e o egoísmo, levando cada um a pensar só em si, sem se importar com os outros. 

Qual foi a consequência disso? Comenta o jornalista Mario Silar: “Passados mais de quarenta anos da aplicação das políticas sociais inspiradas no manifesto, a realidade é que a metade da população sueca vive só, e segundo um estudo da Cruz Vermelha sueca, 40% da população afirma sentir-se só. E no tocante à relação entre homens e mulheres, o ideal de independência não se deteve simplesmente na independência econômica. As mulheres suecas são as melhores clientes dos bancos de esperma existentes”.(1) 

Realmente, segundo recentes estatísticas, um de cada dois suecos vive só, e um de cada quatro morre em solidão. É a taxa mais elevada do mundo. 

O mais aterrador é que muitos dos anciãos que morrem sós em seus domicílios sem serem reclamados por ninguém, às vezes só são percebidos quando o mau cheiro do corpo em putrefação alerta os vizinhos... 


A praga do divórcio e baixa taxa de nascimentos 

Ocorreu também que em 1974, para dar mais liberdade aos cidadãos, a lei sobre as separações foi alterada para acelerar a obtenção do divórcio. O que fez com que seu número aumentasse de 20 a 25 mil a cada ano nos últimos 40 anos. Desse modo, 47% dos casamentos no país terminam em divórcio , uma das taxas mais altas do mundo. Outra consequência foi fazer com que a taxa de casamentos se tornasse também uma das mais baixas. 

Mas não é só isso. Também em consequência da tendência isolacionista criada, muitos casais não querem ter filhos. O que faz com que a taxa de nascimentos no país seja uma das menores do mundo, apesar de ao nascer um filho um dos pais possa ficar em casa por até um ano, recebendo 80% do salário. 

Entretanto, não é a família que deve cuidar da educação dos filhos, mas o Estado sueco, que determina como eles devem ser educados. Promovendo a “teoria de gênero” nas escolas, o Estado determina que as crianças sejam tratadas promiscuamente, sem diferença de sexo, como “criaturas de gênero neutro”, incentivando desse modo os meninos a se “efeminarem” e asmeninas a se “masculinizarem”. 

Isso é feito desde a mais tenra idade nas creches estatais, depois nas escolas primárias públicas, secundárias e universidades, tudo dirigido pelo Estado todo-poderoso. Pelo que não incumbe mais aos pais a decisão sobre como educar os filhos, pois eles são “protegidos” pelo Estado. Assim, se um pai discutir em voz alta com o filho, ele pode ser alvo de uma denúncia criminal. 

Nesse sentido o Estado é um ditador ferrenho e implacável. Após confessar que a educação de seus filhos incluía leves palmadas, um casal teve que pagar uma multa equivalente a dez mil dólares. Mas não ficou só nisso. Apesar de o tribunal reconhecer que eles “tinham um relacionamento amoroso e muito cuidado com seus filhos”, estes foram separados deles e enviados a um orfanato. Pode ocorrer também que, se uma filha menor quiser abortar até a 18ª semana, ela tem toda a proteção do Estado, não precisando da autorização nem do conhecimento dos pais. 


Crescimento dos suicídios e das drogas 

Criados desde pequenos numa doutrina ateia e amoral, tutorados por um Estado-patrão que tira todo o incentivo à iniciativa privada, sem o amparo protetor da religião e da família, não encontrando explicação para a sua existência, muitos jovens preferem pôr fim à vida. O suicídio se tornou assim uma das causas mais comuns de morte na Suécia entre pessoas entre 15 e 44 anos de idade. 

Igualmente — como consequência dessa orientação ateia e materialista do socialismo e da tutela e controle férreo do Estado na educação desde a infância — a partir dos sete anos as crianças já recebem aulas de educação sexual na escola, tornando a Suécia um dos países menos religiosos do mundo. Segundo pesquisa realizada em 2005 por um instituto da Comissão Europeia, apenas 23% da população diz crer em Deus, 53% afirmam que creem em algum vago ser superior ou força vital, e 23% se declaram ateus. De modo que o Estado sueco dá muito, mas cobra um preço altíssimo, não só em impostos, mas, sobretudo, porque domina a alma e a vida dos suecos, especialmente das crianças.

Como não podia deixar de suceder a uma política socialista que dá plena liberdade a seus cidadãos, a Suécia foi o primeiro país no mundo a liberar o uso de drogas. Mas como isso provocou um aumento acentuado da criminalidade e dos suicídios, o governo foi obrigado a recuar, reprimindo atualmente o tráfico e o uso de drogas. 


Fim do “paraíso” sueco? 

Com tudo isso, muitos analistas comentam que terminaram os “anos dourados” do socialismo liberal na Suécia. Fala nesse sentido o resultado das eleições gerais de setembro de 2018, quando o bloco no qual estava o partido que governava o país há várias décadas teve uma insignificante vantagem de 40.7% contra 40.2% sobre o bloco do centro-direita. 

É claro que isso se deveu em muito grande medida ao problema da imigração, sendo sintomático que nunca se falou tanto em “ordem pública” e “segurança”, e tão pouco em “saúde e educação” — dois ídolos socialistas — em uma campanha eleitoral sueca. Isso ocorre porque, depois que o país abriu indiscriminadamente suas portas à imigração, ocorreu o seguinte: “Na pacata Suécia, cenas de tiroteios entre gangues criminosas e carros incendiados nos subúrbios menos favorecidos, além de denúncias de estupros e ataques esporádicos com granada a delegacias de polícia, trazem a questão da integração e da segregação ao centro do debate político. E alarmam uma parcela da população, tradicionalmente pouco habituada a manchetes policiais: em 2017, a violência entre gangues rivais nos subúrbios suecos, marcados pela segregação e pelo alto índice de desemprego entre imigrantes, deixou 40 vítimas”.(3) 

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1.El infernal “paraíso” de lasociedad sueca, Mario Silar, disponível em https://mail.google.com/mail/u/0/h/vlmk7zcaz20d/?&th=159e0dcb52e27076&v=c 2.Cfr.https://top10mais.org/top-10-paises-com-maiores-taxas-de-divorcio-no-mundo/ 
3.Claudia Wallin, Suécia: eleições devem confirmar avanço de partido da extrema-direita e anti-imigração, disponível emhttp://br.rfi.fr/europa/20180907-linha-direta-eleicoes-legislativas-que-serao-realizadas-neste-domingo-na-suecia-deve. Ver também Claudia Wallin, Suécia: eleições devem confirmar avanço de partido da extrema-direita e anti-imigração, disponível emhttp://br.rfi.fr/europa/20180907-linha-direta-eleicoes-legislativas-que-serao-realizadas-neste-domingo-na-suecia-deve 

25 de fevereiro de 2019

Homossexualismo, pecado gravíssimo contra a natureza

O Papa São Pio X em foto feita em 1905
A doutrina Católica condena o homossexualismo, que é contrário à ordem natural das coisas e à família. O Catecismo de São Pio X (1910) [foto acima] afirma que o “pecado de impureza contra a natureza" é considerado como daquelas perversidades que "bradam a Deus por vingança” (nº 966). Isto porque, “mais do que outros pecados, apresenta uma assinalada e manifesta malícia, e atrai de modo insigne a ira e a vingança de Deus sobre aqueles que o cometem” (Cardeal Pedro Gasparri, Catechismus catholicus, Tipis Poliglotis Vaticanis, 15ª ed., p. 258). 

Tendo em vista o atual julgamento no Supremo Tribunal Federal [vide post anterior] — que assim como se condena uma hostilidade de caráter racista, poderá condenar injustamente quem se manifestar contra o homossexualismo, desse modo criminalizado a chamada "homofobia" —, recomendo a audição da gravação de uma entrevista do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao SBT, concedida em 29 de outubro de 1992. Aqueles que desejarem o texto da mesma podem obtê-lo no seguinte link:
https://www.pliniocorreadeoliveira.info/ENT_921029_homossexualismo.htm

22 de fevereiro de 2019

STF pode tornar crime defender a Moral Católica


Comunicado do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

Todos os brasileiros são defendidos pela Lei quando agredidos. Querer criar uma categoria de pessoas cuja prática moral não pode ser discutida não é defender o pluralismo de idéias, mas silenciar, discriminar e perseguir os contrários. 


Há mais de 30 anos, Plinio Corrêa de Oliveira dizia que ser católico se tornaria inconstitucional no Brasil por causa do avanço do homossexualismo[i]. 

Segundo a doutrina católica, a prática do ato homossexual constitui um pecado grave, intrinsecamente desordenado, que “brada aos céus e clama a Deus por vingança”. Tanto as Sagradas Escrituras (a Bíblia) como a Tradição da Igreja condenam claramente essa prática. 

Nas últimas décadas, entretanto, fez-se um silêncio crescente a respeito da moral natural e da moral católica nessa matéria, ao mesmo tempo em que uma ampla campanha favorável à prática homossexual foi lançada através dos meios de comunicação de massa. 

Mesmo assim, dentro da sociedade democrática em que vivemos, tanto os defensores da moral católica como os seus opositores podem se manifestar livremente, publicar livros, fazer campanhas públicas e defender suas posições. 

Essa liberdade, agora, está ameaçada pelo julgamento no STF, que pode considerar inconstitucional ser contra o homossexualismo; equiparando o repúdio à prática homossexual ao crime de racismo e aplicando as mesmas penas, inclusive a pena de prisão. 

Nesse sentido, o voto do Min. Celso de Mello, relator do processo, foi de grande gravidade, praticamente “criando” um novo tipo penal de “homofobia”

Em uma época em que a esquerda defende que o aborto deixe de ser crime, assim como deseja liberar as drogas, e ataca o que considera como punitivismo (punir em demasia), essa mesma esquerda entra com um processo querendo criminalizar e punir os que são contrários à prática homossexual. 

Em nome da “não discriminação”, discriminam-se os que defendem publicamente a posição católica nessa matéria. 

Sobre isso, é preciso esclarecer que a palavra “discriminar” está sofrendo uma mudança de conceito com o propósito de quebrar a resistência da sociedade a essas transformações morais. 

Toda lei discrimina, tanto a lei de Deus como a lei dos homens, ao separar o lícito do ilícito, o certo do errado, e punir o crime. Toda pena de prisão é uma discriminação contra um ato considerado crime. A palavra, portanto, é neutra. O ato de discriminar se torna censurável, errado, na medida em que ele é usado para perseguir o bem, como está se dando agora. 

O ministro Celso de Mello, embora reconheça o direito dos que seguem a Lei de Deus de “narrarem” passagens da Bíblia contra o homossexualismo, por outro lado também afirma que nenhuma liberdade religiosa ou mesmo liberdade de expressão é absoluta e que nenhum discurso de ódio pode ser tolerado… 

O termo “discurso de ódio” é suficientemente amplo para poder ser usado contra qualquer pessoa que critique, publicamente, o ato homossexual. Mesmo podendo relatar o que está nas Sagradas Escrituras, os cristãos poderão dizer que o homossexualismo constitui um vício? Poderão eles repudiar uma conduta que consideram intrinsecamente desordenada, como está no Catecismo Católico? 

A Bíblia, quando afirma taxativamente que os efeminados não herdarão o Reino de Deus (1, Coríntios, 6, 9-10) está apenas narrando um fato? Ou essa afirmação pode ser considerada como uma discriminação a um grupo social? Ficará a circulação da Sagrada Escritura dependendo das interpretações de cada juiz? 

Assim ocorreu em diversos regimes totalitários, notadamente com os comunistas, que chegaram a proibir ou a censurar a Bíblia por conter trechos que não eram do agrado do regime. 

Apesar de enaltecer a democracia brasileira, o relator do STF acusava os contrários ao homossexualismo de serem: “cultores da intolerância, cujas mentes sombrias rejeitam o pensamento crítico, …repudiam o direito ao dissenso, …ignoram o sentido democrático da alteridade e do pluralismo de ideias”… que se apresentam como corifeus e epígonos de sectárias doutrinas fundamentalistas. (Grifos nossos). 

Ora, o que está em jogo é, exatamente, censurar o dissenso a respeito do tema do homossexualismo, impondo uma espécie de dogma laico contra a moral Católica, cujos transgressores estariam sujeitos até mesmo à pena de prisão. Há algo mais radicalmente contrário ao senso crítico e ao pluralismo de idéias do que ameaçar de prisão quem não concorda com a prática homossexual? 

Todos os brasileiros são defendidos pela Lei quando agredidos. Querer criar uma categoria de pessoas cuja prática moral não pode ser discutida não é defender o pluralismo de idéias, mas silenciar, discriminar e perseguir os contrários. 

No Direito penal, não há “analogia em prejuízo do réu” (analogia in malam partem), não há “pena e nem crime sem lei anterior que os defina” (Nullum crimen, Nulla poena sine praevia lege). 

Entretanto, nada disso importou. Usando uma interpretação ampla dos direitos constitucionais, o Ministro relator considerou que a homofobia poderia ser enquadrada no tipo penal de racismo. 

Na prática, equivale a penalizar uma ação que antes não era penalizada. 

Sobre isso, os juristas irão discutir. O fato inconteste, entretanto, é que não foi o Legislativo — a quem cabe criar leis e definir penas — que criminalizou a chamada homofobia, mas terá sido uma decisão de uma corte de justiça, baseada em interpretação subjetiva em matéria penal feita em prejuízo do réu. 

A prevalecer essa decisão, estaremos diante de uma perseguição religiosa sem paralelo na história moderna. Através de uma simples interpretação, a Moral católica — e a da imensa maioria do Brasil — terá se tornado inconstitucional. 

O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira não poderia ficar inerte diante da gravidade desse momento. 

Cabe aos Ministros do Supremo, homens que ocupam uma posição privilegiada e de alta responsabilidade nos destinos de nosso País, cumprir a sua função jurisdicional, dizer o Direito. Que eles não se deixem levar pela sedução de mudar a sociedade através da força do Estado, pois esse não é o papel dos juízes. 

Que Nossa Senhora Aparecida, invocada pelo ministro Toffoli em sua posse como Presidente do STF, não permita que essa perseguição religiosa seja imposta ao País do Cristo Redentor. 

São Paulo, 21 de fevereiro de 2019 
Festa de São Pedro Damião 
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

19 de fevereiro de 2019

Quando o general se descola da tropa


➤  Marcos Machado 

Contrariando o verdadeiro papel do chamado 4º. Poder, que é o de coadjuvar o Estado na procura do “bem comum”, a mídia de esquerda — das poucas armas que restam ao PT — vem reproduzindo com “torcidas”, más interpretações e futricas quaisquer desavenças ou comentários menos felizes provenientes de membros do governo, logo agora que o Brasil começa a reatar-se consigo mesmo. 

Posto esse princípio fundamental, que é a procura do “bem comum”, passemos à questão do aborto na entrevista concedida pelo general Mourão ao jornal “O Globo” (1º-3-19):
“A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto no qual a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher tivesse que ter a liberdade de chegar e dizer ‘preciso fazer um aborto’. Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa.” 
Palavras sem dúvida censuráveis, das quais “O Globo” — useiro e vezeiro na arte de explorar e distorcer entrevistas (“'Aborto deve ser uma decisão da mulher', diz o vice-presidente”) — se utilizou em detrimento da boa imagem do próprio governo e em benefício da agenda petista e antifamília. Mas isso só foi possível porque o general se descolou do sentimento geral da tropa... 

A esquerda autêntica tem uma mentalidade, e não um conjunto de opiniões desconexas, pela qual ela sempre defende o aborto, e nunca a propriedade privada ou a família. Nos 13 anos de pesadelo petista, assistimos à investida furiosa a favor da ideologia de gênero, das invasões rurais e urbanas, do aborto e da agenda homossexual. Há, portanto, um nexo profundo entre destruir a família e perseguir a propriedade, como reza a teoria marxista. 

O caráter marcadamente conservador, familiar e, portanto, de direita, ficou patente nas grandes demonstrações populares que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras a partir de 2015. Ficou patente na campanha presidencial de Jair Bolsonaro a defesa dos valores familiares e da propriedade privada, bem como a orientação da política externa brasileira “sem viés ideológico” esquerdista. Os discursos de posse do Presidente e de Ernesto Araújo foram tomados como uma confirmação do cumprimento das promessas de que o Brasil se livrou da agenda petista, que incluía o aborto. 

Como o filho pródigo que volta à casa paterna, ou São Paulo a caminho de Damasco, com o novo governo o Brasil livrou-se do despenhadeiro petista para retomar as esperanças de cumprir seu papel conservador, anticomunista e pró-família em âmbito não apenas latino-americano, mas mundial. 

Segundo o princípio da democracia, o eleitor é o mandante e os representantes eleitos são os mandatários que recebem dele uma procuração específica para executar a sua vontade. No presente caso, a vontade de um povo conservador, antipetista e pró-família. A força das redes sociais conservadoras aí está: vigilante, atuante e disposta a servir o Brasil. Já tivemos um exemplo de quão viva permanece essa reação anticomunista na rejeição da infeliz viagem de uma comissão de Parlamentares do PSL à China vermelha. Não é fazendo concessões à esquerda que se edificará o novo Brasil. General, a tropa é antiabortista! 
“A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica. Nossa índole meiga e hospitaleira, a pluralidade das raças que aqui vivem em fraternal harmonia, o concurso providencial dos imigrantes que tão intimamente se inseriram na vida nacional, e mais do que tudo as normas do Santo Evangelho, jamais farão de nossos anseios de grandeza um pretexto para jacobinismos tacanhos, para racismos estultos, para imperialismos criminosos. Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro.  
“Explorai, senhores do poder temporal, as riquezas de nossa terra; estruturai segundo as máximas da Igreja, que são a essência da civilização cristã, todas as nossas instituições civis. Deus jamais é tão bem servido, quanto se César se porta como seu filho. E, senhores, em nome dos católicos do Brasil, eu vo-lo afianço, César jamais é tão grande, como quanto é filho de Deus.”* 
Nem concessões à esquerda nem atentados contra a família e a propriedade nos afastarão de nossa missão providencial. Pelo contrário, seguindo a lei natural e as vias da Civilização Cristã, se construirá um Brasil autêntico, forte e coeso, para exemplo e edificação de nossas irmãs latino-americanas e o bem do mundo inteiro. 

O Cristo Redentor e Nossa Senhora Aparecida nos mantenham alertas e fortes na defesa e no fortalecimento dos pilares da civilização, a tradição, a família e a propriedade. 
____________ 

* https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS%20-%201942-09-07%20-20IV%20Congresso%20Eucaristico.htm

“Saudades do passado”


Pães, foie gras, quitutes, licores, a promessa de sucesso é que “são feitos como antes”.

Propaganda que explora “saudades do passado” revela tendências sociais e religiosas do futuro 



➤  Luis Dufaur 

O marketing ou técnica (nem sempre muito veraz nem leal) para empurrar a venda de algum produto, está obrigado a impressionar os eventuais compradores.

Com esse objetivo procura sondar as apetências profundas dos consumidores para atraí-los (ou enganá-los). 

E as empresas de marketing constataram que no momento presente é ledo engano achar que as apetências profundas do público progridem a uma velocidade vertiginosa para o mais moderno, recusando a tradição, o passado e os gostos antigos que evocam tempos de outrora. 

Hoje essas empresas estão adaptando suas propagandas ao denominado “marketing da nostalgia”, isto é, procuram apresentar “marcas que apostam no retorno às origens”. 


Sorveteria em Buenos Aires empolga clientes restaurando casas nobres de estilo.
Seus astuciosos “gurus” descobrem que “as lembranças do passado podem funcionar como refúgio e espaço de segurança para muitos”, publicou “La Nación” de Buenos Aires, após ouvir diversos especialistas e analisar novas campanhas publicitárias.

Essa nostalgia fala no fundo das cabeças que nos tempos passados “tudo era melhor”, e não leva para o mais ousado e inovador. Ali estaria o segredo das marcas que conseguem se reconectar com seu público-alvo. 

A Nike relançou seu boom dos anos 80, as Nike Air Max; a Adidas criou a linha Adidas Originais que recupera os clássicos modelos dos anos 70 e 80 do século passado. 

E quando a Nintendo ressuscitou sua clássica plataforma modelo de 1997, nos EUA, as filas de compradores ficaram intermináveis. 

A Polaroid prossegue vendendo câmaras de fotos instantâneas que há décadas se dizia perimidas. 


Loja de Saumur monta padarias para parecerem artesanais.
Carolina del Hoyo, diretora de Inovação da multinacional Danone afirma: “Vemos a tendência de retorno dos produtos ou marcas que procuram revalorizar a história ou o conceito que os fizeram únicos”. 

Esses tipos de produtos, poucas décadas atrás praticamente tinham desaparecido ou era difícil encontrá-los, e ela acrescenta. “Hoje, estão novamente de ‘moda’ e nas prateleiras dos grandes supermercados”. 

Julia Kaiser, coordenadora de estratégia de Havas Argentina, explica se tratar de uma contra-tendência que recusa o veloz, o industrializado, a necessidade induzida de novidade e da inovação constante. 
Westvleteren XII é cerveja mais medieval, feita por monges. A corrida é imediata, porque dizem é a melhor do mundo!

“As pessoas gostam de voltar ao que é familiar. Àquilo que apela ao sentimento muito primitivo e muito humano do conforto caseiro”, acrescenta. 


A padaria ‘Le Pain Gascon’ atrai usando um forno da época de Luis XV, precisamente de 1765.
“La Nación” chama isso de “furor nostálgico”. 

Por exemplo a empresa de lácteos La Serenísima lançou um iogurte com a receita original de não se sabe qual século e a mensagem do marketing é “voltar a prová-lo por primeira vez” procurando rememorar as impressões que tivemos quando éramos crianças. 

“Trata-se da valorização do melhor de outros tempos, que nos convida a voltar às nossas origens e comemorar o passado com um olhar hodierno. 

“Nós procuramos gerar esse impacto em nossos consumidores, especialmente os adultos, convidando-os a reconectar com a marca que os viu nascer e que estava na mesa de todos os dias”, acrescentou Del Hoyo. 

A empresa argentina Siam relançou uma linha de geladeiras com estética da metade do século passado. Olmos oferece bicicletas tipo retro. 
Sorveteiro em Paris verificou que carro antigo atrai mais que moderno. 
E que o sorvete não pode ter nenhum elemento de fábrica

A usina Ledesma vende seu açúcar mais seleto garantindo que não foi processado nem refinado, e a cervejaria Quilmes do grupo AmBev ofereceu a receita original sem conservantes. Foi logo imitada pela competição. 

Basta sair à rua para encontrar o Fusca (adaptado à modernidade) mas que evoca o modelo original alemão de inícios dos anos 30, quase um século! 

A Fiat relançou o Fiat 500, a Cinquecento de 1967, e o retro PT Cruiser teve que ceder-lhe a linha na fábrica do México para atender a demanda dos EUA! 

A Citroën pensa fazer o mesmo com o 2CV, o “deux chevaux”. 

Propaganda em jornal espanhol do ‘carro mais amado em todos os tempos’. A versão 500 atualizada percorre as ruas de São Paulo.



O mini-Cooper prolifera pelas ruas de São Paulo, e o Jeep da II Guerra Mundial, bem atualizada, bate recorde de vendas no Brasil. 
Feiras com produtos de granja artesanais atraem
 até os maiores chefs da França. Essa é em Orthez.

As pessoas sempre procuram coisas genuínas da marca (o “Fusca original”), que tenha história no produtor, que seja clássico, tradicional. 

Na cerveja é típico. A tida como a melhor do mundo é produzida na Bélgica por monges cistercienses. 

Esses elaboram uma quantidade limitada para sustentar o convento e só vendem numa data definida do ano. Nessa data a polícia rodoviária belga precisa montar um esquema especial pois todas as estradas que levam à abadia ficam super-lotadas. 

A essas noções acresce no caso dos alimentos a exigência de comestíveis mais saudáveis.

Percorra as prateleiras dos supermercados e conte quantos produtos fazem questão de exibir o selo “tradicional”, original, da fórmula da avó, o lácteo “da fazenda”, e por isso mais saudáveis. 

Na França entrei em padarias que garantiam que a farinha vinha de moinhos que moíam o trigo com roda de pedra como na Idade Média. 

Queijarias que se ufanavam de vender o camembert feito com todos os microorganismos proibidas pela União Europeia; restaurantes que ofereciam a carne ou o frango engordado sem ração. 

Nas casas de vinhos, licores sem preservantes, aditivos, corantes, aromas, estabilizantes e ainda outros ingredientes químicos. 

O “marketing da nostalgia” está se tornando rei em tudo onde ainda não o é, e invade até as farmácias. 

Desde o slogan “quero meu Brasil de volta” na política até a receita original no supermercado, o tradicional gera empatia e é bem recebido. 

Para Julia Kaiser, “está estabelecido um acordo tácito por onde o consumidor entende que a receita original é melhor que a receita que veio depois. No imaginário social a sensação é que o que se fazia antes era mais puro e o que se faz agora é mais artificial”. 

Um estudo da marqueteira planetária Nielsen, constatou que as emoções e a resposta cerebral dos consumidores diante das marcas tradicionais não só aceleram as palpitações do coração, mas agem como disparador de vendas muito eficaz: 23% a mais. 

Quando a marca argentina Quilmes — a maior cervejaria do país que pertence à AmBev — restaurou a receita original as reações positivas foram instantâneas. 
Flagrante numa rua de Paris o queijo camembert 
de ‘leite cru’, com todos os microorganismos 
proibidos pela modernidade, 
é vendido abundantemente e não é caro! 

“Quando comunicamos que tínhamos retornado à receita original sem conservantes, as vendas e o consumo cresceram no mesmo mês. As repercussões foram muito boas e super-rápidas”, afirmou Giannina Galanti Podesta, diretora da marca. 

A Disney começou a fazer o remake de seus grandes êxitos de outrora, A Bela e a Fera vendeu entradas por mais de um bilhão de dólares na sua primeira semana de 2017. Diante desse resultado, a megaempresa de entretenimento planejou apostar grosso em seus filmes clássicos refeitos para 2019.

Mas, se isto é assim em quase todos os campos da atividade humana, não estará acontecendo o mesmo em matéria de religião? 

O “marketing da nostalgia” detectou movimentos coletivos, aspirações e desejos da alma humana que procura explorar, mas não foi ele que os criou. 

Então se isso for assim, não estamos nos aproximando do dia em que os homens preferirão pagar passagem, ainda que muito cara, para visitar a medieval catedral gótica de Paris antes do que entrar na catedral modernosa de Brasília; em que preferirão o canto gregoriano à zoeira religiosa dos templos modernos; então se sentirão mais atraídos pelo Concilio de Trento do que pelo Concílio Vaticano II; e poderão preferir um Papa como São Gregório VII na Cátedra de Pedro ao Papa Francisco? 
A série de Marie Kondo para por ordem em tudo faz furor. 
Ela defende que a ordem na casa, na geladeira, no celular faz bem mentalmente.

Perguntas análogas poderiam se estender por muitas páginas. 

Uma jovem deputada federal recém-eleita declarou à imprensa que seu herói preferido é Godofredo de Bouillon. Aonde foram parar os Beatles ou os Rolling Stones, esses trisavôs sem continuadores? 

Só resta que as multidões clamem pela volta de Dom Sebastião, de Santa Joanna d’Arc, de Carlos Magno, de São Luis Rei da França ou de São Domingos de Gusmão inquisidor...